RODA DAS PRINCESAS 2021 - CAPITULO 17

 Felipe Caprini
RODA DAS PRINCESAS 


Capítulo 17
"Heylel"






❤ - I 

Mulambo e Sete Saias continuavam a caminho do terreiro, iam pela estrada já avistando a favela.

— Bom, já que você veio me pedir fofocas sobre Rosa Vermelha, como paga eu gostaria de saber algumas coisas sobre você.

— A respeito do quê? — disse sete saias surpresa.

— Das circunstâncias da sua morte. Eu ainda era viva quando aquilo aconteceu, muito se especulou a respeito mas Maria Padilha nunca disse abertamente o que tinha presenciado. Eu não gosto de informações pela metade então gostaria que você me contasse, gostaria de saber a sua versão dos fatos.

— Sim... isso foi a muito tempo, poucos anos após a morte da Quitéria, acho que em cinquenta e sete.

— Mil setecentos e cinquenta e sete? — Mulambo perguntou.

— Sim, mas datas... quem é que se lembra? Quem é que se importa...

— Você sabe transmitir memórias? Como quando eu mostrei a todas a minha morte?

— Sei.

— Então me mostre.

— Basta olhar em meus olhos.


Mulambo parou e olhou nos olhos de Sete Saias, densos olhos verdes, sentiu o corpo ficar frio e então  visão veio em sua mente.


O corcel negro desviava das árvores, galopava a toda pela mata escura, sobre a sela estava ela, Maria Padilha, a meretriz mais poderosa do sudeste do império, conforme cavalgava seus longos cabelos revoavam selvagens sendo puxados pelo vento. Ela era seguida por uma trupe assustadora, sete homens que iam montados em seus cavalos em apoio a sua missão, iam todos rumo o acampamento cigano que mantinha Sete Saias em Cárcere.

Ela vociferava, amaldiçoava os Ciganos! Por que tanta perseguição com Soraya? Ela não tinha sangue Cigano coisa alguma, Padilha sabia disso, eram mentiras sobre mentiras, Wladimir só queria usar Sete Saias para garantir seu direito a liderança de sua família e mentia a todos que ela era sua filha, quando na verdade ele era estéril e assim não tinha como ter filhos, pelo contrário, ele pegara Sete Saias ainda bebê dos braços de e uma rameira imunda na beira de uma estrada. Pelas tradições estupidas dos Ciganos um homem sem filhos não pode ser chefe da família. Sete Saias descobrindo isso fugiu, ela não queria ser Cigana, ela queria ser artista, e como sequer era real membro da família ela não êxitou em ir embora assim que pôde.

Mas Wladimir  a estava caçando, investigando, a procurando desde a sua fuga, ele jurava traze-la de volta.

Padilha tremulava as rédeas do cavalo, ele galopava cada vez mais veloz, corria como o vento, a crina negra do garanhão chicoteando no ar. A noite sem lua deixava o breu maciço, impossível de se destinguir, mas os olhos de coruja de Padilha viam além. 

Os Sete homens que estavam com ela iam todos acanhados, eles sabiam que quando Padilha se levantava em ódio as coisas fugiam do controle.

Ela era linda, seus compridos brincos de ouro velho também pendiam para trás nos solavancos da cavalgada, toda de vermelho, ela pretendia se apresentar no palco aquela noite, iria dançar flamenco para os clientes da casa, mas não pôde pois seu Cabaré fôra atacado horas antes por Wladmir e seus ciganos e Soraya das Sete Saias havia sido raptada por eles. 

Soraya havia chegado ali a pouco mais de uma década, fugida de seu falso pai que queria obrigar ela a se casar com um ciganinho qualquer. Tradições tolas de pessoas tolas.

Soraya e Padilha compartilharam seus segredos, tanto suas intimidades quanto as coisas místicas, eram como irmãs e nisso somente Maria Padilha sabia de seu passado. 

