Médium Diva Belladonna capítulo 9 parte 3
Médium Diva Belladonna
Episódio final, Terceira parte:
"Desmembramento"
O bebê de repente perdeu o ar demoníaco e começou a chorar, batia os braços como quem pede socorro, esticava os dedos e esperneava mas Uriel não se deixou enganar pois agora sabia que aquilo era Sharir Malaun.
Ele começou a recitar em grego:
- I pio ischyrí kóri tou megálou Theoú ton aktínon, Manía theá ólou tou kakoú, apó ton patéra chorístike kai apó ton kósmo diásparta!
(A filha mais poderosa do Deus dos Raios, Manía a Deusa de todo o mal, pelo pai foi dividida e pelo mundo espalhada!)
A espada Nihaya deu um solavanco e se soltou das mãos de Uriel, reluzia como um farol enquanto levitava sozinha sobre o bebê que berrava.
E Uriel prosseguiu a reza:
- Aftós pou vrísketai brostá mou prépei epísis na choristeí! Óla ósa synthétoun éna zontanó ónio epipléoun epáno mas!
( Este que está diante de mim também deve ser dividido! Tudo o que forma um ser vivo flutua sobre nós!)
Neste momento um vendaval tomou conta do quarto, Doralice e a menina foram arremessadas para uma parede onde ficaram achatadas pelo penso do vento. Os cabelos ruivos de Uriel vibravam como serpentes no ar e ele mantinha as duas mãos abertas esticadas parar o bebê, e então raios foram sendo expelidos do pequeno peito diamantado e puxados para a espada que os refratava pelo ambiente.
Uriel prosseguiu:
- To ékopsa me aftí ti lepída apó to aíma enós Theoú Dimiourgoú! Boreíte na diachorísete apó sas káthe éna apó ta méri pou sas synthétoun!
( Eu o corto com esta lâmina feita do sangue de um Deus Criador! Que cada uma das partes que te compõe seja separada de ti!)
O bebê escancarou a boca em um rugido infernal como um trovão, e do fundo de sua garganta saiu uma quantidade de água transparente e luminosa que apairou no ar junto aos elementos que giravam e Uriel disse:
- To próto kommáti eínai to neró!
(O primeiro fragmento é a água! )
Logo em seguida uma grande tosse acometeu o bebe e das pequenas narinas duas labaredas surgiram sendo também puxadas para cima, Uriel falou:
- To déftero kommáti eínai fotiá!
(O segundo fragmento é fogo!)
Então o bebê berrou alto quando o seus dois pés do se separaram do corpo e flutuaram no ar perdendo a forma de membros e se tornando uma massa espessa e esférica. Uriel falou:
- To tríto kommáti eínai i gi!
(O terceiro fragmento é a terra!)
O peito do bebê afundou perdendo volume e um som rouco foi emitido mas não visível nada saindo dele, porém Uriel compreendeu que era o ar que abandonava os pulmões e disse:
- to tétarto kommáti eínai o ánemos!
(O quarto Fragmento é o Vento!)
Estes são os quatro elementos principais que mantém a forma de um ser, apos eles serem sofridamente separados de Sharir, os demais elementos foram facilmente extraídos. Do meio da testa saiu um grande raio azulado que se condensou em uma esfera reluzente, em seguida os olhos se arregalaram e as pupilas vermelhas soltaram duas gotas brilhantes que se misturam formando um única minúscula esfera que era a mais reluzente de todas.
Uriel falou:
- Ray kai fos xechoristá apó sas!
(O Raio e a Luz se apartam de ti!)
As têmporas do bebê queimaram como se fossem chumbo fervendo e se desprenderam da cabeça dele formando uma esfera escura e opaca, então Uriel disse:
- To skotádi sas enkataleípei!
(a Escuridão te abandona!)
A pele de diamante do bebe se rachou e rapidamente esfarelou fazendo os fragmentos flutuarem no ar formando uma esfera transparente e multifacetada como uma pedra preciosa. Uriel falou:
- Chánete epísis tin aspída sas!
(Perdes também o teu escudo!)
O bebe jazia agora em carne viva, mas não como um ser humano pois ele não possuia músculos a se exibir, tudo nele era feito de pedra ligada com um viscoso líquido escuro que o azeitava. As duas clavículas se desprenderam e flutuaram, a direita se quebrou em mil pedaços se unindo e tornando uma esfera vermelha escura, a segunda clavícula se tornou uma esfera branca com fragmentos azulados por dentro e ambas também subiram flutuando no ar.
Uriel falou:
- I dýnami tis epoúlosis kai tis kyriarchías me tin párodo tou chrónou vgaínei apó sas!
( O poder da cura e domínio sobre o tempo saem de ti!)
Do peito do bebe brotou uma esfera azul escura que mais parecia deita de areia e Uriel falou:
- I exousía sas na kyriarcheí kai na elénchete epísis sas enkataleípei!
( O teu poder de dominar e controlar também te abandona!)
Os olhos do bebe saltaram para fora das órbitas e os dois glóbulos se fundiram e um único olho de vidro, em seguida as suas mãos se desprenderam do corpo se juntaram também se fundindo em uma esfera púrpura e brilhante e flutuaram pata cima. Uriel falou:
- To Clairvoyance kai i Magic den sas aníkoun pia!
(A Clarividência e a Magia não mais te pertencem!)
A língua do bebe se soltou da boca e se enrolou em si mesma formando uma esfera rosada, Uriel falou:
- Idýnami na arnitheís kai na katapiéseis den sou tairiázei pléon!
(O poder de negar e oprimir ja não te cabe)
A cabeça do bebê se descolou do pescoço e flutuou se transformando em uma esfera dourada, Uriel vendo falou:
- chánei tin polýtimi psychí tou.
(Perde a tua precisa alma.)
o coração de bebê saiu do peito e se tornou uma esfera esverdeada, e por fim tudo o que restou do corpo se fundiu em uma esfera cinza.
Uriel falou:
- i zoí kai o thánatos sas afínoun, tóra den eínai típota perissótero.
