BÚFALO SANDARA - Capítulo 10





Capítulo 10
"A Biga"

☆I
Kikelomo saltou para trás, a boneca presa sob o braço e uma mão estendida na frente do corpo.
— Eu não quero ter de fazer isso Zeniba, não me force.
Zeniba caminhou para frente, seu olhar pousou em Meli ali desacordada na margem enlameada do rio, saltou o corpo da garota e foi ate o macaco.
— Você não tem nenhuma tipo de moral? Fazendo a Menina de idiota... se ela usar muito os dons pode até morrer, sabia que ela sofre do coração?
— Moral? Você vai mesmo falar isso?
— E o quê me desabona?
— Um unica coisa, não foi você que enganou o tal Sandara? — Kikelomo riu.
— Os fins justificam os meios.
— Qual é Zeniba... você fingiu ser Olodumare, fez aquela palhaçada toda de aparição alá "sarsa ardente", ficou enfiando aqueles sonhos na cabeça do homem...
Zeniba arregalou os olhos.
— Como sabe disso?
— Bambó não é de guardar segredos. Até hoje eu me pergunto como Sandara não desconfiou? Como pode ser ingênuo a ponto de crer que Olodumare iria vir pessoalmente pedir que uma mulher fosse morta?
— Eu sou boa atriz, sempre fui. — ela fez um biquinho zombeteiro.
— Olodumare devia ter te esmagado.
— Porque ele faria isso? A única parte falsa foi eu ter fingindo ser ele, mas todas as memórias que mostrei a Sandara eram verdadeiras. Olodumare entendeu meu lado, o desejo de justiça...
— A unica coisa que tem pra entender é que você é uma covarde! Se queria sua irmã morta era só ter ido atrás dela, mas não, você nunca teve peito pra enfrentar Enobária.
— Me dê essa porra. — Zeniba rosnou apontando para a boneca.
—Porra? Ah... vou contar a sua mamãe e ela vai lavar a boca com sabão.

Zeniba fechou os olhos e franziu a testa por um momento, quando os abriu novamente exibia iris em fenda verdes claras, olhos de cobra.
— Ah você é mesmo puta! Uma puta! — Kikelomo gritou — acha que ninguém vai perceber se fizer bagunça! É melhor parar enquanto é tempo.

Ela abriu a boca, foi abrindo mais e mais deslocando o maxilar como uma jibóia, então uma cabeça de serpente surgiu no fundo de sua garganta.
— Que merda é essa? — Kikelomo se espantou.
Zeniba inclinou a cabeça e a serpente negra de cerca de um metro e meio deslizou por sua boca e caiu no solo com um baque úmido. Ela se abaixou e segurou no pescoço da cobra.
— Mogbójúri, agora é a hora.
A serpente endureceu, acima da cabeça em cerca de quinze centímetros e depois se afinou de modo a ter a aparência de uma espada. Ela olhou para Kikelomo com a expressão fria e tão rápido que a visão humana não poderia captar, saltou sobre ele, o macaco pulou no exato momento que a árvore que estava explodiu em uma nuvem de destroços.
— Eu... não sou... uma garotinha que você pode manipular macaco. — Zeniba ergueu a espada — Me dê a boneca.
— Venha pegar.

Zeniba se moveu novamente em uma velocidade extraordinária e por poucos centímetros não agarrou o macaco enquanto ele saltava para trás.
— Zeniba eu vou te dar só mais uma chance.
— Não dê, eu vou fazer o que tenho de fazer.

Kikelomo colocou a boneca encostada nas raízes de uma árvore, então avançou contra a mulher, ela passou a brandir a espada para todos os lados mas não o acertava, o macado saltava, se abaixava e corria de um lado para o outro desviando de todos os golpes, por fim aproveitou um descuido e com um chute com sua perna fina e curta atingiu a lateral do joelho esquerdo de mulher quebrando-lhe a perna.
Zeniba caiu sentada com um ganido de dor, mas o macaco não teve tempo de se afastar, em um relance viu as pernas da mulher se unirem e enegrecerem, Zeniba girou na cintura e exibiu a parte inferior do corpo na forma de um rabo de serpente, saiu em desparada rastejando sinuosa na duração da boneca mas quando Zeniba esticou o braço para apanha-la Kikelomo saltou sobre ela com os dedos indicadores de suas duas mãozinhas esticados como agulhas, Zeniba berrou quando as as garras dos dedos foram fincadas em seus olhos. Kikelomo usou os pés para se prender ao pescoço dela enquanto apertava mais os dedos nos orifícios oculares, o sangue jorrava pelas bochechas, Zeniba cheia de desespero tentou golpear o macaco com a espada, mas ele saltou antes e ela foi vítima do próprio golpe abrindo um enorme corte na testa.
— Eu vou ter a consideração de não lhe matar, nós já fomos amigos um dia e é por isso que não vou fazer o que estou com vontade. Mas se cruzar meu caminho de novo vou abrir sua barriga e me banhar nas suas tripas. — Kikelomo disse enquanto apanhava a boneca e se afastava.

