OXUMARE
Muito tempo atrás,
Um tempo engolido por
Milhares de anos,
Nana, a anciã de vestes púrpura
Descansa em sua esteira
Quando de repente
Sente o coração bater mais forte,
Se levanta e sai para fora
De sua casa de barro e palha,
Lá fora ergue a cabeça e
Quando seus olhos encontram
As cores no céu ela sorri e murmura
Para si mesma "meu filho...".
Nanã é Orixá.
Quando seu filho caçula nasceu
Ela percebeu grande força nele,
Porém Nanã não é mãe doce
Que envolve o filho em carícias, não,
Nanã olhou para aquela criança
E determinou que ele seria grande.
Oxumare cresceu sob os cuidados dela
Nas terras de Savé,
E sempre teve em mente que
Ser filho de uma poderosa
Não era certificado de coisa alguma,
Ele teria que construiu seu próprio nome.
Ainda moleque um dia
Ouviu um falatório sobre Orunmilá
Estar ensinando outros homens
A ciência de ifá na cidade de Ifé,
Então arrumou uma trouxa, carregou nas costas
Deu um beijo na mãe e pôs o pé na Estrada,
Foi aprender a ser babalawo.
Nanã ficou com o coração apertado
Mas o encorajou a ir sim, a trilhar esse caminho.
A velha mulher na porta da casa
Ficou olhando o menino ir embora
Caminhando na estrada.
Oxumare chegou a Ifé
E logo encontrou Orunmilá
Que viu no garoto talento
E o aceitou.
Os anos se passaram
E Oxumare agora homem feito
Era o melhor babalawo do reino,
Um orgulho para Orunmilá
E para sua mãe.
Ele arranjou casamento cedo também
Pois era muito formoso,
Tomou a bela Ijoku como esposa
E foi muito feliz na escolha.
Certa vez o rei de Ifé lhe mandou
Um convite para ser seu adivinho pessoal.
Bem, quando um rei faz um convite
Se entende como ordem
E Oxumare acatou.
O rei era perverso,
Gostava de pisar nos súditos
Como se fossem nada além de grãos de areia,
Ele não pagava o correto a Oxumare
E após algum tempo
Parou de pagar totalmente
Com a desculpa de que
Servir o rei era uma honra
E a honra era paga suficiente.
Oxumare logo ficou sem nada
E começou até faltar comida em casa.
Ijoku era compreensiva ao marido
Não pedia nada,
Sempre o recebia com sorriso,
Mas o coração de Oxumare
Se apertava ao ver sua bela amada
Vestindo roupas velhas
E comendo tão mal quanto uma mendiga.
O tempo passou e surgiu um convite,
Olokun Seniade, a antiga Rainha
Convocava Oxumare para um jogo de Búzios.
Pela lei ele era proibido
Pois o adivinho do rei só joga para o rei
E para mais ninguém,
Porém Oxumare ao olhar para
Sua amada esposa decidiu ir,
Ele sabia que no fim daquilo
O rei podia lhe condenar a morte
O acusando de traição,
Mas Oxumare não tinha medo,
É melhor morrer em pé que viver de joelhos.
Ele foi até o Palácio de Olokun
E ela o recebeu com muita gentileza
Dentro do amplo salão
De sua grandiosa morada.
Oxumare se sentou no chão diante do trono
Abriu as pernas e entre elas
Forrou o tecido Branco no qual
Espalhou dezesseis Búzios.
"Agora majestade a senhora pode perguntar."
Ele disse cabisbaixo.
Olokun Seniade sorriu para ele
E fez um pergunta, e outra, e outra
E mais outra, e mais uma
E tantas outras mais
E Oxumare lia os buzios
Os jogando e recolhendo rapidamente
E a cada resposta que dava
A rainha reagia com assombro,
As vezes ria, outras vezes ficava séria,
Outras vezes chorava
Pois através dos lábios de Oxumare
Ela soube de todas as coisas
Que precisava.
No fim a rainha estava exultante
Porém um dos servos veio a interromper
"Majestade, a guarda do rei está ai fora, dizem que vieram prender o adivinho"
A rainha olhou para Oxumare espantada
E ele enquanto recolhia os buzios explicou
"Eu sou o advinho pessoal do rei, por lei não posso jogar para mais ninguém, mas o rei não me paga, não recebo coisa alguma. Minha esposa está a passar fome e eu não tenho nada para dar a ela, então vim aqui jogar para a senhora para dar o pagamento a minha esposa para que ela não passe mais necessidades."
A rainha abriu um largo sorriso e perguntou
"Você sabia que podia morrer por isso e ainda assim veio?"
Oxumare com dignidade respondeu
"Sim."
A rainha se pôs em pé e com autoridade
Ordenou que seus servos colocassem
Diante de Oxumare
Muitos baús cheios de tesouros.
