Rainha das Sete Encruzilhadas

 

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Ela ficou ali parada na janela do salão olhando na estrada ou longe o cavalo que corria a toda levando no lombo aquele que era o seu maior tesouro, a Adaga suja de sangue na mão, e a verdade cruel fria como o aço. Mesmo já tendo usado a coroa na cabeça durante toda a vida,  foi somente naquele momento em que ela se tornou realmente soberana de si mesma.
Em um tempo muito distante, em uma época onde os romanos ainda não haviam Machado pela terra e até mesmo os grandes Palácios eram construídos no Alto das montanhas, foi em um lugar de Terra Fria que Ana foi coroada Rainha.
Mal sabia ela que a coroa em sua cabeça seria um fardo e não uma benção.

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Não se lembrava de muita coisa, apenas da mãe chorando enquanto ambas cavalgavam em uma comitiva cercada por aqueles guerreiros de mau aspecto. Saiam de sua casa indo até aquele novo lugar, e mesmo ao longe a Primeira imagem que teve foi da montanha branca coberta de Neve cujo no cume estaria o local que agora seria a sua casa.
Quando os portões da Muralha de madeira foram abertos e ela entrou, todo o povo saiu de suas choupanas e olhavam curiosos para aquela pequena menina que vinha cavalgando junto com a mãe, e o povo murmurava aquela palavra que ela tinha ouvido desde sempre mas ainda não entendia o significado. E.
les diziam "princesa".
Os cavalos subiram a colina e o frio no topo era intenso e lá o homem de barba ruiva aguardava na porta daquela construção enorme, um homem de olhos frios e que usava na cabeça com aro Dourado.
O pai de Ana estava morto.
"REI MORTO, REI POSTO!", não é assim que se diz?
O território que ele um dia governara agora era conquistado pelo seu grande inimigo. Ana ainda podia ouvir com desgosto e ódio o som do gorgolejar que saiu da boca de seus dois irmãos que foram degolados diante de si na sala do trono na frente do corpo do pai morto.
"Não tem mais herdeiro homem para sentar no trono", foi o que o soldado com a espada na mão disse quando olhou para ela e para a mãe.
Então a jornada começou, uma viagem de três dias a cavalo, e assim chegaram ali.
Ana lembra do Espanto de quando viu sua mãe descer do cavalo e se ajoelhar Diante do Rei, ela nunca tinha visto sua mãe se ajoelhar diante de ninguém e sim o contrário, eram as pessoas que se ajoelhavam diante dela, mas o jogo parecia ter virado e elas não eram mais as grandes peças do Tabuleiro e sim meros peões.
Ela também se ajoelhou então o rei nem sequer falou com elas apenas as encarou de forma firme e virando as costas entrou para o grande salão e elas o seguiram.
A mãe de Ana engoliu em seco quando ao olhar para o trono viu ao lado uma cadeira muito pequena e entendeu que não seria ela a nova esposa.

👩🏻— Meu senhor, minha filha Só tem dez anos...

O rei sorrindo de forma Debochada disse:

🧔— E sou cego por acaso? Daqui a pouco tempo ela já terá idade para produzir meus herdeiros, já você minha cara, já é conhecido que as suas regras não vem mais e a Lua não fica mais vermelha nas suas intimidades. Se você achou que veio até aqui como candidata ao trono, muito se enganou.

E assim foi, poucos dias depois a mãe de Ana foi convencida a ter um fim digno, então deu cabo de si mesma com uma lâmina passada com firmeza em ambos os pulsos.
E o casamento foi realizado com aquela menina vestida em túnicas em tons de vermelho e casacos de pele de animais.
Mas mesmo enquanto ainda era muito nova o cochicho e o rumor das camareiras trouxeram a Ana um senso de que seu próprio pescoço estava em risco, isso porque ela sabia que em poucos anos quando se tornasse fértil o rei iria exigir dela a gravidez.
O problema era que o rei já havia passado dos quarenta anos e fora casado com quatro outras mulheres e jamais tivera filho com nenhuma delas, então todos suspeitavam que o problema era ele, coisa que o rei jamais admitiria. Se após três anos de tentativas Ana não desse um filho ela seria mais um túmulo no Jardim das rainhas.
E assim o tempo se passou, residindo em um quarto espaçoso e enfeitado com os objetos mais ricos que se podia ter, ela era um passarinho e é aquilo era uma Gaiola Dourada.
Então com os seus treze anos um dia ela acordou e quando se levantou olhou para baixo e viu a mancha vermelha em sua camisola.
As camareiras comemoraram aquilo e saíram gritando por todo o castelo que a princesa havia se tornado mulher.
Passado sete dias quando ela ia se recolher o rei apareceu em sua porta. Naquela noite foi a primeira vez que o casamento foi consumado, mas foi algo extremamente bizarro pois ela não queria aquele homem, só que também lhe causava estranheza perceber que aquele homem não a queria, durante o ato ficava ali em cima dela de olhos fechados, tudo era frio como um acordo comercial, tudo era política.
Ana mais uma vez se deparou com a verdade de não ser gente e sim de ser vista como uma fermenta, um meio para um objetivo.
No dia seguinte quando acordou sozinha na cama a pequena Ana começou a bolar um plano em sua mente. Naquela altura ela já não tinha mais nada de sua família original a não ser a memória de sua fé, a memória de sua velha avó que rezava a deuses antigos e a espíritos da Floresta. E foi ali Numa manhã fria com o corpo dolorido após aquela noite horrenda que ela se ajoelhou diante da lareira e sussurrando chamou um nome.

