Figueira

Figueira quem é você ?
Quanto tempo ja se passou?
Que história tão antiga
E a tua?
Havia uma árvore
No jardim dos Santos
Plantada por "Eu Sou"
Em meio aos amarantos
Regada por gloria
Mas tambem por pranto.
Esta árvore cresceu
Seu tronco do solo se ergueu
E de seus galhos penderam
Os frutos magestosos brancos.
Mas aquele jardim era especial
A morada dos inocentes
Que foram tocados pelo mal
E de tudo a árvore foi testemunha.
Mil anos dentro de mil anos
E tudo mudou
O jardim teve as portas lacradas
E as árvore sagradas
Para fora arremessadas
Para frutificar por toda
Terra que o filho do homem herdou.

Um dia "Eu Sou" um plano criou
Mando um para ser seu filho
Crendo que salvaria os homens da dor
E este pisou no mundo como tal
Com a promessa de desfazer todo o mal.
A árvore era velha demais
E em uma terra amaldiçoada
Ela nunca teve paz
E então um dia o filho do rei
Diante do velho tronco se encontrou
E a ela ordenou
Que lhe desse um de seus poderosos frutos.
A árvore velha
Muda para os mortais
Usou sua voz para falar sem demais
Que não era tempo de dar fruto
E que por isto negaria.
A árvore era sábia em demasia
Cumprir a natureza era o que fazia
E nao aceitou se dobrar ao que ele dizia.
O Príncipe se enfureceu
"Tu ousa se negar ao filho do teu Deus?"
E cheio de ódio
Uma maldição a ela oferecem
"Maldita seja até o fim dos dias".
A árvore logo morreu
Mas diante da injustiça
Um último fruto ela cedeu
Um fruto não mais branco
E sim púrpura.

Na trilha do Príncipe
Vinha o inimigo do céu
E assim que um se foi
O outro surgiu.
"Pobre de ti figueira que foste amaldiçoada, eu hei de dar destino a sua nova jornada".
O inimigo do céu
Tem a lingua doce como mel
E as palavras ambíguas.
E a figueira a ele já conhecia
Dos dias de outrora
No jarfim imaculado.
A arvore deu a ele seu último fruto e logo morreu
Mas astes fez o inesperado
Justo a quem ela o fruto ofereceu
O usou para fazer as coisas
Que aos olhos do rei é o errado.
Nisso o inimigo fugiu
E em uma terra distante o fruto ele deu
Para alimentar uma criança
Bastarda filha de uma mulher sem esperança
Que em encruzilhadas fazia suas danças.
A criança da metade se alimetou
E a outra metade no chão enterrou
Fazendo nascer ali duas coisas
Que antes ninguém jamais pensou.
A Arvore a nascer daquela terra
Era a figueira dos frutos roxos
Que existe até hoje em nossa  era
E a criança inocente
Que engoliu a metade das sementes
De uma menina faceira
Se tornou poderosa feiticeira
Que podia fazer milagres e diabruras.
Essa bruxa foi a primeira
Chamada de "a da Figueira",
Era brava como o cão
E viveu muito, mas então
Mas um dia cansada da solidão
Quis ter uma companhia.
A maldita gerou uma filha
Que assim como ela gerou tantas mais
E um milênio após era grande a família.
Uma a uma a morte chamou
Ate que na terra so uma restou
No reino de Aragão a pobre Júlia
Uma moça de beleza marcante
E mesmo sendo pobre
Era altiva e um pouco arrogante.
Júlia era um tanto diferente
Não fazia mal com o dom da Figueira
E quis ser somente curandeira
Mas a epoca ja não era segura.
A pedra da igreja uma carta assinou
E a todos os reis ele a envio
E com letras galantes cada um leu
"Queimem as bruxas".
Júlia era muito doçura e mansidão
Mas pouco a pouco o veneno
Da Figueira entrou em seu coração
E perversa se tornou.
Era moça e com um velhote se casou
Como era de costume
Mas um dia um cigano na sua aldeia chegou
Com a pele escura e os olhos brilhantes como a lua.
Nos braços do cigano ela caiu
E sem remorso o marido traiu.
Júlia era boa com as ervas
E para o velhote o jantar serviu
Temperado com as plantas dono
Muitas noites ele dormiu
Enquanto Júlia tinha com o cigano o encontro
Mas uma noite o velho fingiu
Nao comeu e a seguiu
Ate o meio da floresta
Onde o adultério viu.
O velho levava na mão o machado
E sem piedade o cigano foi cortado
Mas Júlia correu para o meio da mata
Com o velho em sua vola
Afim de a ela degolar
E quando ele a alcançou
Tentou sim a ela matar
Mas Júlia estava diante de um árvore Figueira
Com agilidade ergueu a mão
Arrancou um galho
E para o velho apontou o bastão
O amaldicoando com ódio e fúria.
O sangue da boca dele jorrou
E o velho para fora da floresta se arrastou
Indo cair na escadaria da igreja.
O coração logo parou
E o padre os olhos do cadaver fechou
Mas antes o velho contou
Quem de verdade era Júlia.
Foi formado um batalhão
Armados de baioneta e fação
E para dentro da floresta marcharam
Afim de queimar a bruxa.
Cem noites de busca
E ninguém nunca a avistou
Toda arapuca quebrava
Todo laço partia
Mas o padre observou com calma
E viu algo que ninguém mais via
Em todo canto onde Júlia havia estado
Uma Folha de figueira caia.
Ah era isso que ela fazia
Júlia usava as forças da árvore
A mesma arvore que o padre maldizia.
Ele ordenou que os lenhadores
Darrubassem todas as figueiras da mata
E com a madeira de uma delas fizessem
Uma cela, uma jaula
E a enfiassem em um buraco no chão
Fazendo a derradeira armadilha.
Júlia andou pela floresta  destemida
Sem saber que seu segredo o padre conhecia
E uma noite pisou um amontoado de folhas
O chão cedeu
E quando ela percebeu
Estava enjaulada.
Ela chamou os espíritos
E proferiu palavras de grande poder
Mas dentro da Madeira da figueira
Nada surtia efeito
Nao tinha o que se fazer.
O padre mandou os homens suspenderem a jaula
E a levaram para o topo de um colina
Onde a pilha de troncos de figueira ja a esperava.
A jaula foi colocada sobre eles
E o fogo aceso
E então em uma fogueira de figueira
Júlia foi queimada.
A Figueira foi a fonte do poder
E ela mesma a fez perceber
Pois o que o Diabo da com a mão direta
Com a esquerda ele tira.
Mas isso não acabou
O fogo apenas a carne de Júlia torrou
Mas assim que a fogueira se apagou
Júlia estava ali
Uma alma imortal.
Júlia foi só  uma
Pois nesta família existiriam muitas mais
Todas são as bruxas da Figueira
E até hoje
Elas existem
Cada uma de uma forma
Mas todas muito poderosas.
Se você tem uma Figueira no seu caminho
Pode ser uma boa ou uma má notícia
Pois se desta família você também é filho.



Saravá a Pombagira da Figueira

Espero que tenham gostado!
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