Zeniba golpeava a esmo brandindo a espada e berrando alucinada totalmente cega.
O macaco foi até Meli e murmurou algumas palavras, imediatamente o corpo da garota se elevou flutuando a meio metro do chão, ele então seguiu caminhando com a boneca no colo e com Meli a reboque.
— Eu vou achar você! Eu vou matar voce! — Zeniba gritava desesperada.
Kikelomo olhou para trás e não pôde evitar de sorrir.

☆II
Tanya e Edmundo viajaram montados no lombo búfalo por mais quatro horas, seguiam o curso do rio pela estrada que bairava as águas, o animal ia em velocidade baixa para que os solavancos não causassem dor nos dois, mas após quatro horas a noite havia chego e se fez necessário parar para descansar.
— Por Deus... minha virilha está em petição de miséria... — Edmundo desceu no búfalo e caminhou alguns passos com as pernas muito abertas.
— Eu estou acostumada em cavalgar no pelo. — Tanya piscou para o rapaz enquanto descia e caminhava normalmente.
— Depravada! — Ele riu.
Tanya colheu galhos secos e palha a margem da estrada, os amontoou e então concentrou seu pensamento nas mãos, imediatamente a mão direita se tornou metálica.
— O que vai fazer? — Edmundo perguntou.
— Observe. — Ela se abaixou ao lado do monte seco e estalou os dedos de aço produzindo faíscas, a fogueira foi acesa.
Obá havia lhes dado duas bolsas cheias de comida e uma terceira com ferramentas, entre elas uma pequena panela de ferro. Tanya a encheu de água e cozinhou na fogueira algumas batatas com pimenta, com um espeto assou dois bifes de carne de carneiro apimentada, era o suficiente para o jantar. Após terem comido avisou:
— Faça as camas, vamos pernoitar aqui mesmo. Eu vou levar o búfalo para beber água e pastar, mais para frente há capim-gordura e eu sei que vacas amam, acho que búfalos devem gostar também, eu volto logo.
Edmundo concordou e já começou a trabalhar enquanto ela removia as bolsas do lombo do búfalo.
Sandara achou estranho o comportamento da mulher mas a seguiu assim que ela o chamou. Tanya ia cantarolando como quem não quer nada mas quando chegaram a uma distância longe o suficiente para Edmundo não ouvir ela se virou e encarou o animal.
— Certo, vamos deixar claro, seu nome não é Awada, é Sandara.
O búfalo ergueu a cabeça e a olhou indiferente, depois se dirigiu entrou por entre altas moitas até chegar a água do rio onde começou a beber.
— Sandara, pode confiar em mim — Tanya se aproximou falando baixo — Obá não teria lhe enviado se ela mesma não soubesse de sua índole. Eu não vou contar a Edmundo, mas preciso saber se é mesmo você.
O búfalo a ignorou completamente continuando a beber água.
— Pode parecer maluquice minha... — Tanya pôs as mãos na cintura — Mas eu acho que você é sim Sandara. Mas... para que eu não insista em maluquices... vou chamar Edmundo e pedir para ele usar aquele dom que ele tem, vou pedir que ordene a você revelar a sua verdadeira identidade, você sabe que poucos resistem a voz dele. Se eu estiver louca e você for apenas um búfalo muito bonzinho chamado Awada... não vai acontecer nada... se não for... vamos ver.

Ela se virou e deus alguns passos mas parou quando ouviu um farfalhar de tecido.
— Por favor, espere.
Tanya se virou e o viu, Sandara nu cobrindo a virilha com a capa de couro negro.
— Então é você mesmo. — Ela disse orgulhosa.
— Como soube?
— Está para nascer quem faça uma filha de Ogun de trouxa. De repente surge um búfalo domesticado e que simpatiza com Ed? E ele nos leva por ai sem reclamar? Ora Sandara, era óbvio.
— Edmundo também desconfia? — Ele perguntou desconcertado.
— Não. Não que Edmundo seja trouxa por não ter desconfiado, acho que ele apenas... não acredita...
— Ele não acredita que eu faria algo assim para estar perto dele. — Sandara sentou em uma pedra na margem do rio.
— Ele não tem culpa disso, toda a situação...
— Eu sei. Você... você é amiga dele de verdade não é? Ouvi vocês conversando, ele fala com você com o mesmo tom que usava com Jacqueline.
— Sim, somos família agora, moramos juntos já a mais de dez anos, é como se fossemos irmãos. — Tanya deu alguns passos para frente e sentou em outra pedra.
— E... como foi? Como ele estava quando você...
— Quando o conheci?
— Sim...
— Ele estava destruído. Ficou em um estado de quase insanidade por pelo menos três anos.
— E o dinheiro? Ele usou o dinheiro que eu deixei?
— Você deixou dinheiro pra ele? — Tanya se espantou.
— Deixei quinze mil reais em um envelope, assinei como se fosse de Enobária.
— Sim ele achou esse envelope no porão...
— Em cima da vitrola quebrada de Sidney, foi onde deixei.
— Sim, jutando com a pensão de Meli ele pode se manter por um bom tempo.
— E depois que o dinheiro acabou?
— Depois eu achei no quarto que era de Enobária um diário onde ela havia escrito uma série de receitas de infusão de ervas...
— As garrafadas de Oxumarê?
— Sim. Dei a ideia de ele abrir uma pequena loja na frente da casa e vender aquilo, eram poções de fácil venda, coisa pra fazer crescer cabelo, curar bronquite, tirar dor de dente... ele gostou da idéia e tem ganho um bom dinheiro com isso.
— Ele... ele tem namorado? — Sandara perguntou com a voz tão baixa que Tanya se inclinou para frente a fim de ouvir.
— Não, nunca teve. O Everardo, filho da Cida boleira, demonstrou interesse mas Ed não deu bola. Ele sente muita raiva quando pensa em romance.
— Raiva de mim? — Sandara olhou para Tanya com a expressão cheia de tristeza.
— Raiva de si mesmo.
— Porque?
— Porque ele ainda te ama.

