Médium Diva Belladonna Ep. I


Médium Diva Belladonna



Episódio I
"A amarração"



Abril de 1975
Eram seis da tarde, o pequeno bairro estava com as ruas lotadas de pessoas voltando do trabalho, em sua maioria eram pessoas simples residentes dos cortiços.
Uma mulher de meia idade andava apressada pela calçada, a todo instante levantava o pulso para olhar as horas no relógio, por diversas vezes esbarrou nos transeuntes, se desculpava sem nem olhar na cara dos fulanos. O carro dela havia quebrado mais cedo e por não conhecer a região foi difícil achar o endereço. Ela andava olhando ora para o relógio ora para os números das casas ate que encontrou a casa de numero 777 e se assombrou ao ver que a casa era como se fosse um palácio abandonado, um casarão de tres pavimentos em estilo colonial que destoava completamente do restante do bairro. Se via luz através das grandes janelas mas era tão mal cuidada que a propriedade parecia um mausoléu ou um cenário para filmes de terror.
A mulher atravessou o jardim de grama alta, duvidosa ela analisou um pouco mais o lugar e ao ver uma pichação no muro escrito "MALDITA BRUXA" ela viu que estava no lugar certo.
Ela subiu na varanda da entrada e se aproximou da enorme porta de duas folhas, apertou a campainha, em poucos segundos um rapaz louro de olhos azuis abriu grande porta e perguntou de modo ríspido:
 - O que quer?


Ela estava trêmula, algo lhe dizia para sair correndo dali, porém o desejo de ter seu sonho realizado foi mais forte. Ela respondeu:
 - Me chamo Marieva, eu telefonei ontem...


O rapaz abriu mais a porta e respondeu interrompendo:
 - Ta atrasada.  


Ela respondeu:
 - Sim, perdão mas meu carro quebrou...


O Rapaz disse:
 - Olha ela ta la no jardim dos fundos, tava esperando você as quatro e meia, mas já são quase seis e meia, ela... Bom, ela bebeu um pouco.
A mulher perguntou:
 - A Belladonna não vai poder me atender então?  


O rapaz falou:
 - Isso só ela pode dizer. Vamos ate lá. Entre, me acompanhe.


Quando a mulher entrou ela se surpreendeu muito, a casa por dentro era lindíssima, parecia de fato um palácio, haviam longas cortinas douradas nas janelas, um salão gigante com um palco completo em um dos cantos, candelabros nas paredes e um enorme lustre de cristais. O chão era de marmore negro e brilhava como um espelho e em toda parte haviam vasos de cerâmica chinesa com buquês de rosas vermelhas dentro.


Observando o espanto dela o rapaz explicou:
- Duzentos anos atrás está casa foi construída para ser o maior cabaré do Brasil.


Ela comentou:
- Sim, estou impressionada, parece uma casa de contos de fada. Tudo aqui é tão opulento...


O Rapaz riu e respondeu:
- Fadas? Eu não chamaria as moradoras desta casa de fadas, mas é mais ou menos assim. Opulência é algo comum entre todas as moças que passaram por aqui.


Ela perguntou:
- Mas porque a parte de fora é tão detonada?


O rapaz falou:
- Belladonna diz que não se joga pérolas aos porcos, ela não gastaria dinheiro reformando o lado externo sendo que as pessoas desse bairro nao dariam o menor valor, eles não entendem a preciosidade desta casa. Usamos todos os nossos recursos pra deixar a parte interna impecável, a externa não importa.


Ele a guiou atrevez do salão ate uma porta em baixo de uma escadaria que tinha o corrimão em forma de serpente dourada,  ao abrir a porta eles adentraram em um longo corredor cheio de portas de madeira escura que combinavam muito com o papel de parede vermelho escuro com arabescos negros. Foi cansativo caminhar até o fim devido a extensão, no final eles sairam por uma porta de vidro em um pequeno deck de madeira clara no jardim dos fundos onde Belladonna estava sentada em uma poltrona e bebendo whisky em um copo. O jardim era pequeno mas lindo, haviam enorme roseiras, o muro lateral era coberto de hera e no final haviam duas construções, um pequeno celeiro e uma pequena estufa de vidro.


A mulher se apróximou e disse:
 - Dona Belladonna? Eu...


Belladonna estava vestindo uma calça pantalona de seda negra e uma camisa de alças finas do mesmo tecido mas com bordados dourados em forma de rosas abertas. O Cabelo liso era preso em um coque alto bem no topo da cabeça e das orelhas pendiam um par de brincos em forma de guitarras que quase tocavam os ombros de tão grandes. Ela falou:
 - Está muito atrasada.


Marieva respondeu:
 - sim, peço perdão, não vai mais acontecer.


Belladonna falou:
 - sente-se. É uma amarração que precisa? Era isso não?


Marieva se sentou pondo a bolsa no colo e disse:
 - Sim, eu trouxe a foto e a peça de roupa do homem.


Belladonna disse:
 - E o dinheiro? Um milhão de cruzeiros, trouxe?


Maerieva tirou da bolsa um envelope gordo, fez menção de entregar a Belladonna mas ela apontou para o rapaz loiro e disse:
- Entregue para ele, Uriel é quem cuida das Finanças.