Ele ficou muito satisfeito
Sabendo que iria deixar Ijoku em boa situação,
Mas a rainha não tinha acabado ainda
"Eu sou Olokun Seniade, além de ser rainha eu sou Orixá, dentre as muitas dádivas que recebi de Olodumare, uma eu não uso, não me cabe, mas ati caberá."
Ela abriu um dos baús
E retirou de dentro dele
Um manto rajado de sete cores
E atirou sobre Oxumare,
Quando o tecido o atingiu
Se misturou a ele
De modo que Oxumare não vestia as cores,
Ele era as cores.
Oxumare havia ali
Recebido os poderes do arco-íris,
Oxumare se tornara Orixa.
A rainha abriu os braços
E saudou Oxumare de igual para igual
E ele como um raio de muitas cores
Se transformou em uma
Gigantesca serpenten reluzente e
Voou para fora
Os guardas ficaram embasbacados
Quando ele explodiu pela porta
E rumou para o céu chuvoso
Voando sinuoso
Interrompendo a chuva
E firmando diante dos olhos de todos
O grande arco-íris.
Ele agora era Oxumare Araká,
A serpente Arco-íris.
Lá muito longe nas terras de Savé
Nana, a anciã de vestes púrpura
Descansa em sua esteira
Quando de repente
Sente o coração bater mais forte,
Se levanta e sai para fora
De sua casa de barro e palha,
Lá fora ergue a cabeça e
Quando seus olhos encontram
As cores no céu ela sorri e murmura
Para si mesma "meu filho...".
Sim era seu filho, Oxumare é Orixá.
Ijoku nunca mais passou fome,
O rei agora não tinha mais autoridade
Para ordenar Oxumare,
Tudo ficou bem.
Agora é no céu, no Orun que Oxumare e Ijoku moram,
E do mesmo modo que milhares de anos atrás
As cores do arco-íris brilharam nos olhos
De Nanã ao olhar para o ceu
Elas também brilham nos nossos olhos.
O tempo corre e o mundo muda
Mas nós que somos os filhos dos Orixás
Não mudamos nem esquecemos.
Oxumare se faz presente ainda hoje
Nas nossas festas, no nosso culto, na nossa fé.
Oxumare Arakaaaaa mo borun...
.
.
.
Espero que tenham gostado, quem quiser encomendar desenhos pode me chamar no whatsapp 11944833724
Obrigado
Um tempo engolido por
Milhares de anos,
Nana, a anciã de vestes púrpura
Descansa em sua esteira
Quando de repente
Sente o coração bater mais forte,
Se levanta e sai para fora
De sua casa de barro e palha,
Lá fora ergue a cabeça e
Quando seus olhos encontram
As cores no céu ela sorri e murmura
Para si mesma "meu filho...".
Nanã é Orixá.
Quando seu filho caçula nasceu
Ela percebeu grande força nele,
Porém Nanã não é mãe doce
Que envolve o filho em carícias, não,
Nanã olhou para aquela criança
E determinou que ele seria grande.
Oxumare cresceu sob os cuidados dela
Nas terras de Savé,
E sempre teve em mente que
Ser filho de uma poderosa
Não era certificado de coisa alguma,
Ele teria que construiu seu próprio nome.
Ainda moleque um dia
Ouviu um falatório sobre Orunmilá
Estar ensinando outros homens
A ciência de ifá na cidade de Ifé,
Então arrumou uma trouxa, carregou nas costas
Deu um beijo na mãe e pôs o pé na Estrada,
Foi aprender a ser babalawo.
Nanã ficou com o coração apertado
Mas o encorajou a ir sim, a trilhar esse caminho.
A velha mulher na porta da casa
Ficou olhando o menino ir embora
Caminhando na estrada.
Oxumare chegou a Ifé
E logo encontrou Orunmilá
Que viu no garoto talento
E o aceitou.
Os anos se passaram
E Oxumare agora homem feito
Era o melhor babalawo do reino,
Um orgulho para Orunmilá
E para sua mãe.
Ele arranjou casamento cedo também
Pois era muito formoso,
Tomou a bela Ijoku como esposa
E foi muito feliz na escolha.
Certa vez o rei de Ifé lhe mandou
Um convite para ser seu adivinho pessoal.
Bem, quando um rei faz um convite
Se entende como ordem
E Oxumare acatou.
O rei era perverso,
Gostava de pisar nos súditos
Como se fossem nada além de grãos de areia,
Ele não pagava o correto a Oxumare
E após algum tempo
Parou de pagar totalmente
Com a desculpa de que
Servir o rei era uma honra
E a honra era paga suficiente.
Oxumare logo ficou sem nada
E começou até faltar comida em casa.
