A Família Salvaterra Capitulo 1
Felipe Caprini
A Família Salvaterra
Esta história é continuação direta dos contos "Médium Diva Belladonna" e "Vampira", consta como o conto seguinte da série "Urdidura das Feiticeiras".
Capitulo I
A Apresentação
Samyaza estava travando uma guerra no inferno e incumbiu Belladonna de uma missão na terra, ela deveria se tornar a Rainha das Bruxas para que quando Samyaza surgisse como a nova Imperatriz do Inferno já pudesse contar com o apoio das Feiticeiras. Em teoria não parecia difícil mas assim que ela chegou em Roma percebeu a dificuldade. A rainha das Bruxas era Victoria Linneane e apenas membros da família Linneane tinham ocupado o cargo desde a sua fundação. Belladonna precisava começar a se movimentar já que a missão agora parecia praticamente impossível.
O primeiro passo foi visitar Victoria, o que foi algo muito decepcionante já que aquela mulher nitidamente não simpatizou com ela.
A missão teria de ser concluída então cada passo foi definido, Ahiliel, o Anjo designado para ajuda-la ouviu cada informação que ela tinha colhido e fez uma tabela a ser seguida:
◆Passo número 1: construir a aparência.
◆Passo número 2: conseguir uma cadeira no conselho das Bruxas.
◆Passo número 3: desmoralizar a Rainha.
◆Passo número 4: Tomar a coroa.
Quatro passos/estágios a serem executados, e chegou a hora de começar.
Setembro de 1989
Sete horas da manhã de um dia frio. Belladonna sentiu alguém puxar seu pé na cama, isso era alarmante mas ela odiava acordar cedo então se fingiu de morta.
— Acorde logo. — Ahiliel falou.
Ela abriu os olhos lentamente e viu que as cortinas das janelas já haviam sido abertas, o lado de fora estava completamente branco pela neblina da manhã, o quarto estava cheio de luz gelada e isso era tão desagradável que ela demorou para perceber a mudança em Ahiliel, ele estava de cabelos e curtos penteados para trás com gel, vestia um terno cinza de risca de giz e as asas haviam desaparecido.
— Porque está vestido assim? — ela perguntou — Vai a algum casamento?
— Tiver de ir ao banco.
— Ao banco? Mas você nem é gente de verdade, como entrou lá? Enfeitiçou o banco inteiro pra poder abrir uma conta? — ela debochou.
— Samyaza tem pressa e é claro que ela já sabia que você ia se enrolar toda, então me deu o contato do falsário, ele fez documentos de identidade de um rapaz morto faz pouco tempo, aliás morto faz meia hora, loiro e bonito como estou agora. Eu me vesti como ele e fiz as asas desaparecem, então tomei a frente de resolver a parte financeira, fiz a transferência total do valor de uma das contas dela, agora se levante e vista isso. — Ahiliel jogou na cama um vestido preto ainda preso ao cabide, uma caixinha pequena e uma caixa de sapato.
— Isso é Channel? — Belladonna perguntou.
— Sim, a primeira etapa começa agora, você não vai a lugar nenhum se continuar morando em um quarto de hotel, se vista e vamos até a imobiliária comprar uma casa.
Ela se levantou já estressada e tomou banho, se vestiu, o vestido era um tradicional tubinho preto, a caixinha pequena tinha a meia-calça mais final que ela ja havia usado r os sapatos eram stilettos Jimmy Choo de camurça negra com saltos dourados opacos. Ela prendeu o cabelo em um rabo de cavalo alto e colocou um par de brincos de argola simples, quando saiu do vestíbulo Ahiliel já está em pé perto da porta de saída, a pasta de couro em uma mão e a bolsa dela na outra.
— Nossa mas que pressa, eu nem comi nada ainda. — ela reclamou.
— Beba um copo de suco lá em baixo no buffet, mas rápido, temos o dia cheio.
Ela assim fez, engoliu um copo de suco de laranja e afastou o resto da fome fumando um cigarro enquanto esperava um carro de aluguel na porta do hotel.
— Precisamos comprar um carro também. — Ahiliel comentou quando o carro chegou.
Vinte minutos depois chegaram na imobiliária mais fina da cidade onde foram recebidos com taças de champanhe, a corretora, uma mulher muito magra a ponto dos olhos serem fundos e os lábios enrugados como de um idoso perguntou qual era a faixa de preço que eles tinham em mente e Ahiliel um casual "dinheiro não é problema", então ela se ausentou por um momento e quando voltou trouxe um catálogo de capa azul marinho com fotos de mansões. Foi na terceira página que eles acharam a casa certa, era um mini castelo localizado na parte mais afastada da cidade, havia sido de uma família nobre na época do fim do império romano, estava bem conservada devido a uma restauração recente, ali mesmo Ahiliel fez o pagamento completo com um valor a mais para agilizar a papelada e então saiu da imobiliária com um contrato prévio e as chaves.