Marieva entregou o dinheiro e em seguida perguntou:
- Isso vai dar mesmo certo? Ele vai ser meu?


Uriel pegou o pacote, abriu e descaradamente comferiu nota por nota. Fez um sinal positivo para Belladonna aprovando o pagamento.


Belladonna piscou para ele e então respondeu Marieva:
- Olha meu amor eu preciso salientar que amarração que eu faço é inquebrável. Ele vai ficar ao seu lado sim mas...


Marieva perguntou:
- Mas o que? Existe alguma contra indicação?


Belladonna respondeu:
- Sim existe. Na verdade fazer magia é como tomar uma droga forte, ela pode fazer bem, mas ninguem escapa dos efeitos colaterais. A contra indicação é que se você não tiver certeza do que quer, isso com certeza vai acabar mal.


Marieva perguntou:
- O que significa isso?


Belladonna explicou:
- Eu irei prender a alma deste homem em você, e então ele perde o livre arbítrio. Eu nunca farei ele amar você, amor não se força nem se inventa, o que eu farei é forçar nele a necessidade da sua presença. No dia que você não quiser mais ele, ainda assim ele vai estar proximo, e se você fugir ele ira te perseguir ate o inferno.


Marieva falou:
- Eu aceito sim. Eu aceitaria qualquer coisa pra ter esse nome.


Belladonna se dirigiu a Uriel:
- Uri, busque as coisas por favor enquanto eu chamo a nossa amiga para o trabalho.


Uriel foi ate um barracão de madeira no fundo do jardim e trouxe uma gaiola com uma pequena galinha vermelha e pôs ao lado de Belladonna, em seguida entrou pela porta de vidro no casarão.


Constrangida pelo silencio Marieva puxou conversa:
- Então... Hum... Muito bonita a sua casa.


Belladonna sorriu com aqueles maravilhosos lábios vermelhos e respondeu:
- Obrigado. Está casa pertenceu a um conde, mas ele vendeu para uma Dama Francesa no seculo dezoito, ela fez aqui um suntuosos cabaré. Ela que me pediu para comprar essa casa e mante-la do jeito que esta por dentro. No Salão principal tem retratos delas, pinturas de artistas famosos como François Gérard e Francisco de Goya, telas valiosissimas mas que eu nunca permiti que saissem daqui.


Marieva fez uma expressão de duvida e questinou:
- Pintores renomados do século dezoito... Mas ela te pediu pra comprar a casa? Mas ela não viveu no século dezoito também?


Belladonna riu e disse:
- Eu falo com espíritos. A antiga dona da casa morreu sim há muito tempo, antes do meu nascimento com certeza, mas isso não me impediu de conhecer ela e as demais que viveram aqui. Aliás é um destes espíritos que realizará o seu trabalho.


Marieva perguntou mais:
- Mas não é você que vai fazer?


Belladonna falou:
- Eu tenho alguns dons, mas sou humana ainda, nisto sou limitada. Para realizar grandes coisas eu preciso de ajuda de espíritos, divindades... Demônios... Se eu usar os meus próprios dons coisas ruins podem acontecer comigo, então eu uso apenas a minha mediunidade em casos como o seu e os espíritos fazem o resto.


Uriel voltou com quatro caixas de madeira de tamanhos variados e as pôs na mesinha em frente a Belladonna.
Ela abriu uma a uma, da primeira tirou uma faca de de prata comprida com a lâmina fina e o cabo trabalhado em arbescos, da segunda tirou uma vereta de incenso e um incensário de bambu, a terceira caixa era cheia de velas grandes tipo velório e entre elas Belladonna escolheu uma vermelha que estava pela metade e encaixou em um candelabro solitário, da quarta caixa ela tirou um grande leque branco e um embrulho pequeno que ela abriu e revelou ser um tarô.
Belladonna olhou para Uriel e disse:
- Falta mel, sal cor-de-rosa, uma rosa vermelha, um novelo de lã vermelha, o prato e a tina.


Uriel deu meia volta e entrou na casa novamente, buscou tudo e trouxe para ela.


Belladonna ao conferir tudo disse para Marieva:
- Agora irei chamar o espirito que trabalha comigo, ela se chama Sete Saias. Provavelmente você vai me ouvir falando com ela mas não irá conseguir ver ela, não se assuste.


Marieva disse:
- Certo sem problemas.


Belladonna acendeu o insenso, abanou o leque para espalhar a fumaça, se sentou com as costas eretas e respirou fundo, fechou os olhos e pôs as mãos sobre a coxas ficando em uma posição neutra. Ela se concentrou e invocou mentalmente a entidade, um vento frio soprou e em poucos instantes sentiu toda a pele de suas costas se arrepiar. Ela disse em voz alta:
- Olá Sete Saias, bem vinda.


Sete Saias estava em pé logo atras dela, seus cebelos ondulados e muito compridos reluziam de tão escuros, ela usava um vestido vermelho vivo muito justo tomara-que-caia que ao chegar Na altura dos joelhos se abria em babados indo ate o chão. As joias dela eram de ouro bem polido que brilhavam muito e seus olhos eram pesados de maquiagem escura com longos cílios e sombrancelhas finas. Era uma pena que apenas Belladonna e Uriel pudessem ve-la.


