RODA DAS PRINCESAS 2021 - CAPITULO 15
Felipe Caprini
RODA DAS PRINCESAS
Capítulo 15
"Barquinho Dourado"
❤ - I
Como todos bem, sabem para que um espírito fique preso a terra e se torne uma uma entidade ele precisa durante a vida ter tido contato com a magia negra. É frequente que bruxas e feiticeiros tenham essa sina, pessoas que praticaram sortilégios e todo tipo de bruxaria. Mas com base nisso, como Tranca Ruas se tornou uma entidade?
É bem verdade que após a morte ele aprendeu muito e se tornou um espírito dotado de dons fantásticos, mas durante a sua vida ele era apenas um homem católico e também que Deus.
Ele não se lembra exatamente como perdeu a vida, aliás se lembra sim como mas não exatamente o momento, se lembra de uma noite muito divertida com sua amada, se lembra de adormecer, se lembrava de sentir cheiro de fumaça, se lembrava da luminosidade vermelha que atingiu os seus olhos mesmo através das pálpebras fechadas. Mas então quando Tranca Rua deu por si estava em pé diante da cama observando seu corpo de carne sendo consumido por chamas, observando o corpo de Maria Padilha se desfazer em meio ao fogo.
Sim é bem verdade que estes espíritos que são condenados a passar séculos vagando pela terra sempre acordam como espíritos alguns anos após a sua morte, mas Tranca Ruas acordou após poucos minutos de seu coração de carne ter parado de bater.
Ele não entendeu exatamente o que estava acontecendo, é claro que tinha ouvido a fama de sua amada ser uma feiticeira, é claro que tinha ouvido as fofocas e boatos sobre Maria Quitéria e Maria Mulambo também serem, porém sempre se Manteve cético.
Mas seu ceticismo acabou, mais tarde quando se encontrou com luziara e Recife ele soube do motivo de ter se tornar um espírito, ele mesmo jamais fez feitiço algum enquanto vivo mas seu corpo estava absurdamente impregnado de magia, tantas vezes Maria Mulambo fez feitiços de amarração usando seus fios de cabelo ou suas roupas, tantas vezes Maria Padilha quebrou esses feitiços usando os mesmos elementos, até mesmo na água de seu banho elas colocaram magia por diversas vezes. Tranca rua não era bruxo mas cada miligrama de seu corpo estava impregnada de bruxaria.
Ele acordou sozinho, demorou algum tempo para compreender o que estava acontecendo, teve a sorte de contar com ajuda de Luziara e de outras Mestras para lhe guiar nos mistérios dos Espíritos dos mortos, mas assim que aprendeu alguma coisa ele decidiu que iria atrás de seu filho, tinha o pressentimento de que a criança seria abandonada, tinha um pressentimento que o pior poderia acontecer com ele.
Por indicação de Luziara ele conheceu a velha Miá, essa era uma benzedeira e origem italiana muito famosa na cidade de Sabará, então tranca-ruas foi a ela pedir ajuda, pediu que Miá fosse com ele para o Rio de Janeiro, aquela era a única mulher de carne e osso que ele tinha conhecimento de que podia ver espíritos, ele pediu que Miá fosse até lá e ajudasse seu filho, prometeu a ela revelar onde de guardava suas reservas de dinheiro, esconderijo que apenas ele sabia e que continha alguns baús cheios de barras de ouro, prometeu que daria tudo a ela se ajudasse. Miá aceitou, tomou um navio e foi até o Rio de Janeiro onde encontrou o pequeno Filipe já moribundo naquele orfanato imundo. Não houve tempo de fazer muita coisa, Miá revelou que dentro de seus conhecimentos ela não poderia ajudar, a criança já tinha passado do limite de retorno, não havia como recuperar a saúde e o máximo que ela podia fazer era algum chá de ervas para que menino não sofresse na passagem para morte.
As freiras permitiram que minha levasse o pequeno menino para sua casa, no caso uma casa alugada no centro do Rio, as próprias freiras sabiam que não havia esperança e por isso deixaram que menino fosse, seria um a menos para cuidarem.
Filipe estava à beira da morte, por dois dias ou medicou com chás para diminuição do sofrimento, porém no fim do segundo dia não houve como evitar e o menino faleceu.
