Lucifer Smeraldina Cap. 16

NOTA DO AUTOR:
Era para ser um conto curto, algo que pudesse ser lido em uma tarde ou até por alguém sentado em um ônibus na volta para casa após um dia de trabalho, porém já chegamos a mais de duzentas páginas em formato de documento, o que daria um livro de cerca de trezentas ou mais. Sim isso se tornou um livro pois pelo visto Tiago, Lucifer, Ahavael, Murilo, Ferrabraz, Karen, Danusa, Tifani, Smeralda e os demais personagens tinham muito mais a mostrar do que eu esperava. Os personagens eu criei, dei o ponto inicial, mas caros leitores é necessario frisar: eles são vivos, eles é que decidem. Queria eu matar danusa no terceiro capítulo, mas acho que ela não quis morrer. Queria eu fazer Lucifer não amar Tiago, mas ele sem minha autorização amou. Eu quis que Ahavael fosse um Anjo mal e interesseiro, mas ele simplesmente nao é assim, ele é o oposto. Queria eu fazer de Ubabaya uma personagem aliada, mas Karen não gostou dela e assim não aceitou.
Vejam como eles são vivos, são reais, talvez não neste mundo, talvez aqui sejam só linhas em um texto, mas em algum lugar eles existem, e espero que este lugar possa ser o coração de cada um de vocês que hoje decidiram ler.
Muito Obrigado, e que a história prossiga.



Capítulo 16
"Lesa a Majestade"

I
É estranho se sentir vazio quando na verdade se está cheio, e ele tinha duas almas zanzando dentro do peito, o que nunca o deixaria vazio, porém estava.
Tiago se aproximou da pia do banheiro, apoiou as mãos na pedra fria, encarou as mãos pálidas e agora delicadas, dedos finos como os de um pianista, seus olhos rapidamente se voltaram para o espelho.
— droga... — ele murmurou para si mesmo.
Olhar aquele reflexo era desagradável, a pele antes bronzeada como a típica cor dos miscigenados brasileiros deu lugar a uma palidez intensa, branco como a neve. Ele aproximou o rosto do vidro e examinou mais de perto, ontem a pele estava apenas pálida mas hoje até as antigas cicatrizes causadas pela acne da adolescência haviam desaparecido, seu rosto era perfeito como o de uma estátua de mármore, cada linha, cada sinal e forma eram perfeitamente delineados.
Isso é o sonho da maioria da população, ser perfeito, Tiago também sempre desejou a perfeição, até por isso ele mantinha um poster do Tom Cruise colado atras da porta de seu quarto da casa antiga, a beleza é o desejo de todos, mas ele queria aperfeiçoar seu próprio corpo e não ver ele se transformar em algo tão... estranho.
Abriu a torneira e molhou as Mãos, passou os dedos molhados entre os fios de seu novo cabelo louro reluzente com ar de profundo aborrecimento, os fios cumpridos até abaixo da cintura e totalmente resistentes a qualquer tentativa de aparo eram uma verdadeira aflição, ali quando ele havia acabado de acordar os cabelos ja pareciam ter sido escovados por um esquadrão de cabeleireiros, cada fio no seu perfeito lugar.

— Não gosta?

Tiago moveu sua visão para a lateral do espelho e viu Drusila refletida, se viro para a ver parada a poucos passos atrás de si.
— Não, eu prefiro meu cabelo preto e curto, assim não parece normal, na verdade parece mais uma peruca.
— Mas não está mal, na verdade...
— Na verdade... na verdade eu agora sou o perfeito clone do Lucifer adolescente, eu sei.
— Ah... certo. Bom, mas quando perguntei se não gosta eu me referia a isto. — ela ergueu levemente a bandeja de prata que trazia nas mãos, havia uma pilha de sanduíches intocados.
— Gosto, mas não estou com fome.
— Faz uma semana que você não se alimenta, isso não é normal, humanos não podem permanecer mais de três dias sem comer, isso faz mal a saúde, suas claviculas estão mais aparentes e suas pernas afinaram.
— Pelo que sei é possível permanecer até vinte dias em jejum e eu sempre gostei de ser magro. — Tiago respondeu ríspido.
— Entendo, mas...
— Pode me dar licença? Eu quero me vestir em paz.

Drusila suspirou exasperada e saiu do quarto, assim que bateu a porta atirou a bandeja no chão do corredor com grande estrondo, foi até o fim  e desceu as escadas rumo a biblioteca, os saltos finos de seus sapatos estalando enfurecidos.
— Ele sabe. — Ela disse assim que entrou.