— Nós não tínhamos de ter as assinaturas dos proprietários para comprar a casa? — Belladonna perguntou.
— Eles assinam depois. Quando se tem dinheiro, e no caso digo dinheiro de verdade, não existem problemas nem burocracias, e só jogar meia dúzia de notas altas na mesa e o mundo se dobra aos seus pés.
Da imobiliária caminharam até a rua paralela onde compraram um Mercedez Benz 450 preto e de porte classudo, então dali foram para um escritório de arquitetura onde contrataram um casal de decoradores que iriam mobiliar a casa para parecer um cenário de filmes de Hollywood dos anos cinquenta.
Outubro de 1989
A casa ficou pronta, alguns reparos feitos, a maioria dos cômodos recebeu pintura nova, as louças dos oito banheiros foram trocadas por réplicas novas no mesmo estilo original, os moveis e eletrodomésticos chegaram e foram devidamente instalados, Ahiliel comprou mais de uma centena de peças de roupa de grife para Belladonna refazendo todo o guarda-roupa.
Eles se mudaram para a casa e ficaram lá sem fazer nada por uma semana, apenas pensando em como conseguir uma cadeira no conselho das Bruxas. Deitados no tapete de pelo de urso albino da sala da lareira começaram um brainstorm.
— Como forçar Victoria a me por no conselho? Eu ainda não vi maneira, estou pensando nisso faz semanas e nada. — Belladonna falou com a língua enrolada, já estava meio bebada por ter comido uma caixa e meia de bombons fechados com conhaque.
— São treze cadeiras, a dela e das doze representantes das famílias mais importantes da Europa... Mas e se exigirmos que ela crie uma decima quarta cadeira? — Ahiliel sugeriu.
— Eu não vou propor isso, ela vai rir na minha cara. Quem eu representaria? Eu não tenho família.
— A família Agrippa tem uma cadeira, você foi legalmente adotado por um membro, eles têm que te aceitar.
— Não é assim que funciona, em famílias Bruxas o sangue é que conta. Eu sou filha de Jorn Agrippa na lei dos homens, mas na lei das Bruxas eu sou filha de Sarana Salvaterra, a vagabunda que me deu pra ele criar.
— Ué, achei que gostava do seu pai adotivo.
— Gostava não, eu amava ele, era um bom homem sem dúvida, mas eu tenho o direito de me ressentir por ter sido largada pela própria mãe.
— Sua mãe era uma Salvaterra, Sarana Salvaterra, e a família Salvaterra tem uma cadeira no conselho ocupada por Cassandra, a mais velha.
— Mas eu nem conheço essa gente Ahiliel, eu não posso bater na porta da casa deles e dizer "oi eu sou a brasileira parente de vocês", eles vão chamar a polícia.
Ahiliel se sentou e ergueu a cabeça para olhar o lustre de cristais no teto espelhado.
— Eles vão te achar uma aproveitadora se fizer isso, vão pensar que quer dinheiro. — ele falou.
— Exatamente, e isso não é verdade, eu sou rica, não preciso de parentes pra nada, moro em um palácio. Olha só esse lustre, é mais caro que a renda mensal de um vilarejo inteiro...
— É isso! — Ahiliel bateu palmas — É isso ai!
— É isso ai o que rapaz?
— Você está rica, e opulência agrada as pessoas. Vamos até a casa da família Salvaterra, você vai vestida como uma rainha, se apresenta e os convidado para uma festa! — Ele falou animado.
— Uma festa! — Ela se sentou também — Vamos dar uma festa de arromba! Encher os olhos do povo! Vamos convidar todas as Bruxas do conselho, bruxas amam festas com comida de graça.
— Isso então, vamos organizar uma festa maior que um casamento príncipesco!
Obviamente que Ahiliel teve de organizar tudo Ja que Belladonna não fazia idéia de quem eram as famílias a serem convidadas para a festa. Foram feitos quarenta e dois convites abrangendo toda a sociedade bruxa relevante da Itália e o dia da festa foi marcado para o último dia do mês o que era ironicamente 31 de outubro. Todos os convites voltaram com confirmações de presença, Ahiliel plantou fofocas sobre Belladonna ser a pupila de Samyaza e isso criou um ar de exoticidade em cima dela, os convidados estamos indo afim de sondar quem ela era tal qual se faz quando se vai a um zoológico.
O dia chegou, nove da noite e casa estava lotada, os garçons contratados e toda a aquipe de buffet foram enfeitiçada para não perceberem qualquer feito de magia e então passam entre as mais de cem pessoas conversando nos salões.
Belladonna estava no quarto acabando de se maquiar, usava um vestido longo dourado com as costas em uma transparência de renda, os cabelos em um tradicional coque banana e a maquiagem em tons mais claros que o habitual para passar um ar de inocência.