(A vida e a morte te deixam, e então tu não é mais nada.)
O vendaval no quarto cessou e as dezessete esferas flutuavam girando lentamente, o som que saia delas era similar a quando se passa os dedos pelas bordas de uma taça de cristal. Uriel pegou o cabo da espada Nihaya e foi batendo nas esferas para que subissem e se misturassem a nuvem de elementos que pairava logo acima.
Cada uma delas absorveu grandes quantidades dos elementos ate que nada deles restou e apenas as esferas bailavam dançando em volta da lâmina da espada, mas o som mudou agora parecendo com um coral de vezes humanas que cantavam algo ininteligível e melódico.
Uriel estava úmido de suor, o feitiço o havia exaurido, mas ainda havia mais a fazer.
Ao absorver os elementos químicos cada uma das esferas agora tinha em si o poder de gerar um corpo humano, mas para isso todas necessitavam de úteros para gerar esses corpos.
Uriel girou a espada e bateu a ponta no chão dizendo:
- óti káthe kommáti tou Sharir pigaínei na psáxei gia mia mitéra na gennitheí se aftón ton kósmo.
As esferas se agitaram, algumas incharam, outras se comprimiram e como meteoros elas voaram pelo quarto, Uriel correu para fora e as guiou pelo corredor, abriu a porta e deixou que saissem, elas voaram para cima até se espalhar pelo céu deixando rastros reluzentes, cada uma partiu em uma direção diferentes.
Doralice veio logo atras com a menina Ariana no colo e perguntou parar Uriel:
- O que vai acontecer agora?
Uriel se virou e respondeu:
- Bom, agora cada uma dessas esferas vai percorrer um longo caminho no nosso globo terrestre ou até mesmo fora dele para encontrar uma mulher esteja grávida e então se apossar dessa vida que está sendo gerada no útero de cada uma delas para em breve nascer, é assim que funciona o desmembramento de Manía.
Doralice perguntou:
- Então serão como se fossem pessoas possessas por Sharir não é?
Uriel disse:
- Sim é. Mas eu eu irei rastrear cada uma delas para saber se estão bem. Mas agora devemos cuidar da menina.
Doralice falou:
- Da Ariana? Sim... Ela está desacordada, a temperatura esta baixa. Você crê que ela realmente se tornou uma vampira? Quer dizer, isso é muito surreal, essa coisa de vampiros...
Uriel respondeu:
- Surreal? Doralice você é uma bruxa, eu sou um Anjo, e pra você somente uma vampira é surreal?
Doralice falou:
- Vendo por esse lado... Nada é impossível. Mas você não respondeu, acha que ela é uma Vampira?
Uriel tocou a testa da menina e sentiu a pele gelada como de um morro e falou:
- Creio que sim mas o problema é que não fazemos idéia do que e uma Vampira de verdade, tudo que sabemos vem de histórias como "Drácula" mas é fato que estas histórias não tem vínculo com a realidade, então não sabemos no que ela vai se transformar, não fazemos idéia, mas creio que ela vai ter sede de sangue.
Assim que atravessou o espelho Belladonna foi recebida com um enorme bofetão de Samyaza que a fez cair deitada no chão.
Samyaza estava realmente furiosa.
Belladonna tentou se recompor e com ajuda de Ahiliel se levantou mas logo caiu novamente e ao bater o rosto no chão ficou desacordada por mais de um dia.
Quando acordou estava sendo tratada por Ahiliel que atava nela um fio de cabelo loiro no pulso e com um livro velho aberto na mão recitava uma reza antiga. Belladonna se percebeu nua, e sentiu mais um criado do palácio que estava ali esfregando no corpo dela um unguento mal cheiroso.
Com a voz fraca ela perguntou:
- O que está acontecendo?
Ahiliel não parou de recitar a reza e então a criada do palácio falou:
- Estamos tratando da sua saúde, para que fique jovem novamente.
Belladonna reconheceu a voz da criada e de imediato virou o rosto para ve-la, confirmou, era Isaura que sorria para ela. Isaura estava jovem, parecia uma moça de vinte anos, o cabelo preso em um coque e vestindo um leve vestido branco como todas as criadas da casa de Samyaza.
Belladonna perguntou:
- Mas você... Está morta... Como pode estar aqui?
Isaura respondeu:
- É justamente o oposto, eu estou onde devo estar. Aqui é o Inferno, e eu sou uma alma condenada. Você é que não devia estar aqui, ainda nem sequer morreu.
Belladonna ergueu um mão para tocar em Isaura e quando alcançou o rosto da amiga sentiu que era gelado como pedra. Sim fazia sentido que estivesse ali, afinal Isaura mesmo nunca tendo desenvolvido os poderes era Bruxa também, e as Bruxas tem o inferno como morada final.
Isaura afastou a mão de Belladonna e disse:
- Durma agora, precisa dormir para se restaurar.
Ela estava realmente cansada, fechou os olhos e caiu em um sono profundo.
Já estava novamente rejuvenescida quando acordou, deitada na cama do quarto que havia sido reservado a ela no palácio de Samyaza se sentia perfeita. Já estava vestida com um robby preto simples. Sentou de vagar na cama e quando olhou para o grande espelho do outro lado do aposento sentiu uma incontrolável vontade de conferir se realmente estava bela como antes, então se levantou a foi até lá, se sentia ainda tonta mas ja conseguia andar bem. Quando ficou diante do espelho abriu um largo sorriso ao ver que sua aparência estava impecável, jovem e bonita.
A porta estalou e Isaura entrou trazendo uma bandeja com pão preto e um copo de vidro escuro com vinho tinto e uma taça dourada com água. Ela olhou para Belladonna e disse:
- Foi o máximo que consegui, aqui no inferno não tem nenhuma padaria ou supermercado, tudo o que a senhora Samyaza come é estranho, então so tem isso na cozinha.