👑— Manannan...

E ali uma grande oração foi erguida, e as camareiras e serviçais que entravam no quarto ficavam confusas pois a crença e a religião daquele reino era diferente da crença de religião do reino caído de Ana.
Então as mulheres não criaram caso pensando que o tal Manannan era algo de folclórico ou sem importância e deixaram a menina ali rezando.
Mas Manannan, que era o deus do mar e dos mortos aparentemente ouviu as preces da jovem rainha.
Ana muito aborrecida resolveu passear pelas dependências de sua Gaiola Dourada e quando estava na sala da ceia Manannan lhe mandou a resposta que pediu. Um rapaz da mesma idade que ela entrou na sala segurando a bandeja com a refeição elaborada da Rainha e quando Ana olhou para aquele servo seu Coração saltou do peito pois o rapaz era ruivo com os olhos verdes e por mais que fosse muito jovem o rapaz era a imagem e semelhança do próprio Rei.
Ana logo fez amizade com o moço e usando sua inteligência excepcional ela não teve dificuldade de atrair o pobre homem para o seu quarto.
De manhã o servo visitava sua cama e de noite quem a visitava era o Rei, e passado um ano a jovem rainha já possuía uma barriga de grávida. Esperta Ana que arranjou um substituto para fazer aquilo que ela precisava para se manter viva.
O rei ficou muito satisfeito quando a criança nasceu pois o bebê lembrava muito a si mesmo pois era ruivo, e todo o povo se regozijou pois Ana era uma mulher fértil e o casamento consumado agora dava direito ao rei ser dono das terras de Ana de fato.
E assim a vida seguiu e no final de dez anos Ana era uma mulher com quatro filhos e o rei Era um homem tolo criando bastardos como herdeiros.
Mas havia um problema, Manannan não não um Deus que falava em fogo de lareira, mas era na Lareira que Ana falava com ele. E aquele espírito das Brasas agia por barganha, e Ana agora tinha uma dívida que só crescia.
Certa noite veio o primeiro sonho, sonhou com seu filho mais novo com uma Adaga atravessada no peito sacrificado em um altar de pedra. Ana sabia o que aquilo significava e se lembrou das lendas que a avó contava, Manannan é muito poderoso mas ele não come nem cenouras e nem cabritos, a carne que Manannan mastiga é a carne do homem.
Mas Ana jamais pagaria tá o preço.
Manannan da profundidade de sua miséria e da altura de seu ódio se enfureceu com aquilo, e aquele que presenteia com a mão direita espanca com a mão esquerda.
Ana iria pagar.
Certa vez então uma de suas criadas foi arrumar o cabelo de Ana a noite em vez de escovar as longas madeixas negras sussurrou em seu ouvido que um homem ruivo se embebedou em uma taverna e acabou comentando coisas sobre a rainha que eram muito desagradáveis, e que aquele homem havia sido preso e colocado em espera pois o rei pessoalmente iria interrogá-lo.
Ana sabia que uma hora ou outra seu segredos seriam revelados mas não esperava que seria tão cedo.
Assim que pôde estava novamente ajoelhada diante da lareira invocando o nome do Deus e pedindo a ele auxílio, e foi naquele momento que pela primeira vez o que ela teve como resposta não foi um sentimento um calafrio e sim um sorriso completo formado pelas brasas que ardiam a sua frente.

