BUFALO SANDARA - Cap. 15 (penultimo)
☆I
Serpentes são silenciosas.
Zeniba estava em pé, o corpo inteiramente colado a parede de rocha. Ela não gostava de estar ali, sua visão aguçada via em longe as bordas do poço do esquecimento e todas aquelas almas miseráveis que o circundavam. O som chiado de conversa veio a seus ouvidos, baixou o olhar e os viu, na base do pico rochoso estava o trio.
— Para quem será que o macaco enviou aquele corvo mensageiro? — disse a serpente Mogbójuri enrolada em seu pescoço.
— Deve ser para Sandara.
— Tolo sera se responder o chamado.
— Sandara é como os verdadeiros filhos de Oyá, é extremamente corajoso.
— E coragem é um dos sinônimos da tolice. — a serpente zombou.
— Não tenho como discordar. Mas agora estou preocupada com aquela mulher ao lado de Meli. Ela é quem eu penso que é?
— É Cecélia de Erinlé.
— Que droga... — Zeniba mordeu os lábios apreensiva.
— Ela é mais poderosa que você?
— Não, mas somada ao macaco é. Que porra, a boneca está bem ali, eu só preciso destruir ela...
— Mas se cairmos sobre eles agora... será suicídio. Podemos destruir a boneca mas inevitável vamos morrer.
— Não tenho medo de morrer, já vivi demais.
— Você não vai se envolver nisso, Zeniba de Yewá.
Ela rapidamente olhou para trás assustada e boquiaberta encarou diante de si um Deus, um homem alto e forte que se vestia apenas com um Saiote de couro e sandálias trançadas como as de um gladiador, seu peitoral exibida cicatrizes de mil batalhas e seus olhos reluziam como brasas.
— Senhor Ogun... eu... o quê...
— Não precisa ficar nervosa. — a voz do Deus era grossa mas gentil — Venha comigo.
Com passos leves ela seguiu o Orixá até uma parte mais afastada onde a voz de ambos não podia ser ouvida.
— Meu senhor... eu... fiz algo que lhe ofendeu? O senhor...
— Não, não fez nada, não se assuste com a minha presença. Quero lhe pedir uma coisa Zeniba.
— Claro, qualquer coisa que o senhor quiser. — ela se curvou.
— Está ciente do futuro Zeniba?
— Futuro? Não meu senhor, não é de meus costumes estudar revelações.
— Também não é dos meus costumes, mas há coisas quais temos de prestar atenção. O futuro é tenebroso Zeniba.
— Tenebroso? Como meu senhor?
— Do pior modo. É por isso que preciso de ti, preciso de seus conhecimentos. A sua imortalidade lhe mantem viva, mas ja não tão forte.
Zeniba olhou para os próprios pés envergonhada, era verdade, ela já havia sido uma formidável feiticeira, porém os anos cobraram um alto preço e a sua imortalidade a mantinha viva, mas não forte.
— O quê não comprendo meu senhor é que a degradação do tempo corroeu somente a mim, não a Enobária...
— Enobária faz ritos e feitiços dos mais imundos que existem, assim se manteve forte. Você preferiu se manter integra, e que Olodumare a recompense por isso, mas isso lhe trouxe a fraqueza natural da velhice. É por isso que preciso que passe seus conhecimentos a alguém jovem, alguém que como você também é imortal e poderá desfrutar dos dons por um longo tempo.
— Quem meu senhor?
— Zeniba, preciso que treine minha filha, uma mulher que possui o dom do metal latente no corpo. Quero que aceite minha Tanya como aluna.
☆II
Muito distante dali, em um local escuro e absurdamente frio uma mulher alta de longos cabelos negros e lisos se equilibrava sobre dois pares de sandálias de saltos tipo agulha. Seus saltos estalavam no poluido chão de pedra, ela caminhou até a estátua de um anjo tombada com uma das asas faltando, acariciou o rosto de marmore enquanto observava os destroços, haviam pedras de demolição espalhadas por toda a cidade.