— Porque eu tenho de usar sombra cor de rosa e esse batom tão claro? E eu nunca usei blush assim nesse tom adolescente. — ela reclamou ao ver as opções de maquiagem que Ahiliel dispusera sobre a penteadeira — Esses tons não combinam com o vestido, estou parecendo uma...
— Nova rica. — Ahiliel completou — Isso é planejado meu bem, queremos passar para eles a imagem de uma mulher extremamente rica mas um tanto quanto burra. Ninguém teme gente burra, e assim não irão ficar na defensiva quando falarem com você. Quando descer sorria exageradamente e tente agradar as pessoas exatamente como um novo rico faz ao ir em uma festa da alta roda.
Ela desceu as escadas e a multidão parou para ver e com havia sido aconselhada saiu sorrindo feito uma menina boba enquanto Ahiliel a apresentava as pessoas.
— Está é Madame Chandra Linneane, filha de Victoria Linneane. — Ele presentou.
— Muitos prazer — Belladonna apertou a mão da mulher loira de ar cansado — Sua mãe também veio?
— Infeliz não pode vir. Sua é linda e a festa está maravilhosa.
Belladonna agradeceu e repetiu isso de cumprimentar e sorrir dezenas de vezes até que viu a coisa mais desagradável do mundo, crianças, uma menina de uns dez anos e um menino de tres correndo pelo salão e se escondendo sob as mesas fazendo as taças tremerem.
— Meus Deuses, quem foi o retardado que trouxe esse bichos pra minha casa? — ela cochichou.
— Sua prima Elizangela Domenica de Salvaterra, ela a o irmão foram os unicos da família Salvaterra a vir, a tonta trouxe o marido que evidentemente não é bruxo e os dois filhos. — Ahiliel contou entre risos.
— Que horror — Belladonna falou ao avistar a mulher — Ela é a cara da minha filha Betânia, tão... comum.
— Sim mas ela foi enviada pela família para sondar você então tente causar uma boa impressão. Vamos lá falar com ela.
Belladonna se aproximou da mulher, ela se vestia com um vestido cor de rosa de mangas bufantes e o cabelo louro claro caindo em cachinhos até a altura do queixo, ao lado dela um homem baixo e com um bigode pavoroso tentava controlar as duas crianças.
— Boa noite, tudo bem? Você é Elizangela Salvaterra? — Belladonna perguntou com falsa timidez.
— Eu mesma, e você é Milena Diva Belladonna de Agrippa Von Nesttesheim não é? — Elizangela estendeu a mão em comprimento, Belladonna apertou a mão dela.
— Milena Diva Belladonna Agrippa Von Nesttesheim e Salvaterra. — Belladonna corrigiu sorrindo.
— "E Salvaterra"? Como assim? — Elizangela perguntou confusa.
— Sim nos somos parentes. Mas não me admira que não saiba, a minha criação foi pelas mãos de um Agrippa mas sou filha biológica de Sarana Salvaterra.
— Sarana? Aquela que...
— Que foi crucificada de cabeça para baixo pelo próprio Satã e enviada para algum buraco imundo no inferno, ela mesma. — Belladonna usou um expressão de falso constrangimento.
— Oh... Eu sinto muito. — Elizangela pousou uma mão sobre um ombro dela.
— Tudo bem, isso foi à muito tempo.
— Mas se você é da família porque não veio nos visitar? Nós... bem, eu vim aqui para conhecer a "eleita por Samyaza" mas não fazia idéia de que era minha parenta. — Elizangela sorriu com gentiliza.
— Eu não queria causar nenhum tipo de... desconforto para vocês. Sei que sou latina e nascida de um membro da família que é "persona non grata". Eu vim para cá para me afiliar a Strega mas não quero causar problemas, longe de mim.
— Ai que besteira, nós adoramos latinos e... sua mãe não foi uma boa pessoa porém dentro da nossa família raros os que tem moral para apontar o dedo. — Elizangela riu — Olha vamos começar as apresentações, este aqui é meu marido Genaro e essas belezuras são meus filhos Paloma e Davi.
Belladonna apertou a mão de Genaro e então se abaixou para ver as crianças, a menina erguia a mão e estalava os dedos soltando faíscas no irmão que se mantinha de braço cruzados com cara de entediado.
— Ela despertou os dons faz poucos dias e agora vive soltando essas faíscas no irmão. — Elizangela explicou.
— Mas ele não se queima? — Belladonna perguntou — Porque essas faíscas são uma forma simples de invocação de fogo, isso tinha de queimar como um maçarico.
— Ai não, todos nós quando saímos de casa para encontrar outras bruxas usamos feitiços de imunidade em magia. O feitiço é poderoso, dura poucas horas mas se uma bruxa quisesse lançar raios no meio do salão não iria machucar ninguém.
Belladonna sorriu para ela mas então a cena aconteceu, a menina cansada de atirar faíscas a esmo apanhou de cima de uma das mesas uma bandeja vazia e arremessou contra a cabeça do irmão abrindo um corte na fronte e fazendo o sangue fluir generoso.