Belladonna foi até ela, removeu a bandeja pondo sobre uma mesinha ao lado da porta e deu um forte abraço, mas o Abraço não foi correspondido, Isaura permaneceu com os braços para baixo.
Belladonna perguntou:
- Como chegou até aqui?
Isaura fez sinal para ela se sentarem na cama, então começou a contar:
- Quando eu morri eu apenas senti como se desmaiasse, e quando acordei estava dentro de um enorme barco no Rio Estige, o barco do Caronte. Tinha centenas de pessoas lá, na verdade acho que eram milhares. De imediato me informaram que o rio Estige corre pelas dezoito províncias do Inferno e que cada tipo de alma vai para uma diferente. Eu fui forçada a desembarcar no Porto de Koukouvágia.
Belladonna interrompeu:
- Koukouvágia? Mas é a lenda de...
Isaura prosseguiu:
- Sim, koukouvágia é a entrada Para o reino de Hecate, que fica dentro do território governado por Lilith. Pelo que entendi Lilith e Hecate são como primas ou irmãs, parentes. Lá fui colocada em uma grande fila para avaliação, apenas mulheres nesta fila e ela servia se separarar bruxas poderosas de bruxas fracas. As boderosas eram enviadas para uma audiência de avaliação com Hecate, mas as fracas eram colocadas no mercado para serem vendidas como escravas. Eu fui para o mercado acorrentada.
Belladonna cobriu a boca mostrando horror, e perguntou:
- Te fizeram algum mal?
Isaura meneou a cabeça, e continuou:
- Não, não deu tempo. Quando eu fui levada para o palanque para ser vendida a algum nobre desta terra eu fui comprada por uma mulher que de me imediato reconheci.
Belladonna perguntou:
- Quem era?
Isaura descreveu:
- Roupa em seda vermelha, sapatos de meia pata pretos reluzentes, cabelo preto encaracolados e volumoso até a cintura e uma coroa com um rubi em forma de coração na cabeça.
Belladonna disse:
- Maria Padilha? Ela te comprou?
Isaura auniu:
- Sim, ela me reconheceu, se lembrou que eu trabalhava na sua casa e que sempre estava presente nas festas anuais para Maria Quitéria no casarão. Então me comprou e me levou para o palácio dela, ela reside em uma palácio enorme cheio de mulheres que a seguem.
Belladonna completou:
- A falange? Você viu a falange de Maria Padilha das Almas?
Isaura disse:
- Sim, cerca de trezentas mulheres e lá que trabalham para ela como suas falangeiras e cerca de duzentas escravas que cuidam do palácio e de outros negócios. Fiquei lá muito tempo.
Doralice ergueu a manga e mostrou o antebraço direito onde uma espécie de Pá ou remo havia sido tatuado em azul marinho e logo acima as letras MP entrelaçadas em vermelho e cruzadas com uma rosa.
Ela continuou:
- Acredite, por mais que Maria Padilha seja perfeccionista e um tanto exigente ela é complacente e gentil com todas as escravas. Alias ela não nos chama de escravas e sim de ajudantes, diz que podemos ir embora do palácio se quisermos, deixa as portas sem trancas e não nos prende com correntes, porém como todas as escravas sabem que o inferno é um lugar cruel elas preferem ficar lá mesmo, pois lá estão seguras. Eu não sei dizer por quanto tempo fiquei lá, sei que aqui no inferno o tempo é muito mais lento que no mundo dos vivos, eu conto sessenta anos de servidão, mas pode ser mais. Maria Padilha certa noite me chamou no quarto dela e me disse que tinha uma missão para mim, que você estava aqui na casa de Samyaza e que todo o inferno estava comentando que você não estava morta e sim viva, e não sei se sabe mas é contra a lei daqui uma mulher viva permanecer aqui em baixo. Padilha me disse para vir aqui e dizer a Samyaza que eu trabalhava para você em vida e que gostaria muito de trabalhar para você agora.
Belladonna perguntou:
- E Samyaza permitiu?
Doralice respondeu:
- Eu nem cheguei a falar com ela, nós que somos de classe baixa somos proibidos de olhar para os nobres, e Samyaza não me recebeu. Mas o chefe dos servos, aquele Anjo chamado Ahiliel me recebeu e me deu trabalho.
Belladonna perguntou:
- Então você aqui é espiã de Maria Padilha?
Doralice respondeu:
- Sim. As Pombagiras são uma classe nova aqui, surgiram a menos de cinco mil anos.
Belladonna arregalou os olhos e falou:
- Cinco mil? Impossível, Pombagiras não tem nem mil anos.
Doralice explicou:
- Um ano na terra dos vivos é quase vinte a quatro anos aqui no inferno, então duzentos anos de existência na terra é quase quatro mil e oitocentos anos aqui.
Belladonna anuiu:
- Ah sim, estas coisas sobre tempo e cronologia diversa me confundem um pouco.
Samyaza abriu a porta do quarto e entrou, ao ver Isaura sentada na cama junto a Belladonna ela arregalou os olhos e falou com a voz áspera:
- O que pensa que está fazendo Escrava?
Isaura se levantou rapidamente e fez uma mesura, em seguida Belladonna se levantou e disse:
- Desculpe, eu insisti que ela sentasse aqui comigo, eu a conheci quando ela era viva e...
Samyaza ergueu uma mão interrompendo:
- Certo, se quiser pegar essa escrava para você fique a vontade, isso vai liberar Ahiliel ja que ele agora fica gastando muito tempo ao seu lado e deixando as responsabilidades de lado.
Belladonna agradeceu mas Samyaza se dirigiu a Isaura falando:
- Quanto a você escrava, se você se portar de modo desagradável como isso que vi agora, tenho certeza que irá provar o couro do meu chicote em suas costas. Faz tempo que não açoito um verme e meu pulso está com saudade do movimento.
Isaura se curvou ainda mais em uma mesura submissa.
Samyaza olhou para Belladonna e falou
- Sabe o que aconteceu neste tempo que ficou apagada?
Belladonna respondeu:
- Não, o que aconteceu?