Belladonna estava no Inferno.
— É, a torre veio a baixo, e foi impressionante, não foi?
Ela se virou ja sabendo de quem era voz.
— Pois é Yagoda, foi muito impressionante. — disse sem alegria na voz.
— Mas tinha que ser assim, uma hora Lucifer tinha de cair.
Yagoda era um homem que aparentava trinta anos e tinha características indianas, cabelo castanho longo até os ombros, lábios grossos e maximar forte.
— De toda forma é triste. — Belladonna chutou levemente uma coluna de marmore tombada para conferir se era maciça.
— O que é triste? A destituição Lúcifer? Não sabia que você era pró monarquia.
— Para um ex monarca, falar mal da monarquia me parece despeito.
— Talvez... — Yagoda sorriu.
— Não conheci o Lúcifer deste mundo, só o do meu.
— Há sim... conte mais sobre seu mundo, eu não me canso de ouvir.
Belladonna suspirou profundamente.
— Meu mundo era muito parecido com este, eu tinha uma filha, um irmão, amigos. Tudo se foi. Minha tristeza vem pelo fato de saber que esse mundo será destruido da mesma forma. A queda desta torre nada mais é que a primeira peça de uma fila de dominós que tomba, tudo a seguir cairá em sucessão.
— Você já me disse isso antes, mas é difícil de acreditar. Você é a "Viajante", a única a cruzar de um universo para outro, mas o fato de o seu mundo ter caído não significa que este também cairá.
— Os mundos são espelhados, o que existe em um existe em outro. Ja leu a biblia?
— Claro, eu estou nela. — Yagoda piscou insinuante.
— Lá diz que tudo que existe na terra existe no céu, mas se você ja esteve no céu sabe que isso não é verdade. Essa passagem bíblica fala na verdade de dois mundos, universos paralelos. O que há em um há em outro.
— Se acredita mesmo que haverá um final para este mundo, o impeça.
— No meu mundo haviam duas pragas tão malditas que me levaram a loucura sabia? Uma era um Anjo chamada Samyaza, e a outra um deus macabro chamado Sharir. Sabe essa estátua? — Belladonna apontou para o anjo de mármore tombado no chão.
— É uma estátua de Smeralda, aqui o que mais se tem são estátuas dela.
— Pois é Yagoda, e se eu te disser que acredito que essa Smeralda seja a versão que este universo criou para Samyaza e Sharir?
— Fala como uma fusão? Como se ela fosse esses duas "pragas" a qual você se referiu? As duas em um só ser.
— Sim.
— Então... não sei se há muito o que fazer.
— Há sim Yagoda, dessa vez eu acho que posso fazer alguma diferença.
— Tomara que possa. Mas me diga, quem foi o ser tão poderoso capaz de destruir todo o seu universo? Foram esses dois? Essa Samyaza e esse Sharir?
— Não.
— Então quem foi?
Belladonna suspirou e murmurou baixinho:
— Eu.
— O quê? Não ouvi.
— Eu... eu... Escute Yagoda, voce conhece algum anjo neste seu mundo chamado... Uriel?
☆III
Tanya levou a mão ao rosto, o reflexo no espelho a mostrava com a pele reluzente em metal polido e a cabeça adornada com uma coroa de espinhos de metal apontando para o céu.
— O que significa isso?
Yemanjá estendeu a mão pedindo o espelho de volta, ao recebe-lo explicou:
— É seu futuro.
E então uma longa conversa aconteceu com as duas deusas dizendo a ela coisas que iriam acontecer. Tantas coisas disseram, tantas revelações, tantas informações...
Tanya sorria olhando de uma para outra mas em determinado momento seu sorriso murchou, ela compreendeu que aquilo que estava sendo dito eram verdades.