"Não se engana Manannan"

E ela percebeu que estava buscando ajuda justamente com aquele que havia colocado sua vida em risco.
Mas não havia o que se fazer, então aos cochichos e murmúrios uma negociação começou, e faces enegrecidas e diabólicas se formavam na Fumaça da lareira, e lábios com os cantos curvados para baixo Riam e choravam entre As Brasas.
E Manannan cobrou o preço.
Assim como os bancos modernos cobram juros pelas dívidas os deuses antigos duplicam o preço das prendas não pagas na data certa.
E a última coisa a ser dita é que a carne que Manannan mastiga é a carne do homem mas a água que Manannan bebe é a alma de mulher.
E se era assim que tinha que ser então assim seria.

Na manhã seguinte quando o fogo estava quase apagado a navio na lareira um brilho de prata, e quando remexeu no carvão com o atiçador percebeu que havia ali no meio um punhal, uma Adaga. Limpou com Seu Lenço de linho a lâmina e guardou em suas vestes nobres enquanto descia correndo as escadarias.
Quando chegou no corredor da masmorra sussurrou para si mesma que Manannan o Deus das sombras que confunde os olhos dos homens, e assim quando chegou até o guarda passou diante Dele sem ser vista e quando esteve diante da tela do homem ruivo ouviu muito machucado mas ele Se animou cheio de esperança ao ver sua dama ali em seu socorro. Ana o chamou para perto.

🧑🏻‍🦰— Ana... Ana me perdoe...
👑— Calma meu amor. O que foi que você disse? O que falou para os carcereiros?
🧑🏻‍🦰— Falei... falei dos casos. Que você teve casos com muitos homens esses anos, com os serviçais, com os soldados, com os irmãos do rei... e falei que eu fui seu primeiro amante e que sou pai de seus filhos. Me perdoe Ana, eu estava bêbado...

Ela sorriu gentilmente e sua mão correu atrás da cabeça dele o agarrando com força sem perceber que a mão da rainha o segurava pela nuca o homem apenas gemeu quando com  outra mão Ana lhe afundou o ferro frio na garganta.
Nada! Nada virá a boca do homem morto!
E aquilo parecia ter resolvido a situação, mas Ana sabia que não.
Quando a testemunha morre de forma violenta é claro que mesmo um testemunho torto colhido de forma pobre passa a ser validado. Então o rei emitiu a ordem, a rainha não poderá mais sair do quarto e não poderá mais ver os filhos.
E Ana Ficou ali com o ouvido colado na porta de seu aposento enquanto tentava escutar o que O sacerdote daquele povo dizia ao examinar suas crianças.

🧙‍♂️— Meu senhor, qualquer um que olhar para eles dirá que são seus filhos pois a semelhança é grande, mas isso porque o pai das crianças se parecia com o senhor. Majestade, o senhor não tem herdeiros, são todos filhos de outro alguém.

A Voz do Velho sacerdote falou baixo mas Manannan fez Ana ouvir palavra por palavra pois havia um prazer sádico no Deus em ver o desespero da mulher. Um sacrifício já havia sido pago, com a Adaga um homem inocente tinha sido morto e aquilo era um sacrifício, mas Ana entendeu sem precisar de aviso que se quisesse salvar os filhos mais sangue tinha que ser pago.
Então voltando se ajoelhada diante da lareira ela conversou com o Manannan e foi feito ali o acordo do fim.

"O preço é um sangue Nobre. Para proteger quatro nobrezinhos quero comer um Nobre Grande"

De manhã não havia ninguém guardando a sua porta, Ana saiu do quarto e correu até o aposento vizinho onde suas quatro crianças dormiam tranquilamente. Não houve muito tempo, calçados com botas quentes e vestidos com casacos de pele os cinco desceram as escadas usadas pelos servos até a base do Palácio onde estavam os cavalos. Uma bolsa com comida para viagem e um odre de água, as quatro crianças olhando com os olhos arregalados para a mãe que eles beijava no rosto ele diziam para não temerem pois estariam protegidos. Ana pegou o chicote e açoitou forte no lombo do cavalo que disparou correndo, e ela ficou observando pela estrada o cavalo indo com seus meninos nas costas. Não sabia de nada não tinha certeza de coisa alguma mas apenas confirma na mão ou se protegeria no caminho.
Teve de subir novamente pois já ouvia o alarido dos servos procurando a rainha e os Príncipes, e quando entrou no salão principal viu lá o rei com sua barba ruiva a lhe encarar  com seus olhos frios.
Sem dizer nada correu para os braços do grande homem na menção de abraçá-lo. A fraqueza do grande homem é achar a mulher é tão fraca que não se defende dela, não levanta a sua guarda contra ela. Ela o abraçou mas ele Manteve os braços caídos e perguntou a ela onde estavam as crianças, e ela de queixo erguido olhou nos olhos do o rei cravou-lhe o punhal na barriga.
Se era carne de homem que Manannan queria aqui estava a carne de um rei como sacrifício a ele.

