FLOR A FLORA - CAPÍTULO 5

 Felipe Caprini 


FLOR A FLORA 

Segundo conto da Série Urdidura das Feiticeiras 


Capítulo 5

"Massacre em Sabará"







🌹- I

Cigana Sarah estava caminhando pelos trilhos do trem próximos à estação do Jaçanã, São Paulo não possuía muitos terreiros dedicados ao culto de entidades, a maioria dos terreiros ou eram centros espíritas kardecistas ou candomblé de Angola, porém havia uma nova casa que agora trazia o culto das entidades, principalmente das pombagiras, e Cigana Sarah passou a ser cultuada lá.

Trabalhara a noite inteira, ela gostava de ser recebida com amor pelas pessoas, principalmente naqueles dias afinal havia tido muitos aborrecimentos.

Caminhava com passos curtos, mesmo que já dominasse um dom muito incomum entre as entidades, o dom das Magias de transporte, ainda assim ela gostava de andar pois era uma cigana e os ciganos por natureza caminham.

Devagarzinho bem rente ao grande muro de alvenaria, o sol já tava se inclinando e fazendo aquela costumeira sombra das tres horas da tarde e por isso cigana ia bem junto ao muro sem levantar ventania pois a sombra do paredão a protegia.

Olhava de relance para os lambe-lambe espalhados pelo muro, todos com retratos de Washington Luís, o novo "Salvador da Pátria". 

— Que palhaçada... — Ela murmurou.

Na época em que estava viva o mundo era governado por Reis e Imperadores absolutistas, mas ali séculos depois a grande revolução chamada república não havia mudado praticamente nada, o mundo ainda era controlados por Reis só que agora esses reis preferiam ser chamados de presidentes.

Sarah tinha fortes opiniões sobre como o mundo estava estagnado, mas não comentava isso com ninguém.

Por mais que ela fosse amiga de todas, por mais que fosse querida pela grande maioria das moças Sarah ainda assim gostava de ficar só às vezes, isso porque sendo uma entidade o ato de ficar só era difícil, o mais comum era estar incorporada em seus médiuns ou trabalhando junto a outros espíritos ou mesmo caminhando no meio do falatório de pessoas vivas que não podiam vê-la, então às vezes quando ela ia naquele terreiro em São Paulo gostava de voltar um grande pedaço do caminho caminhando pelo muro, as vezes o trem Maria Fumaça passava ao lado fazendo o chão tremer, então Sarah parava e olhava para a fumaça branca que saía da chaminé da locomotiva Maria-Fumaça lembrando algumas vezes na fumaça que nublou o céu no dia em que ela mesma morreu em um incêndio.


" Sarah...?"


A cigana parou sua caminhada e fechou os olhos, reconheceu a voz que surgiu em sua mente, era aquela voz suave porém um pouco rouca, e era inegavelmente a voz de Rosa Caveira. Rosa utilizando a radiestesia com os ossos de suas próprias costelas conseguia se comunicar com qualquer espírito seja neste mundo ou no outro.

— Estou ouvindo Rosário, o que foi que aconteceu?— Era óbvio que havia acontecido alguma coisa, Cigana sabia que amiga tinha pavor de atitudes desnecessárias e que só entrava em contato se realmente fosse importante.

— Preciso muito da sua ajuda, estamos no nosso casarão, pode vir até aqui por favor? É extremamente importante.

— Estou indo.


Cigana Sara fechou os olhos um momento tentado lembrar de como era o casarão, assim que a imagem do lugar veio a sua mente o seu corpo explodiu em uma nuvem de fumaça dourada, a famosa técnica de transporte que ela havia aprendido com o menino Tetemburu, uma técnica que era reservada apenas as entidades infantis que possuíam facilidade em se deslocar pelas energias do mundo, todas as entidades do grupo que Sarah fazia parte tentaram aprender aquela magia porém ela foi a única que soube desenvolver.




🌹- II

Isaura aguardava no corredor do hospital, sentada em um desconfortável banco de madeira ela trabalhava em um cachecol de tricô em lã azul marinho que estava fazendo para Doralice. Ouviu o som de passos, saltos altos estalando pelo mármore, ergueu a cabeça e viu diante de si Belladonna que havia acabado de sair do consultório, estava ali no fim da tarde vestida com um sobretudo vermelho, meia calça preta e sapatos de envernizados de saltos de dezoito centímetros. Belladonna encarava a amiga com ar mortificado.