No final de uma hora ela simplesmente levantou e saiu da do aposento deixando Yemanjá no meio de uma frase.
Por mais que a atitude fosse desrespeitosa, nenhuma das deusas tomou como ofensa, elas compreendiam o sentimento.
— Acha que ela vai surtar? — Yemanjá perguntou.
— Quando você encarnou em corpo humano... surtou quando descobriu que era um Orixá? — Oya sorriu.
— Surtei como uma histérica. Bom, deixe a menina absorver as informações, tudo leva tempo e... tempo é o que nao lhe falta.
Tanya correu pelo corredor e desceu dois lances de escada, entrou em uma sala vazia, saiu, entrou em outra, saiu em outro corredor, desceu mais um lance de escada, entrou em um quarto ocupado por duas mulheres que fiavam lã em um fuso, se desculpou e voltou ao corredor, então por longos minutos caminhou pelo Palácio totalmente perdida. Sem saber o que fazer, sentou no chão e pôs a cabeça entre os joelhos. A sensação era como se estivesse em um quarto pequeno e quente, um elevador parado, usando gola rolê no verão. Ela se sentia sufocada.
— Eu não quero! Não quero! — dizia a si mesma.
— Precisa de ajuda meu bem?
Tanya ergueu a cabeça e viu diante de si uma idosa vestida com uma tunica branca e que se apoiava em uma bengala simples de madeira, a pele negra já manchada em diversos tons pela idade e o cabelo curto branco como algodão.
— Ah... Não, não obrigada, eu estou bem.
— Entendo... — A idosa permaneceu parada a encarando.
Após um instante de silêncio constrangedor, Tanya se ergueu.
— E eu? Posso ajuda-la em algo senhora?
— De certo que sim. Eu gostaria de lhe mostrar uma coisa, se não for muito abuso uma anciã pedir a companhia de uma moça tão jovem.
— hã? Ha sim, tudo bem... — Tanya acompanhou a senhora pelo corredor.
— Desculpe, qual o seu nome?
— Ah pode me chamar de Omolú.
— Ah, a senhora é filha de Obaluayê? — Tanya sorriu.
— Não, Omolu no meu caso significa filha do grande Deus, é uma coisa que falam por eu ser muito velha, falam que sou tão velha que meu pai é Olodumare, afinal não havia mais ninguém pra me conceber. — a velha riu.
Caminharam um pouco mais ate que pararam em frente uma porta de madeira clara talhada com figuras de muitos homens e mulheres com expressões de coragem nos rostos.
— Nossa que bonito... — Tanya se admirou.
— Foi o *Ayrá* quem fez essa porta. Conhece Ayrá?
— Sim, quer dizer, não pessoalmente, mas ja o vi na terra através de incorporação.
— É, ele é ótimo com madeira. Vamos entrar aqui por favor. — a anciã pediu.
Entraram, a sala era iluminada com uma tênue luz azulada como se fosse iluminada pela lua, o chão era de terra coberta com musgo e as paredes cheias de trepadeiras floridas. No centro havia uma mesa de pedra com um corpo deitado coberto por um lençol branco.
— Meu Deus! É um cadáver ali? — Tanya se espantou.
— Minha filha, os cadáveres são de carne, a carne fica no Ayê, aqui é um mundo espiritual então...
— Ah sim, é um espírito. Mas está dormindo? Achei que espíritos não dormiam.
— Não está dormindo, está repousando. Essa alma é munida de muita coragem sabe, é um guerreiro dos mais valentes, então quando está aqui no Orun ela permanece calma, inerte, assim recarrega a energia, e ela realmente usa toda essa energia quando vai para o ayê, quando reencarna.
Tanya se aproximou da mesa de pedra, nela haviam cinco letras esculpidas em relevo, porém era caracteres que ela não compreendia.
— O que está escrito?
— Toque na pedra e saberá. — disse a anciã.