— Paloma! Porque fez isso? Sua menina perversa! Perversa! — Elizangela ralhou.
Belladonna permaneceu parada olhando para a testa do menino e sem conseguir disfarçar um sorriso de vitória brotou no rosto.
— Me desculpe mas preciso ir embora agora cuidar da testa dele, mas olha, pegue aqui — Elizangela abriu a bolsa e tirou de lá um cartão que estendeu para Belladonna — É o telefone lá de casa, nós todos moramos juntos.
— "Nós todos"? — Belladonna perguntou.
— Toda a família mora na mansão dos Salvaterra, fica em Castro Pretorio, um pouco longe daqui mas adoraríamos te receber para um chá. Por favor me ligue assim que puder e marcamos. — Elizangela beijou o rosto de Belladonna e se foi com os filhos e marido.
Ahiliel se aproximou:
— Isso foi bom, ela te olhou com admiração.
— Bom? Isso foi maravilhoso! — Belladonna se virou para ele e sorriu — Você viu o que eu vi? — ela perguntou.
— Vi sua parenta... Acho que ela é sua prima, te tratando com muita gentileza, nada mais.
— Essa noite eu tive a idéia mais imunda que já passou pela minha cabeça, podre, nojenta e eficaz, cem por cento eficaz,
— Do que está falando? — Ele perguntou curioso.
— Da segunda estapa do plano, e ela já está clara na minha mente.
O restante da festa foi trivial mas Belladonna não parou de rir até o último convidado ir embora.
Não dormiu, varou a noite andando pela casa com olhar perdido, pensando e pensando. Por volta das três da tarde pegou o cartão, foi até o telefone e discou, e após alguns toques uma mulher idosa de voz rouca atendeu.
— Pronto, quem fala?
— Olá, eu me chamo Belladonna, gostaria de falar com Elizangela.
— Belladonna? Do Brasil?
— Sim eu mesma. Quem fala?
— Cassandra Salvaterra. E você é a tal que diz ser da nossa família não é?
— Pois é... É uma história complicada e... Alo? Alo? — o clique da ligação sendo encerrada era inconfundível mas ela custou a acreditar que tinham batido o telefone na cara dela — Velha fudida do caralho!
— O que é isso? — Ahiliel entrou na sala rindo, vestia uma camisola feminino cor de rosa, seus cabelos estavam longos novamente e as asas haviam voltado.
— Liguei para os Salvaterra e Cassandra bateu o telefone na minha cara.
— Ah sim. Espere, Elizangela vai te ligar e se desculpar pela grosseria.
— Como sabe?
Triiiim! — O telefone tocou.
— Alo? — Belladonna atendeu.
— Belladonna? Ai me desculpe, a minha mãe não é muito sociável, as vezes um pouco grossa. Você queria falar comigo?
— Não tem problema, sim com você e na verdade com todos da sua família.
— Nossa família, você também faz parte.
— Certo, nossa família. Eu gostaria de marcar a visita se não for problema.
A visita foi marcada para a semana seguinte e então Belladonna foi sozinha mas dessa vez se vestiu como de costume, calça de couro preta de boca larga, camisa de seda branca com decote profundo mostrando o soutien vermelho rendado, sapato fechado de salto alto grosso quadrado e nas orelhas brincos pesados em forma de aranhas. Dirigiu por mais de uma hora até o endereço e ficou surpresa quando chegou e viu o tamanho da mansão, não tinha muito trabalho arquitetônico, era na verdade uma fortaleza medieval sendo em forma de caixote com as paredes de pedra bruta. Pelo número de janelas era possível deduzir quatro pavimentos e no lado leste uma torre alta de atalaia. Quando chegou diante do grande portão parou o carro então através de um interfone a voz de uma criança disse:
— Você é quem?
— Oi, eu sou Belladonna.
— Ok.
O portão se abriu e ela dirigiu até estacionar diante de uma fonte enorme diante da casa onde entre os jayos de água a deusa Athena segurava a cabeça da medusa apontada para cima. Belladonna saiu do carro e foi até a entrada da mansão e bateu na enorme porta de cedro e Elizangela logo atendeu e a recebeu com entusiasmo. A casa por dentro era horrível, escura com cheio de óleo queimado, o chão não via uma vassoura fazia muito tempo.
Elas começaram a conversar sobre a história da casa, Elizangela falou algo como ser do século oitavo após Cristo mas logo que passaram do hall de entrada uma voz de velha soou por toda a casa, não como em um alto falante mas como se saísse das paredes e dizia "Tragam essa bastarda aqui".
Elizangela bufou a olhou para cima.
— Mamãe não chame ela assim! E nós vamos tomar chá na sala de estar do segundo andar.
— Eu estou ordenando que traga a bastarda aqui. — a voz ressoou novamente.