Uriel falou:
- Bem vinda senhora.


Sete Saias respondeu:
- Obrigada anjinho. O que temos essa noite?


Belladonna falou:
- Uma amarração.


Sete Saias tocou o ombro de Belladonna e roçou a comprida unha pintada de vermelho na pele dela deixando uma marca que logo se apagou e disse:
- Que delícia... Essa mulher ai que é a interessada?


Belladonna respondeu:
- Ela mesma.


Sete Saias deu alguns passos para frente e se aproximou de Marieva, se inclinou e farejou ela tal como um animal faz e com uma expressão de nojo disse:
- Não vai ser fácil. O homem que ela quer ama outra, ama de verdade. Você não vai conseguir fazer, eu mesma vou ter que por a mão na massa. Na verdade você conseguiria sim mas...


Belladonna perguntou:
- Acha melhor não fazer esse trabalho?


Sete Saias respondeu:
- Essa mulher esta obcecada, se não fizerm aqui ela fará esse trabalho em outro lugar. Vou fazer sim, mas vou precisar do seu corpinho emprestado.


Belladonna respondeu:
- Mas eu bebi. Isso não consta como "corpo sujo"?


Sete Saias falou:
- Quanto mais sujo mais eu gosto. Se não quiser que eu faça, realize você mesma. Mas vai ter que usar aquele osso...


Belladonna falou:
- Nada de osso.


Sete Saias riu fazendo graça e disse:
- Então me deixe entrar...


Belladonna disse a contra gosto:
- Que seja então. Mas por favor não foda com meu cabelo, eu fui ao cabeleiro ontem.


Sete Saias se aproximou de Belladonna e se sentou no colo dela, mas ao se sentar ela foi rapidamente absorvida para dentro do corpo. Belladona arqueou os ombros para frente e seu corpo inteiro tremeu, em seguida ela jogou a cabeça para tras e deu uma estrondosa gargalhada.
Uriel se abaixou para remover os sapatos dos pés dela e foi buscar bebida e cigarro.


Marieva assustada perguntou:
- Jesus Cristo! O que esta acontecendo com ela?


Uriel antes de entrar na casa respondeu:
- Sete Saias incorporou nela, a própria Sete Saias vai fazer o seu trabalho.


Sete Saias agora no corpo de Belladonna se apresentou para Marieva:
- Ola moça, eu sou Sete Saias, vou ajudar você.


Marieva respondeu com medo:
- Bo-boa noite... Hum... Então... Ta...


Sete Saias falou:
- Olha preciso falar uma coisa antes, esse homem quem você quer ama outra, a tal que ta prenha dele. E você vai causar muito mal na vida dele e dela se fazer esse trabalho.


Marieva firmemente respondeu:
- Eu quero ele a qualquer preço.


Sete Saias reafirmou:
- Será um mal irremediável. Ainda assim quer fazer isso?


Marieva respondeu com firmeza:
- Quero.


Sete Saias respondeu:
- Ele tem metade da sua idade... Pois bem vamos fazer.


Uriel trouxe uma garrafa de vinho tinto e uma taça de ouro maciço, cigarro tipo longo e serviu Sete Saias.
Enquanto ele enchia a taça ela perguntou:
- Sua força, algum sinal de retorno?


Ele respondeu:
- Não senhora, contínuo na mesma.


Ela perguntou:
- E os sonhos? Ainda são frequentes?


Uriel falou:
- Sim. É difícil se acostumar com esse corpo de carne, as memórias sempre vem no sono.


Ela falou:
- Você ja pensou em falar com a Figueira? Talvez ela possa te ajudar.


Ele falou:
- Belladonna acha melhor esperar. E ela não aprovaria isso. Sabe que ela detesta Figueira.

Ela pôs o cigarro na boca e ele acendeu com um isqueiro de prata, ela tragou e pelo canto da boca soltou a fumaça. Disse:
- Ninguém gosta de Figueira. Mas eu não acho certo um ser de sua posição servindo aqui.


Uriel sorriu com seus belos labios rosados e falou:
- Eu estou bem aqui. Agradeço muito sua preocupação.


Sete Saias passou a mão pela bochecha dele e disse:
- Belladonna... Tinhosa. Nao sabe a sorte que tem ao ter você aqui. Você pode começar, fazer as coisas. Corte o pescoço da galinha e separe o sangue em um prato, depois abra e me de o coração e... Você sabe do resto.


Uriel se abaixou, apanhou a galinha segurando bem as asas para que ela não se debatesse. Ele cortou o pescoço e o sangue jorrou no prato de louça branca que ele havia posicionado em baixo. Enquanto o sangue era drenado ele se dirigiu a Marieva:
- pegue a foto dele e escreva o nome dele inteiro no verso, depois pegue a camisa dele e me entregue.