Samyaza falou:
- Uriel pegou o bebê e fez um ritual com ele chamado de "divisão de Manía", ele cortou a alma da criança e a espalhou pelo mundo. Agora fica muito mais difícil achar ela.
Belladonna não entendeu o que "divisão de Manía" significava mas não perguntou nada, fugiu que entendia tudo, mas percebeu que o plano de capturar o bebê já não dependia dela e teve de questionar:
- Então eu não sou mais útil para você?
Samyaza olhou para Isaura e entornou os lábios, Isaura entendeu e saiu rapidamente do aposento fechando a porta.
Samyaza falou:
- A questão do bebê vai ser resolvida aos poucos, mas isso não significa que eu não tenha planos para você. Se lembra da carta que recebeu? Da Strega? Quero que você vá lá o quanto antes.
Belladonna perguntou:
- Mas qual é a finalidade?
Samyaza falou:
- Preciso erguer bases fortes, muitas coisas irá acontecer. Strega é o órgão que domina milhares de Bruxas da Europa e colônias, então se eu dominar a Strega eu terei muito mais poder.
Belladonna perguntou:
- E onde eu entro nisso?
Samyaza falou:
- Você vai ser a nova líder da Strega. Quero que mate Lineanne e assuma a cadeira de líder.
Belladonna sentou as mãos tremerem e cruzou os braços Para esconder. Falou:
- Mas eu não tenho poder para enfrentar Victoria Lineanne, ela me esmagaria em um segundo.
Samyaza falou:
- Você de fato não tem como fazer nada disso, mas eu tenho. Você vai fazer tudo o que eu mandar e lutará munida com as armas que eu te oferecer. Está pronta para ser a rainha das Bruxas?
Belladonna fingiu uma expressão confiante e respondeu:
- Claro, e eu serei.
Uriel e Doralice arrumaram as malas, ela pegou pouca coisa ja que suas roupas antigas não serviam mais, colocaram alguns pertences e muitos livros no porta-malas do Mustang e incendiaram a casa deixando tudo virar cinzas.
Pegaram a estrada rumo Minas Gerais, era dia claro e o sol brilhava intensamente. Em um determinado momento o sol começou a ficar luminoso demais, estranhamente reluzente até que o para-brisa do carro ficou branco como se um holofote estivesse apontado diretamente para ele. Uriel tentou virar o volante do carro mas as rodas estavam duras e eles sentiram un forte tranco, chegaram a pular nos bancos devido ao impacto e varias barras de chocolate caira do porta-luvas se espalhando pelo chão. O Mustang parou, a Luz não cessou e eles acharam melhor descer do carro.
Doralice mesmo sendo feiticeira e tendo sido envolvida a vida toda com o sobrenatural na verdade temia que aquilo fosse uma abdução alienígena, ela andava assistindo filme demais.
Mas quando desembarcaram do veículo eles ficaram atônitos não estavam mais na estrada, o Mustang estava parado no centro de um colossal anfiteatro feito de pedras de mármore branco e nas arquibancadas estavam sentados milhares de gigantes.
Não, não eram alienígenas.
No mesmo nível que Uriel e Doralice estavam viram a sua volta vinte e nove tronos dispostos em círculo e os seres sentados em cada trono eram muito maiores que os gigantes da platéia.
Na platéia os poderosos, nos tronos os supremos.
Doralice estava muito confusa e quando olhou para Uriel percebeu que ele olhava tudo horrorizado, seu queixo tremia e ele virava a cabeça para todo lados como se soubesse o que era aquele lugar mas quisesse ter certeza.
Ela perguntou cochichando:
- Uriel que lugar é esse?
Ele olhou para ela pálido e falou:
- Yerouxía, o Senado dos Deuses. Todos os deuses de todos os panteões do mundo se reuniam aqui no passado para dialogar nos tempos de guerra.
Doralice arfou e perguntou meio sem fôlego:
- Esses gigantes todos sentados a nossa volta...
Uriel disse:
- São Deuses, os senhores de tudo que existe. Estes mais perto de nós, os que são maiores que os os outros são os Deuses supremos líderes dos panteões e nas arquibancadas estão os panteões.
Uma voz grossa como um trovão rasgou o silêncio:
- Anjo Caído. Mulher humana. Vocês estão aqui para dar esclarecimentos sobre os fatos ocorridos com o renegado... Sharir.
Um burburinho ressoou quanto o nome Sharir foi pronunciado, os deuses na platéia comentavam uns com os outros.
Uma dupla de Deuses se aproximou de Doralice e Uriel que se assustaram ja que eram do matanho da panturrilha daquelas divindades. Um Deus era negro de corpo esguio e usava um manto vermelho vivo amarrado a cintura com o peito nú e alguns colares caindo sobre ele, o segundo Deus era branco e loiro, usava um manto igual mas na cor azul marinho e uma coroa de louros na cabeça.
O Deus de pele negra começou a falar:
- Eu sou Exú e junto com meu companheiro Hermes iremos conduzir os depoimentos.
Hermes tinha a voz mais aguda e disse:
- Queremos saber da mulher humana Doralice sobre Sharir, Doralice vá até o meio da arena e responda as perguntas dos Deuses Supremos.
Doralice tremia da cabeça aos pés, se sentia como uma formiga em meio a uma multidão de pés enormes que facilmente a esmagariam. Ela caminhou rápido para o meio da área que estava demarcado com uma estrela de seis pontas desenhada no chão e ficou em pé ali esperando as perguntas.
Um deus enorme de pele totalmente espelhada que refletia a tudo a sua volta e que estavam sentados em um trono do tamanho de um edifício de dez andares feito de pedra branca a direta falou com um voz doce e calma cheia de um sotaque que parecia ser de algum dialeto africano, ele perguntou:
- Doralice Salvaterra, feiticeira... Eu sou Olodumare, Deus supremo e líder do panteão dos Orixá. Me diga como se deu a origem do nascimento de Sharir na terra.