— Isso é um feitiço? A voz dela percorre a casa? — Belladonna perguntou.
— A casa foi comprada por Murilo Salvaterra, eu esqueci a data mas ele foi o líder da família na sexta geração e fez esse feitiço na casa, a casa era ele praticamente, podia mover móveis, trancar portas e saber quem estava em qual cômodo, também podia fazer a voz ressoar a partir do piso em qualquer um dos ambientes. Quando ele morreu a líder seguinte herdou esse poder sobre a casa e desde então todos os líderes tem esse direito. — Elizangela explicou.
— Você mencionou que Murilo foi a sexta geração, lembro de uma vez que vi uma gravura da arve genealogica da família em um livro ou em um quadro, não lembro, mas tinha o nome murilo. Se ele foi a sexta geração nos estamos em qual?
— Eu sou da decima primeira, se você é filha de Sarana também é da mesma geração que eu.vqewweeeeeeerttyyuuuuiiio2 0111223455^&&&77765 de um 1204
— Eu não vou falar de novo! — a voz da velha ressoou novamente.
— Ai droga a minha mãe quer te ver, você se incomoda de ir falar com ela? Provavelmente ela será grosseira e vai despejar um monte de ofensas mas ela é só uma mulher velha que ja está com os dois pés na cova.
— Não se preocupe eu vou sim, e eu gosto de pessoas vividas — Belladonna mentiu —, vou ser paciente.
Elas subiram para o último piso atravessando corredores gelados de pedra e mal iluminados até chegar em um aposento amplo onde uma mulher idosa trajando um vestido de camurça cor de vinho, ela era muito pequena, devia ter menos de um metro e meio, usava uma trança branca no cabelo branco prateado e estava sentada em uma poltrona estofada de tecido negro.
— Belladonna essa é minha mãe Cassandra, mãe essa é Belladonna. — Elizangela apresentou.
— Entre aqui bastarda, e você sua idiota vá fazer o que está acostumada, ou seja nada. Saia. — Cassandra falou e Elizangela revirou os olhos e saiu fechando a porta.
Belladonna deu um passo para frente e então uma cadeira se moveu sozinha para perto dela.
— Sente sua bunda gorda ai. — Cassandra falou e Belladonna obedeceu.
— Eu sou...
— Eu sei quem você é, não sabia até pouco tempo atrás mas depois que a sua casa se explodiu e o alarme da Strega soou eu soube da sua miserável existência. — Cassandra falou franzindo os lábios.
— Nossa como a senhora é meiga. — Belladonna zombou.
— Meiga o caralho. Eu sei que você é uma bruxa das grandes e isso me incomoda muito sabia? Só o fato de eu saber que você não fala italiano mas este me entendendo perfeitamente me impressionada. Aquela merda da minha filha que te trouxe aqui não consegue fazer nada do tipo. Sabe que semana passada eu mandei ela fazer o rito de limpeza da casa com a vassoura de bruxa e a vadia começou a varrer a casa? Sim a cadela suja varria a casa como uma camponesa estúpida. Tive vontade de rogar uma praga pra estourar a cabeça dela.
— O que? — Belladonna levou uma mão a boca para conter uma gargalhada.
— Pode rir, é uma piada amarga. Tenho três filhos e um punhado de netos, todos imprestáveis. Sinto vontade se socar a minha propria barriga quando eu os vejo. Meu útero é como um intestino, dele so saiu excremento. Mas você é boa, então eu quero saber uma coisa de você.
— Pode perguntar.
— Quer trabalhar pra mim?
— Trabalhar? Como assim?
— Eu sou uma bruxa e você sabe que sobrevivemos de atender as pessoas, fazer feitiçaria para os humanos idiotas, mas eu ja tenho cento e seis anos e estou cansada, nenhum feitiço de rejuvenescimento fez efeito em mim. Eu preciso de alguém pra me ajudar a cumprir com minhas tarefas. Diga logo bastarda eu não gosto de enrolação, quer o emprego ou não?
— Sim eu aceito. Mas se é um emprego como será o meu pagamento?
— Ora essa todos de Roma ja sabem que você não precisa de dinheiro, a sua casa foi paga a vista tem tanta bugiganga cara lá que mais parece uma loja de grife, então eu vou te pagar com ensinamentos, vou ensinar as coisas que eu sei.
Belladonna pensou por um segundo mas então percebeu que a oportunidade era muito boa para conhecer toda a família.
— Está ótimo pra mim.
— Certo. — Cassandra inclinou o corpo e tocou o chão com a ponta dos dedos da mão direita, então mesmo com a boca fechada a voz ecoou por toda a casa — Garota venha aqui, já acabei.
— Elizangela abriu a porta do quarto e Belladonna se levantou e saiu, mas antes de cruzar a porta se virou para ver Cassandra.
— Quando eu começo?
— Você será avisada então suma logo daqui.
