A Separação de Oya e Ogun

Se conta que Ogun tinha muitas esposas
Afinal era belo de um mulherengo,
Mas só amava uma, Oyá.
Oyá não era só uma mulher
Era também uma feiticeira da floresta,
Uma Deusa que tinha o poder
De se transformar em búfalo.
Ogun a pediu em casamento e ela a disse não.
Porem ela amava tanto que armou uma situação
Para forçar Oyá a aceitar.
Ele a espreitou até que viu onde Oyá
Deixava a pele de bufalo
A qual vestia para se transformar no animal
E escondeu prometendo devolver
Se ela aceitasse se casar.
Ela aceitou.
Ele a amava mais do que tudo
Mas não sabia demonstrar.
Ogun é chucro, bruto
Não fala de sentimentos
Não demonstra  nada
Então as pessoas acham que ele não tem,
Mas na verdade
O que ele tem de força nos braços
Tem de fragilidade no coração.
Oyá até que gostava de Ogun
Mas não amava.
Um dia no mercado de Akesan
Oyá conheceu um homem
Este era Xango, sobrinho de Ogun.
Ogun era filho de Oduduwa
Xango era neto.
Oyá se encantou por Xango
Ele era forte com Ogun
Mas não era bruto
Era na verdade gentil
E muito, muito, muito bonito.
Então Oyá voltou para casa
E por uma surpresa
Xango apareceu por lá.
Ogun não suspeitou de coisa alguma. 
Seu sobrinho em sua casa, o que tem de estranho?
Então Ogun foi trabalhar
Pois tinha muito ferro a forjar
Muita coisa a se faser na Fazenda
Muita caça a se prover
Mas deixou o sobrinho lá.
De noite quando voltou para casa
O sobrinho não estava.

     — Oyá, Xango já foi embora? — Ogun perguntou mas ninguém respondeu.

Ele vasculhou a casa e não achou Oyá
E também não achou nenhum dos pertences dela
Havia desaparecido tudo,
A pele de búfalo, os chifres, as espadas...
Ogun não é bobo,
Em um segundo juntou as peças na cabeça
E entendeu o que estava acontecendo.
Correu para fora, montou no cavalo
E foi atrás dos dois.
Não demorou e os alcançou
Xango e Oya também a cavalo
Galopando para Oyó.
Quando Oyá percebeu que Ogun os seguia
Mandou Xango parar
E desceu do cavalo.

     — O que está fazendo com ele Oyá! — Ogun gritou desesperado.
     — Vou embora com ele Ogun, vou casar com ele. — Oya respondeu.
     — Não se eu matar ele antes! — Ogun empunhou a espada.

Xango que é muito valente
Já se pôs em intenção de guerrear
Mas Oya não deixou.

     — Seu problema não é com ele, quem esta te deixando sou eu, se veio guerrear então guerreie comigo. — Oya disse.

Ogun é muito estourado
Quando está nervoso não pensa no que vai fazer
Então caiu pra cima de Oyá.
Ele usava uma espada enfeitiçada
Que tinha o poder de bater no inimigo
E invés de abrir um corte abria sete,
Porém como estava muito nervoso
Não se lembrou que havia dado a Oyá
Uma espada mais forte a sua própria
A dela cortava em nove.
Quando ele caiu pra cima de Oyá
Ela não se fez de rogada
E caiu pra cima dele
E as espadas se chocaram.
Como vocês já devem imaginar
Oyá levou a melhor.
Ogun caiu.
E quando caiu não se ergueu mais.
Oyá foi embora com Xango
E eles se casaram.
Ogun passou a detestar Xango
E brigou com ele muitas vezes
Mas sempre em vão
Pois o que ele sempre quis
Foi ter Oyá de volta
Mas isso ele não pode ter.
Até os dias de hoje quando Ogun encontra Oyá
Ele se entristece
Por ver ali o amor de sua vida,
Amor esse que ele nunca mais poderá alcançar
Pois sabe que ela ama Xango de verdade
E que não há nada que se possa fazer.

O amor é algo maravilhoso mas também terrível
Tão poderoso que até os Deuses sofrem por ele.

Eepa Oyá Oriri o!
Ogun ye mo ye!

Espero que tenham gostado
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Obrigado