Sandara ouviu aquilo e sentiu o coração esquentar como se fosse posto sobre o fogo.
— Voce quer me contar o que realmente aconteceu? —Tanya perguntou.
— Eu conto sim, mas em outro momento, ele está vindo. Você... vai manter segredo?
— Dou minha palavra.

Ele vestiu a capa e de repente tomou a forma do grande animal, um segundo depois Edmundo se aproximava por entre o mato alto da margem do rio.
— O fogo apagou, e eu não sei acender... — olhou para Tanya com olhos grandes de pidão.
— Tudo bem, vou acender. Awada — Ela virou o rosto e piscou para o búfalo — Quer comer batatas cozidas?
O búfalo ergueu a cabeça lentamente em  afirmação.
— É, Obá estava certa, ele entende a nossa língua. — Edmundo se impressionou.

Comeram todos os três quilos de batatas, foi necessário cozinhar tudo pois o búfalo comia em grande quantidade. Edmundo dormiu com a barriga cheia e quente, deitou em uma das esteiras e praticamente desmaiou, Tanya viu que o amigo ressonava então olhou para o búfalo e apontou para o alto, instantes depois Sandara em forma humana estava com Tanya sentado em um dos galhos da copa da árvore bem acima de onde Edmundo dormia, estavam bem próximos um do outro para poder falar baixo o suficiente para o rapaz não acordar.
— Me conte o que aconteceu naquele dia, qual é a verdade? — Tanya perguntou.
— Quer saber sobre o dia da chacina?
— É. Qual é — Tanya bateu o ombro contra o dele — eu to curiosa pra caramba, por dez anos ouvi que você era o próprio serial killer, então ontem a tal Eulália veio e disse que você agiu em legítima defesa... qual é a historia verdadeira?
Sandara suspirou aborrecido mas contou.
— Três anos antes daquele fatídico dia eu fui informado a respeito da real intenção de Enobária. O plano dela era absorver os dons divinos dos quatorze filhos para assim se tornar Orixá.
— E isso é possível?
— Não sei se é, mas ela realmente ia tentar.
— Quem o te contou?
— A princípio achei que era o próprio Olodumare, que ele havia me incumbido da missão de parar Enobaria, mas não era verdade.
— Como assim?
— Fui enganado. Foi uma armação para me fazer acreditar que a ordem tinha vindo do altíssimo. Eu fui muito ingênuo.
— Armação? Quem armou isso?
— Zeniba.
— O quê? — Tanya falou alto e Edmundo gemeu no sono.
— Fale baixo. — Sandara pediu.
— Desculpe. Mas explique isso, como assim foi Zeniba? Ela fez você matar a própria irmã?
— Fez.
— Então foi tudo mentira? Enobária não era má?
— Ela é má, Zeniba só mentiu enquanto a sua identidade, do resto foi tudo verdade. passei três anos tomando coragem.
— Puxa vida, porque demorou tanto?
— Qual é? Acha que é assim? Que alguém diz "vai lá matar sua mãe" e você corre da um tiro na velha?
— É... deve ter sido difícil.
— Pois foi, eu arranjei um emprego para Edmundo na secretaria da escola que eu dava aula pra poder ficar perto dele, proteger ele, sempre vigiando, vivia com medo, medo de Enobária machucar ele, medo de eu machucar Enobária, sempre com medo. Então chegou o dia, eu a confrontei sobre os planos, revelei que sabia de tudo.
— E então?
— Primeiramente ela negou, disse que eu estava louco, então eu disse que se era o caso ela não se incomodaria se eu fosse embora e levasse junto Edmundo.  Ai a coisa ficou feia, foi bizarro, ela me olhou com uma expressão cheia de ódio e começou a falar em língua de cobra, sibilava sabe?
— Tipo "heshiasha" — Tanya imitou a ofidioglossia dos filmes de Harry Potter.
— Não, isso ai não é nada parecido, era como "siiiii" e "ziiiiishieeeeen", — ele pronuncio com a língua entre os dentes — sei lá, palavras em língua de cobra. Ela de algum modo assumiu o controle sobre todos os meus irmãos, passaram a me atacar usando seus dons. Tive de me defender ou então teria morrido. Tive de silenciar um por um antes de enfrentar a desgraçada, e Deus sabe o quanto me custou matar eles.
— Cara que coisa... e porque a língua de cobra não controlou você? — Tanya quis saber.
— Porque eu sou filho de Oyá.
— E Oyá é imune a cobras?
— Não, é que... bem, lá no Brasil se fala que Oyá se transforma apenas em búfalo e em borboleta, mas na verdade ela também se torna uma serpente se quiser, ela pode se tornar qualquer animal, é da natureza dela ser a grande deusa da fauna.
— Nossa... eu não sabia disso...
— É, então quando Enobária usou o feitiço na língua da cobra, pra mim não foi nada, já para os outros foi avassalador.
—  E depois que você matou todos, como lidou com ela?
— Nós lutamos mas por fim a matei com uma espada cravada no abdômen, pelo menos achei que tinha matado. Pelo visto a alma dela está intacta dentro da boneca de Meli.
— Sim. Mas me diga, como você chegou ao Orun?
— Assim que matei Enobária eu gritei por Olodumare, afinal eu acreditava que ele havia me enviado aquela missão horrenda. Então finalmente Olodumare apareceu, e eu me espantei muito quando o vi. Ele me disse que esteve observando tudo, mas que não foi ele que me pediu para fazer aquelas coisas.
— Ele estava observando e não impediu? — Tanya se admirou.
— Sim, Olodumare tem uma Política de "não interferir nos caminhos dos homems", uma babaquice.
— E o que aconteceu depois?
— Minha mãe Oyá surgiu, ela apareceu na cena do crime e me levou embora, não queria que eu passasse o resto da vida na cadeia e sabia que...
— O quê?
— Após matar meus irmãos eu... ora, não foi como se tivesse simplesmente superado em quinze minutos. Eu fiquei meio doido por um tempo. Foi por isse Oyá me trouxe para viver aqui, para me recuperar.
— E você pretendia voltar?
— Voltar pra terra? — Sandara se admirou da pergunta.
— Sim.
— Não. Como eu poderia?
— É... que vida a sua Sandara... mas... agora que eu sei como tudo realmente foi, acho que posso ajudar.
— E que tipo da ajuda pode oferecer?
— Posso por Edmundo no caminho certo.
— E qual caminho seria esse?
— O seu, é claro. — Tanya piscou.

☆III
Logo cedo Edmundo acordou, comeu canjica fria em uma marmita de cabaça,  bebeu garapa de cana e chá de *Isapa*, depois foi se lavar no rio ficando um tanto perturbado ao perceber que o búfalo Awada o ficava encarando enquanto estava nu.
— Eu acho que esse búfalo é pervertido. — comentou mais tarde montado em cima do lombo do bicho.
Tanya que se sentava logo atrás riu e não respondeu nada. Já passava do meio dia quando viram uma divisão na coloração da terra, até Onde estavam o solo era de terra avermelhada tal qual argila usada na fabricação de tijolos, porém três metros a diante havia uma divisão perfeita para o solo de terra de cor marrom clara.
— Awada isso é uma fronteira? Dali pra frente é as terras de Oxum? — Edmundo perguntou.
O Búfalo balançou a cabeça em afirmação, então seguiram viagem por mais alguns metros, até que viram respingos de sangue recente na terra e nas pedras da margem, o solo parecia revolvido, marcado com estrias como se uma grande corda ou chicote o houvesse atingido repetidas vezes.
— Isso... Awada isso é marca de serpente? — Tanya perguntou.
O búfalo acenou em concordância.
— Como pode ser uma serpente? É muito grande, para fazer marcas assim ela tinha de grossa como um tronco de árvore. — Edmundo comentou.

Sandara ia lentamente quando sentio aquele cheiro, uma fragrância doce de perfume de *osibata* da Ásia, então sem pestanejar deu uma guinada para a direita saindo da estrada de terra na margem do rio e adentrando pela floresta, foi galopando entre as árvores, Edmundo e Tanya tiveram de se abaixar muitas vezes esquivando de galhos baixos.
— Awada porque está indo por aqui? — Edmundo perguntou.
— Ele quer evitar encontrar Oxum. Mais a diante está a cidade de Ijimu, e Oxum quando põe os pés nessa cidade fica amarga. É bem verdade que Oxum é uma Deusa jovial e de humor sempre elevado, mas nas terras de Ijimu ela se torna... uma mulher rabugenta e maliciosa, então Awada vai nos levar por um caminho mais rápida rumo a segunda cidade, que é a grande cidade de Opará. — Tanya respondeu.