Doralice estava estarrecida, percebia os olhos ávidos de milhares de Deuses colados nela, falou em voz baixa mas todos conseguiam ouvir:
- Eu... Minha prima Betânia relatou ter mantido relações íntimas com o Deus Vodun Legbá, e engravidou dele.
Uma Deusa negra exageradamente vestida e cheia de jóias se ergueu na platéia e falou alto:
- Impossível! Como algo assim ocorre e nenhum Deus fica sabendo? Todos nós somos cientes da proibição de procriar com humanos desde a Profecia. É impossível!
O Deus Supremo Olodumare falou com a voz suave mas ao mesmo tempo imponente:
- Oxum se aquiete, esta aqui para ouvir e não para falar.
A Deusa se sentou na platéia sem disfarçar a insatisfação.
Ao lado de Olodumare haviam dois tronos muito próximos e neles um casal de deuses supremos que estavam de mãos dadas, a mulher era vermelha como sangue e se vestia com um manto branco, o homem era purpura e se vestia exatamente igual a ela. Em uníssono eles disseram:
- Legbá é do nosso panteão, se ele tivesse feito tal coisa nos saberíamos.
Um outro Deus supremo que era azul como o céu e tinha inúmeros anjos pousados em seus largos ombros e sentados nos braços do trono de pedra negra disse:
- Mawu-Lisá, se não é muita ousadia minha eu gostaria que Legbá viesse até a arena falar sobre isto.
Os deuses gêmeos responderam:
- Correto Jeová, que Vodun Legbá venha dar seu testemunho.
Na alto da arquibancada se ergueu na platéia um Deus de pele negra que esbanjava beleza e sensualidade, tinha longas tranças e olhos amarelados como de um gato, usava um manto vermelho na cintura e diversos colares igual a Exú. Ele desceu ate a arena e se ajoelhou diante dos Deuses Supremos gêmeos Mawu-Lisá, então disse:
- Mama, Papa, eu...
Mawu-Lisá com a voz imperativa perguntaram:
- Legbá você fez o que está mortal diz que fez?
Legbá timidamente anuiu.
Os Deuses da platéia explodiram em uma discussão geral, alguns ficaram em pé e apontaram para Legbá falando ofensas em seus dialetos originais.
Uma Deusa suprema que parecia a maior divindade daquela sala ergueu a mão em sinal de que a platéia se calasse e disse:
- Eu Gaya do panteão dos Titãs pergunto, Legbá, você é um Deus assim como todos os que estão aqui presentes hoje, e você ja existia quando aconteceu o Banimento de Sharir Malaun para o nada. Quando o banimento ocorreu, todos os deuses Supremos desta sala de comum acordo firmaram que os Deuses não mais coabitariam com os seres humanos ou com mortais de qualquer espécie. Freya nos alertou sobre a Profecia que falava que o retorno de Sharir Malaun viria a partir do nascimento de um Semideus, e por isso foi proibido a geração de semideuses. Legbá, porque desobedeceu a ordem e se relacionou carnalmente com a humana Betânia?
Legbá estava trêmulo, de cabeça baixa diante dos Deuses Supremos ele ia começar a falar quando Uriel se pronunciou:
- Não é culpa dele.
As grande cabeças dos vinte e nove Deuses se viraram para observar Uriel.
Gaya falou:
- Anjo Uriel Senhor das Sephiras, o que sabe deste assunto?
Uriel caminho para onde Doralice estava e falou:
- Eu vejo que tudo que envolve Sharir fica oculto da omnisciencia de todos vós, Grandes Deuses Supremos.
Um Deus Supremo de pele bronzeada e com um organizado cabelo cacheado loiro sentado em um trono que parecia de vapor ou de nuvens falou:
- Sim Anjo. Eu Zeus senhor dos Raios e todos os outros Deuses líderes de seus panteões ficamos totalmente cegos quando se trata de Sharir Malaun. Por isso é necessário o seu depoimento.
Uriel fez uma leve mesura e falou:
- Me perdoem se pareço desrespeitoso, mas a minha pressa me faz agir sem salamaleques. Vou repetir algo que ouvi da boca de Sharir.
Uma Deusa de pele palida e desgrenhado cabelo preto se ergueu na platéia e gritou:
- Você falou com Ele? Dagda isso é impossível!
Um outro Deus Supremo chamado Dagda e lider do panteão celta estava vestido com uma túnica preteada e sentado em um trono de madeira, ele disse:
- Morrigan não interrompa. Todos os Deuses aqui estão para ouvir, o próximo que interromper irá ser castigado.
Dagda fez um gesto com a mão olhando para Uriel e o incentivando a prosseguir.
Uriel contunou:
- Sharir me disse que foi Samyaza que o ajudou a nascer, ela o cultua. E vendo que o poder dele é grande o suficiente para manter certas coisas ocultas de vocês eu creio que também teria poder para enganar Legbá. A gravidez de Betânia foi totalmente orquestrada por Samyasa, por mais de dez anos ela planejou isto.
Os Supremos gêmeos Mawu-Lisá falaram um uníssono:
- Então é culpa de uma criação de Jeová, esta Samyaza e um Anjo do teu panteão.
Jeová estava ali e a cor de sua pele mudou para um vermelho vivo, com a voz estrondosa ele respondeu:
- Sim, Shemihazá foi criada por mim, mas o fato dela ter se bandiado para o lado de Sharir não exime a culpa de Vodun Legbá e consequentemente a culpa de Mawu-Lisá.
Um outro Deus supremo que era como uma grande árvore viva ja que de seu corpo brotavam folhas e flores de todas as cores tipos falou:
- Jeová abaixe seu tom.
Jeová bateu um punho com ferocidade no braço do trono e todos os anjos que estavam sentados em seus ombros voaram como borboletas assustadas.
Ele disse:
- Zambi,não. Eu não vou ouvir acusações calado, todos vocês adoram me acusar de tudo!
Um outro Deus supremo que ostentava uma grande barba branca e usava um elmo com duas asas de prata saindo pela lateral e que estava sentado em um trono broze falou:
- Claro que não gosta de ser acusado, você gosta é de acusar. Achou que veio aqui para a Yerouxía para ser o juiz como sempre...