— O que foi meu bem?— Isaura rapidamente começou a enfiar eu trabalho dentro de uma sacola de napa bordada com estrelinhas douradas.

— Eu... Eu...— Belladonna se balançava de um lado para o outro e tinha os lábios moles parecendo está tendo um derrame cerebral.

— Bella? Ai meu Deus, está tendo uma bilora? Espere um segundo e eu vou chamar uma enfermeira!

— Não preciso de enfermeira, não estou doente, só estou... chocada.

— Tem certeza meu bem? Você anda tão pálida e vomitando tanto... — Isaura ficou em pé e tocou o rosto de Beladona para tentar medir a temperatura. O que o médico disse?

— O que o safado disse após apalpar minha barriga e depois me mandar mijar em um copo? Ele disse barbaridades que eu nunca esperei ouvir na vida.

— Ai Jesus Cristo, o que foi?

— Isaura você não disse que todas as mulheres da sua família foram parteiras?

— Sim... claro que sim, minha bisavó até fez o parto do filho do Conde de Boa Vista...

— Então como é que você não percebeu que eu estou grávida!

Isaura arregalou os olhos, se levantou e aproximou mais de Belladona até que puderem falar sem que ninguém Ouvisse.

— Grávida? É claro que você tinha todos os sintomas de uma gravidez, náuseas, enjoo, vômitos e sono em demasia, mas todos esses sintomas são indicativos de gravidez em uma mulher comum, já você...

— Eu não sou uma mulher comum? Tenho tres peito por acaso? Os sintomas padrão por acaso não se aplicam a mim?

— Bella... você fica bêbada dia sim dia não e vive fumando aquelas ervas estranhas, então nunca dá para saber se o que você está sentindo é algo comum ou simplesmente é uma reação de ficar tanto tempo chapada.

— Eu nem sei o que dizer... mas no fim você está certa, eu atendo espiritualmente mulheres grávidas desde que era adolescente e sei todos os sintomas mas jamais imaginei que aquilo que estava sentindo era gravidez, achei que as pontadas na barriga era meu fígado derretendo depois de eu ter bebido aquele cocoroco boliviano, eu esperava tudo menos uma... uma maldita criança.

— Não fale assim meu bem, aliás me desculpe nem te dei os parabéns, é uma pena Jorn não estar aqui, ele ia ser o melhor avô do mundo...

— Temos de voltar imediatamente para casa.

— É vontade de fazer xixi? É esse hospital tem os banheiros imundos mas no hotel... 

— Quando eu disse voltar para casa quero dizer voltar ao Brasil. Eu vou me livrar disso lá.

— Espere um pouco, — Isaura tornou a voz mais séria — nós não vamos para o Brasil coisa nenhuma, vamos sair daqui agora e jantar em algum lugar bem bonito, comer alguma coisa doce para alegrar seu dia e depois vemos o que fazer com calma. 

— Eu preciso tomar um gole de Martini... e segure meu braço Isaura senão é capaz de me atirar na frente de um ônibus assim que pisar na rua.

— Não é bom beber álcool enquanto está grávida, mas essa criança Sobreviveu ao mar de cachaça que você tem consumido, acredito que um gole de Martini não vai fazer mal. — Isaura agarrou sua sacola com uma mão e com o outro braço entrelaçou com o de Belladonna — Sabe quem é o pai?

— Mas que pergunta, é claro que eu sei.— começaram a caminhar rumo a saída.

— Não me diga que é aquele francês de olhos azuis? Os olhos dele me assustam.

— É isso é o que me aborrece mais, o pai é aquele operário que conheci lá nas voltas do Largo Treze em São Paulo, o homem mais comum de todos, até o nome é comum... Eduardo.

— Bom meu bem, vamos, vamos desanuviar um pouco a mente.




🌹- III

— PORRA! — Rosa vermelha tava tão tensa que se assustou quando a Nuvem de fumaça Dourado explodiu bem ao seu lado ali no salão do Casarão, Sarah apareceu sorridente como sempre mas logo o seu sorriso desvaneceu quando percebeu o clima tenso entre as Rosas.

— Nossa que caras de enterro, o que aconteceu?

— Sarah precisamos muito da sua ajuda. — disse Rosa Menina.

—Sim, Dolores tá sendo atacada pelo Narciso, está sozinha e nós precisamos ir ajudá-la, pode nos levar até lá?— pediu Rosa Negra com ar de verdadeira Súplica.

— Posso sim, mas não todas vocês, eu posso levar duas comigo, minha magia é forte o bastante para levar três, no caso eu e mais duas.