O salão estava vazio, todo o povo que diariamente estava ali pavoneando o monarca hoje estava ausente, então naquele momento ninguém viu a rainha matar o rei.
E o corpo pesado daquele gigante bateu contra o assoalho enquanto engasgava com o próprio sangue.
Tudo muito anormal, mas ela sabia que era tudo obra de Manannan.
Então agora estava pago, as crianças seriam protegidas afinal de contas o acordo foi firmado, para proteger pequenos nobres ela matou um Nobre Grande.
Porém ela não sentiu coisa alguma, nem um arrepio e nem nada. E a lareira que crepitava atrás do corpo morto do Rei soltou um uivo como se entre As Brasas houvesse um lobo ferido.
Ana abaixou os olhos para lâmina suja de sangue e viu o seu próprio reflexo nela.

"O porco gordo é só um porco gordo. O acordo dizia um nobre Grande."

E Ana engoliu em seco entendendo que o Nobre grande do acordo não era o Rei e sim a Rainha.
Caminhou até a janela daquele Salão e viu a estrada da altura daquele lugar era possível ver todas as coisas da região inclusive o cavalo que ia toda velocidade levando quatro crianças no lombo.

Ela segurou firme e o cabo da Adaga, posicionou a ponta sobre o peito então respirou fundo e se atirou no chão. O corpo pesou em cima da lâmina, o cabo da lâmina bateu no piso, um coração furado, uma rainha morta e um acordo cumprido.
Mas Ana ainda estava lá, no meio do salão diante do corpo do Rei morto, diante do seu próprio corpo morto. Ela estava lá diante de uma mulher de pele muito pálida e olhos negros profundos que sorria para ela.

👑— Mã... mãe?
👩🏻— Pronto meu bem, você já não deve coisa alguma.

E deu as costas e foi indo embora mas Ana correu atrás dela e perguntou o que estava acontecendo e o que aconteceria agora o espírito da mãe morta com um sorriso largo disse apenas:

👩🏻— Não tem Deus nenhum minha querida. Não existe Manannan. Tudo foi culpa minha, eu odiava seu pai e com a magia que aprendi de sua avó o enfraqueci e permiti que o ruivo o matasse. Eu achava que seria Rainha de dois reinos, entende? Mas você com sua pouca idade roubou meu lugar. Usei de Magia, e aquelas que usam a magia para o Mal não são bem vindas no mundo além deste.
👑— Eu nunca usei magia! Porque ainda estou aqui? O que vai acontecer agora?
👩🏻— A pior coisa de todas meu bem, o que vai acontecer com você é um grande... nada. Todo aquele que é Vivo e morre tem a chance de transcender para outro lugar, mas eu não tenho chance de ir para lugar algum. Mas a chave que você tinha para sair dessa terra ir para a outra sem perceber você me deu de livre espontânea vontade, então agora eu vou seguir uma jornada e você... você fique aí quietinha.
👑— E meus filhos?! Você disse que iria protegê-los!
👩🏻— Sim, e eu deixo a eles a maior proteção de todas. Deixo a eles... você.

A mãe desapareceu, e Ana permaneceu.
Seu espírito flutuante nas ondas do vento perseguiu aquele cavalo e as quatro crianças e os guiou há um bom destino. Quatro homens Trabalhadores surgiram dali. E a descendência foi crescendo e o tempo foi passando até o dia que do oriente vieram os romanos esmagando tudo sobre o peso de suas botas , e o reino não existiu mais, e nós livros o povo de Ana agora era chamado de "os antigos bárbaros".
Outro reino surgiu sobre esse e depois outro e outro até que a região se tornou habitada por gente que quando se perguntava quem havia existido naquele lugar mil anos antes ninguém sabia dizer a resposta. Era como se Ana nunca tivesse existido, e todas as jóias e pertences eternamente repousavam sob toneladas de entulho e terra, e a montanha gelada que um dia abrigou um castelo agora era só uma montanha vazia.

A vida é assim meus caros, nos acreditamos que somos muito importantes mas amanhã o povo que pisará nos caminhos que nós abrimos nem sequer desconfiará que nós um dia existimos.