Durante todo este tempo Tranca-Ruas estava sempre ao lado de Miá a observando cuidar de seu filho, pedia que a velha benzedeira fizesse mais porém ela se negava dizendo que a questão que atingia a criança era uma doença natural e que não devia ser tratada de forma sobrenatural para o bem dele.
Mas no momento em que Filipe fechou os olhos tranca rua foi tomado por um desespero tão grande que sem pedir permissão invadiu o corpo da benzedeira, ali não ocorreu uma incorporação e sim uma possessão, ou seja minha estava completamente refém do espírito de Tranca Ruas que a dominava. Através dela ele impôs as mãos sobre a criança, uma mão na testa e outra sobre o peito, havia aprendido meia dúzia de rezas encantamentos com Luziara e suas amigas mas a grande verdade é que ele não tinha prática e nem tinha certeza do que estava fazendo, tudo que fazia era por impulso e por medo de perder o menino. Assim com as mãos sobre ele entroou o encanto de cura, imediatamente o coração do menino voltou a bater, o pulmão voltou a funcionar, mas logo que Tranca Ruas tirou as mãos dele se assustou e ficou horrorizado ao ver o espírito do menino em pé ao seu lado.
Ele havia assim curado o corpo da criança mas fez isso justamente no momento em que a alma estava saindo da carne, justamente no momento em que o espírito abandonava matéria, e justamente neste momento Tranca Ruas sem imaginar acabou maculando a alma de seu filho com magia.
Sua intenção de salvar o menino acabou sendo a maldição que aprisionou aquela criança como um espírito na morte.
Miá ficou muito revoltada em ter sido possuída, porém diante da situação não teve coragem de tomar nenhuma atitude contra Tranca Ruas, no fim ela realmente compreendia o sofrimento do pai e a boa intenção que teve. Ficou a cargo de Miá cuidar do espírito da criança, coisa que ela já fazia pois em sua casa estavam os espíritos de tantas mais.
Ninguém jamais soube disso, nem Luziara nem as mestras, nem os demais espíritos amigos de Tranca Rua, ninguém sabia que ele foram responsáveis por aquilo, ninguém sabia que Filipe havia sido condenado tal como o pai e a mãe.
❤ - II
Era já noite, nem vestígio do sol.
A maresia vinha esfriando a noite quente de verão.
Dama da Noite se adiantou, chamou seu pequeno ajudante Tetemburu e pediu que ele fosse levar um recado a uma amiga, e o menino assim fez.
As moças todas juntas marcharam rumo a praia, e quando pisaram na areia deixaram suas pegadas, aquele lugar era suscetível a energia espiritual.
Elas começaram a discutir como atravessariam o mar já que Dama da Noite havia revelado que Veludo estava preso em uma ilha.
— Nós não precisamos respirar, estamos mortas, então porque simplesmente não entramos na água e vamos caminhando pelo fundo do mar? — Perguntou Menina.
— O mar é um grande cemitério, existem muitos espíritos, pessoas mortas afogadas em naufrágios ou por descuido, assassinados que foram "desovados" na água, espíritos que gostam do frio, demônios que se escondem ali, Oceânides e Nereidas sanguinárias, Deuses da água salgada, eu não sinto segurança em entrar lá. — disse Quitéria.
Sem duvida era arriscado seguir caminhando pelo fundo, elas teriam de ir por cima.
A agitação durou pouco tempo, de repente um raio grosso e barulhento bateu na agua, o raio espalhou longos fios reluzentes, ramificações elétricas que iluminaram a noite como um relâmpago. As moças olharam para a agua e se surpreenderam pois não havia nuvens no céu, aquele raio nao poderia cair do nada.
No local onde o raio bateu na agua lentamente surgiu algo. Elas viram uma luz se aproximar, luz amarela, era um reflexo. Lentamente um pequeno barco emergiu, era dourado e vinha ao longe, não havia ninguem nele, era um barco feito de ouro cujo a lateral estava escrito em relevo "La Lacrimosa", era pequeno mas parecia flutuar muito bem.
Uma voz de mulher se ouviu vindo dos rochedos, voz aveludada, era Praiana, Pombagira da Praia que falava.
— O diabinho me falou que precisavam da canoa.
— Ah Praiana, eu sabia que você iria me ajudar! — Dama da Noite correu até ela e a abraçou.