Quando chegaram a sala onde seria servido o chá Elizangela a apresentou para suas duas irmãs mais nova, Carla e Odessa que eram idênticas a ela, as três pareciam bonecas de porcelana. Após serem devidamente apresentadas e papearem sobre coisas triviais como as praias do Brasil e a eminente unificação da Alemanha, Belladonna contou que Cassandra havia lhe oferecido um emprego.
— Emprego? Tipo uma assistente? — Odessa perguntou?
— Eu acho que sim... — Belladonna respondeu.
— Ai graças a Deus. Ela por muito tempo tentou fazer uma de nos aprender os passos dela mas nos três somos Bruxas brancas, não matamos galinhas nem Fazemos magia com cadáveres.
— As três são Bruxas brancas? É sério? — perguntou Belladonna.
— Sim. — Respondeu Carla — E você, de que grupo pertence?
— Sou vermelha. — Belladonna respondeu.
— Vai servir. — Elizangela disse — Mamãe é bruxa negra. A única que entende ela é a tia Vivian.
— Tia? — Belladonna perguntou.
— Sim nossa tia, mora da ala sul da casa com a família dela, elas são irmãs, Cassandra e Vivian as "nascidas da violência". — Carla falou — Não me pergunte o que isso significa, depois ela mesma te explica. Antes de você ir embora vamos te levar lá para conhecer nossos primos.
E assim foi feito, Belladonna atravessou mais uma infinidade de corredores ata a ala sul do palácio onde em uma sala com lareira conheceu Fabrizio que era lindo como um ator de cinema com seus três filhos adolescentes e chatos Alexandre, Marina e Monica, conheceu também o primo Tony que era muito parecido com um alienígena de cabeça grande e olhos disformes e Luciana que era ruiva e sardenta mas infelizmente também tinha filhos, uma criança de colo de nome Saraieva e um de três anos chamado Platão. Então ela tinha conhecido todos os Salvaterra de Roma com exceção de Vivian que não se dignou a sair de seu quarto. Todos primos foram extraordinariamente simpáticos mas Belladonna não gostou de nenhum. Quando voltou para casa atualizou Ahiliel de que estaria agora a serviço de Cassandra mas que precisava que ele comprasse uma determinada ferramenta para ser usada no momento certo.
Vários dias se passaram, dezembro chegou junto com um frio de quebrar ossos, Belladonna estava quase pretendo a esperança quando o telefone tocou, era Elizangela dizendo que Cassandra quero Belladonna lá no dia seguinte logo cedo, então ela foi.
Chegou na mansão as oito da manhã e para isso teve de madrugar, quando chegou lá nem entrou na casa pois a velha já a esperava sentada dentro de uma limousine antiquada mas muito imponente, Belladonna apenas estacionou o carro e entrou na limousine, ali reconheceu Genaro, marido de Elizangela, ele era o motorista, já Cassandra estava azeda, enfiada em um casaco de pele branco usando luvas de croché e uma lenço branco na cabeça amarrado sob o queixo, disse algumas dúzias de palavrões acusando Belladonna de atraso.
— Me desculpe, aqui é muito longe.
— Longe de onde? Roma é do tamanho de um ovo, se eu pegar em um volante atravesso Roma toda em meia hora, não seja preguiçosa, tem por acaso trombose nas pernas e por isso não pisa no acelerador?
— O que vamos fazer hoje? — Belladonna perguntou ignorando todo o resto.
— Vamos a igreja. — Cassandra respondeu.
— A igreja? Tipo para o Vaticano?
— Não seja burra, o Vaticano é do outro lado da cidade, nós vamos no convento das Irmãs de Maria de Sallustiano, a madre superiora quer um favor.
— Um favor? E quanto vai custar esse favor?
— Setecentas mil libras, em cash.
— É o melhor tipo de favor.
Quando chegaram ao convento entraram pelos fundos e foram recebidas na sala da madre, uma freira idosa de mãos ossudas e um mal hálito hediondo. Sentadas diante dela na mesa do escritório em silêncio até o burburinho das rezas matinais parassem. Para a surpresa de Belladonna a madre abriu uma gaveta da mesa e tirou de lá uma carteira de cigarros longos, deu um para cada uma delas e as três acenderam em uma vela de oração que estava em cima da mesa diante de uma mini estátua da virgem Maria.
— Diga lá Tereza, está quieta demais, o que anda rolando? — Cassandra perguntou.
— Quem é essa ai? — A madre perguntou.
— É da família, não se preocupe. Agora diga logo. — Cassandra insistiu.
— Bom eu antes preciso saber se vai me cobrar mais caro, eu não tenho mais dinheiro. — a Madre disse.
— Tome vergonha nessa cara, você tem mais dinheiro que o Papa. E não, nosso combinado continua, preço fixo de setecentos mil por visita, independente do tipo de trabalho. — Cassandra falou.