Marieva fez o que ele pediu e escreveu "Antônio Silveira do Carmo".
Uriel pegou uma grande tina de cobre, colocou a foto no fundo e despejou o sangue por cima, em seguida cobriu com a camisa e sobre ela pôs um quilo exato de sal cor de rosa, cobriu com as pétalas de rosa vermelha. Ele entregou a Sete Saias o coração da galinha e ela fez um corte bem no meio, abriu e falou para Marieva:
- Pense no que quer, pense bem e assopre Dentro desse coração como estivesse colocando o seu nome dentro do coração dele.


Marieva assoprou e Sete saias enrolou o coração em lã vermelha ate se tornar uma bola. Ela pôs a bola de lã no meio da tina onde estavam as coisas e despejou mel por cima. Ela pegou a tina e pôs no colo e posicionou as duas mãos por cima falando palavras de força. Marieva não via nada, e não entendia o que ela falava mas Uriel via uma luz vermelha saindo das mãos dela e entendia exatamente as palavras que ela dizia, ela repetiu muitas vezes "O que um morto faz um vivo não desfaz, que este homem seja atado, amarrado, acorrentado nesta mulher, que nao haja paz longe dela, que ele precise dela a todo momento, eu que faço eu que digo, eu que amarro com a minha força e com a força do criador que habita dentro de mim".
Apos alguns minutos ela colocou a tina no chão e disse:
- Está feito. Anjinho, acenda a vela.


Uriel acendeu a vela vermelha e Sete Saias pegou outra vela nova e acendeu na chama desta que estava pela metade, em seguida molhou os dedos com saliva e a apagou. Deu a vela nova para ele e disse:
- Coloque lá no porão, naquele monte.


Uriel entrou na casa com a vela acesa.


Sete Saias olhou para Marieva e disse:
- Nos ainda vamos nos ver de novo, mas por hoje é só. Está feito.


Marieva perguntou:
- Quando vamos nos ver de novo?


Sete Saias disse:
- Gosta de rezar? Qualquer dia te vejo na missa.


Marieva confusa perguntou:
- Missa? Como assim?


Sete Saias deu uma alta gargalhada e disse:
- Um dia você vai entender. Por hoje é só, ja acabei minha parte aqui, ja vou embora. Ainda hoje esse homem vai te procurar.


Marieva agradeceu:
- Muito obrigado, realizou meu sonho!


Uriel voltou, ela olhou para ele e pediu:
- Anjinho, use sua bela voz e cante algo pra minha partida sim.


Ele suspirou buscando na memoria alguma canção apropriada ate que se lembrou de uma e cantou:
- O Vento que lhe trouxe, o vento vai te levar, Sete Saias vai embora mas promete aqui voltar...


O corpo de Belladonna deu um tranco batendo violentamente as costas no encosto da poltrona. Sete Saias saiu do corpo, girou rapidamente e ficou em pé logo atrás da poltrona onde Belladonna estava. Ela se virou e falou para Uriel:
- Eu volto em breve pra rebecer meu pagamento.


Uriel sorriu para ela e a observou desaparecer pouco a pouco ate ela sumir.


Belladonna passava as mãos na nuca mostrando estar cansada, Sete Saias era um espirito muito pesado. Ela abriu os olhos e viu a tina ali, o trabalho feito e disse:
- Pronto, pode ir, ainda hoje ele vai te procurar.


Marieva abriu um sorriso de orelha a orelha, agradeceu e foi embora.


Assim que ela partiu Belladonna abriu o tarô sobre a mesa e o Ás de Espadas apontou que aquilo feito terminaria mal.


Junho de 1987
Uriel estava em cima de uma enorme escada de alumínio com um espanador nas mãos tirando pó do grande lustre, por mais que houvesse uma criada na casa ele mesmo gostava de limpar o lustre e as peças delicadas, assim como era ele quem cozinhava para Belladonna. O telefone tocou e ele gritou lá de cima:
- Isaura! Atende pra mim por favor!


A velha Isaura veio em passos lentos ate a mesinha do telefone no canto mais afastado do salão e atendeu o velho aparelho Crosley, que era um dos modelos mais antigos ja fábricados. Ela ao atender logo falou para Uriel:
- Uri, é uma mulher maluca que quer falar com a Bella sobre como desfazer um feitiço.


Uriel ainda em cima da escada disse:
- Pergunta pra ela que tipo de feitiço é, quando e por quem foi feito.


Isaura falou ao telefone, ouviu e respondeu a Uriel:
- Ela disse que é uma amarração e que foi feita doze anos atrás aqui mesmo pela Belladonna.


Uriel desceu da escada e pegou o telefone da mão de Isaura, ele falou cochichando:
- Ai ai Isa, aposto que é mais um problema...


Isaura também cochichou:
- Nem tudo são rosas... Se resolva ai que eu vou sair, vou na sapataria buscar os sapatos, pra não dizer tijolos da Bella.


Uriel sorriu e atendeu o telefone, ele disse:
- Alô, aqui quem fala é o assistente de Diva Belladonna. Com quem eu falo?

No telefone a pessoa respondeu:
- Você é o rapaz loiro não é? Eu ja estive ai...

Uriel com seus lapsos onde seus poderes perdidos davam algum sinal conseguiu advinhar quem era:
- Lembro de você Marieva. O que deseja.