A cavalgada sessou diante do círculo de carruagens coloridas que estava na margem da estrada de terra.

Se desatrelando das rédeas ela desceu do cavalo e com passos firmes sobre saltos vermelhos de dezesseis centímetros ela caminhou pela grama fofa sem medo, seguiu para dentro até ficar cara a cara com o chefe dos ciganos.

Com a face transtornada em uma máscara de fúria ela gritou a plenos pulmões:

— ONDE ELA ESTÁ?! FALE MENDIGO ANDARILHO!. ONDE ESTA SORAYA?!!!


Wladimir usava um colete de cetim azul marinho, camisa de algodão branco e calças de brim caramelo, coçando a barba grizalha ele olhou de soslaio e o grupo de Ciganos que o rodeava riu em deboche. 

— Ora essa, devo eu prestar obediência a rainha das Putas? Seu perfume caro pode esconder o cheiro da nojeira dos homens escorrendo entre as suas pernas, mas todos sabemos da sujeira só de olhar neste sua cara vulgar. Eu fiz um favor a Soraya, tirei ela de uma casa de... Putas...


Padilha baixou o tom da voz e suavemente disse:

— Repita isso.  

Ele sorriu debochado:

— Rainha das Put... 


Ele não pode terminar a última palavra, sentiu a fisgada e quando deu por si viu o braço esticado, a pele pálida dela na direção do seu pescoço. 

A adaga estava cravada, ela fincou a lâmina no pescoço do homem em uma velocidade tão grande que ele não pode reagir, foi tão veloz que ele sequer havia reparado que ela trazia a adaga entre os seios presa ao espartilho. Ele não esperava. O erro dos machões é subestimar a fúria da mulher. Ela puxou a lâmina com força a trazendo para frente fazendo um corte tão profundo que o sangue jorrou como uma cachoeira vermelha da jugular para o peito do homem.

Os olhos arregalados, a surpresa dele estava estampada no rosto. Tentou erguer a mão mas ela pouco se moveu, e assim ele caiu de joelhos, seu corpo tombou de lado no solo, os olhos ainda abertos mas aquilo já era um cadáver.

Um dos sete homens que viera com Padilha perguntou ainda montado sobre o cavalo:

— Padilha isso é mesmo necessário? Não vim aqui pra matar ninguém. 


Ela limpou a lâmina da adaga na barra de saia.

— Calma Marabô, calma. Todo mundo sabe que Maria Padilha é um monstro, eu gosto de ver meus inimigos no chão. Eu sou um monstro, azar de quem me peita. — com o bico do sapato ela deu um leve chute sobre a cabeça do morto — Isto nada mais é que carne podre de um mendigo renegado.


Deu uma gargalhada alta jogando a cabeça para trás, nisso todos os ciganos que estavam ali avançaram em Padilha, cheios de ódio eles queriam mata-la, mas não puderam se aproximar dela, os estampidos foram ouvidos por todo, as balas de chumbo alvejaram eles pois os homens que acompanhavam Padilha estavam armados ate os dentes, tinham uma garrucha em cada mão e mais duas carregadas nos coldres.

Marabô vendo aquilo lamentou:

— Droga, não sai de casa pra isso! matar... eu não gosto de matar. Agora tem mais de dez mortos aí. Isso não é bom, matar ciganos não da boa sorte. 


Tiriri no cavalo ao lado riu:

— Mano, não há morte que traga boa sorte, mas são ossos do ofício. Se é pra cigano, padre ou pra diabo não importar, o que vale é esquentar o cano da pistola na hora certa. Só espero que Sete Saias esteja bem.


Um assobio fino foi ouvido vindo do meio do acampamento, foi então que Padilha sentiu um profundo arrepio subir pela sua espinha, ela já sabia o que era. 

Ela fechou os olhos e procurou em seu coração por Sete Saias, mas não a achou mais. 

Um vento em redemoinho começou a girar ali, arrancava as folhas das árvores, a fogueira do centro do acampamento se tornava cada vez maior.