— Melhor assim. A policia está na minha cola, e eu preciso ter certeza que não vão me por na gaiola. — A madre disse e então assoprou uma lufada de fumaça pelo canto da boca.
— Tudo bem, mas vou ter que dar umas voltas pela sua propriedade, se importa? — Cassandra perguntou.
— Não, mas vocês vão ter de se vestir adequadamente, como sempre.
Meia hora depois Belladonna estava com o rosto lavado sem maquiagem enfiada em um hábito de freira cinza e Cassandra em um idêntico preto. As duas saíram para fora da casa, Belladonna empurrando Cassandra em uma cadeira de rodas até onde a limousine estava estacionada.
— O que é exatamente que vamos fazer aqui? — Belladonna perguntou abrindo a porta da limousine e apanhando uma mala de loja preta e pondo no colo de Cassandra.
— Vamos fazer esse local ficar invisível para a polícia ou qualquer pessoa com intuito de investigar o que acontece lá dentro.
— E o que acontece lá dentro?
— Isso parece um convento e de fato é, pelo menos consta como um, mas na verdade é uma fábrica de órgãos.
— Como assim? — Belladonna perguntou confusa.
— Esse convento recebe prostitutas, moças jovens que caem na vida. A Madre e as freiras cúmplices dela saem por ai nas madrugadas oferecendo um lugar seguro para essas meninas que encontram nas esquinas, muitas aceitam, então são trazidas para cá. Se estão doentes são tratadas, se estão desnutridas são alimentadas, recebem todo o cuidado exatamente como na engorda de um porco para o abate. Quando a menina está plenamente saudável as freiras a levam para o porão e cirurgicamente, com extrema habilidade e técnica removem os órgãos e vendem no mercado negro. Por exemplo um coração jovem em perfeito estado chega a custar até dois milhões de dólares, os outros órgãos também são vendidos, até a pele é comprada para servir de enxerto em pessoas queimadas, os cabelos vão para as fábricas de perucas. Quase nada se desperdiça. O problema é que a Madre se confundiu, ela pegou uma drogada na porta de uma boate e deu abrigo, mas a menina não era prostituta nem sem teto e sim uma adolescente rebelde neta do primeiro ministro. Quando a madre identificou a menina ela ja estaca vazia, os órgãos espalhados pelo mundo. Só que a menina era importante demais para pararem de procurar, e polícia está muito perto de chegar aqui.
— Uau... Que coisa... — Belladonna sussurrou.
— Então como eu lhe disse eu vou lhe ensinar. Você já fez um feitiço para enganar a polícia?
— Sim algumas vezes, basicamente colocava os fios de cabelo da pessoa ameaçada na minha triqueta de jade.
— Triqueta de jade é? Engenhoso, mas é fraco. O que vamos fazer hoje vai afastar polícia por no mínimo dez anos de todo esse lugar. Mesmo o mais safo dos detetives não vai conseguir enxergar qualquer resposta que envolva esse convento.
Belladonna começou a empurrar a cadeira pela calçada que circundava o convento, quando chegaram na entrada Cassandra abriu a mala e tirou dela um saquinho de pano, abriu e tirou dali um caroço de feijão preto e jogou no chão, o caroço quando bateu no concreto desapareceu.
— O que é isso? — Belladonna perguntou?
— Um feijão de santinho. Ande sua preguiçosa, empurre essa cadeira, tenho de por um por metro em volta desse lugar.
Belladonna começou a empurrar Novamente.
— A senhora me trouxe aqui para empurrar sua cadeira? É isso?
— Não sua estúpida, eu poderia fazer a cadeira girar as rodas sozinha, ou então fazer uma freira me empurrar, te trouxe aqui porque só esses feijões não bastam, o segundo passo é fazer uma invocação, isso quem vai fazer é você.
— Certo. Então me fala mais desses feijões.
— O pé desse feijão é so as vagens uma única vez. Quando uma criança morre, e me refero a uma criança de menos de sete anos de idade morta por causas naturais, o corpo dela é tão santo que tem ainda a energia divina dentro de si. Então o que se faz é após o velório ir no cemitério e abrir a cova e então roubar o cadáver.
— Necromancia?
— Necromancia básica. Quando se pega o cadáver nos enterramos ele em solo fértil com um punhado de feijões dentro da boca, o feijão nasce e cresce e junto com ele, dentro de cada semente vem um pouco da energia da criança. Se você for reproduzir isso não se esqueça que a criança tem que ter morrido sem nenhuma violência, ela tem que ter ido porque era o destino dela ir.
— Entendi.
Após circundar tudo espalhando os feijões elas pararam novamente na entrada do convento.
— Chegou a sua parte aqui. Eu prefiro não fazer isso, me cansa demais. Eu quero que invoque isso aqui. — Cassandra abriu a mala e tirou dela um livro gasto escrito a mão, folheou até achar a página certa e então entregou a Belladonna.
— A horda dos famintos? — ela leu o título.