— É o suficiente, vamos eu e Rosa Caveira.— disse Rosa Vermelha confiante.

— Você não vai, Rosana você é a líder, tem que ficar na retaguarda, vou eu e Tauane. — disse Rosa Caveira.

— Perfeito!— desse Tauane, a bela mulher de pele negra e de tranças cor de mel caídas até a cintura que respondia também pelo nome de Rosa Kalunga.

— Eu não vou ficar aqui parada Enquanto vocês lutam!—  disse Rosa Vermelha nervosa.

— Não se preocupe, se a coisa ficar feia eu vou ajudar, eu também sou uma princesa como você Rosa Vermelha, aliás eu e Rosa Caveira também somos iguais a você, já lutamos juntas outras vezes então confie em nós.

— Não é questão de confiar... 

— É sim. — disse Rosa Kalunga.

— Tudo bem.— respondeu Rosa vermelha um tanto quanto contrariada.


Rosa caveira, Rosa Kalunga e Cigana Sarah deram as mãos, em seguida as três explodiram em uma nuvem de fumaça colorida entre tons de dourado, púrpura e negro.


Um som de respiração ofegante se ouviu no salão, Rosa Vermelha girou nos calcanhares e agarrou Rosa dos Ventos pela cintura antes que a amiga caísse.

— Em nome das Sete Cidades... não pode ser...— Lamentou Rosa dos Ventos com os olhos revirando enquanto tinha mais uma visão de futuro.

— O que foi? O que você viu? — Perguntou Rosa Negra se aproximando.

— Tragédia! — gritou Rosa dos ventos desesperada.




🌹- IV

Narciso girava a cabeça de um lado para o outro ora olhando para Alexandra ora para Rosa Cigana, tremia com os estrondos do passo da árvore viva cavalgada pela Cigana, aquilo era aterrorizante, mas Narciso tinha um corpo feito de terra e a sua conexão com solo era total, então ele percebeu que o chão tremia mas que ele mesmo não, e como podia uma pessoa estar em pé em um solo que estava nitidamente chacoalhando e não chacoalhar junto?

Narciso levou a mão as costas tentando alcançar os cortes que haviam sido feitos pelas chicotadas do galho da árvore, ao tocar a pele sentiu dor mas seus dedos percorreram uma pele completamente lisa, mas onde estavam os vergões e Cortes causados pelo açoite? E o sangue? Não devia ter sangue escorrendo? Ele abriu um largo sorriso e olhou para Rosa Cigana com ar zombeteiro.

— Ilusão? Pretendia me derrubar usando de ilusão?


Rosa cigana não esboçou reação, mas Narciso murmurou palavras de contra feitiço então sua visão se abriu, o que ele viu foi Rosa Cigana parada em cima de uma árvore imóvel, não havia árvore viva se movendo pelo jardim, também não havia mais dor de corte nas costas, era tudo apenas ilusão.

— Pois é, esse é o meu talento.

— Seu Talento é ser mentirosa?— Ele riu debochando dela.

— Você está rindo porque? Esse é exatamente o meu talento. E a sua maior dificuldade agora vai ser descobrir o que é verdade e o que é mentira.


Alexandra se aproximou a Passos largos correndo pela lateral do terreno até árvore onde cigana Rosa estava, Narciso sorria para elas de modo cínico mas seu sorriso mudou para um ar de espanto quando em um piscar de olhos ele viu dezenas de Alexandras junto a dezenas de Ciganas, eram inúmeras mulheres em volta dele agora, ele sabia que aquilo era uma ilusão mas qual delas era real?

— Magoren, magoren, magoren! — ele pronunciou as palavras de contra feitiço mas nada mudou, continuava a ver Ilusões.


Então o primeiro par de mulheres correu na direção dele, Narciso empunhou a espada e correu na direção delas, cortou Rosa Cigana pela cintura e bateu com o cabo da espada no ombro de Alexandra mas ambas as figuras continuaram correndo em volta dele como se não sentisse nada, aquelas duas não eram reais.

— Um menino bobo vibrando uma espada contra o ar? — Rosa Cigana gargalhou.