Tanya se aproximou e passou a ponta dos dedos sobre a inscrição, e então como por milagre sua mente traduziu as letras e formou um nome. Ela olhou admirada para a anciã.
— Zumbi? É... é Zumbi dos Palmares deitado nesta mesa?
— É. — a anciã abriu um largo sorriso.
— Eu não acredito... Zumbi...
— Eu vi que você precisava de algum reforço em sua coragem, então achei que gostaria de ve-lo.
— Sim! Sim! Seria um sonho ver o Rei Zumbi.
— Então vá lá. — a anciã apontou para o corpo repousado.
— Posso?
— Sim, remova o tecido e veja o rosto dele.
Tanya com todo o cuidado se dirigiu ate o corpo, antes de tocar o lençol fez uma reverência, então com muito cuidado ergueu o pano e comtemplou o rosto do ser.
— Mas... Mas... é a Marielle... é a Marielle Franco...
— É Zumbi. — A anciã falou orgulhosa.
— Como pode ser? — Tanya tinha emoção na voz.
— Zumbi voltou a terra algumas vezes, e a ultima vez está foi a sua forma. Não chore meu bem, não há motivo de tristeza.
— Mas mataram Marielle, mataram ela covardemente.
— Sim, o único modo de se matar um guerreiro leal é com covardia. Mas não fique triste, Zumbi mais uma vez irá retonar a terra, quando for a hora ele irá. Zumbi não se rende jamais.
— Como ele pode ter tanta...
— Coragem? — A ancião sorriu com os olhos.
— Convicção.
— Ele é como é, nasceu para ser guerreiro. E você também nasceu para ser guerreira. Eu te conheço Tanya, eu te conheço desde a época em que seu nome era outro.
— Se refere a meu nome de batismo?
— Sim, mas não o desta vida. Eu te conheço minha filha desde o tempo em que você usava sobre a cabeça uma coroa de buzios e na cintura uma espada.
Tanya observou assustada o corpo da anciã erradiar uma luz lilás e mudar de forma, então surgiu ali uma mulher alta e de olhos grandes, cabeça raspada e brincos em forma de caranguejos de madeira, era belíssima em um vestido púrpura sem mangas.
Tanya caiu de joelhos em reverência a deusa que ali se apresentava.
— Nanã! Nanã me perdoe, eu não a reconheci!
Nanã pousando uma mão no ombro da mulher ajoelhada a sua frente disse:
— Você não me reconheceu, mas eu reconheci. O seu nome minha querida era Aqualtune.
☆IV
— Na casa de Iku? — Sandara olhava para o corvo pousado sobre a ponta estreita da porta entre aberta.
— Estou com Meli na casa de Iku, irei mata-la, a atirarei no poço Daradara-Opin. O único modo de salvar a garota é trocar a vida dela pela capa de couro de búfalo. Você vem?
Era a terceira vez que o pássaro repetia a mesma frase.
— Dê logo uma resposta a ele Sandara, senão vai repetir outra vez. — disse Edmundo que se encolhia contra a parede sem tirar os olhos do bicho.
— É claro que vou, diga a esse macaco que eu vou.
O passaro emitiu um de engasgo e em seguida se desmanchou em uma cascata de pó negro.
— Nós vamos então. — disse Edmundo.
— Não, eu vou sozinho.
— Eu não perguntei se posso ir ou se quer que eu vá, apenas afirmei que vou. Meli é minha irmã, ela só tem a mim.
— Ela também é minha irmã. — Sandara respondeu baixinho.
— Por Deus, que sujeirada é essa? — Tanya entrou no quarto lançando um olhar de censura ao chão sujo de pó preto.
Sandara explicou a ela o que tinha acontecido, ela imediatamente se protinficou a ir com eles.
— Temos de avisar minha mãe. — Sandara falou.
— Não ha necessidade, sei de tudo. — A voz de Oyá ecoou no quarto.