— Este e um barco usado no mundo dos espiritos. É semelhante a Galera Caronte do rio Aqueronte. Eu vou levar voces onde querem ir, mas não se demorem, ele desaparece quando o sol nasce.
— Nossa, você parece bem entendida das coisas do mar. Eu me chamo Maria Quiteria. — Ela estendeu a mão e Praiana a cumprimentou sorrindo.
— Que falha a minha, — Dama da Noite se colocou ao lado dela — Meninas essa é Praiana, ela é a guardiã da praia. Somente ela pode nos guiar dentro do mar.
— Sim é verdade. E aqui um conselho precioso, vocês ao entrem na agua não se preocupem, nenhum espirito vai molestar quem estiver no barco,.porem Calipso, Erato e Anfretite costumam atormentar os espiritos, elas são perigosas. Outra coisa, se Yemanjá ver vocês ela as prenderá, ira amarrar voces no fundo do mar. cuidado extremo, nada de ficar tocando a água.
— Maravilha! Então vamos! — Menina se animou.
— Ah não, vocês são muitas mas o barco só cabe cinco de vocês e eu na direção.
— Eu já me dispenso, não vou subir nesse negocio. — disse Navalha.
— Quem tem que ir é quem pode ajudar. Vamos eu, Dama da Noite, Maria Padilha, Cigana, Rosa Caveira e Praiana de Navegadora. — disse Quitéria.
— Porque essas que vão? — perguntou Rosa Vermelha.
— Porque Veludo esta preso em magia, eu sou a melhor Bruxa entre nós, Cigana tem a magia de seu povo e por isso ela nunca se perde.
— É verdade, sempre sei onde ir, magia de ciganas é assim. — disse Sarah.
— Exato, e infelizmente tenho de admitir que Maria Padilha tem lá algum talento, Rosa Caveira tem sua energia na agua.
— Passei décadas submersa. — Confirmou Rosa Caveira.
— Sim e por isso pode ser de muita ajuda, e Dama da Noite é quem pode nos levar ao exato local.
— Olha eu não vou descer do barco, nao contem comigo na ilha. — disse Praiana.
— Querida voce ja esta ajudando muito em nos levar la, não se preocupe.
— Quer dizer que eu não vou? — Mulambo aborrecida perguntou.
— Não. Depois de mim eu confio integralmente em você, é melhor que fique em terra firme caso aconteça algo por aqui.
As seis entraram no barquinho assim que ele aportou na areia, se despediram das que ficaram na praia e logo em seguida o barco zarpou.
— Essa tal Praiana e muito esquisita hein... nariz empinado. — Mulambo observava o barco indo ao longe.
— Olha eu tenho umas coisas a resolver. Vamos fazer o seguinte, amanhã a meia noite nos encontramos aqui, certo? — disse Menina.
Mulambo, Sete Saias, Rosa Vermelha, Navalha concordaram, cada uma seguiu um caminho, a praia ficou deserta.
Navalha, como sempre, foi ao encontro de Zé Pilintra, e ele sempre estava na farra, nas calçadas Boêmias que ele tanto amava ficar.
Rosa Vermelha foi caminhando pelas ruas próximas a praia, eram ruas antigas ainda pavimentadas em paralelepípedos e com aquelas construções emolduradas com gesso que agora caiam aos pedaços mas que outrora haviam sido suntuosos sobrados. Andando por ali ela se distraia com os músicos tocando sambas de roda nas calçadas, homens despojados cantavam e tocavam violas, violões, agogôs, tamborins, tambores e maracás, eram pessoas da noite assim como ela um dia foi.
O som estava muito bom, era musica de verdade tocada por artistas cheio de vida, e ela não resistiu e começou a sambar, girando sua saia e seus longos cabelos.
Rosa Vermelha usava uma saia de renda meio transparente vermelha com pequenos brilhantes reluzentes como pingos de orvalho e um bustier vermelho e salmão, sua sandália era de um salto exageradamente alto para realçar a sua estatura, ela usava um colar de pedras negras reluzentes e seu cabelo estava solto, era uma cabeleira negra e muito comprida naturalmente ondulada.
Ela dançou com os olhos fechados, abraçava o proprio corpo e revivia dentro de si as memorias que tinha de quando foi dona do Cabaré de Fogo.
Ela girou e girou, sambou e sacudiu no choro daquela viola.