Então vieram mais, outras Ciganas e Alexandras se lançaram sobre ele e Narciso reagiu tentando atingir a cada uma com golpes de espada, a lâmina cortava o ar e não atingir a ninguém, ele se moveu pelo terreno mas as mulheres o seguiam, toda vez que o atingiam com Tapas e socos ele não sentia nada, mas de repente uma o atingiu com um soco no estômago tão forte que o fez cair de joelhos sentindo ânsia de vômito. Rapidamente ele ergueu a cabeça e olhou em volta já com espada na mão girando lá no ar, haviam rostos de mulheres rindo por todo lado, ele atingiu a todas as figuras mas elas eram falsas, porém uma verdadeira o havia golpeado, então Alexandra deu um salto no ar e o Diadema em sua testa brilhou reluzindo em fogo, Narciso desconfiado logo protegeu o outro lado do corpo achando que o ataque viria na retaguarda porém aquela que estava no ar era Alexandra real e atingiu o ombro de Narciso com uma labareda transparente que queimou a carne fazendo o homem gritar de dor e medo.

Ele ficou em pé novamente meio arqueado para frente pela dor no abdômen e também pelas fisgadas na pele queimada do ombro.

— Covardes! Me entretém cara a cara! 

Ele mal acabou de falar isto e um soco o atingiu na lateral da cabeça.

— Cadela! Ele ergueu a espada a agitando no ar com Fúria, até que percebeu uma coisa, o vento.


Quando recebeu o golpe na cabeça ele sentiu o ar agitado bem as suas costas, havia sol naquele dia então ele deveria prestar atenção o local onde o vento se agitava pois era ali onde a verdadeira Rosa Cigana se escondia entre as muitas Ilusões.

Os ataques continuaram, por entre os pés das muitas mulheres que o cercavam ele viu pela esquerda um pedaço de terra onde o chão era varrido por um vento intenso, rrumou para lá com espada já pronta para golpear mas parou assim que sentiu a queimadura na parte de trás da coxa esquerda, se virou com tudo batendo a espada contra pelo menos oito ou nove Alexandras que corriam a sua volta, porém a sua espada dessa vez não bateu diretamente no ar e sim bateu em algo sólido, o golpe sendo seguido por um intenso gemido de dor.

— Não!— Rosa Cigana gritou fazendo com que todas as Ilusões desaparecessem, então Narciso se viu em pé segurando a espada que estava cravada no pescoço da feiticeira.

Alexandra o encaro de volta, o sangue vertendo de sua boca enquanto ela balbuciava algo, então Narciso puxou a espada Alexandra caiu no chão com um baque úmido já com uma poça de sangue se formando a sua volta.

— Não era minha intenção, eu juro que não era, ela não fazia parte do... da missão ...— Narciso lamentava para si mesmo.


O sol já se escondia por de trás da copa das arvores deixando o terreno coberto de sombras.

Rosa cigana correu até o corpo caído de Alexandra, então se ajoelhou ao lado e começou a fazer rezas e orações, recitava ladainhas de encanto tentando trazer uma esperança de vida para amiga que morria ali na sua frente.


A atenção de Narciso foi levada para um som de explosão, ao olhar para o lado viu três mulheres, duas eram Rosas mas a terceira era uma mulher loira vestida com roupas de cigana, as três nitidamente eram espíritos desencarnados.


— Alexandra!— Cigana Sarah gritou correndo na direção da amiga.


Rosa Caveira e Rosa Kalunga se colocaram em posição de ataque, sua missão era eliminar Narciso, mas atenção delas variava entre ele e o gorgolejar ensanguentado de Alexandra tentando dizer suas últimas palavras.


— BASTA!


Todos pararam Imóveis quando uma voz feminina estridente mas mesmo tempo delicada se fez ouvir por todo aquele espaço vindo de algum local indeterminado, era um som que parecia que estar por toda parte.


— Fi agbara omi mimọ san ọgbẹ...


O solo ao lado do corpo de Alexandra tremeu, a terra rachou e água começou a minar dela, a água se arrastou na direção de Alexandra e imediatamente a tocou no pescoço, como uma mão transparente a água segurou o exato local por onde a mulher sangrava então de um modo totalmente incompreensível a água adentrou o corpo dela através do corte e a ferida se fechou sem deixar marca ou cicatriz.

Alexandre engoliu em seco piscando os olhos totalmente atônita, estava viva, a pouco segundos ela estava se preparando para se despedir do mundo dos vivos mas agora estava viva novamente.

Narciso ergueu a cabeça reconhecendo que aquela voz que havia proferido tais palavras em língua desconhecida era a mesma deusa que enviaram na missão. Então a voz Divina mais uma vez falou.


— Você falhou Narciso, qualquer coisa seria tolerável menos matar uma humana inocente com a minha espada. Tem idéia das implicações que isso causaria? 

— Foi um acidente, senhora...