Ela falou com a voz ofegante, como quem está desesperada:
- Eu preciso desfazer aquela amarração. Minha vida está um inferno. Preciso falar com a Belladonna o mais rapido possível.


Uriel folheou uma grossa agenda que ficava ao lado do telefone e disse:
- Olha, tem um horário vago aqui na quarta feira as cinco da tarde.


Marieva perguntou:
- Quanto vai custar?


Uriel respondeu:
- Não sei, é melhor você discutir isso com a Belladonna.


Marieva respondeu:
- Certo, eu estarei ai.


Uriel desligou o telefone, deixou o espanador sobre a mesinha e subiu dois Lançes de escada até o terceiro piso, andou pelo corredor ate chegar o no quarto principal da casa, a porta negra estava entre aberta, ele bateu mas não ouve resposta, então entrou no belo aposento, Belladonna estava dormido como um anjo... Caida no chão entre o quarto e o banheiro com os lábios roxos de tanto beber vinho. Uriel foi ate ela e com esforço a colocou de pé, cambaleando ele a levou para o banheiro e a despiu da camisola suja que ela usava. Ele encheu a banheira com agua quente e a colocou dentro da água. Quando o corpo delgado dela estava todo imerso ela abriu os olhos e fitou uriel com gratidão. Ela perguntou:
- Que horas são Uri?


Ele estava de costas mexendo na gaveta de um armário e respondeu:
- São tres da tarde.


Belladonna respondeu:
- Odeio dia, odeio sol. O dia foi feito pra dormir e a noite para se brilhar.


Uriel respondeu:
- É pra mim que diz isso?


Belladonna falou:
- Ah eu não quis te ofender... Arcanjo Uriel... O Anjo do Sol... O Anjo que lutou com Jacó... O Querubim das portas do Jardim do Eden... O Anjo dos olhos de safira... O algoz dos primogênitos do Egito... O...


Ele completou:
- O mordomo da bruxa.


Ela falou:
- Nunca te obriguei a fazer nada.


Ele disse:
- Sim Bella, eu sei. Trabalho aqui de boa vontade. Eu fui criado para trabalhar, agora que ja não tenho minhas asas eu ainda tenho minha natureza.


Ele se virou com um pente nas mãos e foi ate ela, se abaixou e começou a pentear os longos cabelos que caiam para fora da banheira. Ela inclinou a cabeça para trás relaxando e perguntou:
- Não sente saudade da sua vida antiga?


Uriel respondeu:
- Eu era nada além de um escravo. Era belo, imponente, famoso... Mas ainda assim um escravo.


Belladonna respondeu:
- Você ainda é belíssimo. Seus poderes estão voltando não é?


Ele falou:
- Sim e isso me apavora.


Belladonna ergueu uma perna para fora da banheira e acariciou a bele da panturrilha. Ela falou:
- Tem medo de voltar a ser anjo ou de virar um demônio?


Uriel respondeu:
- Medo de tudo. Mas eu subi aqui pra falar de outra coisa, lembra de uma mulher que veio fazer uma amarração em 75?


Belladonna se sentou na banheira rapidamente, virou o pescoço pra trás e olhando para Uriel disse:
- Vai acontecer. O Às de Espadas vai cair sobre ela.


Uriel bateu com a escova na borda da banheira indicando para Belladonna voltar a posição, ela se encostou novamente e ele continuou a pentear o cabelo dela. Ele falou:
- Marquei um horário para ela na quarta feira as cinco da tarde.


Belladonna falou:
- Mas o que eu irei fazer por ela? Você sabe que amarração não se desfaz.


Uriel disse:
- Fale com ela. Ela precisa da ajuda.


Belladonna desconversou:
- O mundo precisa de ajuda. Ontem eu assiti a novela e de novo fiquei horrorizada.


Uriel perguntou:
- Que novela? Eu não vejo televisão, as vezes Isaura me força a ver essas novelas com ela, mas eu não presto atenção.


Belladonna falou:
- Menino, é aquela novela "O Outro". Você acredita que eles colocaram Francisco Cuoco como galã? Galã! Como pode? Ele é horrível! Não satisfeitos eles colocaram ele pra fazer dois papéis na mesma novela.


Uriel falou:
- E foi por isso que você bebeu tanto? Por causa da novela?


Belladonna disse:
- Sim, fiquei arrasada com aquela situação. E aquela Malu Mader? Vestiram ela como uma mendiga! Foi demais pra mim. Aquela novela é uma heresia! Você sabe como eu amo dramaturgia, fico pasma com essas coisas.


Uriel riu, os dois conversaram a tarde toda.


Quarta-feira, exatamente as cinco da tarde a campainha tocou, Uriel vestia um terno cinza claro, ele foi abrir a porta e Marieva estava lá, o tempo não havia sido gentil com ela, estava velha, grisalha e usava o cabelo jogado cobrindo metade do rosto. Quando ela levantou o olhar Uriel viu que havia um enorme hematoma no olho direito.
Ela pediu licença e entrou, Uriel não comentou nada, sem silêncio ele a guiou para o jardim dos fundos, lá Belladonna a aguardava sentada na mesma poltrona de sempre, ela se abanava com um leque e fumava um cigarro na piteira.


Marieva a comprimentou timida e se sentou. Belladonna perguntou:
- O que te trás aqui hoje?


Marieva afastou a mecha de cabelo que cobria o olho roxo e disse:
- Olhe isso. Ele me fez isso. E não é a primeira vez. Virei um saco de pancadas nas mãos daquele desgraçado.


Belladonna tragou o cigarro e assoprou a fumaça para longe. Ela disse:
- Eu já imaginava que isso ia acontecer.


Marieva levantou o tom de voz e falou ríspida:
- Se sabia porque não disse?


Belladonna argueu o dedo indicador no rosto dela e a repreendeu:
- Se acalme. Você cavou o buraco, agora caiu dentro. Tudo é culpa sua, eu não te obriguei na nada. Aliás vc me pagou pra isso. E acredite querida, as porradas que ele te dá não sao nada comparado com o que você fez com ele.


Marieva virou o rosto olhando o por do sol que deixava o céu rosado e respondeu:
- Eu sei. Mas eu preciso desfazer isso. Eu não entendo porque ele esta assim, ele me amava tanto...


Belladonna respondeu:
- Ele nunca te amou, eu te expliquei na época.


Marieva falou:
- Sim eu me lembro. Mas o que pode fazer por mim?


Belladonna falou:
A princípio eu posso jogar tarô pra você.


Marieva respondeu:
- Certo, eu quero. Me dê boas respostas.


Uriel pigarregou e falou:
- O jogo de Tarô custa quarenta mil cruzados.


Marieva abriu a bolsa e tirou da carteira quatro notas vermelhas de dez mil cruzados e deu na mão de Uriel.


Belladonna embaralhou o tarô e abriu as cartas sobre a mesinha, de cara o arcano da justiçá caiu invertido seguido do às de copas. Ela afirmou:
- Há sangue inocente nas suas mãos.


Marieva falou:
- Como assim? Eu nunca matei ninguém.


Belladonna tirou mais uma carta e disse:
- Uma criança que nem sequer chegou a nascer.


Marieva disse:
- Quando me casei com ele, a ex mulher dele estava grávida. Ela sofreu um aborto espontâneo devido ao estresse. Mas não foi culpa minha.


Belladonna disse:
- foi sim. A culpa é toda sua. Aqui diz que seu marido te odeia. Ele ainda ama a ex mulher, sempre amou ela. O laço da amarração mantém ele perto de você, mas ele queria era estar com ele. Por isso ele te bate, ele não quer você, mas não consegue se afastar, por isso te odeia.


Marieva falou:
- Eu não quero mais ele, e pelo visto nao há modo de afastar ele de mim correto?


Belladonna concordou:
- Correto.


Marieva com um ar maquiavélico disse:
- Mas... E se ele morrer? Isso faria ele me deixar em paz não é?


Belladonna surpresa perguntou:
- Espere um pouco, você veio aqui para isso? Quer quer que eu mate ele?


Marieva respondeu:
- Eu sei que você pode, você pode fazer qualquer coisa.


Belladonna olhou fixamente para ela, ficou calada por alguns instantes.


Marieva perguntou:
- Você vai fazer isso?


Belladonna sorriu e disse:
- Sim. Vai custar duzentos e cinquenta mil cruzeiros. Mas eu preciso que deixe seu telefone com Uriel, ele vai te ligar avisando o dia e o local onde faremos o trabalho.


Marieva questionou:
- Mas não vai ser aqui? Porquê?


Belladonna respondeu:
- Um trabalho assim precisa ser feito em um lugar forte, místico sabe. Pode ir e aguarde a minha ligação.


Marieva anotou o telefone em um pedaço de papel e entregou a Uriel, ele a acompanhou até a porta e ela foi embora.
Ele voltou e perguntou a Belladonna:
- Vai mesmo matar esse cara?


Belladonna respondeu:
- A morte é a chave dessa situação. Só matando...


Uma semana se passou e Uriel enfim foi dar o telefonema. Discou o número e Marieva atendeu. Uriel disse:
- Marieva, Belladonna marcou para amanha as dez da noite em frente a igreja Nossa Senhora da Rosa Mística. Você precisa levar uma mala grande de viagem vazia.


Marieva respondeu:
- Dez da noite? Certo. Mas pra quê a mala?


Uriel respondeu:
- É porque no fim do trabalho você vai precisar levar algumas coisas pra casa, e pra disfarçar o melhor é uma mala.


Marieva falou:
- Mas amanhã é Corpus Christi, a igreja vai estar lotada. Não é melhor depois de amanhã?


Uriel disse:
- Só pode ser amanhã.


Marieva concordou.
Uriel foi até o celeiro no jardim dos fundos e ligou o velho mustang 64, que era o carro de Belladonna, ele conferiu se o carro estava em boas condições. No dia seguinte as oito e meia Belladonna desceu as escadas vestida com um sobretudo de vinil preto, óculos escuros, um lenço na cabeça. Ela se esparramou no banco de trás do carro, o mustang preto era imponente. Uriel dirigiu até proximo a igreja e parou a uma distância que conseguiam ver a entrada do lugar mas dificilmente seriam vistos. Esperaram ate dar nove e meia e então Belladonna saiu do carro e foi até um telefone público bem ao lado de onde pararam, depositou as fichas e discou o número da casa de Marieva. O marido foi quem atendeu.
Belladonna falou com ele:
- Escuta, é você o marido da Marieva?