Uma voz masculina interrompeu seu balé.
— Rosana? Y tú mismo? en el Nombre de Kali... Que agradable sorpressa!
Rosa Vermelha parou sua dança e abriu lentamente os olhos com receio do que ia ver ja que aquela voz era familiar. Ao abrir viu o belo homem. Era branco com olhos verdes aparentando vinte e cinco anos de idade, a barba cerrada e o cabelo castanho liso em uma franja que caia jogada sobre a testa, usava uma calca negra um tanto justa e sapatos de couro com salto cowboy carrapeta, usava um lenço verde no lugar do cinto e estava sem camisa mostrando o corpo magro mas bem definido. No meio do peito tinha tatuado uma lua minguante e trazia muitos anéis e pulseiras de ouro nos dedos e pulsos, tinha um violão de madeira escura preso nas costas por uma alça transpassada.
— Não creio... Caio... Nossa... Que desgosto te ver. Achava eu que tu tinha ido queimar no inferno... Desgraçado.
— No... No me trate mal... Mi bella princessa... No sé que te amo? Te amo mucho. Perdóname si?
— Como me achou?
— Vi a essa niña, essa niña pequeña que tu protegia en el tiempo del Cabaré, pensé que si ela estuviera por aqui tu también lo estaría. Qué está haciendo tan pegada a ese Ángel? Oh, no importa, todo lo que quería era ver a ti de nuevo!
— Filho da Puta, mas é muito filho da puta hein... Caio Cigano, voce não vale nada! E pare de falar em espanhol, se quer falar assim volte pra porra da Colômbia...
— Xenofobia? no eras xenófobo cuando me llamaste a tu cama... — ele falou com a voz suave.
— Caio toma vergonha nessa cara!
— Caio? No preciosa, mi nombre es ahora Exu Cigano. Vou hablar, falar em português então. No fique presa ao passado, estamo tudo morto ahora, era bom deixar as coisas ruins enterradas junto com os nossos caixões. E yo no soy de Colômbia, soy de Santiago del Estero, Rioplatense!
— Argentino.
— Si, con mucho orgullo.
Rosa Vermelha falava com o maxilar duro, uma expressão absolutamente desgostosa.
— Que me importa de que pais você vem, desgraça! Que ousadia e essa de falar comigo? Se você tivesse um pingo de carater jamais olharia pra mim, nunca iria me dirigir uma palavra.
Ele ironicamente piscou para ela.
— Nerviosa te ves ainda más hermosa...
Rosa Vermelha foi ate ele e lhe deu um tapa com toda sua forca, ele não pode desviar, rosto pendeu para o lado com a bofetada.
Ele ainda com o rosto torto ele disse:
— Cruel. Eu tengo pago mui caro por tudo, isso no te basta? O reencarne mi foi negado, e na solidão yo fui atirado.
Rosa Vermelha acariciou o rosto do rapaz e deslizou a mão ate o pescoco onde de modo firme segurou o fazendo voltar seu rosto para ela e olhar olhos nos olhos.
— Você tem pago o preço de ter sido um Cigano charlatão e estelionatário. Você foi expulso da Roda das Encarnações por não ser digno disso. Me diga Caio, voce fez muito mal pra mim. Imagino que se arrependa não é?
— Si, si yo me arrependo. Perdóname...
Ela soltou o pescoço dele deu um passo para trás. Suspirou e prendeu o cabelo em um coque baixo na nuca, uma rosa magicamente brotou do cabelo e segurou as madeixas circundando o coque com o caule espinhoso deixando a flor aberta sobre ele. Ela ficou calada por alguns minutos, mas logo falou:
— Não, eu não vou perdoar. Alias, se tem esperança de me reconquistar pode esquecer. Eu nunca mais vou lhe dar o gosto de me ver chorar. Você agora é uma sombra de um pesadelo.
— Como tu espera evoluir se no pode esquecer o que te causou dor?
— Cale a sua boca suja. Você se vitimizando assim só me causa mais ódio. Eu vou embora, e se voce me seguir nos vamos entrar em combate, e eu vou pra cima com tudo que tenho.
Caio ficou parado diante dela com lagrimas caindo de seus belos olhos. Ele nada disse, não se moveu. Ela se afastou e caminhou para longe, foi andando e quando ja estava longe ela olhou para tras, ele ainda estava la. Ela continuou a caminhar, dessa vez nao olhou mais para tras, foi adiante, sempre em frente.