Lucifer apanhou alguns documentos sobre a mesa e enquanto folheava uma das pastas respondeu.
— Claro que sabe, isso ficou óbvio no terceiro dia que se negou a comer, faz uma semana que não me permite tocar nele de forma alguma, é evidente que sabe de tudo.
— Mas como ele soube?
— Smeralda. — Lucifer deu ombros — eu sinto a energia dela se agitando dentro dele, a mudança de aparência revela isso também.
— Situação complicada.
— Tudo é sempre confuso e complicado, mas acabe a você dar uma solução, afinal você é a especialista em amor.
— Amor é um sentimento fundamentado em ingenuidade, se ele não confia mais isso será difícil.
— Óbvio.
— Então... O que fazer é o mais óbvio também.
— É? Me ilumine.
— Vá lá e assuma tudo.
Lucifer fechou a pasta e encarou Drusila.
— Assumir? Dizer o que? Que ele foi enfeitiçado para gostar de mim?
— Exatamente. — Drusila foi até a mesa começou a organizar os documentos.
— E acha que assumir um ato de vilania vai fazer ele gostar de mim?
— Depende de como você falar.
— Devo então assumir a minha culpa como?
— Como uma vítima.
— Eu a vítima?
— Sim, é uma tática humana, os homens usam com as mulheres, eles as tratam mal e as vezes até as agridem, traem, mas depois choram e conseguem com uma conversinha mole convencer a mulher de que a culpa de tudo é dela e que eles mesmos são as vítimas delas, fazem as mulheres acreditarem que elas não são vítimas e sim vilãs, e a maioria delas cai nessa esparrela. Entendeu o conceito?
— Entendo, mas tem uma grande margem de erro.
— Tem, mas Tiago é uma pessoa de coração doce, lágrimas e uma cara da cachorro abandonado tem grande chance de enublar os sentimentos dele.
— Bom, não há porque não tentar.

Tiago vestiu uma bermuda simples e dentro do banheiro, que era por sinal um cômodo muito espaçoso, começou a fazer alongamentos com uma das pernas apoiada na borda da banheira enquanto flexionava a outra.
Lucifer entrou sorrateiro, mesmo usando botas de sola de dura ele podia caminhar sem fazer som algum, assim que viu o garoto de costas esticando os músculos do corpo agora mais magro e pálido ele parou, aos olhos do anjo Tiago era muito bonito, talvez fosse mais bonito com a pele bronzeada de antes mas ainda assim era lindo. Ele se aproximou na ponta dos pés, os bicos da bota de couro enrugando mudos a cada passo, quando se aproximou levou as mãos até o cabelo longo do rapaz e começou a tecer uma trança com os fios cumpridos e dourados.
— Obrigado. — Tiago disse sem se virar.
— Não há de quê. Nós podemos conversar um minuto?
— Estou ouvindo.
— Tudo bem. Você já sabe que a comida estava adulterada, ficou chateado? — mesmo de costas Lucifer percebeu pelo movimento das bochechas que Tiago sorria — Isso é engraçado?
— A parte de você perguntar se ter enfeitiçado minha comida por meses para manipular minhas emoções ter me deixando "chateado" é sim engraçado. Mas não, não estou chateado, é o puro clichê.
— Clichê?
— Sim, o conto do escorpião e o pato.
— Ah... então acha que essa é a minha natureza?
— Não é o óbvio que o pai da mentira seja um mentiroso?
— Eu não menti, eu sabia.
Sentindo que a trança está firme Tiago se virou e o encarou.
— Sabia? Como assim?

Lucifer ao ver aqueles olhos castanhos sentiu o plano de Drusila escorrer ralo a baixo, sem nem pensar a respeito ele começou a falar com sinceridade.
— Eu não menti, não como costumo mentir. Eu não menti para mim mesmo. Todo o tempo eu minto para mim mesmo, eu digo dentro da minha cabeça "está tudo bem" ou "você não precisa de nada nem de ninguém" ou até mesmo "tudo valerá a pena quando Smeralda voltar", essas e muitas outras, aliás, essas e todas as outras coisas que eu digo a mim mesmo são mentiras. Então eu quis que você gostasse de mim, e nem sei o motivo de eu querer isso, mas eu realmente queria, então tentei mentir, disse por um segundo "ele vai te amar porque você é maravilhoso, é famoso, é bonito e poderoso", esse é o tipo de mentira que eu sempre conto e sempre acredito, mas olhando nos seus olhos eu não acreditei, sabia que você não ia gostar de mim. Mas a questão é que eu precisava ser amado por você.
— Porque?
— Porque a sua aparência e a sua personalidade lambram um eu de antigamente, um eu que eu destitrui.
— Então isso não é amor, é narcisismo.
— No princípio sim, eu te admirava porque você lembrava a minha imagem, mas logo isso passou pois eu te conheci e vi que era, que é diferente de mim. Eu te enganei sim mas foi por medo de você jamais querer me dar uma chance. Meu plano original era vir aqui e fingir chorar, fazer drama para amolecer seu coração e quem sabe ganhar um perdão, mas eu não quero que você seja induzido a nada.
— Certo... — Tiago não soube o que responder.
— Eu te amo, e sei que é amor de verdade porque simplesmente é, não tem motivo. Cheguei a você pela sua situação relacionada a Smeralda, mas agora eu te digo com a rara sinceridade que tenho, se você se desligar de Smeralda eu ainda te escolho. Gosto de ficar com você, mesmo quando está dormindo e eu fico apenas em silêncio ao seu lado. Tiago eu peço desculpas pelo que fiz, sei que você não tem que ver meu lado e nem compreender nada do que eu faço, aliás eu nem sei se você poderia compreender como eu penso, mas eu só... só quero que saiba que em nenhum momento eu quis te ferir, só queria que gostasse de mim.
— Lucio eu não tenho raiva de você, não se procupe que nada disso me causou nada de mal, porém eu não confio em você de modo algum.
— Mas você pode me amar mesmo sem confiar em mim? Porque eu não importo que não confie, desde que me ame.