Ele respondeu que sim. Belladonna então falou:
- Olha eu a sua mulher vai fugir com outro hoje as dez horas da noite, ela marcou o encontro com o amante as dez da noite. Venha e veja, ela vai estar de mala pronta pra te largar. Ela estará na porta da igreja Nossa Senhora da Rosa Mística aqui da zona sul, perto do parque municipal. Não deixe ela te fazer de palhaço.


Belladonna desligou o telefone e entrou no carro. Uriel perguntou:
- Falou com ele?


Belladonna confirmou:
- Sim, armei a arapuca. Agora é só esperar.





Ela acendeu um cigarro, o carro se encheu de fumaça. As dez horas em ponto um táxi parou na entrada da igreja e Marieva desceu, o taxista saiu do carro e tirou do porta-malas uma mala de viagem azul escura. Marieva pagou o taxista, apanhou a mala e ficou em pé na porta da igreja esperando.
As dez e quinze uma Brasília verde agua desceu a rua cantando pneu. Foi tudo muito rápido, o homem jogou o carro em cima da calçada bem perto de Marieva, ela deu um pulo para tras assustada. O motorista desceu e gritou algumas palavras com muito ódio.


Uriel e Belladonna observavam tudo de dentro do carro, atentos a tudo. Belladonna falou para ele:
- Uri esse é o marido, o coitado amarrado.


Uriel apenas comentou:
- A humanidade é tão fútil...


Belladonna com os olhos atentos disse:
- Esse drama todo é muito melhor que a novela das oito.


Marieva gritou assustada quando ele se aproximou, ela tentou se defender colocando a mala na frente do rosto, mas ele quando viu a mala ficou ainda mais furioso e gritou:
- Então é verdade! Vai fugir com outro! Vagabunda!


Ela não teve tempo de explicar, ele sacou um revólver da cintura e descarregou a arma nela, foram muitos disparos.
A escadaria da igreja ficou vermelha, o sangue respingou por todo lado. O homem olhou o corpo no chão e a arma na própria mão, parecia atônito como quem acabara de acordar de um sono profundo.


Belladonna desceu rápido do carro e foi ate ele, se aproximou, pôs a mão no ombro dele e disse:
- Vai embora, acabou. Você está livre.


Ele olhou para Belladonna com os olhos cheios de lágrimas e disse:
- Mas eu acabei de matar minha esposa.


Belladonna falou:
- Ela mereceu. Agora vai embora, não se preocupe, ninguem nunca vai saber que foi você. Eu vou dar um jeito nisso.


Ele entrou na Brasília e foi embora correndo.
As portas da igreja se abriram e todo o povo da missa saiu para ver.
O padre desceu ocorrendo, fez o sinal da cruz quando viu o cadáver, repetiu o sinal da cruz quando viu Belladonna. Ele perguntou:
- O que aconteceu aqui?


Belladonna se virou, abaixou o óculos escuro e disse:
- Foi uma tentativa de assalto, ela reagiu e o bandido descarregou o tambor nela.


O padre falou:
- Difícil de acreditar. Toda vez que eu te vejo é em situações como essas.


Belladonna disse:
- Sabe padre, eu gostaria de confessar uma coisa ao senhor. O senhor pode me ouvir?


Ele respondeu:
- Claro que sim minha filha. Mas agora? Volte amanhã e te recebo no confessionário.


Belladonna se aproximou do padre, o abraçou e disse bem baixinho no ouvido dele:
- O senhor sabe quem eu sou, e eu confesso que armei a morte dessa mulher. Do mesmo jeito que ela foi, você também vai. A não ser que me ajude e confirme para a policia que isso foi uma tentativa de assalto.


Ela se afastou, o padre disse:
- Certo filha, isso foi uma lastimável tentativa de assalto. Mas a policia um dia ainda vai bater na sua porta.


Belladonna respondeu:
- E Satanás um dia ainda vai bater na sua.


O padre fez novamente o sinal da cruz, os curiosos se amontoaram em volta do corpo, Belladonna saiu dali, entrou e entrou no carro, acendeu um cigarro e ficou olhando pela janela aquela cena que ela mesma tinha construido. Assim que o som das sirenes das viaturas da policiam começaram a ecoar ao longe Uriel deu partida e foram embora.
No meio do caminho ele falou:
- A polícia vai achar ele, não vão acreditar nessa história de tentativa de assalto, é impossível que ninguém tenha visto aquela Brasília, não vai ser difícil entenderem que o marido ciumento matou a esposa.


Belladonna respondeu:
- Por mais que seja óbvio o óbvio não vai ser notado.


Uriel olhou pelo espelho retrovisor e viu ela pondo algo dentro de uma saco minúsculo plástico, ele perguntou:
- São fios de cabelo?