(Aqui meus caros devo explicar, afinal muitos que lerão essa aventura não são acostumamos com a Africanidades. Os Orixás tem algo que na África se chama *Ibú* mas que no Brasil chamamos de "qualidades", isso é o mesmo que os *avatares* dos deuses indianos, ou seja, são diversos tipos de manifestações de uma mesma divindade que dependendo do local onde se manifestou ganha um tipo de personalidade diferente. O mesmo Orixá pode ser jovem ou velho, dócil ou arredio, amável ou perverso, tudo isso muda drasticamente de acordo com a qualidade. Ao se observar um Orixá deve-se levar em consideração esse fato, caso contrário não é possível compreende-lo.)

— E como é que você sabe disso? — Edmundo perguntou.
Tanya percebeu que havia falado demais, como é que explicaria que Sandara havia lhe dito todo o trajeto na noite anterior?
Felizmente não teve de explicar nada pois a atenção foi desviada para um som, era como o tilintar de guizos ou o badalar de pequenos sinos, Sandara deu uma guinada e passou a galopar a toda, as bolsas que trazia no lombo faziam som metálico com seu conteúdo sacolejando, Edmundo tombou para frente e agarrou os chifres do animal para não cair, Tanya tombou para trás e só não despencou pois contava com a força dos joelhos prensando as ancas do bicho.
— Awada! Pare! Está muito rapido! Não corra! — Edmundo gritou.
As árvores passavam como borrões, o som dos guizos se tornava cada vez mais audível, então Tanya olhou para trás, a imagem que viu foi qualquer coisa de surpreendente, havia uma biga feita de puro ouro, o par de rodas era enorme e era puxada por três pares de onças pintadas ou jaguares ou quem sabe leopardos, por Deus quem é sabe? Mas eram amarelos, pintados e muito grandes. Quem conduzia a biga era uma anciã, a pele preta muito escura e nitidamente flácida nos braços, uma grande coroa dourada com *iboju* espesso impedindo que o rosto fosse visível por completo, brandia as redeas furiosa gritando "*Sare! Sare! Sare!*" com a voz aguda, Tanya viu que o som de tilintar vinha das muitas pulseiras douradas que a anciã usava e que batiam umas nas outras conforme a biga balançava.
— Awada! Oxum Ijimu está atrás de nós! — Tanya gritou.
O búfalo acelerou, corria como o vento, mas Oxum Ijimu não desistia, vinha a toda e os felinos a seu comando chiavam como gatos do mato.
— Porque está correndo tanto? É minha mãe! Awada Oxum é minha mãe! Pare! Ela não me fará mal! — Edmundo pediu.
— Você não é de filho de Oxum Ijimu! Você é de Oxum Ipondá Edmundo! — Tanya gritou.
— Oxum é a mesma independente do nome! — Edmundo respondeu.
— É mesmo? Então olhe pra trás!

Edmundo virou a cabeça o máximo que pôde e comtemplou com profundo espanto a figura, era de fato belíssima mesmo sendo notável que era idosa, porém havia algo que nela que fazia o coração gelar de medo.
— Corre Awada! Corre! — Edmundo gritou desesperado.
Mas Sandara não tinha como correr mais que os felinos e logo a biga estava a direita deles, Oxum Ijimu segurando as rédeas com uma só mão e empunhando uma grande espada dourada com a outra falou, a voz soou muito alta mas ela não gritava, era como se a boca da Orixá estivesse rente a seus ouvidos:
— Três corpos de carne! Três corpos de osso! Na minha terra não hão de passar sem permissão! Ou param agora ou eu hei de parar os três do meu próprio modo!
Mas Sandara não parou, tentou cortar para a direita mas assim que deusa percebeu o que ele planejava atirou a espada para frente, a lamina voou como um bala atingindo o tronco de uma árvore que tombou bloqueando o caminho que o búfalo pretendia tomar.
Sandara bufou e foi diminuindo o ritmo até parar, não havia alternativas.
— Senhora... Ora Yeye o! — Tanya disse enquanto desmontava do animal.
— Ora não, ore. — Oxum Ijimu corrigiu.
— perdão? — Tanya olhou para cima, agora já ajoelhada e pronta para dar foribalé.
— Você é brasileira, não dá pra fingir que não. — Oxum Ijimu se mostrou aborrecida.
— Sim... sou.
— É claro que é! Vocês brasileiros estão já a duzentos anos me chamando de gorda! É sua tola, "Ora" quer dizer gorda! A minha saudação é Ore Yeye, "Ore" quer dizer bondosa. Mas porque raios eu teria de ser bondosa com quem me chama de gorda?! Eu já enviei dezenas de pessoas para a sua terra, pessoas com informações para ajudar a corrigir essas asneiras, mas vocês não se emendam... me ofendendo enquanto acham que estão me louvando.
— A senhora me perdoe, eu não sabia que a pronúncia estava errada... — Tanya deu o foribalé e ficou em pé.
— E o que você sabe? Um grande nada. E você garoto, vai ficar ai olhando para minha cara empacado como um asno velho? Dê logo o foribalé, ou não dê, não vai fazer lá muita diferença.

