RODA DAS PRINCESAS 2021 - CAPITULO 21

 Felipe Caprini
RODA DAS PRINCESAS 


Capítulo 21
"Legião"






❤ - I 

Sete Saias e Mulambo estavam andando em uma trilha no mato próximo aos fundos da casa de Dama de Noite, lá morava a preta velha Vovó Catarina.

Quando chegaram no fim da trilha Mulambo berrou com deboche:

— SATANÁS CORCUNDA! APAREÇA!


Sete Saias deu um tapa no ombro de Mulambo:

— Respeite ela! Que jeito feio de falar...

— Eu detesto essa velha, eu conheci ela quando nos ainda éramos vivas, e essa dai não é flor que se cheire viu, não se engane na aparência de vovózinha, ela...

— Eu o que? — A voz de Catarina ecoou — Pois sim... Diga Francisca? Se qué falá dos meus podri eu posso falar dus teus também. A escolha é sua.


Sete Saias e Mulambo viraram para trás e viram a velhinha ali no meio da trilha apoiada em uma bangala.

— Diabo de Sete Peles... — Mulambo resmungou.


Sete Saias foi até a velha e deu um beijo no seu rosto. 

— Vovó eu preciso de sua ajuda.

— Diga, minha filha, — Catarina sorriu e falou com sua voz rouca de idosa — eu se pudé ajudá eu vou.

— Eu preciso ir socorrer Maria Padilha, ela está na ilha de Shambala.

— Hum... viajou pra longe foi? Pois bem... — a velha Catarina tirou de dentro da manga de sua camisa de algodão um cachimbo de madeira e o pôs nos lábios, na primeira pitada o cachimbo se acendeu e soltou fumaça branca. Ela tragou com calma e soltou toda a fumaça pela boca. 

— Moça pra se viajar tão rápido você vai precisar da ajuda do mulequinho...

— Mas que moleque?

— Esse aqui ó! — A velha arremessou seu cachimbo na direção do fim da trilha, o cachimbo bateu em um toco de madeira que soltou um grito:

— Ai! Ai cacura desgraçada! Bateu na minha molera!

— Muleque... Que idéia é essa de se invurta em toco de pau? Achava mesmo que ieu num ia te vê? Sacana!


O toco de madeira explodiu em uma fumaça preta, quando a fumaça se dissipou revelou ali o menino  ajudante de Dama da Noite.

Sete Saias olhou pra ele abismada:

— Tetemburo? O que ta fazendo ai?

— A Dama Bonitona me deu esse lugar pra morar. Aqui é que eu moro. E você Cigana de sangue ruim, o que ta fazendo aqui?

— Moleque olha o respeito! — Mulambo berrou — Quer que eu sambe meu tamanco na sua cara?

— Francisca sussegue. — Pediu Catarina — Tetemburo a Sete Saias precisa de sua ajuda. A sua dona ta cheia de problema na ilha dos Santos e ela precisa ir lá agora. Leve ela, ande, leve ela lá.


Tetemburo arregalou os olhos:

— Na Shambala? Eu não posso levar ela lá, eu não tenho força pra isso não.

— É uma emergência! Eu preciso ir até lá agora! — Sete Saias pediu.

— Tetemburo vai com ela pra o lugar dos anjinhos, usa a força que tem lá e você vai poder ir com ela pra ilha. — disse Catarina.

— Ta bom, pra ir tem jeito, mas e pra voltar?

— Deus proverá...


Tetemburo olhou pra Sete Saias e picou o olho de modo truqueiro:

— Se eu te ajudar eu vô cobrar um favor depois.

— Claro, o que quiser. Agora se apresse sim. — pediu Sete Saias.

— Me abraça! —  Ele pulou no pescoço de Sete Saias e agarrou com força, ela abraçou de volta e eles dois explodiram em uma fumaça negra desaparecendo no ar.


Mulambo se viu ali sozinha com Catarina, ela ajeitou seu cabelo que estava demasiadamente armado, sacou um batom vermelho que estava escondido entre os seios prensados no justo espartilho, passou calmamente o rouge nos lábios e depois olhou para a velha.

— Olha só, sozinhas de novo. .. Eu e a minha parteira preferida...


Catarina olhou para ela pelo canto dos olhos:

— Feche a matraca Francisca! Eu não tô mais a teu serviço, não me aborreça.


Mulambo virou as costas e deu alguns passos indo embora, mas antes deu uma breve pausa:

— Sabe porque você não foi para o céu? Porque você é uma pecadora. Tal como eu. 


Catarina franziu a testa e falou com raiva:

— Você matô mais duma dúzia, mato até a própria irmã! Num sô da sua laia!


Mulambo virou a cabeça e com uma face neutra olhou para Catarina:

— Você era a parteira de todas as prostitutas do meu cabaré, do cabaré de Padilha e das rameiras do porto. Você fez tantos abortos... tantos... quantos foram? Duzentos? Trezentos?

— Num tive escolha.

— A desculpa mais usada...

— É verdade! Eu só pricisava du dinhero pra dar de comer pros meus neto, eu fiz tudo pra salvá minha fia e meus neto. Eu fiz muita moças perder a barriga sim mas eu era preta e analfabeta, se eu fiz o errado foi pra sobrevivê.


Mulambo suspirou:

— Jura? Coitada de você... Mas me diga, se lembra da filha da Lindomar? Aquela que você fez o parto e que a Lindomar foi obrigada a abandonar o bebê? Ela deu pra um Cigano criar.... Deu não, ne verdade venderam a criança, não é? Você vendeu por sete moedas de ouro.

— Quem ti contô isso?

— Lindomar me contou antes de morrer. Quando eu comprei o Cabaré Boca da Mata ela ja era uma cinquentona doente, trabalhou de cozinheira para mim. Morreu de tuberculose... Coitada.

— E o que tem a criança?

— O que tem quela criança? — Mulambo sorriu — Aquela criança acabou de sair daqui. Estava na sua frente e deu até um beijo em seu rosto. 


Catarina levou uma mão no peito e olhou para o chão. 

— Por isso Tetemburo chama ela di Cigana di Sangui suju... 

— Sim, ela foi criada por ciganos, adotada por Wladmir.

— Ela não é Cigana... Sete Saias é a filha da Lindomar... Meu Deus... — Catarina cobriu a boca com as mãos consternada.

— Ela não sabe o nome da mãe dela, ela foi cridada pelo Cigano Wladmir e ele nunca falou da Lindomar. Ela não sabe quem é a Lindomar e a Lindomar não sabe quem é ela. A Lindomar assim como eu agora é uma Pombagira, e eu não quero que elas se encontrem. Lindomar não presta, é perigosa. Sete Saias não merece mais este desgosto.

— Lindomar agora respodi pelu nome di Zureta. Eu... Num si preocupe eu vou mantê Zureta longe da Sete Saias.

— Você não me engana Catarina, você... não me engana... Eu não gosto nada nada de você.

— Ieu sei. As vez nem eu gosto de mim. Mas memo cum sua rudeza eu vou te dar um aviso.


Mulambo revirou os olhos em desdém:

— Que aviso?

— Pegaram a Navalha.



❤ - II

Sete Saias viajou na nuvem de fumaça de Tetemburo até ser levada para dentro de um cemitério alguns quilômetros dali, no centro da cidade. O que na verdade durou menos de cinco segundos parecia ter sido uma ternidade. Magia de transporte era novidade para ela.

Cansada ela caiu atônita no meio do cruzeiro das almas tonta pela modo com que foi transportada.

Tetemburo tocou nas costas dela e disse:

— Você não disse que tinha pressa? Então levanta e vamo logo!


Sete Saias se levantou com dificuldade, o menino agarrou uma das mãos e a puxou com força praticamente a arrastando, correu com ela até um túmulo feito com azulejos cor de Rosa brilhando de novos, no centro havia um tampo de vidro  que revelava um pequeníssimo caixão branco cheio de rosas brancas em volta e na parede acima uma placa dourada com o nome "Dulce Angela do Carmo Beltrão" gravado.

— É a tumba de uma criança que morreu no parto. Faz dois dias que ela ta aqui. — disse Tetemburo.

— Que triste. Mas porque me trouxe aqui?

— A criança é maldita, tem muita força nela ainda. Sobe em cima da tampa, ande! anda!


Sete Saias ja havia constatado que Tetemburu era um tanto maluco e preferiu não questionar, assim subiu em cima da tumba ficando em pé exatamente sobre o pequeno caixão e nisso sentido ali uma energia muito poderosa

— Nossa menino que força é essa que tem nesse lugar?

— Abiku! — Tetemburu arregalou os olhos e pronunciou como se fosse a coisa mais interessante do mundo — A menina aqui neste caixão nasce e morre no parto, isso na mesma família, e ela repete isso faz cem anos! Ela vai e vem mas não vive! A maldita é Abiku!


Sete Saias não a tinha a menor idéia do que seria um abiku, por isso não fez mais perguntas. 


— Vamo viajar com a força dessa criança. Tem que ser agora! — disse ele olhando para os próprios pés — Quando eu agarra a sua perna eu vou agarra com muita força pra você não cai pelo caminho, não se assusta porque a viagem vai se bem... hum... bem bagunçada. Mas vamos chegar lá!


Sete Saias assintiu acenando com a cabeça, levantou sua saia vermelha até a altura do meio da coxa, o menino agarrou a perna esquerda dela e gritou:

  - Simbora!


PUFF!


Os dois explodiram em uma nuvem de fumaça negra, Sete Saias sentia como se estivesse no olho do furacão envolta em fumaça negra com cheiro de enxofre, em seguida ela sentiu um forte impacto nos pés e como se tivesse caído um raio em sua cabeça ela sentiu o corpo tremer e fechou os olhos de medo de estar sendo enviada direto para o inferno.

— Abre os olhos moça, chegamos! — Tetemburu sacudiu a perna dela com força.


Sete Saias abriu os olhos e olhando em volta, viu que estava na ilha. A vista era surpreendente, eles haviam chego em um jardim cheio de flores raras. O chão rachado revelava que que as quebras eram recentes.

Ela se abaixou e deu um beijo na testa de Tetemburo:

— Obrigada meu anjinho, muito obrigado mesmo.

— Obrigado não paga nem um peido dona moça, não faço nada de graça, não se esqueça. Mas agora você tem que saber, eu te trouxe aqui mais eu não posso te levar de volta. A nossa viagem foi com uma passagem só de ida.

— Nem sozinho você consegue voltar?

— Sem chance, a ilha é muito longe da nossa terra, não da pra viajar pra lá só com os meus juju. 

— Juju? — Sete Saias estranhou a palavra.

— Minhas macumbas dona moça, juju é isso. Pois bem, eu to preso aqui com você.


Sete Saias se abaixou ao lado dele:

— Olha monta aqui nas minhas costas, nos vamos encontrar Dama da Noite e ela vai cuidar de você.

— Montar? — o menino abriu um largo sorriso — Nunca andei de cavalinho...

— Para tudo tem uma primeira vez.


Tetemburo montou nas costas dela e abraçou pelo pescoço, ele apontou para uma entrada em um muro onde estava uma inscrição e perguntou:

— O que é que diz ali?

— Está escrito "Reino Central Avalokiteshvara, Ilha de Shambala", Você não sabe ler?

— Eu não sei. Mas não me ache burro, eu sou muito esperto...


De repente o chão tremeu e ela se desequilibrou e quase caiu, teve de apoiar uma das mãos em uma árvore para se manter em pé.

Novamente o chão tremeu e Sete Saias pôde ver uma mulher gigante com quatro braços e de pele Azul escura passando por de trás das casas que margeavam a praça. Ela compreendeu que o chão tremia pelos passos dela. 

  - É Kali... — Sete Saias murmurou.

— Você conhece essa grandona? — Tetemburu perguntou.

— Não conheço ela pessoalmente, mas os ciganos me contaram muito sobre ela. A Deusa Maha-Parvati quando entrava em estado de fúria se transformava em Kali, a destruidora. Ela é muito perigosa.


Ela viu Kali chegar até uma casa destelhada, sacar sua espada e demolir metade da construção com um só golpe.

Kali gritou com sua voz grossa:

— NÃO ADMITO DESRESPEITO!


Sete Saias falou para Tetemburo:

— Tenho um palpite que as moças estão lá naquela casa...



❤ - III

Dentro da Casa estavam Maria Padilha, Maria Quitéria, Cigana Sarah, Dama da Noite e Rosa Caveira, e todas elas se abaixaram e tamparam os ouvidos quando duas das paredes da casa fora demolidas pela espada gigantesca de Kali, os destroços voaram por todos os lados e uma nuvem de poeira cinza se ergueu no ar.

A Deusa era enorme. Ela se debruçou sobre uma das paredes que ainda estava em pé e viu Ganimedes caído no chão, ele por sua vez olhou para a Deusa e usando de um drama excessivo  gritou

— Majestade! Essas mulheres me atacaram! Querem roubar meus tesouros! Elas são espíritos humanos! Humanos! 


A Deusa apertou os olhos franzindo a testa em uma expressão terrível:

— Quem são estes espíritos que ousam ferir um semideus?! E ainda por cima no dia da minha festa! 

Maria Quiteria rápidamente correu para o meio da sala e apanhou a Ânfora e a pós em baixo do braço, nisso gritou para as outras:

— Corram! Corram para o barco! Temos que fugir agora!


Todas elas pularam os escombros de modo desajeitado e correram para a direção de onde Praiana estava aguardando com o barco, torciam para ela ter esperado.

Saíram correndo em direção a praça enquanto a Deusa levantava o Aquáriano do chão usando apenas uma de suas mãos, e no meio do caminho elas encontraram Sete Saias carregando Tetemburo em suas costas.

Sarah veio desesperada correndo, quando pôs os olhos em Sete Saias ela gritou:

— So- Soraya! O que? O que você ta fazendo aqui? Ah esquece! CORREEEEEE!


Sete Saias esperou pra ver Maria Padilha e quando ela passou correndo disse:

— Padilha! Padilha eu vim por sua causa!


Padilha passou correndo, agarrou ela por uma das mãos e as duas sairam em disparada. Padilha falou ofegante:

— Soraya não é uma boa hora pra uma visita! E qual é a do boneco ai na suas costas? Aaaa deixa pra lá! Corre! Corre! Corre!


As duas corriam lado a lado, Sete Saias também estava ofegante:

— Meu Deus, porque estou cansada desse jeito?

— A-a i-ilha te-te-tem hehehe! —  Tetemburo sacolejando nas costas dela ria pelos solavancos e não conseguia falar direito.

— A ilha da aos espíritos uma sensação semelhante a vida, não é? — perguntou Padilha correndo mais ainda.

— Sim hehehehe! — Tetemburu ria.

— Padilha, eu tive uma visão em que uma Deusa destruia você! Eu vim pra tentar evitar isso! — disse Sete Saias.

— É eu acho que sua visão estava correta!


A Deusa Kali berrou logo atrás delas:

— Onde pensam que vão?


Os estrondos dos passos pesados dela voltaram a acoar, mas dessa vez com velocidade pois ela estava correndo.

— PEGUEI! PEGUEI VOCÊS! — a deusa gritou.


Sete Saias e Padilha sentiram a mão gigantesca envolve-las pela cintura, elas foram juntas agarradas pela mão gigante da deusa e arremessadas para o alto, gritaram desesperadas ao atingir mais de vinte metros de altura, Tetemburo foi jogado para longe, mas a deusa escancarou a boca e esperou que as duas moças caissem do alto imediatamente engoliu as duas em uma só bocada!

—  NÃO! NÃO! — gritou Quiteria.

—  Meu Deus! NÃAAAOOOO! — Sarah barrou.


Todas as moças olharam para trás e viram a cena pavorosa, Sete Saias e Padilha sendo engolidas pela Deusa Kali!

O desespero tomou conta de todas.

Mas foi ai que se viu a coragem de cada uma.

Quitéria parou de correr e berrou:

— Vamos voltar! Vamos enfrentar essa vadia!


Ela jogou anfora para longe, vomitou sua espada de serpente e correu para atacar Kali, Cigana sacou as cartas de seu baralho invocou os raios da carta da torre e atirou as setas iluminadas contra a Deusa!

Dama da Noite arrancou de seu pescoço um colar de pérolas e ao agita-lo no ar transformou o pequeno colar em uma enorme corrente com a qual atacou também a Deusa a chicoteando nas pernas, Praiana de longe viu a cena, correu e invocou uma lança tridente a qual segurou com as duas mãos e partiu para o ataque, Rosa Caveira se transformou novamente em sua versão esqueleto e também foi atacar a Deusa!

Todas juntas como em uma formação foram para cima dela, atacavam a Deusa com toda a força que tinham, os ataques causavam feridas mas todas rapidamente cicatrizavam e se restauravam. Nada surtia efeito, mesmo assim elas continuavam a atacar! Sem parar elas golpeavam!

A Deusa Mastigou e engoliu, em seguida abaixou a cabeça e olhou para as moças que a atacavam e gargalhou:

— Há! Formigas a me picar! Vocês querem salvar suas amigas? Tarde demais! EU VOU ENGOLIR TODAS VOCÊS!


Kali bateu os pés com força e a terra tremeu tanto que todas caíram deitadas. Ela se abaixou e agarrou Praiana com uma de suas quatro mãos, a suspendeu acima de seu rosto e abriu a boca fazendo menção de engoli-la, mas quando pretendia traga-la algo a paralisou. Kali abriu a mão e Praiana caiu das alturas, bateu contra o chão desfalecida.


A Deusa olhou para baixo e tossiu.

Ela parecia se sentir tonta, pôs duas de suas mãos envolvendo o pescoço e outras duas e apertar o abdômen.

Com a boca aberta e a lingua pra fora ela tossia como se estivesse engasgada.

— Puta merda, tem algo sufocando ela! — disse Quitéria.


A língua de Kali começou a gotejar sangue, ela começou a dar murros no próprio peito para poder respirar, mas não resolvia, muito tonta ela não conseguia se manter em pé.

Kali revirou os olhos e caiu de joelhos.

Quando os joelhos bateram no chão o solo tremeu e uma nuvem de poeira se levantou.

— O que está acontecendo?! — Perguntou Dama da Noite.


Os olhos da Deusa ficaram completamente brancos e um grunido de dor saiu de sua garganta.

Ela apertou mais as mãos em volta do pescoço tentando fazer o ar passar mas nao conseguia.

Ela abriu a boca o máximo que pode e as moças viram uma luz intensa sair do fundo de sua garganta, luz intensa como a do sol.

Para a surpresa de todos a garganta dela EXPLODIU rompendo o pescoço e fazendo a cabeça gigantesca da Deusa voar para tão longe que caiu no mar fora da ilha. O sangue respingou por todo lado, o corpo dela tombou, se esparramou pelo chão com os quatro braços e as duas pernas tremendo em espamos.

As moças ficaram assustadas com tudo aquilo que tinham visto, mesmo sem cabeça o corpo gigante era assustador.

—  Ela... Morreu? — Perguntou Rosa Caveira.

— Não, ela é imortal, é só ela colar a cabeça de volta que se recupera. Mas eu não entendo o que aconteceu aqui... — respondeu Quitéria.


Uma movimentação estranha estava acontecendo no resto de pescoço decepado que havia sobrado no corpo da gigante.

— Moças olhem, tem alguma coisa saindo da carne dela... — disse Praiana que ja recuperava os sentidos.


Todas se aproximaram e viram do fundo da enorme traquéia sair uma mulher andando calmamente, ela estava um pouco suja de sangue mas ainda era possível ver sua diferente beleza.

Ela vestia uma saia de sete barrados pretos com uma fenda na frente, sapatos de salto alto agulha de couro preto e bico peep-toe, o cabelo preso em um coque alto com uma rosa branca enfeitando, brincos longos de correntinha em prata escurecida caindo até os ombros, um bustier preto com arabescos prateados bordados e um colar de pérolas negras, nas mãos exibia longas unhas negras com pontas vermelhas, usava o batom metade vermelho com degradê ate chegar ao preto, os olhos eram amarelos como de um gato adornados com maquiagem, sombra marrom escura, na mão trazia um leque de renda negra.

Ela veio caminhando calmamente até sair da carne do corpo e pisar na terra da ilha.


Quitéria se aproximou da mulher olhando fixamente para todos os detalhes dela.

—  Eu nunca vi espíritos humanos se transformarem em legião, isso na verdade é algo que só os Demônios fazem. Eu estou muito surpresa... Vocês se sabem o que estão fazendo?


A mulher olhou para Quitéria com ar de surpresa.

—  Legião? É isso que nos somos? Que... que eu sou?


Sarah se aproximou também e olhou para a mulher. Impressionada ela disse:

— Em nome de Brahma... Como isso aconteceu? O que é você?


A mulher olhou para suas próprias mãos, deu uma pausa e em seguida falou:

—  Eu sou Maria Padilha... Eu sou Sete Saias... Eu sou as duas juntas em um só corpo... Eu sou...Eu não sei direito... Quando a Deusa nos engoliu, nos duas nos abraçamos forte... e de repente eramos uma só.


Quitéria tocou nas mãos dela e disse:

  - Eu já vi demônios fazerem isso, dois ou mais pequenos diabos se fundirem em um grande, a fusão é um recurso para juntar seres e assim somar os poderes, quando vários demônios estão juntos em um só ser eles são chamados de Legião. Você fez algo parecido... Mas como Sete Saias e Padilha não são Demônios eu não sei dizer o que você é... parece ser um tipo de fusão concreta.


A mulher olhou para cima e disse:

—  Eu sei quem eu sou. Eu sou um espírito de Legião! Eu sou duas em uma! EU SOU MARIA PADILHA DAS SETE SAIAS! E eu derrotei uma deusa!


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