Tiago ficou olhando para Lucifer sem ter muita certeza do que responder. — Desculpe mas... eu nem sei se isso é possível.
— Pelo menos tente.

Tiago fez menção de responder porém assim que abriu a boca a fechou imediatamente pois foi interrompido por uma sensação que nunca havia sentido antes, era como um raio fino que cruzava seu interior, uma coisa como a sensação de olhar para o ponteiro de uma bússola, no fundo de sua mente a voz de Smeralda sussurrou "Tifarael" e ele teve a certeza de que ela, Tifani, estava ali e que a situação não era boa.

II
Karen mergulhada em um sono profundo não entendia se dormia ou se boiava no nada. A voz de Aracy Balabanian narrava o conto "Uma Esperança" de Clarice Lispector, cada vez que acabava ela narrava do início como se sob o colchão houvesse um rádio cuja a estação só tocasse essa faixa. Karen deitada na cama e a cama boiava em não-sei-o-quê como se isso fosse normal, mas ela sabia que não era. A cama era de casal forrada com uma colcha de crochê grossa e desconfortável, ela deitada em um lado e do outro lado, do lado que supostamente era do cônjuge estava deitado um que era todo mundo.
— Você ja devia ter acordado mãe. — Danusa disse de um modo impaciente.
Karen virou a cabeça para falar com aquela pessoa deitada ali que agora era sua filha mas que a todo momento era alguém diferente.
— Eu até podia acordar agora, mas aqui é tão sossegado...
— Mas se as batatas ficam na água mesmo após cozidas o purê desanda.

Aquela frase não fazia o menor sentido naquele contexto mas Karen também não fazia sentido em contexto algum, então apenas sorriu e fechou os olhos.
— Sempre preguicosa, não sei onde errei. — Disse Lucrécia, a velha mãe.

Karen abriu os olhos para ver a mãe devolvendo a ela um olhar de censura.
— Eu não sou preguiçosa.
— Quando você tinha doze anos e eu comecei a trabalhar fora, você só tinha de esquentar a comida Karen, eu deixava seu prato no forno e era só esquentar. Você ficou anemica após seis meses pois não comia, tinha preguiça de girar o maldito botão do forno. Tive de começar a pagar para a vizinha ir te alimentar, senão você teria morrido de fome mesmo com a casa cheia de comida.
— Mãe porque você não morre de uma vez e para de encher o saco?
— Porque mãe não morre de uma vez, morre aos pouquinhos. —

Karen fechou os olhos de novo.
— Preciso de mil e duzentos reais para pagar a minha fiança.
Ela abriu os olhos e sorriu quando viu Vidália ali deitada.
— De novo? O que você fez dessa vez?
— Empurrei uma mulher do alto da escadaria do Teatro Municipal.
— Porque você fez isso Vidália?
— Ela era feia.

Karen deu uma gargalhada alta e fechou os olhos.
— Você realmente comeu aquelas coisas?
— E quem é você que eu não conheço? — Karen abriu os olhos e perguntou a moça morena de cabelos lisos e franja reta cobrindo a testa.
— Eu sou danai, filha de Ubabaya.
— E porque está aqui se eu não te conheci?
— Eu não estou aqui, ninguém está. — Danai se foi.

Karen passou a mão pelo vazio deixada na cama, agora lençol de seda que até no mais quente dia do verão ainda era frio. A paz acabou quando o tec-tec-tec começou. Ela sentou na cama e olhou ao lado, ali sentada em uma escrivaninha estava Karen dedicada a datilografia, a máquina se escrever mesmo bem azeitada não deixava de dizer tec-tec-tec-tec-tec. Aracy Balabanian se calou, as vezes acaba a pilha não é? É.
Karen olhou para as costas de Karen e sabia que aquela Karen era uma Karen jovem.
— Karen? O que tanto você bate nessa máquina?
— É uma matéria para o jornal, minha coluna sobre astrologia, sabe o que acontece quando câncer entra em saturno?
— Saturno precisa de quimioterapia.
— Saturno precisa de quimioterapia.

As duas riram da piada estupida e absolutamente sem graça até Karen sumir deixando Karen sozinha. Ela foi até a máquina de escrever, a cadeira vazia mas a máquina ainda batia, Karen se inclinou para ler a folha saindo do outro lado e nela dizia:

"Um golpe bastava, todo o resto era vontade de matar."

A frase se repetia, todas as linhas da página eram tomadas dela, Karen sabia que aquilo era sobre...
— Sua putinha...  — Ubabaya falou.
Karen olhou para baixo e lá estava ela, a velha afundada na lama, todo o chão era lama e lodo.
— Não quero alucinar com você.
— Mas eu não sou alucinação, eu estou aqui e aqui vou ficar.

Karen bateu o pé com força na cara da desgraçada e então finalmente abriu os olhos.
— Acordei ou ainda estou variando? — Nem ela sabia, era difícil ter certeza quando se é Karen.

Sentou na cama e respirou fundo, olhou para a colcha e viu que não era nem de seda nem de crochê e sim apenas um suave algodão verde água então achou que estava tudo normal.
Bem, a promessa era de que ela teria absorvido todos os conhecimentos de Ubabaya, mas na verdade ela estava apenas normal.
Calçou a sandália e saiu do quarto, arrastou os chinelos pelo corredor até sair na cozinha, foi  para a varanda e lá os dois homens ficaram em pé para recebe-la.
— Zmej? O que faz aqui?
Murilo abriu um sorriso e disse com ar de pura inocência.
— Ferrabraz sumiu e eu como sou dono dele fui atrás para saber se estava bem, daí o rastro dele me trouxe até aqui. Ele me contou o que te fez fazer, que coisa mais horrível Karen.
— Nada horrível, tudo numa boa. — ela olhou para o piso da varanda — Limparam a... bagunça?
— Sim, enterramos o corpo dela nos fundos. — Murilo falou.
— E aí? Deu certo? Sente diferença? — Ferrabraz quis saber.
— Pra dizer a verdade não.
— Ta, se eu pego menta do submundo e faço uma infusão com água do poço de Lázaro... — Murilo testou.
—Você tem a poção do abre olho. — Karen respondeu de supetão.
— Onde você apreendeu isso?
— Não sei, só sei que sei, e inclusive sei fazer a poção e duas variações dela, uma para abrir a visão espiritual e outra para prever o futuro.
— Então deu certo, você tem agora acesso a todo o conhecimento de uma das maiores feiticeiras que este planeta ja viu.
— Supimpa.
— Você não parece muito animada. — Murilo observou.
— Não estou, pelo visto eu ainda sou a mesma.
— É... Eu te avisei. Agora vamos pra casa. — Ferrabraz disse.

III
Lucifer girou rápido para a saída do banheiro mas com um tranco suave foi impedido, com surpresa olhou para a camisa de linho branco sendo amarrotada e ali na manga a mão de Tiago segurando firmemente o tecido.
— O que aconteceu com ela?
Lucifer ficou admirando a mão com unhas aparadas em tom de rosa segurando com tanta a força sua camisa que nem entendeu direito a pergunta.
— Como?
— O que aconteceu com ela? A Tifani, eu sei que ela esta aqui mas sinto ela... diferente.
— Tifani? Quer dizer Tifarael? Ela caiu. Jeová quando expulsa anjos os dá a mim, é uma velha aposta nossa, ele os dá para que eu os escravize.
— Caiu? Quer dizer que ela agora é um... demônio?
— Sim, anjo caído é sinônimo de demônio.

Tiago deu um passo em falso como se estivesse sem equilíbrio, soltou a camisa do outro e levou as duas mãos as temporas, caiu sentado e se encolheu no chão demonstrando sofrimento. A ultima coisa que viu foi os joelhos de Lucifer tocando o chão, as mãos grandes impedindo que a sua cabeça batesse no piso, então apagou para o lado de fora e acordou para o lado de dentro.

Era uma campo de vegetação amarelada como trigo, cevada ou coisa do tipo, ele girou o corpo repetidas vezes tentando se encontrar alguém, saiu então a procura afastando as touceiras amarelas até que a encontrou, ela estava lá entre a vegetação, Smeralda estava belíssima, usava um turbante africano bem armado em trançado com tecidos lilás e azul, um tecido vermelho enrolado na cintura caindo até os pés como uma saia, no pescoço um colar de búzios escuros e nos pulsos braceletes de ouro reluzente que tilintavam ao menor movimento. Era muito estranho ver uma mulher tão branca em trajes tão nitidamente africanos mas do nada veio a compreensão.
— Você está com as roupas de Hadari. — Tiago acusou.