Ela respondeu:
- Sim, arranquei dele. Quando chegarmos em casa vou por esse cabelo enroscado na minha triqueta de jade, por algum tempo esse cara vai ter muita sorte. A policia vai ser cega diante disto. Aquela triqueta é muito poderosa.


Na porta da igreja o espírito de Marieva estava ainda dentro do cadáver. Pela ordem natural demoraria ate sete dias para o espírito abandonar o corpo. Com passos calmas sobre os tamancos de Madeira Sete Saias veio caminhando usando um vestido cor de vinho e um espartilho de couro cru. Ela se abaixou perto do corpo, agarrou o pescoço e puxou o espírito de Marieva para fora.


A separação forçada causou uma forte dor em Marieva, e ela deu um berro fino quando foi levantada e pode ver seu proprio corpo fuzilado caido ali. Sete Saias a empurrou e ela caiu bem ao lado da carne que antes habitava.
Marieva apavorada se levantou e começou a pedir ajuda a todos os que estavam ali na entrada da igreja, mas ninguem respondia, ela foi de um a um, gritava por ajuda mas os vivos não podiam ver ela nem escutar suas súplicas.


Sete Saias falou alto:
- Bem na hora marcada não é?


Marieva olhou para ela e sem entender perguntou:
- O que? Hora marcada? Como assim? O que esta acontecendo?


Sete Saias respondeu:
- Ora eu te disse que qualquer dia nós nos encontrariamos na missa.


Marieva arregalou os olhos e disse:
- Missa? Você é a entidade?


Sete Saias respondeu:
- Eu mesma, Sete Saias das Sete Encruzilhadas.;


Marieva áspera falou:
- Vá de retro demônio! Se aparte de meu caminho!


Sete Saias não conseguiu segurar riso, gargalhou e falou:
- Demônio eu? Pense numa mulher que conheceu um rapaz de vinte e dois anos no trabalho, fez um feitiço para amarrar a alma dele, fez a esposa dele ficar na miséria e perder o bebê, fez a vida do homem um inferno, e... No fim encomendou a morte dele. Essa pessoa sim é um demônio, e essa pessoa... É você.


Marieva cheia de empáfia falou:
- Só Deus pode me julgar!


Sete Saias disse:
- Toda alma que usa de magia negra é desprezada por Deus. Ele não vai te julgar. Ele não vai fazer nada por você.


Marieva gritou:
- Mentira! Demônio mentiroso!


Sete Saias falou:
- Faça a prova, chame por seu Deus, reze para ele ou para todos os santos que conhece. Bora, comece a ladainha.


Marieva nervosa tentou rezar o Pai Nosso, a Ave Maria, o Credo, mas não conseguiu, ela não se lembrava de nada.
Sete Saias falou:
- O que? Não sabe mais rezar? Os mortos não tem religião meu bem. Acabou. Sem esperança pra você.


Marieva perguntou:
- Entao o que acontece? Eu vou pro inferno?


Sete Saias disse:
- Você não merece tanto luxo.


Marieva assustada perguntou:
- O que será de mim então.


Sete Saias falou:
- Já que você é uma alma sem rumo, eu mesma tomo posse.


Marieva disse:
- O que? Como assim?


Sete Saias pôs um das mãos nas costas e tirou de lá um chicote de couro trançado, desenrolou, girou no ar e bateu ele no chão fazendo um som de estralo.
Marieva se sentindo ameaçada tentou fugir, virou deu as costas e correu, mas Sete Saias arremessou o chicote e enrolou no pulso dela, puxou com força a fazendo cair deitada.
Marieva gritou, Sete Saias foi até ela e pisou com força na cabeça e disse:
- Você é minha agora. Mais uma pra minha coleção.





Comentários

  1. Lindo conto.
    Texto cativante e um bom aviso pra quem deSeja algo ou alguém a qualquer custo.

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  2. Magnífico! Felipe tu escreve com a alma. Amei muito real. CONTINUE vc é talentozissimo.

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  3. Incrível essa história! Melhor que Netflix! Parabéns Felipe! Espero que escreva um livro!

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  4. Muito interessante a história, eu já sabia que amarração não era uma coisa boa mas não sabia que chegava a tanto rsrs, dona sete saias tbm tiro o chapéu pra ela loroyê pomba gira.

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  5. Maravilhoso !!!! Caprini sempre luxo !!!!

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  6. Quando sai o próximo trecho desta história!?

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  7. Eu não podia acreditar que eu voltaria a me reunir com meu marido, eu estava tão traumatizada por ficar sozinha sem ninguém para ficar comigo e para estar comigo, mas eu tive muita sorte um dia em encontrar este poderoso lançador de feitiços Dr. Azaka depois de contar a ele sobre minha situação ele fez todo o humanamente possível para que meu amante voltasse para mim, na verdade depois de lançar o feitiço meu marido voltou para mim em menos de 24 horas, meu marido voltou me implorando para nunca mais ir embora eu de novo, 1 meses depois ficamos noivos e nos casamos, se você está passando pela mesma situação é só entrar em contato com ele via: Azakaspelltemple4@gmail.com whatsapp: + 1 ( 3 1 5 ) 3 1 6 - 1 5 2 1 muito obrigado senhor por restaurar meu ex-amor

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