Diário 4
Diário 4
Eu morri há pouco mais
De um ano atrás.
Morri sentado na cadeira
Diante da doutora
Que vestia o triste jaleco branco.
Ela me deu um marcador de livros
Impresso em papel amarelo
Com o número de telefone anotado.
"Ligue para marcar a próxima consulta"
Eu morria em degradé.
"Quinta feira as sete da manhã, chegue cedo, jejum absoluto."
E eu me esvaia ali.
Morri bem ao lado da minha mãe.
Minha mãe ouviu aquelas palavras
E sorriu para mim como quem diz
"Esta tudo bem, isso não é nada"
Mas eu morri.
Morri sentado firmemente
Com expressão neutra.
Morri ali gelado
Mas não ousei chorar
Nem mesmo tremer.
Fui tomado pela consciência absoluta
Do afirmado irremediável.
Não podia fazer nada,
Não havia sentido em se manifestar.
Estava há pouco segundos de morrer.
No fim eu me levantei e disse
"Obrigado, até logo."
Morri ali.
Ninguém percebeu além de mim mesmo.
Saímos de lá e fomos direto para
A lanchonete como um dia comum
Trivial.
Pedi um suco e dois pães de queijo.
Mastiguei sem gosto.
Havia morrido meia hora atrás,
Mas ninguém percebeu.
Tomei o ônibus e fui para casa,
Assisti filmes
Ii livros
Li novamente o final do Pequeno Príncipe
E finalmente entendi a
Relação dele com a Serpente.
Eu havia morrido a dois dias atrás.
Voltei a morar com minha irmã
Me arrastando.
Por fora muito bem,
Caminhando todos os dias
O corpo se revigorou mesmo
Com as drogas muito incomodas.
Voltei na doutora e ela disse
"Esta tudo bem, progresso. "
Eu mostrei todos os meus dentes
Em um sorriso de agradecimento.
Mas morri.
Voltei para casa totalmente perdido
Como quem dança sozinho
Sem música no meio do labirinto.
Por dentro nem bem nem mal
Por dentro nada.
Não existe nada em quem morreu.
Fiz mingal com pouco sal
Sai para caminhar.
Fui ao banco para minha tia.
Fui buscar minha sobrinha na escola.
Vazio como um balde emborcado.
Eu morri há pouco mais
De um ano atrás.
Eu morri há pouco mais
De um ano atrás.
Morri sentado na cadeira
Diante da doutora
Que vestia o triste jaleco branco.
Ela me deu um marcador de livros
Impresso em papel amarelo
Com o número de telefone anotado.
"Ligue para marcar a próxima consulta"
Eu morria em degradé.
"Quinta feira as sete da manhã, chegue cedo, jejum absoluto."
E eu me esvaia ali.
Morri bem ao lado da minha mãe.
Minha mãe ouviu aquelas palavras
E sorriu para mim como quem diz
"Esta tudo bem, isso não é nada"
Mas eu morri.
Morri sentado firmemente
Com expressão neutra.
Morri ali gelado
Mas não ousei chorar
Nem mesmo tremer.
Fui tomado pela consciência absoluta
Do afirmado irremediável.
Não podia fazer nada,
Não havia sentido em se manifestar.
Estava há pouco segundos de morrer.
No fim eu me levantei e disse
"Obrigado, até logo."
Morri ali.
Ninguém percebeu além de mim mesmo.
Saímos de lá e fomos direto para
A lanchonete como um dia comum
Trivial.
Pedi um suco e dois pães de queijo.
Mastiguei sem gosto.
Havia morrido meia hora atrás,
Mas ninguém percebeu.
Tomei o ônibus e fui para casa,
Assisti filmes
Ii livros
Li novamente o final do Pequeno Príncipe
E finalmente entendi a
Relação dele com a Serpente.
Eu havia morrido a dois dias atrás.
Voltei a morar com minha irmã
Me arrastando.
Por fora muito bem,
Caminhando todos os dias
O corpo se revigorou mesmo
Com as drogas muito incomodas.
Voltei na doutora e ela disse
"Esta tudo bem, progresso. "
Eu mostrei todos os meus dentes
Em um sorriso de agradecimento.
Mas morri.
Voltei para casa totalmente perdido
Como quem dança sozinho
Sem música no meio do labirinto.
Por dentro nem bem nem mal
Por dentro nada.
Não existe nada em quem morreu.
Fiz mingal com pouco sal
Sai para caminhar.
Fui ao banco para minha tia.
Fui buscar minha sobrinha na escola.
Vazio como um balde emborcado.
Eu morri há pouco mais
De um ano atrás.
MARAVILHOSO 👏👏👏👏👏
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