Ijoku era compreensiva ao marido
Não pedia nada,
Sempre o recebia com sorriso,
Mas o coração de Oxumare
Se apertava ao ver sua bela amada
Vestindo roupas velhas
E comendo tão mal quanto uma mendiga.
O tempo passou e surgiu um convite,
Olokun Seniade, a antiga Rainha
Convocava Oxumare para um jogo de Búzios.
Pela lei ele era proibido
Pois o adivinho do rei só joga para o rei
E para mais ninguém,
Porém Oxumare ao olhar para
Sua amada esposa decidiu ir,
Ele sabia que no fim daquilo
O rei podia lhe condenar a morte
O acusando de traição,
Mas Oxumare não tinha medo,
É melhor morrer em pé que viver de joelhos.
Ele foi até o Palácio de Olokun
E ela o recebeu com muita gentileza
Dentro do amplo salão
De sua grandiosa morada.
Oxumare se sentou no chão diante do trono
Abriu as pernas e entre elas
Forrou o tecido Branco no qual
Espalhou dezesseis Búzios.
"Agora majestade a senhora pode perguntar."
Ele disse cabisbaixo.
Olokun Seniade sorriu para ele
E fez um pergunta, e outra, e outra
E mais outra, e mais uma
E tantas outras mais
E Oxumare lia os buzios
Os jogando e recolhendo rapidamente
E a cada resposta que dava
A rainha reagia com assombro,
As vezes ria, outras vezes ficava séria,
Outras vezes chorava
Pois através dos lábios de Oxumare
Ela soube de todas as coisas
Que precisava.
No fim a rainha estava exultante
Porém um dos servos veio a interromper
"Majestade, a guarda do rei está ai fora, dizem que vieram prender o adivinho"
A rainha olhou para Oxumare espantada
E ele enquanto recolhia os buzios explicou
"Eu sou o advinho pessoal do rei, por lei não posso jogar para mais ninguém, mas o rei não me paga, não recebo coisa alguma. Minha esposa está a passar fome e eu não tenho nada para dar a ela, então vim aqui jogar para a senhora para dar o pagamento a minha esposa para que ela não passe mais necessidades."
A rainha abriu um largo sorriso e perguntou
"Você sabia que podia morrer por isso e ainda assim veio?"
Oxumare com dignidade respondeu
"Sim."
A rainha se pôs em pé e com autoridade
Ordenou que seus servos colocassem
Diante de Oxumare
Muitos baús cheios de tesouros.
Ele ficou muito satisfeito
Sabendo que iria deixar Ijoku em boa situação,
Mas a rainha não tinha acabado ainda
"Eu sou Olokun Seniade, além de ser rainha eu sou Orixá, dentre as muitas dádivas que recebi de Olodumare, uma eu não uso, não me cabe, mas ati caberá."
Ela abriu um dos baús
E retirou de dentro dele
Um manto rajado de sete cores
E atirou sobre Oxumare,
Quando o tecido o atingiu
Se misturou a ele
De modo que Oxumare não vestia as cores,
Ele era as cores.
Oxumare havia ali
Recebido os poderes do arco-íris,
Oxumare se tornara Orixa.
A rainha abriu os braços
E saudou Oxumare de igual para igual
E ele como um raio de muitas cores
Se transformou em uma
Gigantesca serpenten reluzente e
Voou para fora
Os guardas ficaram embasbacados
Quando ele explodiu pela porta
E rumou para o céu chuvoso
Voando sinuoso
Interrompendo a chuva
E firmando diante dos olhos de todos
O grande arco-íris.
Ele agora era Oxumare Araká,
A serpente Arco-íris.
Lá muito longe nas terras de Savé
Nana, a anciã de vestes púrpura
Descansa em sua esteira
Quando de repente
Sente o coração bater mais forte,
Se levanta e sai para fora
De sua casa de barro e palha,
Lá fora ergue a cabeça e
Quando seus olhos encontram
As cores no céu ela sorri e murmura
Para si mesma "meu filho...".
Sim era seu filho, Oxumare é Orixá.
Ijoku nunca mais passou fome,
O rei agora não tinha mais autoridade
Para ordenar Oxumare,
Tudo ficou bem.
Agora é no céu, no Orun que Oxumare e Ijoku moram,
E do mesmo modo que milhares de anos atrás
As cores do arco-íris brilharam nos olhos
De Nanã ao olhar para o ceu
Elas também brilham nos nossos olhos.
O tempo corre e o mundo muda
Mas nós que somos os filhos dos Orixás
Não mudamos nem esquecemos.
Oxumare se faz presente ainda hoje
Nas nossas festas, no nosso culto, na nossa fé.
Oxumare Arakaaaaa mo borun...
.
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Obrigado
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