Tanya abriu espaço para a Deusa passar.
— Senhora, me desculpe por ter saído daquele jeito...
— Não se preocupe, um Deus que não compreende o coração humano não é um bom Deus. Agora falemos de coisas mais importantes.
— Sim, falemos. — Yemanjá entrou no quarto.
Sandara e Edmundo se prostraram diante dela em respeito.
— Disseram-me que vocês dois vieram de longe para me ver, que queriam me fazer uma pergunta.
— Sim senhora — Edmundo falou com doçura na voz, havia achado Yemanjá muitíssimo bela.
— Pois pergunte.
— Queria saber do paradeiro de minha irmã Meli, mas agora já não é necessário saber onde está, ja tivemos noticias. Mas ainda assim se for possível gostaria de saber se ela está bem.
— Hum... — Yemanjá olhou para o chão, em seguida para o teto como se procurasse algo.
— Algo de errado? — Oyá perguntou.
— Sim. Eu não reconheço mais Meli, não é mais minha filha.
— Como assim? — Tanya se admirou.
— O elo da ancestralidade se rompeu, ela não faz parte de mim... porém ainda assim ela tem acesso a minha armadura sagrada, não é esquisito?
— Não é nada esquisito, a senhora deu a ela, na luta contra Esinmirin! — Edmundo se exaltou.
— Abaixe a voz criança. Entenda bem, eu tenho milhares de filhos pra cuidar, se Meli tomou um rumo diferente, problema dela e não meu. Não use o velho hábito de por nas minhas costas a responsabilidade sobre o livre arbítrio humano, eu sei de mim, e vocês sabem de si bem como Meli sabe de si mesma. Agora deixem de ser descansados e vão lá fazer o que acham que devem, pois eu mesma tenho muito o que trabalhar.
Eles observaram com espanto Yemanjá virar as costas e sair do quarto.
— Meu Deus, ela nem ligou... — Edmundo falou.
— Claro que ligou, não viu a reação? Ela esta abalada. Nenhum de nós gosta de perder filhos. — Oyá respondeu.
— Temos de ir mãe, vamos salvar a Meli. A senhora vem junto? — Sandara pergutou.
— Não. Se fosse em qualquer outro lugar dos nove Orun eu iria, mas não tenho meus poderes na casa de Iku.
— A senhora perde seus poderes lá?
— Todos os Orixás são impotentes dentro daquele lugar. Você sabe muito bem que lá as almas más são castigadas ao extremo. Achou que nós Orixás deixavamos nossos filhos serem levados para lá assim passivamente? Mesmo os nossos filhos mais perversos, os mais deploraveis... mesmo eles... nós os amamos. No passado eu mesma invadi a casa de Iku e retirei de lá meus filhos, então Olodumare enfeitiçou o lugar para que nenhum Orixa tenha poderes lá dentro. Eu posso abrir um portal para entrar e outro para sair, mas meus raios, minha agua, meu vento e meu fogo não existem lá. Terão de ir sozinhos. Mas... eu lhes darei minhas armas, elas os ajudarão.
Oyá encheu as bochechas de ar e soprou sobre os tres, imediatamente um chicote de rabo de cavalo de pelo negro e cabo encrustado de miçangas vermelhas apareceu na mão de Tanya, uma espada de bronze alaranjado e com a lâmina em forma de raio se materializou na mão de Sandara e um leque de palha enorme na mão de Edmundo.
— Lutem com isso. Agora vão. — ela sorriu e sua imagem desvaneceu até que sumiu.
— Como vamos para lá? — Tanya perguntou.
— Com isso. — Sandara se abaixou e pegou nas coisas de Tanya o Ajawofon. — Se segurem em mim.
Os dois seguraram com firmeza nos braços de Sandara, Ele conferiu se a capa de Búfalo estava firme em sua cintura, então soprou o chifre.