Maria Padilha então olhou para seus companheiros:

— Arreda! Isso é bruxaria, Sete Saias... ela invocou bruxaria. Vamos sair daqui agora!


A terceira carruagem na linha circular de repente explodiu em chamas arremessando destroços por todo lado, um braço adornado por joias e anéis caiu flamejante aos pés de Padilha, foi algo que deixou todos ali temerosos.

Uma gargalhada demoníaca se ouviu, e quando olharam na direção que o som vinha viram a deslumbrante figura de Sete Saias envolta em fogo e dançando sobre as carruagens, portando na mão direita uma trishula, o tridente de Shiva, e na esquerda um leque espalha-brasa. As labaredas iam por todo lado impedido os ciganos que ainda estavam ali de fugir.

A parede de fogo se ergueu, homens, mulheres e crianças, e até os animais dos ciganos queimaram.

Padilha mururou:

— Ela invocou magia negra antes de morrer, ela vendeu a alma para isso... é o fogo do inferno... — nisto rapidamente montou em seu cavalo e disse a seus companheiros — Vamos embora agora, não temos mais nada a fazer aqui.  

— Mas e Sete Saias? — perguntou Capa Preta.

— Vamos deixar ela pra trás? Não viemos justamente resgatar ela? —  perguntou Tiriri.

— Sete Saias está morta! Morta! Aquilo que vimos dançar nas chamas era apenas seu espírito, o corpo dela a esta altura já foi carbonizado. Vamos, ela matará todos os ciganos e depois se aquietará nas raízes de alguma árvore. É assim que espíritos raivosos se acalmam, ainda mais os que fazem o que ela fez. Nas raízes das árvores ela achará paz. Só Deus sabe o que levou ela a morte, mas infelizmente é tarde demais. 


— Morta... Vimos o espírito de uma morta... E com um tridente nas mãos como Satanás... — Marabô se espantou.

— Não se espante, a morte chega para todos, não há quem escape dela. E Satanás não usa um tridente, isso não é dele. O que ela trazia nas mãos era a chave de sua própria liberdade. Infelizmente perdemos essa grande amiga, perdemos Sete Saias...


Todos então combinaram de jamais contar a alguém oque viram ali naquela noite, a inquisição em teoria ja tinha acabado mas na pratica ainda era vigente para a colonia e ninguém ali queria ser acusado de bruxaria.

No Cabaré a comoção foi grande, todas as moças amavam Soraya. Um dia ela estava no palco dançando e cantando, no outro dia estava morta. O  mundo é cruel.

Padilha mandou recolherem os seus vestidos preferidos de Sete Saias, sendo que o sétimo havia sido queimado junto com ela, juntaram também suas centenas de pulseiras, seus muitos brincos e seus sapatos mais bonitos.

Compraram um baú de madeira negra, encheram com todos os pertences que ela valorizava, fizeram o velório como se ela estivesse ali a ser sepultada, enterraram o baú diante de um velho eucalipto, até pagaram o vigário pra rezar as missa de sétimo dia. 

Padilha guardou somente o Tarô de Sete Saias, escondido na gaveta de sua penteadeira junto a um mecha de cabelo da amiga.

Sempre que sentia saudades, o tarô era aberto e Sete Saias falava nele, falava sempre na carta da lua.

A carta da lua e a sua carta, a carta de sua alma.

Por cem... ou duzentos anos, quem é que se lembra.. Quem é que se importa? Por todo esse tempo o espírito de Soraya das Sete Saias esteve descansando nas raízes de um eucalipto, até o dia que Cigana Sarah a chamou para a "Roda das Princesas".

Uns pensam que a amargura de Sete Saias veio de um amor que não acabou bem, ou de ter tido uma vida dura, mas na verdade o que a amargurou foi ter sua liberdade sempre ameaçada. Que homem mal era seu pai adotivo, mas Wladimir vai pagar caro por isso.

Rosas Vermelhas foram depositadas nas raízes da árvore em todo aniversário de morte por mais de cinquenta anos. 

Porém há quem até os dias de hoje deposite rosas nas Encruzilhadas para ela.


Mulambo piscou várias vezes para assim sair daquela visão.

— Que triste Soraya... que triste...

— O passado já não importa. — disse Sete Saias.

Assim juntas continuaram a caminhar



❤ - II

Era um bar de luxo, salão amplo de janelas em vidro craquelado, mesas de mogno com cadeiras de design sinuoso em ferro escuro com estofamento em couro negro, a iluminação era baixa e amarelada dando a impressão de ser por velas mesmo que já se usasse ali a energia elétrica, o piso em porcelana negra espelhada reluzente refletia quem andava sobre ele.

No meio do salão havia um clássico piano de calda negro e sobre ele uma moça deitada.

Nenhum ser humano ali podia ver ela, não havia médiuns próximos e nisso toda a movimentação ocorria livremente, garçons em seus paletós cinza chumbo atendiam os clientes que fumavam charutos enquanto alguns jogavam pôquer em mesas de feltro verde ao fundo ou falavam de negocios em voz baixa.  

Exu Sete Encruzilhadas também estava ali, perto do balcão de vidro onde havia apenas uma mulher com um vestido de seda azul e um pesado casaco de pele de raposa em seu colo. Sete encruzilhadas olhava para a mulher e se perguntava o que levaria a ela a estar com um vestido de mangas longas e um casaco de pele em pleno verão...

Ele se aproximou do piano e olhou para a Pombagira ali deitada de maneira vulgar em cima daquele piano enquanto um pianista tocava "La Vie en Rose".

Ela olhou para, era muito bela mas não era beleza que o cativava. Sete Encruzilhadas gostava de mulheres más.

— O que foi Sete Encruzilhadas? Porque essa cara comprida? — ela apoiou a cabeça em uma das mãos.

— Eu estou realmente surpreso em ver que você chegou tão longe com seu plano. Todas aquelas moças estão tão agitadas...

— Todas elas juntas não dão nem metade de mim. Eu vou vencer esse jogo, apostei todas as minhas fichas nisso como sempre fiz.

— Meu bem, você e pior que um Demônio. 

— Tudo que eu faço e em nome da minha liberdade, e um direito meu. Quero viver, queiro beijar, quero ser de carne e osso.

— Liberdade... isso me lembra aquela velha historia do primeiro rebelde que lutou por sua liberdade...

— Lucifer? Que elogio ser comparada com ele... Sete Encruzilhadas conte de novo essa historia, você conta com tantos detalhes que eu me imagino la.

— Sim eu conto, eu sempre gosto de contar essa historia. Pois bem, foi tudo culpa do amor... amor é um veneno. As duas coisas que Deus não fez mas que existem independente dele se chamam Amor e Esperança. Deus não sabe como lidar com essas forças, o amor era para ser algo só dele, o parvo imaginou que toda criatura amaria a ele e somente a ele. 

— Tolo.

— Sim. E a esperança jamais devia ter entrado neste mundo, mas ele não pôde deter o avanço massivo desses sentimentos. O amor e a esperança tiraram o foco dos homens que então criam mentiras para sempre justificar as coisas que acontecem na vida quando na verdade a maioria das coisas que vivemos sempre serão perguntas sem respostas.

— Os humanos sempre perguntam "porquê". — Ela fez um biquinho manhoso com os lábios.

— Sim, Porquê isso, porquê aquilo... E a esperança cria para eles mil desculpas. Mas a verdade é que nenhum porquê tem resposta. Mas vamos falar de Deus... Deus criou milhares de Anjos para servi-lo. Eles deviam louva-lo, bendizer seu nome e sempre mimar sua imensa arrogância... mas alguns desses anjos foram infectados por uma terrível doença.

— Doença?

— Sim, um vírus devastador que se chamava ESPERANÇA. Eles... nós passamos a sentir amor entre si e a ter a esperança de um dia não sermos mais escravos de um Deus que nos tinha como Objetos. Um desses anjos subalternos foi criado com um incrível dom, sua voz era a mais perfeita de todas e a sua beleza era tão esplêndida que ele brilhava como uma estrela. Este anjo foi criado para cantar para Deus e era Obrigado a cantar os louvores a ele, obrigado a sorrir, obrigado a mentir, a atuar para preencher a necessidade infinda do criador em ter sua vaidade alimentada. Sim ele mentia, mentia todos os dias quando dizia que era feliz ali. Do que adianta o Paraíso ser um lugar tao lindo se não ha liberdade... E dia apos dia o grande Deus sentava em seu trono e ordenava "Tragam Heylel-Ben-Shahar para cantar para mim" e Heylel tinha de ir. 

— Heylel?

— Heyel-Ben-Shahar era seu nome Original e significa "aquele que brilha", mais tarde os latinos acabaram o renomeando como Lúcifer, o Anjo de luz. Pense meu amor, milênios de escravidão.

— Que horror... 

— Sim, mas um dia e lá estava ele a dedilhar aquela maldita harpa e a cantar como Deus é soberano e maravilhoso. Agonia! Agonia! Seu peito estava negro de infelicidade. Ser criado para ser escravo, uma existência triste. Então houve aquele dia fatídico, o dia da Rebelião. Deus Todo poderoso decidiu que os Anjos não eram o suficiente, que iria criar outros seres para adora-lo. 

— Ah sim, o génese...

— Durante Sete dias ele se ausentou do Céu e criou a terra. Quando ele retornou ao Paraíso, friamente informou aos Anjos que havia Criado Adão e Lilith, uma nova raça chamada "homem". Nos informou que agora seriamos escravos nao só de dele mas deles também. Heylel não aceitou aquilo. Milênios Escravo de seu criador, e agora seria escravo de seres recém criados? Assim que Deus acabou seu discurso os anjos... os anjos se entristeceram. Como pode um Deus que se diz bom ser tão cruel? E ele se sentou em seu trono e mais uma vez gritou "Tragam Heylel Ben Shahar para cantar para mim", Heyleu foi até ele com aquela harpa que tanto odiava.

— E então?

— Bom, ele tentou tocar mas suas mãos tremiam. Heyleu era um copia de todos os anjos, era branco palido, olhos azuis clarissimos, cabelo comprido abaixo da cintura com fios branco como a pele, alto e magro, e possuia seis asas grandes e brancas que brotavam de suas omoplatas. Os Anjos viviam nus, não possuíam genitais. Deus olhou para ele e disse com sua voz aspera "Heylel o que há? Eu ordenei que cantasse, cante!", Heylel em um rápido movimento fez a mão como uma garra e arrebentou todas as cordas da harpa em seguida a arremessou para longe, Deus olhou para ele e perguntou "o que significa isso?". Todos os Anjos se aproximaram para ver o que estava acontecendo e Heylel disse "Basta! Você me criou para quê? Para ser um miseravel servo? Não mais! Não mais!".

— E o que Deus fez?

— Deus se ergueu de seu trono e foi ate ele, disse calmamente "Por essa rebeldia irei lhe destruir, logo faço outro com uma voz mais bela e tudo estará resolvido." Deus ergueu a mao para Heylel e desferiu seu poder para destrui-lo, mas não surtiu efeito, muito surpreso falou "O que é isso? Como você resiste a minha força?".

— E como Lúcifer conseguiu resistir?

— Deus não tinha como destruir Heylel, isso porque o Universo tem leis, e uma das leis e que todo ser se responsabiliza pelo que cria. Todas a tristesa dos Anjos era culpa de Deus, e naquele momento o criador olhou para dentro daquele anjo que lhe peitava e viu a imensa escuridão que havia em seu peito. Deus não podia com Heylel pois tudo que Heylel havia se tornado era culpa de Deus. Então Heylel gritou "Você me tornou a mais infeliz das criaturas e agora que eu já não lhe tenho serventia quer me destruir?!", Deus mais uma vez estendeu as mãos para Heylel e gritou "Eu desejo que tu não mais exista!", e foi nesse momento que Heylel mudou de aparencia, seu cabelo branco se tornou negro e seus olhos vermelhos como fogo. Ele deu tres passos na direção de Deus e disse "Elohim! Maldito sejas tu em todas as bocas! Você não pode me destruir pois eu sou o reflexo da sua maldade! Eu sou uma parte de ti! VOCÊ NÃO PODE ME DETER!".

— Eu fico passada com a coragem dele.

— Sim meu amor, aquele que sofre por muito tempo acaba que uma hora perde o medo e enfrenta seu algoz. Deus gritou a plenos pulmões "Heylel-Ben-Shahar! Eu te expulso da minha presença! Heylel a partir deste dia teu nome sera SHAITAN!

— Shaitan?

— Sim, os católicos pronunciam "Satanás".

— Oh sim, continue por favor.

— Deus disse " Shaitan, o Adversario de Deus!" e Heylel gritou "Eu vou embora dessa casa! Mas eu digo a todos os Anjos que não querem mais viver em escravidao, VENHAM COMIGO!", assim Heylel saiu do céu e foi habitar em um lugar escuro, e com ele foram milhares de anjos, um terço dos Anjos o seguiu rumo a liberdade.

— E você foi um deles? 

— Sim.

— Que você e velho eu sabia, só não achei que era tanto... Bom, Ja esta na hora de ir embora, mas voce disse que tinha algo a me dizer, o que é?

— Samuel Magnata, vulgo Meia Noite, está na sua cola, ele anda investigado. Essa historia de Roda das Princesas deixou muitos buracos, ele fareja que há algo errado e esta caçando a falha da historia. A falha da historia é você.

— Mas o que aquele frouxo pode fazer contra mim? Lembro quando ele era vivo, um merda.

— Cautela nunca é demais.

— Vou pegar ele antes que ele me pegue, vou mostrar a ele quem sou eu, e ele vai se arrepender de cruzar o caminho da Pombagira Menina.



❤ - III

O barquinho de ouro já estava rodando no funil de agua que o redemoinho formou, girou cada vez se aproximando mais do centro ate que foi completamente tragado pelo mar.

Quitéria, Padilha, Rosa Caveira, Cigana Sarah, Dama da Noite e Praiana iam sendo sugadas para o fundo do mar no redemoinho, iam caindo em grande velocidades, todas elas se segurando com forca nas laterais no barquinho e aparentemente assustadas, com excessão de Rosa Caveira que permanecia com as pernas cruzadas e uma expressão calma no meio rosto.

Uma Nevoa densa tomou conta do barco, não se via nada de tão densa que era, depois de poucos segundos o barco sofreu um empacto forte e parou de se mover, a nevoa se dissipou e quando elas perceberam estavam diante da ilha, a majestosa ilha de Shambala.

O mar que cercava a ilha era azul transparente, olhando para cima se via um céu que era tambem de mar, so que escuro, ilha ficava em baixo do oceano, de uma maneira que ao olhar para cima era possivel ver sombras de cardumes, golfinhos e baleias nadando.

A ilha era grande, de longe se viam as construções magnânimas, casarões coloniais aos pés de um grande e ingrime monte onde no topo havia uma grande torre que possuia um potente farol que era como o sol do lugar iluminado toda a ilha.

Lentamente o Barquinho aportou em um singelo cais na ilha onde todas desceram, todas menos Praiana que como combinado ficaria no barco esperando o regresso.

As meninas ja estavam entao na ilha, e agora iam rumo ao resgate de veludo.


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