Oxum Ijimu sentou-se de pernas cruzadas sobre uma aba na lateral da biga.
— Senhora... mãe... — Edmundo disse temeroso.
— Antes de começar o blábláblá, pois já vejo que sua intenção é essa, vá lá e pegue minha espada.
— Eu?
— Quer que eu, uma deusa, vá pegar? Mexa esse traseiro ossudo, ande!

Edmundo correu até a árvore caída e com muita dificuldade removeu a lamina fincada na madeira, era uma espada curta mas muito pesada. Ele voltou correndo e com uma reverência entregou a espada a Orixá.
— Vocês tem alguma relação com Zeniba de Yewá?
— Bem... Nós a conhecemos sim senhora, ela é nossa amiga de longa data. — Tanya respondeu.
— Estavam com ela quando desrespeitou as minhas terras?
— Hã? Não senhora... a última vez que a vimos foi antes de vir para o Orun.
— Sei... sabem que é crime guerrear nas terras de um Orixá, não sabem?
— Não sabíamos... mas de todo modo nós não guerreamos nada senhora...
— E o sangue? Sabe algo sobre o sangue?
— Se refere as manchas de sangue na terra ali atrás? Não sabemos nada. — Tanya falou temerosa.
— Mas a senhora não tem o poder de ver o futuro? Devia saber, não? — Edmundo respondeu ácido, estava desgostoso pelo tom autoritário da mãe.
— Houve uma interferência, magia obscura, isso enublou minha visão sobre o tempo, então o que me resta é perguntar. — Oxum Ijimu respondeu com o queixo duro.
— Mãe...
— Sim meu filho, diga. — a Deusa revirou os olhos.
— Porque a senhora está tão desagradável? Sei que não é assim...
— Não, não sabe não. Eu sou assim. obviamente que não todo o tempo, na verdade só fico assim quando estou nesta região.
— Então... nós podemos ir para outro lugar.
— Se eu for irei quando quiser, não por conselho seu.
— Mãe... — Edmundo a fitou com os olhos marejados.
— Diga logo rapaz.
— Porque... porque a senhora não me ajudou quando lhe pedi?
— Ed, não é hora pra isso. — Tanya cochichou.
— Não filha de Ogun, deixe ele falar.
—  Porque nunca trouxe paz ao meu coração quando lhe supliquei? Passei anos no escuro sem conseguir me... — Edmundo tentou falar.
— Ora você me toma por alguma tola? — Oxum Ijimu respondeu com um sorriso em uma expressão similar a que se usa quando se fala com crianças muito novas.
— Tola? Não, eu não quis dizer isso...
— Pois então é você que é tolo. Me diga Edmundo, porque eu daria dádivas expressivas a qualquer humano? Me de um motivo, um único motivo plausível.
— Porquê... porquê a senhora tem poder pra isso. Já não motivo suficiente? Usar seus poderes para ajudar quem precisa?
— Mas eu ajudo, quando estou me sentindo caridosa concedo graças a alguns poucos que julgo serem razoavelmente merecedores.
— E eu não era um deles?
— Não. — Oxum respondeu firme.
— Mas eu não sou seu filho? E além disso seu descendente?
— Sim voce é, mas... você é humano demais, e isso me afasta.
— Como assim? A humanidade em mim a afasta? A senhora fala como se ser humano fosse defeito.
— E é. — falou com asco.
— Eu não compreendo.
— Me diga uma novidade. — Oxum Ijimu zombou — Sabe quantos anos eu tenho Edmundo?
— Dois mil e quinhentos? — ele respondeu com dúvida.
— Ah você fala isso só porque sou bem conservada, muito galante de sua parte. Na verdade eu fui criada a cerca de trezentos mil anos atrás. Eu testemunhei a humanidade dar seus primeiros passos sobre a terra. Não existe decepção maior que o ser humano.
— Eu não acho... — Ele respondeu com a voz fraca.
Oxum inclinou o corpo para frente e arregalou os olhos de iris douradas, mesmo através do iboju era assustador.
— Eu estou olhando para você Edmundo, não só para seu corpo de carne, eu vejo tudo o que está na sua alma. Você é como a maioria dos meus filhos, eles acreditam cegamente que são pessoas maravilhosas e que eu os apoio em tudo. Quanta ilusão... Mas falando de você especificamente, quando Sandara desapareceu e você ficou se lamentando sobre a morte de seus outros irmãos, como ficou Meli? Você cuidou bem dela?
— Eu...
— Não, você só passou a cuidar dela depois um ano, a menina passou fome, frio e usou roupas sujas, teve uma infecção urinaria e tudo mais, foi essa filha de Ogun quem cuidou dela. — Oxum Ijimu apontou para Tanya.
— Mas eu estava de luto!
— Egocêntrico, egoísta. Ela tem síndrome de down, você se tornou a única família que ela tinha. Se Tanya não tivesse aparecido, Meli teria sido levada para um orfanato pelo conselho tutelar, isso tudo porque você estava mais ocupado tendo dó de si mesmo, pobrezinho.
— Eu... eu não estava lúcido na época.
— Estava sim. Eu estava te observando, ouvi cada prece que você fez. Garoto você tinha uma casa própria e condição de se sustentar por um ano sem ter de trabalhar, que ajuda queria de mim? Que eu decesse dos céus, lhe apanhasse no colo e dissesse "ah coitadinho do meu bebê"? Acorde. Nem por um segundo pense que eu sou a trouxa que as lendas que seu povo conta faz parecer que sou.
— Minha augusta Senhora — Tanya interveio ao ver a expressão de choque do amigo — Ouvi falar que está sua versão que é chamada de Ijimu não é boa em socializar. Eu rogo a senhora que nos permita seguir para a proxima região, então lá se for possível nós... gostaríamos de...
— Ora cale essa boca. — Oxum Ijimu se ergueu e já ia subindo a biga.
O búfalo se próximo de Tanya e a empurrou com a ponta do focinho a fazendo entender que ele queria ficar a sós com a Orixá.
— Venha Ed, Awada quer falar com ela sozinho.
— Mas como assim? — Edmundo protestou enquanto a amiga o puxava para entre as árvores.
Assim que Sandara percebeu que haviam se afastado o suficiente tirou o capa de couro se tornando homem e imediatamente caindo de joelhos diante da deusa.
— Em que patifaria está metido agora Sandara? E porque não parou quando percebeu minha presença? —  Oxum Ijimu perguntou.
— Ilustríssima... Me perdoe por ser tão franco, mas há momentos onde se faz necessário. A senhora, que é sem dúvida a mais honorável entre todas as rainhas desde e dos outros mundos... se torna uma megera pavorosa quando está com os pés perto da aldeia Ijimu.
— Pavorosa? — a deusa repetiu achando graça.
— Como eu poderia arriscar? Ou vai negar que não há risco para os que a encontram assim? Bem sei que recentemente três filhos de Oxóssi perderam as cabeças na lâmina da tua espada.
— Eles foram petulantes.
— Imagino que sim, mas aquele seu filho, que é a pessoa que mais amo em toda a minha existência, não merece ter o primeiro contato com a mãe amada com ela estando tal qual uma víbora, e não me olhe assim, a senhora e dotada de dons o suficiente para saber que a intenção de minhas palavras é verdadeira. Se ele houvesse sido petulante também perderia a cabeça?
— Com toda a certeza que sim.
— Então lhe peço, saíamos daqui, a próxima cidade das suas terras é Karê, lá Edmundo poderá conhecer a mãe Oxum a qual tanto preza em uma manifestação mais... branda.
— Maldito filho da louca... — a deusa murmurou.
— Ah senhora, e se for possível eu gostaria de pedir que não revelasse a minha verdadeira identidade. Edmundo ainda não está pronto.
— Tudo bem, afinal pelo visto eu sou uma víbora não é mesmo? Melhor não magoar mais o moleque, afinal ele é feito de açúcar. Ande, vamos logo para Karê.

☆IV
O búfalo galopava com a dupla montada ao lombo, ia em um ritmo comedido lado a lado com a biga da deusa, as patas do grande animal eram ruidosas em contato com o chão em contraste com as patas almofadadas silenciosas dos feninos que puxavam a biga. Edmundo olhava para o lado um tanto tímido, aquela bruxa era qualquer coisa, menos a sua mãe, se recusava a aceitar isto.
— Pare de encarar, ela não vai gostar. — Tanya cochichou.
— Eu queria saber o que Awada falou pra ela, eu achava que ele não podia falar, só ouvir.
— Eu acho que ele não pode falar conosco, já com ela deve poder. — Tanya mentiu.

A corrida prosseguiu por mais meia hora, então Edmundo que ainda encarava a Orixá viu que a aparência dela estava mudando.
— O que está acontecendo com ela?
— Estamos saindo das terras de Ijimu, ela está se transformando na forma da caçadora. — Tanya falou.

E era verdade, conforme o território de Ijimu ia acabando e a aldeia Karê se aproximava, Oxum mudava, Edmundo observou impressionado a pele flácida da anciã se recolher e se tornar firme e viçosa, a coluna encurvada se tornar ereta, a coroa sobre a cabeça diminuir e se tornar apenas uma tiara presa a um turbante alto de tecido dourado, não havia mais iboju cobrindo o rosto, a face se tornara jovem e com traços delicados, nariz largo mas pequeno, olhos grandes de íris ambar, lábios fartos pintados de cor de rosa, mas a mudança mais marcante era a expressão, Oxum não estava mais sombria, agora era como uma mulher cheia de carisma, sua beleza óbvia a fazia parecer mais como uma pintura do que uma pessoa, então ela fitou Edmundo e sorriu, sorria com os lábios e também com os olhos.
— Ela está muito bonita...
*Kare* o! Kare o! Ayabá Odé! — Tanya gritou saudando Oxum.
A deusa retribuiu com um sorriso largo, era como se agora fosse outra pessoa.