Smeralda sorriu e atiçou as asas fazendo a vegetação se afastar e revelando ali uma pedra grande o suficiente para servir de assento, ela se sentou e apoiou as mãos no colo.
— Sim, Hadari, minha décima sétima encarnação humana, foi fantástico ter sido uma mulher hausa, pelas minhas mãos, ou melhor, pelas mãos de Hadari a África teve uma das maiores guerras que o continente já viu.
— Eu sei, eu... tenho acesso a algumas memórias.
— Imagino que tenha, então você lembra do massacre? Ah... o massacre... foi... divino.
— Porque está com as roupas dela?
— Eu não estou, eu dentro de você, sou só uma alma, uma minúscula esfera de luz, isso tudo aqui foi sua mente que produziu, criou um cenário com uma das lembranças de Hadari quando te chamei.
— E porque me chamou?
— Para te dar uma informação muito valiosa.
— Você quer me ajudar? — Tiago desconfiou.
— Tifarael caiu, isso você já sabe, o que não sabe é que anjos que lutaram contra o inferno não são bem aceitos quando caem. Ela vai ser obrigada a assinar o livro de lucifer e depois será levada para trabalhar nas caldeiras por decadas, as vezes séculos.
— Caldeiras?
— Sim, o inferno é frio você sabe, para manter os edifícios aquecidos correm canos com agua quente dentro das paredes, para aquecer essa água existem as caldeiras no subterrâneo, aquilo é um horror... nossa doce e amada amiga Tifarael vai ser despedaçada lá em baixo tendo de trabalhar em temperaturas tão altas que vai deixar o corpo de anjo dela como uma brasa. Mas existe um meio de ajudar...
— Você não me engana, sei que despreza a Tifani, porque iria querer ajudar?
— Não estou mentindo nem enganando, não dou a mínima se a vagabunda cozinhar viva, a questão é que eu sei que você tem uma certa simpatia por ela, afinal ela é a melhor amiga do seu precioso Ahavael. A minha oferta é, me deixe tomar posse do corpo por alguns minutos.
— Porque eu faria isso?
— Ah... você vai querer saber, quando Lucifer fez o inferno deixou comigo a tarefa de organizar, eu criei todas as leis principais e tudo mais para a organização, mas eu sou eu então é claro que eu fiz uma das leis que me favoreceria aqui em baixo.
— Como assim?
— No livro das leis existe um parágrafo que põe Lucifer como imperador e eu, Yerukainel Smeralda como Imperatriz, ambos em pé de igualdade com um lance a superioridade, sabe o que significa?
— Não.
— Ah você realmente é lento, bom quer dizer que eu posso contrair escravos também, Tifani pode assinar o livro mas sob a minha guarda, ela se torna minha, e como eu e você até o momento constamos como a mesma pessoa, após Tifani assinar para mim você pode decidir o destino dela, inclusive pode até dar ela de presente para alguém.
— Porque Lucifer permitiu que você tivesse essa regalia?
— Porque ele estava apaixonado, um ser apaixonado seja humano ou divino é sempre burro. A lei vale.
— Certo, isso parece bom. Como faço para deixar você assumir meu corpo?
— Nosso corpo. Apenas segure a minha mão.

Tiago foi até ela desconfiado, sentou na pedra e estendeu a mão, Smeralda sorriu e segurou a mão dele com delicadeza.
— E lá vamos nós.

IV
Lucifer amparou Tiago impedindo que a cabeça batesse no no chão, com uma mão sob a nuca e a outra sentindo os batimentos cardiacos na veia do pescoço.
— Tiago? Tiago abra os olhos!
Mas Tiago não abriu, parecia estar dormindo, não havia sinal de malefícios externos ou internos.
— Tiago abra os olhos agora!
A ordenação de Lucifer não teve efeito, quaisquer ser de carne obedeceria imediatamente uma ordem dada por um anjo, mas Tiago era imune.
Lucifer segurou o queixo do rapaz, sem saber o que fazer ele aninhou o corpo de Tiago no colo e ficou apenas olhando o rosto dele, sentindo o cheiro dele, acariciando o cabelo dele, a feição suave e inocente de Tiago era como o da mais inocente criatura, os lábios entreabertos eram adoráveis, sentiu uma grande vontade de beijar, sim um beijo leve não faria mal algum não é? Ele aproximou o rosto do de Tiago, sentiu a respiração leve do garoto soprar em sua face, assim que estava perto o suficiente, os lábios quase se tocando, Tiago abriu os olhos, fumegantes olhos verdes.
— O que pensa que está fazendo? — a voz aguda de Smeralda soou cheia de humor negro.
— O que? Sme-Smeralda? — Lucifer se afastou derrubando Tiago no chão.
— Mas que patético! — Smeralda gargalhava enquanto com uma classe incomparável se colocava em pé — Queria beijar um homem humano? Colar seus labios divinos em labios de carne? Seu porco! É literalmente um porco doido para enfiar o focinho na lavagem não é?

Lucifer mantinha uma mão sobre o peito e com um ar de incrível assombro.
— Smeralda eu... Quer dizer, eu busquei por você por milênios! Eu tenho tanto para te falar...
— Eu não me lembro de ter pedido nada, mesmo após milênios eu ainda estou fechada a conversinha mole, inclusive quando eu morri a primeira vez eu antes te disse que a minha jornada era solitaria então pare com essa baboseira.
— Mas eu...
— Você é deprimente — Ela começou a desfazer a trança nos cabelos com os dedos — Olha só, você é o grande Lucifer, tem um Império e um nome conhecido por todas as raças, mas invés de ampliar o seu domínio o que é que você fez? Passou anos atrás de mim, um macho deprimente que precisa usar a fêmea de muleta.
— Muleta? Eu achei que você me amava!
— E eu amei, de verdade eu amei. Mas agora você já não está a minha altura, aliás faz muito tempo que você não esta no meu nível. Ande, se adiante, eu não vim para ficar olhando sua cara estúpida, eu vim por que Tiago quer algo, ande vamos lá para baixo.

Lucifer observou boquiaberto Smeralda sair porta a fora, a seguiu pelo corredor mirando as costas dela, ou melhor dele, enquanto elas descia as escadas, andava na ponta dos pés e gigando os quadris como um gato, era a inconfundível Smeralda.
— Espere! — Lucifer gritou.
Ela parou e virou o corpo torcendo os lábios como fazia quando estava começando a se irritar.
— O que é?

— Smeralda essa é a primeira vez que nos vemos desde a sua primeira morte humana, não tem nada para me dizer?
— Não.
— Eu lutei dezenas de vezes para te ter de volta! Sacrifiquei exércitos para isso! Ataquei as tropas de Jeová para ter você de volta!
— Me diz, dessas guerras quantas você ganhou?
Lucifer abriu a boca espantado.
— Não... não ganhei nenhuma. Mas eu tentei, eu realmente tentei.
— Lucifer... Você é muito inteligente para não entender. Eu estou aqui simplesmente porque você trouxe Tiago para cá, mas eu nunca fiquei a mercê de te esperar, nunca fez parte dos meus planos.
— Mas Você perdeu seu corpo de anjo para me salvar! Eu me lembro!
—Ah... eu meio que menti a respeito disso, uma mentirinha boba.
— Mentirinha? Do que está falando?
— Quando eu "despenquei" — ela fez aspas com os dedos — foi porque fiquei muito fraca após usar meu poder para fazer você e o exercito fugirem da embocada de Jeová, caí na terra mas... meio que só me machuquei, meu corpo ainda estava sob a minha posse.
— Mas... e... Smeralda o que é dizendo?
— Ah é uma história cumprida e eu não estou com saco. — ela voltou a caminhar.
— Não está com saco pra falar comigo?! — ele a seguiu no corredor.
— Isso.
— Então eu sou inútil para você?
— No momento é sim. Eu até poderia relevar a sua inutilidade e te tratar com carinho, mas que carinho merece um anjo que dizia amar a esposa e que na primeira oportunidade enfia o pênis no ânus de um humano e se apaixona por ele simplesmente pelo humano lembrar sua própria juventude? Eu não sou de apontar defeitos mas... os seus tem me incomodado. Agora cale a maldita boca e vamos logo ver Tifarael, Tiago não vai me deixar aqui muito tempo.

Ela prosseguiu pelo corredor e desceu os lances de escada, os dois andares a baixo empurrou uma porta dupla de macanetas douradas, entrou em um amplo salão com vitrais coloridos cujo os recortes de vidro mostravam a historia de Lucifer criando o inferno, ao fundo o salão tinha como destaque dois tronos sobre um pequeno palco de cerca de um metro de altura forrado com veludo negro, um trono de ferro polido e o outro esculpido em marmore branco, diante dos tronos estavam três demônios e um anjo , dois baixinhos e atarracados de pele esverdeada, portavam machados grosseiros e seguravam cada um em uma das asas se Tifani, terceiro demônio era alto e esbelto, usava um terno preto com riscas de giz e tinha o rosto fino e pálido moldados pelo cabelo em tom de chocolate que caia em ondas cor de petróleo sobre os ombros.
— Quem é você? — Ele perguntou ao olhar Smeralda no corpo de Tiago entrando na sala com o queixo erguido.
— Cale a boca Samael. — Ela passou direto, subiu e foi se sentar no trono branco.
No instante que ela passou o olhos de Samael encontraram os dela, ele reconheceu aquele verde reluzente e se encolheu de surpresa e horror.
— Sme-Smeralda? Mas... como?
— Não é da sua conta, minha situação só é do conhecimento do imperador, afinal eu sou a Imperatriz não sou?
— Sim é... e... eu como primeiro arquiduque lhe dou as boas vind...
— O seu título de primeiro arquiduque não significa merda alguma, agora mande esses dois acéfalos soltarem Tifarael e vá buscar o livro de assinaturas.
Samael continuou encarando pasmo a figura ali encarapitada no trono.
— VÁ AGORA!
Com o berro agudo Samael saiu correndo desesperado e ponto de esbarrar em Lucifer que vinha entrando.

Lucifer caminhou até o trono de metal, apoiou aos mãos nos braços do assento e sentou com um movimento robótico, rígido, seu maxilar tão apertado que era nítido que rangia os dentes. Samael retornou com o grande livro nos braços e atrás dele veio Drusila deslumbrante como sempre em um vestido longo vermelho vivo.
— Madame. — Drusila fez uma reverência.
Smeralda olhou para Lucifer e ergue as sobrancelhas.
— O portão esta aberto? Quem deixou a puta entrar?
— Também é um prazer ve-la. — Drusila respondeu com falsa meiguice.

Smeralda revirou os olhos.
— Lucifer! então? O diabo arrancou sua língua? Eu não tenho o dia todo.
Ele encarou Smeralda profundamente ofendido.
— Porque está sendo tão rude? É o quê? ciúme?

PLAF!

Samael, Drusila e Tifani soltaram suspiros de espanto, o som veio de um tapa, Smeralda desferiu um forte tapa no rosto de Lucifer.
— Não fale comigo nesse tom. — Ela voltou a se sentar com altivez.

Lucifer levou a mão a bochecha humilhado, Samael pigarreou e entregou a ele o livro, então disse:
— Imperador, e... Imperatriz, Jeová nosso maldito pai enviou Tifarael, ela agora é um anjo caído, eu como primeiro arquiduque reivindico a mão de obra dela para as caldeiras, um anjo feminino é dez vezes mais forte que os outros, vai ser uma mão na roda.
— Sim, sim tudo bem. Tifarael se aproxime e assine o livro, você foi dada a mim mas deve oficializar sua escravidão com a assinatura.

Tifani não disse nada, apenas se aproximou e apanhou a pena da mão de Samael, então se inclinou para assinar o livro aberto no colo de Lucifer.
— Magnífico, agora Tifarael você é oficialmente minha, mais um demônio no inferno. Vá com Samael e...

— Eu protesto. — Smeralda ergueu a mão.

Todos na sala olharam para ela sem entender.
— Você... protesta? — Lucifer pareceu confuso.
— Eu tenho o poder de quebrar sua autoridade querido e amado imperador, não se lembra? — Ela apontou para o livro e as páginas viraram sozinhas até a última, ali estava o último parágrafo de um texto sobre leis infernais
— Eu... Isso foi só por mero capricho, não é oficial. — Lucifer rebateu.
— Tifarael pode fazer o favor de ler o artigo duzentos e quarenta e quatro? — Smeralda pediu com falsa gentileza.

Tifani aguçou os olhos sobre as linhas cheias de hieróglifos e leu em voz alta:
— Artigo duzentos e quarenta e quatro, a "lesa a majestade". Fica então claro e explícito que eu Heylel também conhecido pelos nomes Lucifer e Satanás deixo o poder de revogar, contrariar, contradizer e desfazer quaisquer dos meus mandos neste império, dou a minha amada este poder absoluto sobre a minha coroa como prova de eterno amor e devoção a Yerukainel, também conhecida por Smeralda anjo de olhos verdes.
— E o que tem abaixo do artigo? — Smeralda questionou.
— Ham... tem a assinatura de Lucifer.

O queixo de Drusila caiu, Samael estava ainda mais pasmo.
— Sim exatamente, eu tenho o dom de exercer a lesa a majestade. — Smeralda se gabou.
— Não, você não queria viver aqui, odiava o inferno, eu fiz essa brincadeira para te agradar, mas não é um artigo legítimo, não pode ser reivindicado, era só uma pantomima. — Lucifer se justificou.
— Eu sei que a sua intenção era fazer um gracejo, mas a questão é que você é um imbecil. O livro foi enfeitiçado com magia absoluta, magia que não pode ser desfeita, e como eu estava meio "morta" na época você não se deu ao trabalho de arrancar esta página, então ela é válida. Sabe que tudo que é escrito neste livro é aplicado diretamente neste império, então devia ter tido mais cuidado ao escrever nele.
— Então é verdade? Legalmente a voz dela cancela a sua? — Drusila perguntou temerosa.
— Eu... o feitiço colocado no livro é de fato irreversível e irrevogável, e como o artigo está escrito e assinado então sim, é verdade. — Lucifer respondeu com os olhos fixos no livro.
— Maravilha, eu recorro ao meu direito de lesa a majestade e reivindico a posse de Tifarael.
— É só isso? Quer ela e mais o que? — Samael perguntou.
— No momento apenas ela.
— Porque você me quer? — Tifani perguntou com a testa franzida.
— Não quero, você é um aborrecimento, mas Tiago te quer e eu estou aqui por ele.
— Porque? Porque ele me quer?

Smeralda olhou para Lucifer.
— Você sabe a resposta da pergunta dela? Sabe porque Tiago a quer? Ele quer ela salva pois Tifarael é a melhor amiga do amor da vida dele, um tal de Ahavael.
Lucider franziu a testa com ódio.
— Desde você quando faz caridades? Esta ajudando Tiago a troco de quê?
— É, eu ainda não entendi. — Tifani falou.
— Você em breve vai saber queridinha. Agora me de o livro.

V
Tiago acordou sentado no trono de pedra, olhou em volta, ele estava a par de tudo, observou cada segundo que seu corpo esteve sob o comando de Smeralda, viu como se olhasse através de uma janela então não havia surpresa, ou melhor, havia sim surpresa, mas não com nenhum acontecimento anterior e sim com a terrível dor que o acometeu.
— Smeralda? — Lucifer chamou confuso quando viu Tiago cair do trono.
— Por Jeová, o que é isso agora? — Drusila perguntou.
— Acho que Tiago voltou. — Tifani disse e se projetou para frente.
Tiago caiu ajoelhado e envolveu os braços no corpo abraçando a si mesmo, a boca se escancarou e um grito agudo ecoou no salão mas logo foi substituído pelo característico som de vômito, um jato vermelho e espesso saiu de sua boca.
— Sangue! Ele está vomitando sangue! — Lucifer gritou.
— Ah não! Ele vai arruinar o veludo! — Drusila se indignou.

O sangue começou a escorrer das narinas e dos olhos, desceu pelas coxas de Tiago mostrando que ele também evacuava o líquido vermelho.
— Ele está morrendo? — Drusila olhava sem disfarçar a cara de nojo.

Tifani se ajoelhou a segurou Tiago pelos ombros.
— Só a humanidade dele, eu acho que Smeralda me usou como desculpa para convencer Tiago a deixar ela assumir o corpo, porém ela não contou para ele que a presença dela no comando do corpo poderia acelerar o processo.
— O processo seria transformar o corpo dele em um corpo de Anjo? — Lucifer Perguntou enquanto segurava o cabelo de Tiago.
— Acredito que sim.
Tifani apoiou o pescoço de  Tiago com uma das mãos e começou a dar palmadinhas nas costas com a outra, o fluxo de sangue era intenso.
— Nossa... Ele não vai parar nunca? — Samael perguntou.
— Um humano adulto chega a ter seis litros de sangue no corpo, acho que ele vai por tudo pra fora.

Tiago continuou esvaindo sangue até que o vômito cessou e ele começou arfar de dor em meio a grande poça vermelha.
— Minhas costas! Minhas costas! — ele berrou desesperado.
— Ah... entendo. Lucifer faça cortes nas costas dele sobre as omoplatas. — Tifani pediu.
— Cortar? Mas porquê?
— Você sabe o porquê.

Lucifer olhou para a pele lisa das costas do rapaz, afagou por um momento e em seguida pressionou as unhas dos polegares no local indicado, os cortes começaram a abrir e o sangue dourado angelical verteu em filetes rumo as costelas e então BANG! Lucifer foi atirado para longe, com agilidade se firmou nos calcanhares como um gato.

— Em nome de todos os demônios... são asas... — Drusila falou boquiaberta.

Lucifer ergueu os olhos e viu o par de asas imenso, asas maior que as suas próprias, asas de penas brancas com as pontas esverdeadas saindo das costas de Tiago.
— Tiago...
— Tiago agora é um anjo. — Tifani afirmou enquanto se levantava após também ter sido arremessada.
— Acho que esse nome já não combina com ele. — Drusila falou.
— Do que está falando? — Lucifer parecia aturdido.
— Tiago é um nome de humano, ele agora não é mais isso. — Samael deu alguns passos para frente — Ele se parece com Lucifer e tem a alma a as cores de Smeralda... ele é...

Drusila olhou para Tiago que permanecia arfando em pé atônito.
— Ele é... Lucifer Smeraldina.


Comentários

  1. Sou fascinado pela novela da Urdidura das feiticeiras! Por acaso alguém sabe se Felipe Caprini tem alguma rede social, sem ser as do blogue e sim dele mesmo?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Felipe meu caro, como eh maravilhoso está sempre, codigindo olhares eh leitura ah cadas história fabulosa suas, devo dizer que estou super, ansiosa prós próximos capítulos, Minhas segundas nunca foram tão melhores como hj em dia, percebir que nos publicou ainda, os próximos capítulos, ansiedade me matando. Melhoras Felipe.

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  4. Parabéns pelos livros, tenho lido todos e são muito bons. Estou muito ansioso pela continuação desta história, espero que esse não seja o capítulo final. Tenho entrado no blog todos os dias para saber se foi postado um novo capítulo.

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