Diário 2

Diário 2

Eu me envergonho de minha ignorância.
Não sou uma pessoa desleixada
Não insisto no erro,
Mas ainda assim erro muito.
É totalmente natural eu sei,
Tudo  que é humano é embrulhado
No pacote dos erros
Mas eu não queria isso.
Não que não quisesse ser humano
Na verdade quero
E quase sou.
Me envergonho de muitas coisas
Que já foram
E se já foram eu não as mudo
O passado é pedra.
Entrei em discussão com uma moça
Há três anos atrás sobre o fato
De mulheres brancas usarem turbante africano.
A moça negra me dizia veementemente
Que isso era errado
"Apropriação da cultura"
E eu discordava
E fala até com grosseria
"Nada disso sua burra".
Burro era eu sem dúvida.
Pensava eu no turbante como
Uma tira de pano enrolada
Na cabeça,
E de modo algum eu via ou
Percebia que era muito maior.
O turbante era herança
Da mãe, da avó, da bisavó
E daquele velha parente
África.
Muito burro eu era
Discordando de uma coisa
Que claramente eu não entendia.
Eu que amo a cultura negra africana
Tinha na ponta da língua
Um discurso racista.
Que desgraça era eu tres anos atrás.
Nunca mais eu encontrei essa moça,
Mas de todo o coração eu
Gostaria de me Desculpar com ela,
Pois em nossa conversa no passado
Nem por um momento eu a ouvi
Ou considerei sua história.
Muito burro era eu.
Que vergonha que sinto
Da pessoa que eu era
Tres anos atrás.

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