Cigano ficou ali mais um bom tempo até que Sete Saias apareceu vindo pela rua que dava acesso a praia. Ela se anunciou pelo barulho que suas pusseiras faziam quando ela andava. Sete Saias foi até ele e o beijou no rosto. sorrindo disse:
— Cigano Caio, que bochecha vermelha... Ela tem a mão pesada não é?
— Sim, sempre teve. Imagino que tu estava nos espionando, no? — ele respondeu sério.
Sete Saias estava com o cabelo preso em uma comprida trança estilo indígena que descia ate o fim de sua coluna, dois grandes brincos de argola prateados, um maquiagem leve com sombras rosadas e um batom nude, usava um espartilho justíssimo na cor negra e uma saia na mesma cor, longa mas leve. Seus sapatos eram estilo boneca com bico redondo, e como sempre ela estava com dezenas de pulseiras finas de prata, ouro e cobre todas misturadas e tilintando, e tambem suas unhas compridas sem esmaltes mas brilhosas de bem tratadas.
Os Músicos que tocavam samba naquela esquina mudaram de ritmo, o vocalista do grupo entrou no prédio que ficava ali diante de onde estavam, nisso os que ficaram comecaram a tocar um gingado Ijexá, bem suave e cheio de balanço.
Sete Saias colou os braços nos ombros de Cigano, e ele sorriu timidamente.
— Eu sou a Sete Saias, eu espiono todo mundo.
— Fofoqueira...
— Não nego que sou... — ela sorriu — Se lembra que Marabô tocava um tambor e um agogo no mesmo ritmo?
— Soraya yo no conheci Marabô, y nos doi tambien estivemos juntos por um curto tiempo, pois logo tú moriste no incendio no te recordas? Quando Padilha degolou tu padre tu...
— Eu fiz o acampamento pegar fogo...
— Tu já se encontrou com tu Papa? Ele é um Espíritu maligno tal como nosotros somos.
— Não, eu ainda não vi ele, e não sei se quero ver... Ah vamos mudar de assunto, vamos dançar, eu gostava de dançar com você.
Ele pôs as mãos nos quadris dela e começaram a se balancar juntos bem devagar, dancavam como se fossem um so. Ela se inclinou para frente e se apoiou no peito forte de Exu Cigano.
— Porque você esta aqui?
— Yo vivo en estas partes, muchos Espíritos Gitanos, Ciganos, vivem sempre pelo litoral.
— O que você sente pela Rosa vermelha? Amor? Remorso?
— Siento todo, tudo junto aqui en meu pecho. Eu amo e tambiem a odeio, yo tengo remorso, tengo raiva, tengo acima de tudo mucha saudade. Ela foi a única que tocou meu corazón.
— Me conte o que aconteceu entre voces, Rosa é muito reservada e não fala da sua vida, do passado. Aliás, a unica que ela se abre e com a Menina, mas essa é outra que não abre nada.
Rosa Vermelha disse:
— Não falo exatamente porque nao é da conta de ninguem, muito menos da sua, filha de rameira. Que absurdo e esse?
Sete Saias e Cigano olharam espantados e se separaram, Rosa Vermelha tinha voltado e estava ali diante deles com uma expressão não muito amigável.
Sete Saias soltou rapidamente Cigano disse:
— Credo, eu só estava puxando assunto. Voce ficou com raiva de mim porque eu estava dançando com o seu garoto?
Rosa Vermelha foi ate Sete Saias e disse com o tom de voz elevado e uma das sombrancelhas arqueada:
— Piranha você vai mesmo me aborrecer? Tem certeza que vai fazer isso?
Sete Saias vendo que Rosa estava realmente aborrecida, saiu de perto, foi andando pra longe dizendo:
— Não se indisponha com as amigas por causa de um cafajeste. Até logo meus amores... Mas logo eu volto...
— No pudiste soportar a saudade mi amor?
— Caio sem brincadeiras por favor. O que voce quis dizer com "qué está haciendo tan pegada a ese Ángel?" quando falou de Menina? Você a viu com um Anjo?
— Ora, lo vi, con esse ángel caído que todos llaman de Siete Encrucijadas, los dos são amantes, no lo sabías?
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