Mas Ana ainda estava lá na mesma terra cuidando dos descendentes de seus filhos, mas agora a terra já era outra e o povo já era outro, até a língua falada já era outra.
Algumas pessoas com poderes espirituais viam o espírito de Ana zanzando por aqui e por ali e costumavam dizer "Aquilo é uma Moura, é uma Moura Encantada!"
E Ana foi aprendendo a existir dessa nova forma.
Os descendentes de seus descendentes ela protegeu como pôde mas a irresponsabilidade do homem o faz perecer muito fácil.
A maioria dos rapazes pereceu na espada nos campos de batalha e a maioria das moças pereceu no parto e no trabalho árduo, mas havia ainda uma única moça que tinha o sangue de quatro Príncipes correndo em suas veias mesmo sem fazer a menor ideia e que isto era uma verdade.
Então o rei Sebastião queria povoar um novo lugar, um lugar atravessando o mar cujo o rei dizia ser seu.
Ana já tinha ouvido tantas vezes o povo falar deste novo lugar onde haviam homens de pele vermelha e uma árvore que era da cor da Brasa.
A moça descendentes de Ana sendo uma mulher pobre e sozinha recebeu o incentivo das amigas, todas sendo meninas que trabalhavam na vida.
Pois é meus caros, mesmo aqueles que tem nas veias o sangue dos Reis podem acabar tendo uma vida difícil quando não conhecem o seu passado, e por mais que a rainha Ana ainda protegesse a moça ela não podia tomar decisões por ela própria, todo mundo tem livre arbítrio e todo mundo sabe disso.
E a moça então um dia subiu em um navio junto com suas outras iguais e durante muitos dias o navio percorreu as ondas do mar e as tempestades do oceano.
Ali ninguém via e nem se dava conta mas na proa do navio, sentada com os cabelos ao Vento estava uma rainha.
Quando chegou no lugar novo a rainha tocou o pé na areia da praia e aqui foi Vivendo em forma de espírito Como já vivia há tanto tempo.
O que isso? Um lugar lindo de sol forte e mar azul?
Isso é o Brasil, Rainha isso é outro mundo.
E aqui ela ajudou aquela moça que era a sua descendente e ajudou os filhos daquela moça e os netos dela, e aqui aquela rainha acabou se misturando a outros espíritos de mulheres, isso porque aquela moça que era sua descendente foi parar dentro de um cabaré, e o cabaré já era casa de outros espíritos.
A vida é uma caixinha de surpresas não é?
Quem poderia imaginar que um dia uma rainha de verdade de coroa e cetro estaria Dividindo o mesmo espaço que o espírito das rameiras? Mas quando a rainha chegou aqui, Maria Padilha já estava. A rainha é uma muito mais velha do lado de lá do mar porém nesta terra já tinha espírito trabalhando e a rainha entendeu que para se manter viva, pois mesmo em formato de alma a pessoa tem que se sentir viva, e para se manter assim ela precisava fazer algo que nunca tinha feito antes:
Ela precisaria ser vista e ouvida.

E muito tempo depois dentro de uma casa simples a observar aquela tal Maria Padilha, aquela tal Maria Mulambo e Aquela tal Maria Quitéria, o espírito de uma rainha de verdade tomou posse do corpo de alguém que podia suportá-la, então ali incorporada o povo humano e vivo finalmente viu que a rainha existia e eles perguntaram o seu nome.
Mesmo depois de tanto tempo o nome ela não disse, apenas disse que era uma rainha de fato, e quando o povo lhe perguntou aonde ficava o seu reino ela disse que ficava em um lugar muito distante. Mas o povo que é curioso perguntou mais uma vez qual era o tamanho dessa distância, e a rainha apenas sorriu e disse

👑— A distância do meu reino? Fica a distância de Sete Encruzilhadas.

E aqui estava a Rainha das Sete Encruzilhadas, em uma terra diferente da sua terra de origem, no meio de um povo que ela jamais imaginaria que um dia viria a conhecer.
Mas como já foi dito antes a vida é uma caixinha de surpresas.
As vezes dói nela saber que tudo o que restou do tempo que era viva são machados e espadas velhas encontrados nas escavações pelos arqueólogos. O povo celta agora é somente personagem de histórias infantis.
As vezes dói nela o fato de lá no lugar que hoje é Portugal o povo pisar por sobre seu túmulo sem fazer a menor ideia de que os ossos de uma rainha repousam ali em baixo.
Mas a humanidade é assim, facilmente se esquece e as vezes passa a falar do passado como se fosse lenda.
O que importa é que a Rainha ainda está aqui e que hoje vocês sabem que ela existe, que ela sempre existirá pois quem foi Rainha nunca perde a majestade.

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Arte e texto por Felipe Caprini
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Espero que tenham gostado!
Não copie o texto ou reposte a arte sem dar os créditos! Seja Honesto!
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