Jeová ficou em pé e gritou de modo que todo o salão estremeceu e todos os deuses menores sentados na platéia cobriram os ouvidos com as mãos, ele gritava:
- Odin eu sou o mais velho entre todos os Supremos e não serei tratado com desrespeito!
A surprema Deusa Gaya zombou:
- O que tem de velho tem de arrogante.
Jeová se virou para ela e disse:
- Sou o pai de três grandes religiões, Sou Deus dos Judeus, dos Muçulmanos e dos Cristão, e você Gaya? Quem a cultua? Os humanos nem sabem que você existe!
Gaya se levantou a e puxou uma lança com ponta de pedra que estava bem ao lado de seu trono e apontou para Jeová, mas antes que atacasse ela foi interrompida por uma voz suave que disse:
- Meus Senhores parem já.
Todos os Deuses supremos e também os deuses menores olharam para o meio da arena onde uma Deusa suprema estavam em pé vestida com uma túnica rosada, cabelo preto encaracolado caindo sobre os ombros e usando um diadema de ouro branco com formato de lua minguante e com grandes braceletes de prata em ambos os braços falou:
- Nao sejam tão desapercebidos. Sharir nasceu há poucos dias e já tem influência sobre nós, veja, estamos a ponto de nos agredir, vocês sabem que é isso que ele faz, ele trás a destruição.
Odin olhova para a Deusa com admiração, disse:
- Freya, foi você quem trouxe a Profecia até nos, você que nos alertou que Sharir iria retornar. Como sempre suas palavras nunca são vazias. Nos diga o que fazer agora.
Freya sem pestanejar respondeu:
- Fugir.
Todos os Deuses novamente entraram em um burburinho entre cochichos e conversas.
Olodumare falou:
- Nós? Fugir? Como? Nos sustentamos este pedaço do Universo, porque fugiriamos?
Freya se dirigiu a Doralice, caminhou até ela e ergueu o vestido entao levantou um pé e pisou em cima de Doralice.
Todos os Deuses da arquibancada ficaram em pé para ver direito, mas se surpreenderam quando Freya tirou gigantesco pé de cima de Doralice e todos viram que ela estava viva e intacta.
Freya disse:
- O retorno de Sharir trouxe um efeito imprevisto, nos que somos Deuses supremos estamos sem nossos poderes. Sharir nos tornou obsoletos. Ainda podemos fornecer poder aos Deuses menores de nossos panteões mas não podemos lutar.
O Deus Supremo Rá que era dourado como estátua de ouro e que usava uma enorme coroa com o símbolo do Sol encrustrado e se sentava em um trono de areia se pronunciou:
- Explique melhor Freya, explique o real motivo da nossa fuga.
Freya olhou para ele e respondeu:
- O real motivo é que se Sharir encostar em um Deus Supremo, se lutar contra um de nós este morrerá e com ele todo o seu panteão. Para a nossa segurança e a dos outros Deuses nos devemos partir e nos refugiar em Haumea.
Jeová bateu novamente as mãos nos braços de apoio do trono e falou indignado:
- Haumea? Eu o senhor dos exércitos ir me esconder em um planeta que não deu certo? Acha mesmo que eu irei me humilhar a este ponto?
Freya falou:
- Fique e lute com Sharir. Faça isso se é tão valente. Sabe muito bem que quando nós o banimos da primeira vez o efeito do nosso empenho o tornaria imune a nós.
Gaya zombou:
- Vá lá senhor dos exércitos, nos adoraríamos ver Sharir te usar como lenha para uma fogueira.
Doralice cochichou no ouvido de Uriel:
- Os grandes Deuses tem medo de Sharir?
Todos os deuses olharam para Doralice, por mais que ela falasse baixo a audição privilegiada das divindades a fizera audível.
Freya olhou para baixo fitando Doralice e falou:
- Humana, Doralice, eu sei que Sharir Malaun é uma lenda no mundo dos vivos, uma história similar a de Satanás versus Jeová.
Jeová bufou de indignação mas Freya não deu atenção e continuou falando com Doralice:
- Olhe em volta, você vê vinte e nove Deuses suoremos e trinta e dois mil e trazendo e onze Deus menores que se divindem nos panteões liderados pelos supremos, sem contar o grande número de divindades menores que também nos redeiam. Bom querida, todos nós supremos fomos gerados por Caos, ou como se diz na sua língua, o "Universo". Ele gerou trinta deuses, o trigésimo era Sharir Malaun, que foi criado para nos destruir. Tal como a natureza existe em cima da matança, os Deuses também deviam existir desta forma. Porém decidimos que não seriamos destruídos, então usamos o poder combinado dos vinte e nove supremos e banidos Sharir para o nada. Mas como nos apenas o banimos ele obviamente retornaria. Fizemos de tudo para adiar isso mas aconteceu. Porém o efeito de termos usados nossos poderes em totalidade máxima para bani-lo fez ele ficar imune a nós.
Doralice falou:
- Mas senhora, o fato de Uriel ter feito o ritual de Manía com a alma de Sharir não ajuda?
Um estrondo de trovão foi ouvido e Zeus se pôs em pé dizendo:
- Manía? Você separou a alma de Sharir?
Uriel respondeu:
- Eu não sabia que era Sharir, eu pensava que seria um Semideus comum que estava sendo perseguido por Samyasa, então sim fiz o desmembramento de Manía, ao meu ver era um meio de proteger ele.
Doralice falou:
- Nós prometemos a mãe da criança, a minha prima Betânia que iríamos proteger o filho dela e Uriel achou que a melhor forma seria espalhando a alma dele pelo mundo e assim ganhando tempo até que ele pudesse se recompor.
Uma Deusa suprema com olhos amendoados e aparência asiática vestida com um robe de seda vermelha falou:
- Não consigo lidar com isso de não conseguir saber nada que acontece em torno de Sharir.