— Olha que coisa boa, você sabe ler. — Cassandra zombou — Agora comece.
Belladonna empurrou a cadeira e afastou alguns metros então Cassandra abriu novamente a mala deu a ela um pequeno sino de cobre que estava meio verde de oxidação. Sem precise de mais instruções Belladonna sacudiu o sino suavemente três vezes e então começou a ler a invocação no livro em latim, e quando acabou os espíritos começaram a surgir, dezenas deles, pareciam mendigos se vestidos em trapos se arrastando, eles andavam em fila exatamente percorrendo o caminho dos feijões e nisso não paravam de andar em círculo em volta do convento.
— Está feito, vamos embora. — Cassandra se levantou da cadeira de rodas e foi caminhando com Belladonna até a limousine.
— Então é isso mesmo?
— É isso mesmo. — Cassandra repentiu — Essa horda de espírito que morreram de fome vai ficar tentando achar os feijões, e enquanto ficarem por ali o efeito colateral é criar um moro energético tão poderoso que ninguém há de se aproximar com intenção de destruir o lugar.
— Mas... a própria horda uma hora ou outra vai sair de controle e entrar no convento. — Belladonna afirmou.
— Sim... e vão causar muito malefício lá dentro. — Cassandra concordou enquanto tirava o habito de freira.
— A senhora fez isso de propósito? Resolveu um problema imediato mas criou outro para o futuro, assim vão precisar dos seus serviços novamente em breve.
— Exatamente. Olha estamos no último ano da década de oitenta, os anos noventa vem ai e com eles o rumor da unificação da moeda na Europa e meu Tarot afirma que isso vai acontecer. — Cassandra reclamou.
— O chamado "Euro", moeda única da união européia? — Belladonna se lembrou de ter lido isso em um jornal recentemente.
— Exatamente. Todo o meu patrimônio é em liras italianas, moeda usada aqui por muitos séculos, e agora eles me vem com essa história de euro que faz dez liras valer cinco. Preciso armazenar mais dinheiro para a família, quando essa nova moeda chegar vai ser um caos nas nossas finanças. Infelizmente sou a única que se preocupa com isso, meus filhos e sobrinhos só sabem gastar, vagabundos nojentos, e minha irmã não faz nada além de ficar dentro do quarto lendo e pesquisando sobre o paradeiro da colher de pau de Aiyra, mas essa última parte é culpa minha... Sabe, a cadeira no conselho da Strega é da nossa família faz oitocentos anos e é hereditária, herdei da minha mãe Giulianna, e agora pela tradição devo passar para Elizangela, mas como? Elizangela é burra e fraca, então pensei em passar para a minha irmã, ela é dez anos mais nova e terá tempo de se organizar, e eu tenho um pouco de esperança que a neta dela, que é minha sobrinha neta Saraieva tenha o potencial necessário para assumir a cadeira. Mas para minha irmã tomar o meu lugar no conselho eu pedi que encontrasse a colher de pau de Aiyra, que é a fundadora da nossa família. A última vez que so teve notícia dela estava em posse de Beatrix Salvaterra, mas quando ela morreu não encontram.
— Colher de pau? Esta falando disso aqui? — Belladonna tirou o habito de freira e sob ele da bolsinha que trazia tirou uma colher de pau que tinha um filete de ouro enrolado no cabo.
Cassandra escancarou a boca e arregalou os olhos.
— Como? Mas como você tem isso? — ela perguntou.
— Herdei da minha mãe. — Belladonna respondeu.
— Mas o seu lado da família não tem direito a herança! — Cassandra gritou nervosa.
— Meu lado da família? O que quer dizer com isso?
— Séculos atrás duas primas entraram em guerra, eu descendo do lado de Beatrix que ficou com a mansão que moro hoje e claramente foi a vencedora, você vem do lado de Helena, a perdedora. Isso significa que... Helena roubou a colher de pau! Isso não pertence a você, devolva! — Cassandra esticou a mão e agarrou o cabo da colher mas quando puxou a mão voltou vazia como se o cabo fosse feito de ar.
— Pelo visto pertence a mim sim. — Belladonna riu e guardou a colher dentro da bolsa novamente.
— Quanto quer por ela? — Cassandra perguntou olhando para Belladonna com os olhos semicerrados.
— Não quero dinheiro, não preciso.
— E então?
— Quero ser reconhecida oficialmente como membro da família, que meu nome seja citado como uma Salvaterra de verdade. Vá na próxima reunião da Strega e faça isso e então eu dou a colher de pau para a sua irmã.
— Mas isso é um preço muito barato, tem certeza?
— Claro que sim. Após oficializar diante do conselho que eu sou da família eu farei um jantar em minha casa para todos os membros da família Salvaterra e diante de todos para que não reste nenhuma dúvida eu entrego a colher.
— Então que seja. — Cassandra respondeu.
(Continua...)
Caramba ansioso para a segunda parte
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