FOOOOOOOOOON
Santiram um puxão na coluna, vento e chuva batendo contra o rosto, cheiro de podridão, bateram os pés no chão e quando olharam em volta estavam na escura terra dos mortos.
☆V
— Shiiiii... aqui...
Eles olharam para tras e viram Zeniba agachada entre duas rochas.
— Zeniba? — Sandara arregalou os olhos, fazia anos que não via Anciã.
— Fale baixo. — Ela sussurrou.
Os três foram até ela e se aagacharam juntos.
— Que caralho de demora heim.
— A senhora sabia que nós viríamos? — Tanya perguntou.
— Ogun me avisou.
— Sabe onde o macaco e Meli estão? — Edmundo pergntou.
— Quinhentos metros a frente, na borda do poço do esquecimento. Estão acompanhados de Cecélia, uma bruxa poderosa.
— Não tenho medo de Bruxas. — Disse Sandara.
— Devia ter.
— Devia mesmo.
Eles olharam para cima e a menos de um metro de distância estava Cecélia.
— Entregue logo a capa e vamos evitar muita dor de cabeç...
Sandara cruzou os dedos indicador e médium, escancarou a boca e cuspiu em cima da mulher uma rajada de chamas.
— A vá pa puta que o pariu, eu tinha todo um plano organizado! Estragou tudo! — Zeniba reclamou.
— Não tem um plano B? — Tanya ficou em pé e tomou sua forma de metal.
— Tenho! Desçam a porrada em qualquer um que aparecer!
Cecélia saiu das chamas e acertou um soco no queixo de Sandara o fazendo cair.
— Gosto desse plano. — disse ela.
Tanya brandiu o chicote sobre a bruxa e um vergão vermelho surgiu no rosto liso dela.
— Armas de Deuses? — ela levou a mão até o rosto — Vejo que querem ir a sério, isso é bom.
Cecélia apontou para Tanya e gritou "Aratunji!"
Um raio saiu da palma de sua mão e atingiu... Zeniba, que se atirou na frente, absorveu o raio e o lançou de volta, Cecélia recebeu o corisco no peito e foi arremessada varios metros para trás.
Zeniba caiu ajoelhada, fumaça saindo de seus ouvidos.
— A Senhora está bem? — Tanya perguntou.
— Eu acho que não, ela é jovem e forte.
— Se afastem! — Edmundo pediu e correu para cima da bruxa.
Cecélia se surpreendeu quando o menino se atirou sobre ela, a boca de Edmundo se encaixou sobre o ouvido da mulher e ele com a voz duplicada pronunciou "DOR".
Cecélia arregalou os olhos, escancarou a boca e berrou a plenos pulmões sentido a pior das dores em todo o corpo.
(Próximo capítulo: O Final)
📚Glossário:
1. Ayrá: Orixá dos raios.
Q pena já tô ficando órfão da saga.
ResponderExcluirMeu deus que tesão! você não tem ideia como meu celebro se reage a essa novela, finalmente posso dormir com paz no coração e na cabeça também. Kk dlç ♥️👀
ResponderExcluirCaprini meu lindo, pelo amor de Oxum, posta o último por obséquio! Cara eu amei essa novela. Tô ficando doida aqui já! Kkkkkk olha não quero pressionar, só dizer que to com crise de ansiedade! Culpa sua! Quem mandou ser talentoso! Seus embalaram a minha gestação pois tive que ficar de cama pelo alto risco. Então quero te agradecer por compartilhar conosco seu talento. Minha BB está com um mesinho. Era incrível eu quando em algum momento difícil começava a ler e isso me distraia. Que minha mãe Oxum sempre te proteja abençoe e ilumine pelo bem que vc faz na maioria das vezes sem saber. 💖
ResponderExcluircaprini quando sai o capitulo final....estou anciosa ...obg vc e maravilhoso
ResponderExcluirEu estive muito atarefado, mas o ultimo saira agora dia 14 de junho
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