Freya falou com ela:
- Sim Nu-Küa, para nós que somos acostumados a saber de tudo é difícil ficar tão desinformados.
Jeová perguntou diretamente a Uriel:
- Como conseguiu fazer o rito de Manía? Zeus fez isso, somente um Deus ou filho de Deus é capaz de fazer isso.
Uriel falou:
- Usei a Nihaya.
Um anjo que estava sentado no ombro de Jeová falou:
- Espada Nihaya? A minha espada! Você a roubou!
Uriel ergueu os olhos para cima e disse a Jeová:
- Se eu roubei está espada, que então eu seja fulminado agora.
Jeová o olhou com atenção e então falou:
- Não roubou. Você ganhou a espada de Baraquiel, ela por sua vez também não roubou, teve a espada como espólio de sua vitória sobre Miguel.
Uriel falou:
- Então a espada me pertence de forma legítima não?
Jeová disse:
- Não. Ela é um pedaço do meu corpo, foi forjada a partir de mim. Ela pertence somente a mim. Mas pode ficar com ela por enquanto, afinal vejo que foi útil ao meu favor.
O anjo sentado no ombro de Jeová era Miguel, e Uriel sorriu a ver que ele trincada os dentes de ódio ao ver a espada de posse dele.
Zeus perguntou:
- Então você cortou a alma de Sharir em sete pedaços?
Uriel respondeu:
- Não, ele foi dividido em dezessete partes. Haviam dezessete essências dentro dele.
Freya falou:
- Então ele esta espalhado pelo mundo, se nos pudéssemos encontrar os dezessete pedaços e lacrar cada um deles em uma ânfora, isso prenderia Sharir por pelo menos mais dez mil anos. Mas infelizmente não temos como rastrear ou perceber em quem os pedaços da alma irão nascer.
Uriel respondeu:
- Talvez a criança possa ajudar.
Freya perguntou:
- Que criança?
Doralice olhou para o Mustang e falou em voz alta:
- Ariana, por favor venha aqui.
Um das portas do banco traseiro do carro se abriu e uma menina palida com grandes olheiras roxas desceu, andava cambaleando e mesmo olhando para os Deuses gigantesco a sua volta ela não esboçava expressão alguma.
Jeová analisou ela de cima a baixo e disse:
- Ela se parece com a primeira Arauto.
Freya farejou o ar e falou:
- Ela é a Arauto. Sharir maculou essa alma, ela é uma... Kahafaash.
Os deuses na platéia comentavam e murmuravam, mas Freya prosseguiu:
- Essa criança pode ser muito útil. Você Anjo, você deve liderar uma missão para aprisionar Sharir, você, essa menina Kahafaash e essa mulher Doralice, vocês devem ir atrás de Sharir.
Uriel questionou:
- Porque eu faria isso? Estão me pedindo para ir em uma missão para aprisionar um Deus e acham que eu vou?
Freya olhou para Uriel não disfarçando o desdém.
Jeová falou:
- Bem aos moldes de Satanás... Ele quer um pagamento?
Uriel olhou para Jeová e respondeu:
- O que teria de valor para me dar? Ouro, prata, poder? Acha que isso me compra?
Jeová ergueu a mão e fez na sua palma uma nuvem de areia surgir e da novem uma imagem humana pareceu, um rapaz magro de pele palida e cabelos negros compridos e desgrenhados.
Uriel sibilou:
- Matiyah...
Jeová respondeu:
- Eu posso te dar esta ser. Ele não foi criado por mim, surgiu das nojeiras de Samyaza, mas como eu sou o criador dos anjos eu posso dominar os que os anjos fazem. Posso trazer este homúnculo de volta a vida, então você poderá praticar as suas iniquidades com ele a vontade.
As mãos de Uriel tremiam quando ele respondeu:
- Se me der ele agora eu aceito.
Jeová riu dizendo:
- Eu tinha plena certeza que sujeira e imundice seriam um pagamento ideal.
Doralice cortou a conversa dizendo:
- Não quero isso, não quero essa missão, eu não almejo isso para mim.
Freya olhou para ela e falou:
- Terá um pagamento se desejar.
Doralice respondeu:
- Não existe nada que eu queira.
Freya apontou um de seus dedos finos para Ariana e perguntou:
- Deixará a menina ir sozinha com o Anjo? Sabe os terrores que ela irá passar? Você é a responsável por tudo de mal que aconteceu com ela. Sim eu consigo ver nos seus olhos tudo o que aconteceu, você surgiu no quarto dela, a enfeitiçou, a casa foi atacada por que você estava lá, os pais dela estão mortos agora e ela foi transformada em uma Arauto de Sharir Malaun, uma Vampira. Vai virar as costas para ela? Esta menina terá de ir em missão para aprisionar Sharir, so com ele adormecido a sede de sangue dela irá cessar.
Doralice apertou as mãos nos ombros de Ariana que estava atônita sem entender nada.
Respondeu:
- Eu... Eu não irei deixar ela sozinha.
Freya olhou para Jeová e falou:
- Dê o pagamento de Uriel, esses três irão em uma missão.
Jeová assoprou a areia em sua mão e a figura de Matiyah flutuou até onde Uriel estava, o anjo envolveu o rapaz em um abraço forte.
Persefone, a Deusa do sub mundo dos gregos ficou em pé na platéia e falou:
- Não só os três, eu quero ajudar!
Vários deuses se levantaram e começaram a oferecer ajuda, mas os Deuses supremos os fizeram se calar. Freya falou para a platéia:
- Não, nenhum de vocês deverá ajudar. Sharir Malaun é um destruidor de Deuses, vocês estariam arriscando a própria vida, e o nosso depende de nós, não podemos nos arriscar. Eu falo por todos os Deuses supremos quando digo e afirmo que todos os Deuses sem exceção estão proibidos de se meter nessa causa.
Todos os deuses se sentaram novamente em silêncio.
Freya olhou para Uriel e falou:
- A primeira parte da sua missão é ir até o Inferno para pegar uma ferramenta essencial na sua missão. Você sabe, Hades juntou o mundo dos mortos gregos com o mundo de Satanas, Hades agora é uma das dezoito províncias do Inferno. Você deve entrar no Inferno, ir até Hades, falar com Érebo e pedir a Anfora Aionia, com essa ânfora você deve prender Sharir Malaun.
Uriel agarrou a cintura de Matiyah e respondeu a Deusa:
- Certo. Farei isso. Mas antes eu quero que Jeová afirme aqui diante de todos que se eu completar a missão, Matiyah será meu para sempre.
Jeová olhou para Uriel e disse:
- Não. Eu afirmou que eu ou os anjos que são fiéis a mim jamais tentarão nada contra essa criatura. Mas...
Uriel falou:
- Mas o que?
Jeová respondeu:
- Mas... Ele tem mãe. E a mãe dele eu não controlo.
Uriel olhou para a face de Matiyah, estava lívido como um boneco de cera.
Falou:
- Com Samyaza eu me entendo.
Freya disse:
- Então esta tudo certo? Uriel, Doralice e Ariana, irão na missão.
Uriel e Doralice assentiram concordando.
Freya falou:
- Então a participação de Vocês nesta assembléia se encerra por aqui. Desejo toda a sorte do mundo.
Exú e Hermes foram até Uriel e Doralice e em uníssono falaram:
- Atenção na estrada.
Uriel olhou para eles sem entender, então olhou para a Freya que sorria, ele piscou o olho e quando se deu conta estava dentro do carro parado no acostamento da rodovia, Doralice ao seu lado no banco do carona e no banco de trás Matiyah completamente nu e adormecido com Ariana que olhava pela janela com ar de louca.
Ariana falou, ela raramente falava, mas aquelas poucas palavras foram terríveis:
- Tenho fome.
Doralice e Uriel se entre olharam, sabiam qual seria o alimento desejado pela menina.
Doralice falou:
- Calma meu bem, vamos arranjar algo para você comer.
Uriel tocou a mão de Doralice e perguntou:
- As coisas daqui por diante ficarão muito sérias. Esta pronta?
Doralice sorriu e falou:
- Não.
Uriel também sorriu e confessou:
- Eu também não.
Ahiliel ensinou a ela tudo o que sabia, tudo o que havia testemunhado, e até algumas professoras ela teve, bruxas mortas que transmitiram preciosos ensinamentos.
Belladonna aprendeu com facilidade.
O inferno havia sido seu lar por um longo período, na terra dos vivos se passaram pouco mais de três meses, mas nas profundezas do Inferno haviam se passado quase seis anos.
Então chegou o dia determinado por Samyaza, o dia de retornar a terra.
Se vestiu com um simples casaco de lã preta, calças jeans azul escutas e um par de botas de cano tão longo que passavam do meio das coxas. Seu cabelo preto preso em um coque alto e nas orelhas um par de brincos de correntes de prata.
O espelho era a passagem que Samyaza usava, então Belladonna deveria usar também.
Ela saiu através de um grande espelho com moldura dourada no saguão de um Museu, de madrugada ninguém percebeu a bela moça destrancando cadeados sem toca-los e abrindo portas sem por aos mãos nas maçanetas. Ela passou por um saguão maior e deu de cara com uma obra de arte que reconhecia, era o afresco "A Dama e o Unicórnio" do pintor Domenico Zampieri, e vendo aquela bela obra Belladonna soube que estava dentro do Palácio Farnese, em Roma. A casa sede da Strega ficava não muito longe.
Ela saiu dali, passou pelo pátio bda entrada e encarou o céu da meia noite e a brisa agradável que lhe lambia a face com línguas de gelo. Ela estalou os saltos da bota no calçamento de pedra, tocou no busto para sentir a colher de pau presa sob o casaco de lã e marchou rumo a sua nova meta.
Samyaza definiu o plano, mas Belladonna realmente estava excitada com aquilo, ela iria matar Victoria Lineanne e assumir a cadeira de líder da Strega, ou seja, Belladonna seria a rainha das Bruxas.
Ela ouviu o piar de corujas e os miados de gatos vagabundos na rua, apressou o passo e disse para si mesma:
- Não há como voltar atrás. Eu ja ocupei meu papel nessa história. Eu sou Milena Diva Belladonna, Roma terra berço do mundo, se prepare pois a Demonía acaba de chegar e eu vim para matar, roubar e destruir.
Fim
Fim?
Mas é o fim mesmo?
Aos leitores:
Não, não é o fim.
Criei um universo próprio, o chamado "URDIDURA DAS FEITICEIRAS"
E nele acontecem varias histórias interligadas como:
Volume ZERO: Roda das Princesas (que infelizmente não foi concluído)
Volume UM: Médium Diva Belladonna
E o próximo conto logo virá.
Belladonna, Uriel, Doralice e todos os personagens desta última história vocês verão novamente em outros contos, bem como outros personagens novos.
Quem leu Médium Diva Belladonna percebeu a grande quantidade de pontas soltas que a história deixa, e isso foi feito de propósito para que novas histórias saiam destas lacunas abertas.
Agradeço imensamente a todos que acompanharam a história e conto com vocês para lerem o próximo conto:
Volume DOIS - VAMPIRA
E até breve!
Uau, excelente final. Já ansioso pelo volume 2.Parabens!!!
ResponderExcluirMuito obrigado
ExcluirMuito bom. Não demore para publicar o volume 2
ResponderExcluirNussa.. . Que nervosissss! !! Kkkkk
ResponderExcluirAmei!
ResponderExcluirPERFEITO!
ResponderExcluirMeeeeu Deus, ansiosa para a conclusão desse final, ja to até imaginando o que vai acontecer com a Belladonna
ResponderExcluirMuito Bom, li também Roda das Princesas, o bom é que a história da Diva nos dá noção do fim da Roda das Princesas, parabéns pelo seu trabalho os textos são incríveis e os desenhos magníficos!
ResponderExcluirAmei você é o melhor
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