Edmundo e Tanya ficaram muito surpresos ao chegar na aldeia Karê, não era nada parecido com Elekô, ali as casas eram de tijolos de barro branco e construídas de modo similar a iglus gigantes com muitos pavimentos internos e com apenas um pouco de palha no topo que parecia ser apenas para fim ornamental, a maior diferença também era a quantidade de pessoas, só ali na praça da entrada deviam haver pelo menos seiscentos homens e mulheres ricamente vestidos com túnicas ou amarrações de tecidos azuis e dourados, haviam também inumeros gatos, onças, jaguatiricas e leões montanha circulando livremente entre as pessoas.
Assim que Oxum chegou muitos vieram a seu encontro lhe saudando com foribalé, um rapaz baixinho de pele parda e olhos verdes veio correndo e pegou a rédeas da biga enquanto a deusa descia.
— Obrigada Ọ̀ṣúnṣàmì, ah e por favor leve *Ofeefee* para ver a *Oonisegun*, ela está grávida, mas espere um momento.

Edmundo ficou espantado com os novos modos da deusa, a voz estava suave  e ela falava com polidez e educação com o rapaz.
— Venha cá *Omilayó*. — Oxum Karê olhou para Edmundo.
Ele deu alguns passos para junto dela ficando surpreso por ela o ter chamado por seu orukó, ainda assim deu passos tímidos ainda temeroso de que Oxum se tornasse novamente aquela anciã amarga.
— S-sim?
— Sim? — Oxum ergueu as sobrancelhas — Filho, não hei mais lhe atormentar com minhas palavras duras, mas ainda assim tenho de lembrar que ao falar comigo se deve usar linguagem de estilo real. Se não souber estilo real em Yoruba, use o da sua língua nativa.
— Me desculpe, é que fiquei meio sem saber o que dizer... posso... posso começar de novo? — Edmundo pediu.
— Certamente.
— É... Minha amada e *equânime* senhora...
— Ah não seja abusado... — Oxum Karê não pode evitar de rir — venha conhecer Ofeefee.
Edmundo foi até a mais velha das onças que puxava a biga, era mais corpulenta que as demais e a parte inferir do corpo exibia grandes tetas caídas mostrando já ter amamentado muitos filhotes.
— Toque nela, na cabeça. — Oxum ordenou.
— Mas... mas e se ela me morder?
— Não vai, Ofeefee é treinada para reconhecer quem é meu filho.
Ele acaricia a cabeça ossuda da onça e ela lhe lambeu a mão com a língua aspera.
— Senhora... porque estava tão má agora pouco? — Edmundo perguntou cabreiro.
— Bom... Quando eu vivi na terra, quando encarnei como humana vivi muitas vidas, a segunda vez que encarnei foi na forma de uma mulher chamada Iyanda, nativa da cidade de Ijimu na Nigéria. A minha vida como Iyanda foi... dura, vivi cerca de cento e vinte anos naquele corpo e... digamos que presenciei coisas terríveis. Quando voltei para o Orun depositei toda a energia e lembranças referentes ao que Iyanda viveu na cidade de Ijumu na terra em uma cidade de mesmo nome no Orun, estávamos bem perto dela. Quando estou lá revivo a dor, a desolação, desilusão... tudo de ruim que passei, então me comporto com rudeza. Percebeu que eu estava sozinha?
— Sim...
— Eu sou aquela que mais tem filhos dentre os Orixás, se nenhum deles me acompanhava é porque sabem que não é bom estar comigo quando me torno Oxum Ijimu.
— E agora a senhora é Oxum Karê?
— Exatamente, sou a Caçadora. Agora venha comigo, quero falar um pouco sobre seu futuro.

📚Glossário:
1. Isapa: flor de hibisco em Yoruba.
2. Osibata: (Oxibata) flor de lótus em Yoruba.
3. Ibú: profundidade, nome também usado para formas de culto de um Orixá.
4. Avatares: corpo humano onde uma divindade escolhe habitar por um período de tempo.
5. Iboju: cortina de miçangas usada para cobrir o rosto e que fazem parte das coroas dos reis e rainhas Yorubas, no Brasil erroneamente chamadas de "filá".
6. Sare: rápido em yoruba.
7. Kare: qualidade/caminho de Oxum cultuado no Brasil e em cuba, porém desconhecido na África.
8. Ofeefee: amarelo.
9. Onisegun: curandeiro.
10. Omilayó: água da felicidade.
11. Equânime: que é de personalidade constante.

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