— Decidi que não quero mais continuar com este plano Narciso, estou incrivelmente desgostosa com que acabei de ver. O que é terra tem de voltar para a terra. 


Então com uma guinada a espada foi puxada da mão do rapaz e voou pelo ar sozinha cravando imediatamente nas costas de Rosa Cigana que gritou de susto, assim a espada se removeu dela e girou como um bumerangue fazendo um círculo e subindo as alturas e rapidamente desceu atravessando o peito de Rosa Kalunga, em seguida girou novamente no ar e varou o tórax de Rosa caveira, a espada novamente saiu girando pairando a metros do chão, Cigama Sarah tentou desviar mas a lâmina a cortou no braço, então Narciso olhou totalmente aterrorizado a espada vir em sua direção e sentiu quando ela se cravou em seu estômago.


Rosa caveira correu até Narcido e Segurou o cabo da espada a impedindo de continuar girando, por sorte o tórax dela era vazio, o tórax de um esqueleto e a espada felizmente percorreu por entre os ossos tem tocá-la de verdade, porém todos os outros que foram atingidos pela lâmina já caiam ao chão tremendo e agonizando.


— Rosário... me ajude! — a primeira a explodir em uma nuvem de pétalas de rosa cor de salmão foi Rosa Kalunga.

Rosa Caveira observou horrorizada e a segunda a explodir em uma nuvem de pétalas cor-de-rosa foi Rosa cigana, Então Cigana Sarah a olhou com os olhos arregalados de tão assustada e explodiu em uma nuvem de pó Dourado muito diferente daquele que usava nas Magias de transporte.


Rosa caveira tremia os queixo em pânico enquanto segurava o cabo da espada com ambas as mãos impedindo ela voltasse atacar, segurava com força pois a espada vibrava muito.

— Narciso, se tem algo a dizer, agora é a hora.

— Foi Afrodite, ela prometeu que... que me faria viver o amor que eu nunca vivi se eu destruir se vocês. Mas eu acho que ela mentiu... — disse Narciso que então tombou para frente imóvel e explodiu em uma nuvem de poeira marrom terrosa.


Rosa Caveira ergueu o queixo e olhou para o céu, com sua voz rouca e baixa perguntou:

— Afrodite? A olimpiana Deusa do amor? Entre as rosas eu não sou a mais forte mas com certeza eu sou a mais inteligente. Desde quando Afrodite fala a língua dos orixás? Acha que eu não reconheci o dialeto que usou no Encanto? Acha que eu não reconheceria sua voz? Eu ja te vi antes, eu te conheço... Oxum!


Com espanto a observou a imagem de dois enormes olhos surgirem como uma miragem no céu a encarando, olhos com Iris cor de mel e uma leve sombra dourada contornando as pálpebras. Os olhos se apertaram então uma gargalhada jovial semelhante ao tilintar de muitos sinos se fez ouvir.

— Gostei da brincadeira, quem sabe eu tenha em breve uma nova ideia para tirar vocês do meu caminho? — ecoou a voz da deusa vinda de todos os lados.


Então Rosa Caveira com toda a força que tinha segurou a lâmina da espada sem deixar que cortasse a pele de seu braço, uma mão na lâmina e a outra no cabo e assim com toda a força espiritual que disponha ela envergou o metal Dourado até que ele se partiu, assim a espada Eudora não existia mais.


— Se você acha que isso vai ficar por isso mesmo, monte o seu exército deusa porque eu vou montar o meu e eu prometo que vou bater na porta da sua casa, e não vou sossegar enquanto não tiver a sua cabeça em uma bandeja de prata.


Mais um riso divino se ouviu então é Miragem dos olhos da deusa desapareceu deixando ali naquele terreno apenas Alexandra que se levantava aos poucos totalmente aterrorizada pelo que tinha acontecido diante de seus olhos mas principalmente deixava Rosa caveira segurando a espada quebrada cheia de ódio.


— Meu Deus... Rosa Caveira o que foi isso? O que aconteceu? — Alexandra estava atônita.

— Mulher, você testemunhou o início de uma guerra.— disse Rosa Caveira ainda olhando para o céu.




📚 Glossário:

 1. lambe-lambe: cartazes de papel fino muito comuns no início do século.

 2. Bilora: termo popular no nordeste para falar de mal-estar, desmaios, desconfortos ou mal súbito.

 3. Cocoroco: bebida alcoólica Bolívia com 96% de teor alcoólico. É considerada a bebida mais forte do mudo.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas