Médium Diva Belladonna Episódio 5 Parte 1
Médium Diva Belladonna
Episódio V
"Anjo Desprezado"
Parte 1
A História agora dá uma pausa. A continuação do capitulo 4 será no capitulo 6.
Este Capítulo de hoje é uma história a parte. Agora é a hora de contar a história de Uriel.
Uriel e um belo rapaz loiro que mora com Belladonna e a auxilia em seus trabalhos, mas da onde ele veio?
Uriel antes disto, antes de ter a forma humana foi um anjo com grandes asas e um cabelo tão comprido que quase tocava o chão quando ele caminhava.
Para se entender melhor o que aconteceu é necessário contar desde o princípio.
"E o princípio era o verbo, e o verbo era Deus."
Há bilhões de bilhões de anos o Deus criador nasceu.
Ele nasceu sozinho, antes dele não havia nada. O universo era um espaço escuro sem vida. Mas do nada todo o universo se tornou alguém, e este alguém era Deus.
Deus era sozinho, não havia ninguém com ele. Não há um explicação de como Deus surgiu, não existem testemunhas, não se sabe como se deu a formação dessa força, mas se deu.
Deus tem muitos nomes, tais como Javeh (que significa "Eu Sou"), Jeová (que significa "O nome Eterno), Abbá (que significa "Pai"), Adonay (que significa "O Senhor"), El-Shadday (que significa "Senhor todo Poderoso"), Elohim (que significa "o Criador"), Allah (que significa "o grande Deus"), e muitos outros nomes.
Ele criou as galáxias, planetas e tudo mais, Deus usava todo o poder para criar. Porém ele era frustrado em não ter para quem mostrar a sua obra. Ele decidiu criar seres com quem pudesse se comunicar, seus primeiros servos. Ele usou partes dele mesmo para faze-los, e os chamou de Chaiot, que em hebraico antigo significa "vivos". Os Chaiot foram a primeira geração dos seres chamados Malach, ou Anjos.
Eram milhares de anjos, todos parecidos uns com os outros, todos sendo copias menores do próprio Deus com a única diferença: Eles tinham asas, sim grandes pares de asas brancas. Todos os anjos tinham a pele branca e os cabelos longos e claríssimos. O motivo de Deus ter feito asas nos Anjos era duplo, as asas tinha uma função estética embelezadora para as criaturas, mas principalmente: É na asas que Deus concentrou os poderes concedidos a eles.
Dentre esses milhares de anjos vinte e um eram chamados de Arcanjos, que eram os mais próximos a Deus. Eram eles:
I - Jehudiel, o executor. Ele era incumbido de realizar as tarefas secretas de Deus. Jehudiel era inquieto, sempre estava trabalhando, nunca parava e se fosse obrigado a ficar parado ele logo se zangava.
II - Azazael, o sábio. Ele era incumbido auxiliar Deus com sua sabedoria. Azazel tinha trezentos anjos a seu serviço. Azazel era muito arrogante, por vezes tratava os demais anjos como inferiores.
III - Thanatael, a morte. Ela era incumbida de por um fim em tudo o que Deus não queria. Thanatael tinha sob sua autoridade setecentos anjos. Ela era calma, fria, nada a deixava aborrecida, parecia estar anestesiada.
IV - Heylel, o anjo da arte. Ele era incumbido de entreter Deus com seus dons artísticos. Era o mais íntimo a Deus. Heylel tinha sob seu comando cento e vinte anjos músicos. Ele gostava de aparecer, tinha o dom da palavra, seu maior prazer era ouvir os aplausos quando tocava e cantava para Deus.
V - Gabriel, o porta voz. Ele era incumbido de passar as mensagens de Deus para todos, era um mensageiro. Gabriel tinha sob seu comando doze anjos. Gabriel era gentil, mas as vezes um tanto calado, era uma incógnita.
VI - Miguel, o guerreiro. Ele era responsável por lutar por Deus contra outras divindades que eventualmente surgiam pois do mesmo modo que Deus surgiu do nada, este mesmo nada produzia outros Deuses que eram prontamente destruídos por Miguel e o exercício de quarenta e sete mil anjos guerreiros que ele liderava. Miguel era bruto, não fora criado para ser amável, ele so conhecia a violência. Os demais anjos sempre evitam a presença dele.
VII - Rafael, o restaurador. Ele era responsável por restaurar as coisas que acabavam por ser destruídas. Rafael liderava cinco mil anjos. Rafael era mal humorado, sempre reclamando de tudo, sempre com uma expressão de sofrimento no rosto.
VIII - Uriel, o que produzia a luz. Ele era incumbido de iluminar através do fogo duvino que produzia. Uriel era dócil, mas preferia sempre ficar sozinho.
IX - Urakabarameel, a Tutora. Ela era responsável por tomar conta, vigiar tudo o que era precioso para Deus. Urakabarameel comandava dois mil anjos. Ela era muito animada, gostava de falar alto, era vaidosa e aparecida.
X - Amitiel, a documentadora. Ela foi incumbida de escrever nos livros sagrados tudo que ocorria, sendo a responsável por contar a história de tudo que aconteceu desde o início. Ela era a memória de Deus. Sob o comando de Amitiel estavam mil anjos. Ela era distante, sempre com o olhar perdido, sempre anotando algo nos livros, sempre em silêncio.
XI - Samael, o acusador. Ele era responsável de contar para Deus tudo o que ele via de errado. Todos os erros eram delatados por Samael. Sob o domínio de Samael estavam quatrocentos anjos. Ele era espalhafatoso, dramático, fazia de seus relatos verdadeiras peças de teatro.
XII - Baraquiel, a pacificadora. Ela era a responsável de trazer a paz após as guerras, era habilidosa em fazer a calmaria imperar. Baraquiel comandava oitenta anjos. Ela era amor puro, todos os anjos gostavam de estar perto dela.
XIII - Lelahel, o segundo executor. Ele era incumbido de estar sempre a postos para fazer qualquer tarefa para Deus, ele não saia do lado do grande criador nunca. Ele era sério, seu rosto parecia mármore, não expressava nenhuma emoção nunca.
XIV - Salatiel, a criadora. Ela carregava uma lança feita por Deus que tinha o poder de dar vida, e então criava os seres vivos segundo as ordens do Deus maior. Salatiel comandava vinte e quatro anjos. Ela era muito detalhista, perfeccionista, amava falar dos defeitos das coisas.
XV - Fanuel, a embelezadora. Ela era responsável por dar beleza as coisas de Deus. Sob o comando de Fanuel estavam quatrocentos anjos. Ela era extremamente artificial, pareciam estar atuando todo tempo, era pedande, exagerada e seu jeito notoriamente falso a deixava desagradável.
XVI - Jeremiel, o viajante. Ele tinha o poder de aparecer em qualquer lugar do universo e era incumbido de ir em lugares que os demais não alcançavam. Ele era rápido, sem a menor paciência.
XVII - Gabutheliel, o forjador. Ele era responsável por fabricar todos os itens celestiais. Sob o comando de Gabutheliel estavam mil e quinhentos anjos. Gabutheliel era dócil, gostava de tirar sorrisos dos seus companheiros.
XVIII - Zebuliel, o pastor. Ele era responsável por zelar pelos animais e seres criados por Deus. Sob o comando de Zebuliel estavam quatro mil anjos. Ele era muito amoroso com as criaturas, mas não as entendia.
XIX - Ituriel, o zelador dos pequenos. Ele era incumbido de zelar por todos os anjos. Sob o comando de Ituriel estavam seis anjos. Ituriel era muito rude, regulava a todos, ninguém gostava dele.
XX - Kesabel, a cuidadora. Ela era responsável pelo bem estar de Deus, servia para dar a ele conforto. Sob o domínio de Kesabel estavam trezentos e trinta anjos. Kesabel estavam sempre com a cabeça baixa, triste.
XXI - Yekuniel, o louvador. Ele era incumbido de recitar louvores e homenagens ao criador. Quando estava fora de seu serviço ele preferia ficar deitado, sozinho. Muitos diziem que Yekuniel lamentava ter sido criado, ele não queria existir.
Fora estes havia um Anjo que não se misturava com os demais, ele vivia dentro do corpo fisico de Deus trabalhando para deixa-lo sempre forte, este era o Anjo Emanuel, ele não era visto por ninguém e por isso raramente era mencionado.
Ao todo então eram sessenta e dois mil novecentos e noventa e quatro anjos servindo a Deus. Os Arcanjos moravam bem próximos a Deus, ja os anjos menores moravam em um lugar chamado Nibiru, que é um corpo celeste similar a Lua.
Em um determinado momento Heylel se rebelou. Muitos não entenderam, acharam Heylel um traídor. Já outros o acharam valente, de coragem sem igual.
Quando Heylel se opôs a Deus ele ganhou um novo nome, agora ele era chamado de Satanás (Shaitan) que significa "opositor". Vinte e nove mil duzentos e treze anjos ficaram ao lado dele, todos estes foram expulsos do céu.
Todos os arcanjos foram convocados para lutar contra Heylel, mas Yekuniel, Kesabel, Ituriel, Salatiel, Jehudiel, Thanatael, Azazael e Urakabarameel ficaram ao lado dele se opondo tambem a Deus.
Havia um Anjo subordinado de Miguel que se apaixonou por Satanás, era ele Gadrel. Ele ensinou aos anjos caidos como lutar.
Havia um outro anjo, Muriel discípulo de Gabutheliel. Muriel forjou armas para os anjos caídos e uma armadura do mais fino ouro para Satanás.
Logo após a expulsão, Satanás e seus partidários subiram ao céu prontos para dar um parecer a Deus, explicar o motivo da rebelião.
Deus era imenso, ele sentado era maior que uma sequóia gigante, o maior dos anjos era do tamanho de um dedo da mão do criador. Satanás fora recebido no grande salão de pedra, era um enorme salão de piso de marmore escuro cercado por imensas pilastras onde estavam gravadas em árabe palavras de elogio ao dono de tudo. O trono de Deus era de pedra branca com estátuas de anjos nas partes de sustentação. Deus era um ser similar a nos humanos (ja que fomos feitos a imagem e semelhança dele), porém Deus não tinha cor fixa, ele estava nu diante de todos, não possuia órgãos sexuais nem cabelos, os tons da pele iam mudando a cada segundo, ele reluzia como um prisma exposto ao sol.
Satanas se posicinou diante do enorme trono vestindo uma tunica vermelho e com os longos cabelos loiros presos em um coque volumoso no alto da cabeça. Ele cercado por todos os anjos ergueu o braço e apontou o dedo indicador na direção de Deus e o acusou de ser louco, mesquinho, cruel e sem moral.
Os anjos ficaram pasmos ao ver o modo como Satanás se dirigia a seu próprio criador e ficaram mais pasmos por Deus não fazer nada contra ele. Satanás berrava, agitava os braços mostrando sua indignação. Foi então que pela primeira vez Deus falou, com sua voz grandiosa como o ronco de um trovão ele perguntou:
- Meu amado Anjo Heylel que agora chamo de Satanás, o meu inimigo. O que te fez perder o amor por mim, seu Senhor? Tu eras Heylel Ben Shahar, o Arcanjo mais próximo a mim, aquele que era o mais aprazível. Está feliz com a tua nova situação agora?
Satanás com sua imensa beleza brilhava, ele passou a mão pelo queixo e olhou para Deus com os olhos semi cerrados e disse:
- Eu perdi o amor ao ver que ele não era correspondido. Tu sempre dizia o quão especial eu era mas na verdade eu percebi que servia apenas como um brinquedo para sua distração. O Senhor criou outro ser não foi? Eu ja sei, eu sempre sei de tudo. Pretendia fazer a todos nós sermos servos deste seu novo invento. Eu jamais me curvarei diante de um ser repugnante como este tal... homem...
Deus calmamente respondeu:
- Sim é verdade que criei dois seres inteligentes, Adão e Lilith. Eles serão a minha própriade e o meu maior orgulho. Eu nunca dei direito a nenhum anjo de escolher o que quer e o que não quer fazer. Tu Satanás, tu e todos os que vão atrás de ti são uma vergonha para mim que os criei.
Satanás falou:
- Tu grande Deus do infinito, admite aqui diante de todos os anjos que os fará servir e proteger os homens?
A multidão de anjos murmurou em discordância, nenhum deles queria servir a nova criatura de Deus.
Deus então falou:
- Os anjos farão o que eu quiser quando eu quiser, e aquele que se negar ou demonstrar má vontade será destruído.
Satanás perguntou:
- Então porque não me destrói? Aliás, porque não conta aos seus anjos que tu já tentou me destruir mas que não consegue? aponte de novo seu dedo para mim e lance seus raios para todos verem que não tem efeito algum.
Deus ficou em silêncio.
Satanás então berrou para que os demais anjos ouvissem:
- EU SEI DE SEGREDOS QUE NENHUM ANJO SABE! EU ESTIVE AO LADO DE DEUS E OUVI SUAS LAMURIAS POR MILENIOS! EU SOU O ÚNICO QUE SABE A FRAQUEZA DELE E POR ISSO ELE NÃO ME DESTRUIRÁ! ELE NÃO PODE NADA CONTRA MIM! EU APRENDI COMO NEUTRALIZAR MEU O TODO PODEROSO!
Miguel que estava ali ao lado desembainhou a espada que trazia presa a cintura e disse:
- Satanás! Já sabemos que a nosso Senhor não tem como te destruir, pois como foi ele quem te fez tu es parte dele assim como todos nós. Mas isso não me impede de te acorrentar e te lançar em algum buraco para todo o sempre... ou melhor, eu poderia arrancar a suas asas e teu poder acabaria...
Deus sorriu e disse:
- Eis uma solução, Satanás não será destruído, mas será calado. Eu ordeno que todos os Anjos que me servem se encarreguem de prender a ele a aos demais que o seguem, arrancar-lhes as asas e atiralos no buraco escuro que eu hei de criar agora.
Deus fechou os olhos por alguns segundos e quando abriu anúncio que havia criado um lugar, um planeta sem sol. Esse planeta não se localizava em parte alguma do universo, e ao mesmo tempo estava ao alcance de todos. Esse lugar foi chamado Gehinom, o Inferno, local onde seriam exilados todos os que eram contrários a ele.
A guerra estourou, foi uma enorme batalha entre os anjos de Deus e os Demônios de Satanás, lutaram em toda parte, principalmente em Nibiru.
Mas Satanás venceu.
O prêmio de Satanás pela vitória foi simplesmente poder continuar existindo.
Ele permaneceu livre, por mais que Miguel e seus soldados fossem fortes, a ira dos demônios era maior.
Uriel Também lutou na guerra, ele preferiu ficar ao lado de Deus.
Uriel foi tido como um Anjo fiel.
Os milênios passaram e Uriel continuava servindo a Deus e lutando contra Satanás e os Demônios. Deus criou novos anjos, mas agora eram temporários, estes novos Anjos deixavam de existir assim que cumpriam a função para qual foram criados. Mas ainda ainda haviam remanescentes da primeira geração.
Deus então voltou sua atenção para Adão e Lilith.
Ele fez Adão como o principal e Lilith como sua ajudante, mas ambos haviam sidos criados da mesma maneira e ela questionou a Deus dizendo que não queria ser submissa a Adão. Deus não gostou disso, não aceitou a recusa de Lilith em se submeter ao marido, mas Deus quando a fez deu a ela o livre arbítrio e com isso ela podia escolher o que queria. Satanás soube da rebeldia de Lilith e foi até o Eden conhece-la. Ela conheceu Satanás quando ele contou tudo que tinha feito ela quis ser como ele, foi morar no Gehinom e Adão ficou sozinho. Deus amava Adão e não quis se desfazer dele, então Lilith foi substituída por uma nova criação chamada Eva.
Eva era a escrava particular de Adão.
Deus criou o um Eden maior para Adão e Eva, um pequeno viveiro para eles, porém ele viu neles coisas muito intrigantes e quis fazer deles muitos mais. Para que se multiplicassem ele acho melhor leva-los para um lugar maior, e então criou o planeta Terra.
Este planeta tinha um eco sistema completo, milhões de seres vivos e os homens como dominantes.
Ali a humanidade se multiplicaria no planeta que Deus destinou para ela.
Mas Lilith vendo o suplício que Eva passava foi até ela, Lilith entrou no Eden transfigurada em uma serpente. Ela contou para Eva muitos segredos e deu a ela poder para ser igual a Adão.
Quando Deus viu que Eva também era rebelde ficou muito desgostoso e então seu amor pela humanidade diminuiu.
O tempo passou os homens se multiplicaram se tornando um grande número. Mas a humanidade não era fiel a Deus.
Como Deus estava sempre ocupado lutando contra Satanás ou cuidando dos humanos ele se distraiu, se esqueceu do universo, e então a massiva força do cosmos criou outras divindades.
Eram muitos deuses tão poderosos quanto Deus, eles tinham nomes como Brahma, Olodumare, Chronos, Rá, Nzambi, Tupã, Kami e muitos outros.
Deus gostava de ser adorado sozinho, porém os outros que surgiram não, eles criaram divindades, panteões de deuses menores que eram proximos aos homens. Deus quando percebeu já não tinha como deter ou sequer guerrear contra as outras divindades, sendo que todos eles tinham a mesma origem do todos estavam próximos a humanidade. Deus teve que dividir sua criação com os demais.
Com tantos deuses a fé da humanidade se dividiu e os homens se repartiram em nações.
Satanás lutou e lutou ate que tomou posse do Gehinom para si, o local que antes seria seu cativeiro agora era seu domínio. Em Gehinom ele era aclamado "O Imperador dos caídos".
O Imperador Satanás era acompanhado por um rei e uma rainha, que eram seus respectivos cônjuges, pois ele tinha uma esposa e um marido. A esposa era a primeira mulher humana, Lilith. O marido era o anjo Gadrel que após a rebelião passou a ser chamado de Kakuseisha. Satanás vivia em luxúria com ambos.
Além dos anjos caídos, outros espíritos rejeitados por outros Deuses também interagiam com Satanás, inclusive algumas almas de humanos mortos passaram a viver submissas a ele.
O universo cresceu, agora além do espaço celeste que Deus habita, o Nibiru dos Anjos, O Gehinom de Satanás e a terra dos humanos, passaram a existir inúmeros lugares habitáveis criados por outros deuses.
Os milênios não davam sucego, corriam e corriam. O tempo voava.
A humanidade cresceu em número e nisto os Demônios se interessaram por ela. Foi então que Urakabarameel saiu do Gehinom e foi até a terra, surpreendentemente ela se apaixonou por homens.
Os Demônios e os anjos não toleravam os humanos, mas Urakabarameel viu neles beleza. Ela descobriu a sexualidade dos homens, e se víciou.
Urakabarameel abandonou este seu nome angelical e passou a se chamar Shemihazah, ou simplesmente "Samyaza". Ela era linda, seduzia os homens com seu charme e beleza a qual mulher humana nenhuma podia se comparar. O que Samyaza via de tão interessante nos homens era o fato deles serem totalmente imperfeitos.
Mas Samyaza passou de todo e qualquer limite que se poderia imaginar, ela engravidou deles.
Um anjo grávida de humanos.
Os anjos naturalmente não possuem sexo, mas Samyaza criou dentro de si mesma órgãos reprodutores similares ao de uma mulher.
Invejosa Samyaza... Ela sempre quis ser uma mulher.
Porém o que ela fez foi inadequado, o útero que ela criou não era normal, até porque o corpo humano era uma obra que ela desconhecia o projeto. Os filhos que Samyaza pariu eram aberrações. Gigantes comedores de carne humana, da barriga de Samyaza sairam titãs horripilantes. As gestações de Samyaza duravam poucas semanas, logo ela paria mais uma aberração, e rapidamente a aberração crescia e ia atrás de carne humana para se alimentar.
O terror se espalhou pela terra.
Samael soube disso e mais do que depressa contou a Deus o que Samyaza fazia, relatou que ela havia parido dezenas de gigantes sobre a terra, híbridos, meio humanos meio anjos. Deus ficou furioso, ele não admitia tais coisas e ordenou que seus Anjos fieis viessem até a terra e eliminassem os filhos de Samyaza, a ordem era para a irradiação absoluta de todo ser que tivesse nascido dela, os anjos fizeram esta ordem se cumprir.
Uriel Também veio a terra, a batalha foi violenta, os gigantes tinham poderes como os anjos somado de toda a maldade do ser humano e o tamanho descomunal de seus corpos, eram adversários muito poderosos, porém todos foram derrotados. Cada gigante foi despedaçado. Samyaza fugiu, se escondeu no Gehinom apavorada em ser capturada pelos anjos.
No fim da batalha Uriel vasculhou a região onde Samyaza habitou e em uma floresta ele encontrou o rastro de um último filho, um que não era gigante, este último rapaz tinha a aparência de um humano, sua estatura era mediana e seus traços absolutamente comuns, porém ele fora abençoado com o dom da imortalidade, herança da mãe. Uriel vasculhou toda a região e caçou o jovem até encontra-lo no meio da mata densa.
Quando Uriel o viu ficou surpreso, a beleza do rapaz era chamativa. O jovem tinha cabelos negros compridos e ondulados até o meio das costas, estava nu mostrando toda sua pele branca como leite. O corpo dele era esguio, os lábios fartos, mas o que mais chamou a atenção de Uriel foi os olhos do rapaz, eram grandes e com íris negras como um carvão.
Uriel estava ali vestido com a armadura celeste, com suas grandes asas abertas e armado com uma espada dourada, quando estava pronto para decepar a cabeça o rapaz se ajoelhou e implorou pela própria vida gritando:
- Não! Não por favor não me mate! Eu não fiz nada! Eu não tenho culpa de ser filho dela!
Uriel parou e perguntou:
- Vocês filhos de Urakabarameel Samyaza são canibais, comem carne humana. Da carne de quantos humanos você já se alimentou?
O rapaz tremia muito, apavorado ele respondeu:
- Nenhum, eu nunca comi carne humana. Eu nunca matei um homem.
Uriel sentiu algo que nunca havia sentido antes, ele teve pena do rapaz. Uriel perguntou:
- Qual é o seu nome? Porque esta nu?
O rapaz respondeu gaguejando:
- M-me chamo Matiyah, e-e eu não tenho roupas.
Uriel ainda tinha a mão na espada, ele sabia que tinha que matar o rapaz, mas não queria. Ele falou:
- Sua Mãe ja fugiu para Gehinom, e todos seus irmãos já estão mortos. É meu dever te destruir.
Matiyah se prostrou aos pés de Uriel, pôs a cabeça no chão tocando a testa no solo e falou:
- Me deixe viver, eu imploro! Eu sou diferentes dos meus irmãos, ninguém vai saber que eu sou irmão dos gigantes, eu sou um homem comum! Olhe para mim! Olhe e diga se eu pareço com eles? Por favor! Tenha misericórdia!
Uriel disse:
- Pede então que eu descumpra uma ordem do Deus maior? Não vejo um motivo para fazer isso.
Matiyah ergueu a cabeça a olhou para Uriel, lágrimas escorriam dos olhos dele. Ele disse:
- Eu não possuo nada para te oferecer, não tenho como te compensar, mas ainda assim eu clamo por sua misericórdia.
Uriel falou:
- Se levante, quero ver se é mesmo um humano comum.
O rapaz ficou de pé, Uriel olhou o corpo esguio dele e sentiu desejo de toca-lo. Uriel não compreendia os próprios sentimentos. Ele disse:
- Se eu fizer isso você terá que se esconder. Toda a sua existência será escondido em algum lugar. Quer mesmo viver assim?
Matiyah respondeu:
- Melhor viver assim do que não viver de modo algum.
Uriel disse:
- Se você é filho de Samyaza você é imortal como ela, como eu. Quer passar a eternidade se escondendo? Fugindo? Temendo?
Matiyah respondeu:
- Minha mãe me disse a verdade sobre minha criação. Ela que me fez, não foi Elohim o grande Deus. Sendo assim eu não tenho alma. Meu corpo de carne não envelhece, mas caso meu corpo morra... Acabou. Eu não possuo uma forma espiritual como vocês anjos e nem uma alma imortal como os humanos, eu sou carne e osso e somente carne e osso. Morrer para os humanos é simplesmente embarcar em uma nova jornada, mas para mim não, se eu morrer eu desapareço para sempre sem deixar nada para trás, como se nunca tivesse existido.
Uriel se aproximou do rapaz, era quase irresistível a vontade que ele tinha de toca-lo. Ele deu dois passos a diante e viu a expressão de medo aumentar em Matiyah. Uriel guardou a espada na bainha e disse:
- Eu não vou te matar. Eu não quero. Mas isso é uma alta traição, se meus irmãos souberem eu serei castigado severamente.
Matiyah então se jogou sobre Uriel dando um forte abraço, ele em meio a lágrimas disse:
- Muito obrigado! Muito obrigado de verdade!
Uriel não aguentou a vontade de tocar o corpo do rapaz e o abraçou de volta o envolvendo em seus fortes braços. O rosto de Uriel estava a poucos centímetros do de Matiyah, e então Uriel disse:
- Se segure firme, eu o levarei para um lugar seguro.
Matiyah perguntou:
- Vai me levar como? Voando?
Uriel respondeu:
- Sim, se aprume.
Matiyah o abraçou com mais força e Uriel o abraçou de volta segurando o corpo do rapaz com firmeza mas também com ternura. Uriel agitou as grandes asas e em um salto ascendeu voando para os céus subindo mais alto que a copa das árvores. Ele levou Matiyah para uma caverna no monte Ararat (local que hoje fica na fronteira da Turquia com a Armênia).
Era uma caverna com uma entrada estreita mas internamente espaçosa. havia água corrente passando por um pequeno canal dentro dela, era água que vinha da neve do topo do monte, ja que o cume era altíssimo e produzia neve em abundância, mas a base era desértica com altíssimas temperaturas e nisso a neve ia derretendo e se tornando agua pura. Uriel deixou Matiyah lá dentro e então foi até um vilarejo próximo onde sem que os humanos vissem roubou muitos tecidos das tendas e alguns couros. Ele levou essas coisas para fazer uma cama para Matiyah deitar. O rapaz ficou muito grato com aquilo tudo e prometeu não deixar a caverna por nada. Uriel foi embora, voltou para junto de Deus.
Quando Uriel chegou no céu altíssimo os anjos estavam todos reunidos em uma galeria similar a um anfiteatro imenso, assim que entrou lá Miguel foi até ele. Miguel era palido com as pálpebras avermelhadas, seu cabelo era preso em uma trança comprida caindo pelas costas, ele usava um cavangaque da barba loira e se vestia apenas com um manto amarrado a cintura. Ele estranhou a demora de Uriel em regressar e perguntou com o seu habitual jeito autoritário:
- Onde você estava? Faz mais de meio dia que todos nós retornamos e você só chega agora? Porque? Por acaso se perdeu?
Uriel sorriu fingindo achar graça e então mentiu:
- Eu estava caçando um rastro que saia das terras de Samyaza, mas não deu em nada. Você sabe Miguel, por bem é melhor sempre averiguar.
Miguel não respondeu nada, apenas deu as costas e foi se reunir com o esquadrão que comandava.
No dia seguinte Uriel esperou Deus delegar a ele alguma função, mas como não teve nada reservado para aquele momento ele voltou ao monte Ararat e encontrou Matiyah, levou para ele um cesto com frutas. Assim que entrou ele encontrou o rapaz dormindo, ele respirava devagar movendo o torax de modo quase imperceptível, os lábios rosados estavam entre abertos mostrando um pouco dos dentes em uma expressão tranquila. Uriel se aproximou, se abaixou ao lado para observar melhor e o rapaz acordou, ao abrir o olhos ele viu Uriel e disse:
- Você está mesmo aqui ou é um sonho?
Uriel sorriu, depois mudou o rosto para uma expressão séria. Matiyah falou novamente:
- O que foi? O que te aflige?
Uriel passou a mão pelo próprio cabelo loiro, recolheu as asas para perto das costas e disse:
- Eu estou com medo.
Matiyah perguntou:
- Medo de que? Do que um anjo tão belo e forte teria medo?
Uriel respondeu:
- Medo que descubram o que eu fiz. Eu te escondi aqui e nisso desobedeci as ordens do Senhor. Eu tenho medo do que ele fará comigo quando descobrir.
Matiyah falou:
- Minha mãe falava de Deus, dizia que ele é poderoso e extremamente sábio mas que por ser orgulhoso demais se tornou cego.
Uriel respondeu:
- Eu não devo maldizer meu Senhor. Mas sim, Samyaza esta certa no que te disse. Eu e ela sabemos, todos os anjos sabem que Deus prega piedade mas não é piedoso.
Matiyah ainda deitado rolou como um gato manhoso pondo o corpo bem próximo de onde Uriel estava agaixado e disse:
- Sei que fez muito por mim, mas eu gostaria de te fazer um pedido.
Uriel olhou para ele e falou:
- Do que precisa?
Matiyah respondeu:
- De um abraço.
Uriel olhou para ele confuso, ele realmente queria abraçar mas os anjos não eram acostumados a isso, então perguntou:
- Porque precisa de um abraço?
Matiyah com uma voz terna explicou:
- Ah sim... Minha mãe me contou sobre isso também... Anjos não conhecem afeto. Foi por isso que eu nasci, pelo afeto. Quando minha mãe descobriu como era bom ser amada ela se entregou homens. Ela me disse também que os anjos do céu e até alguns anjos caídos viram isso como promiscuidade, mas ela nunca havia sido amada, nunca havia sido sequer abraçada e quando foi ela quis mais e então... Então ela fez de modo que o amor deu frutos.
Uriel disse:
- Certo. Mas você não respondeu minha pergunta, porque precisa de um abraço meu?
Matiyah disse:
- Porque eu quero sentir você o mais perto possível.
Uriel questionou mais:
- Mas porque isso? Qual a finalidade? Eu já estou aqui diante de ti não estou?
Matiyah respondeu:
- Existem perguntas que não são respondidas com palavras. Vem, me abraça.
Uriel se inclinou e então Matiyah agarrou rapidamente fazendo ele cair, os corpos ficaram juntos, Uriel por cima e Matiyah por baixo, colados, o rosto de Uriel estava muito próximo ao de Matiyah que se aproximou mais ate os lábios se encostarem.
Uriel amou sentir aquilo, o peito de Matiyah estava encostado no dele, ele podia sentir o coração dele batendo. a maciez dos lábios do rapaz também dava uma sensação maravilhosa, sem igual. Após alguns segundos assim Uriel deu um empurrão forte em Matiyah o fazendo ficar com as costas esticadas no chão e se levantou rápido.
Matiyah se sentou e perguntou:
- Meu beijo te ofendeu?
Uriel em pé olhou para ele e disse:
- Não. Sim. Eu não sei, eu acho que não mas não sei se é certo.
Matiyah olhou para ele sem entender e perguntou:
- Foi desagradável?
Uriel disse um tanto tímido:
- Foi agradabilíssimo. Me perdoe, eu tenho que ir agora.
Ele correu para a entrada da caverna, abriu as asas a voou para o céu de volta ao altíssimo. Durante o vôo ele foi tentando se entender mas não conseguia, ele não entendi mesmo o que estava acontecendo dentro dele, e principalmente ele não entendia porque passava grande do tempo pensando em Matiyah.
Dois dias depois ele não conseguiu evitar e voltou a caverna no monte Ararat. Quando chegou entrou sorrateiro, Matiyah não percebeu. Uriel ficou em pé atrás do rapaz em silêncio observado o que ele fazia. Matiyah havia misturado um pouco de terra e água fazendo barro e na parede de pedra mais plana da caverna ele estava a fazer um desenho. Ele molhava um graveto no barro e depois passava pelas rochas como se fosse um artista deslizando um pincel sobre uma tela. Matiyah estava com o cabelo preso e Uriel podia ver como os frágeis músculos das costas dele se moviam cada vez que ele erguia o braço para pintar mais alto, como as nádegas dele se contraiam quando ele ficava na ponta dos pés para alcançar o mais longe possível da rocha. Para Uriel não havia nada mais belo em todo universo do que aquele rapaz. Depois de algum tempo observando o corpo dele, Uriel olhou para o que ele estava pintando e conseguiu entender mesmo em traços toscos que era a figura de um anjo com longas asas e então cortou o silêncio perguntando:
- Essa imagem, é sua mãe?
Matiyah virou para trás assustado mas relaxou ao ver que era Uriel ali. Ele respondeu:
- Não, minha mãe é diferente, esse desenho aqui é você.
Uriel olhou para Matiyah e depois olhou para a parede e depois olhou para Matiyah novamente e perguntou:
- Porque esta me desenhando?
Matiyah deixou o graveto enlameado no chão e foi ate a parte da caverna onde havia uma pequena cascata de água incessante que caia de vão no teto, enquanto lavava as mãos ele disse:
- Você faz muitas perguntas, perguntas difíceis.
Uriel se aproximou dele o encarando com expressão de questionamento e falou:
- Me perdoe se pareço inconveniente com minhas perguntas, mas eu não compreendo algumas atitudes suas.
Matiyah respondeu:
- Na verdade eu também não compreendo muitas atitudes minhas, eu sou metade humano lembra? Humanos são assim, inconstantes, inexplicáveis.
Matiyah chacoalhou as mãos para seca-las e então se aproximou de Uriel ficando bem perto e perguntou:
- Posso te dar um abraço?
Uriel sorriu e respondeu:
- Sim pode.
Matiyah o abraçou, e ergueu a cabeça tocando beijando Uriel suavemente na bochecha.
Eles passaram a tarde inteira juntos, abraçados, deitados juntos com as pernas entrelaçadas. Quando Uriel partiu, Matiyah pediu que ele voltasse logo e Uriel prometeu que voltaria.
Porém ele não conseguiu cumprir essa promessa.
Assim que Uriel voltou ao Céu soube que havia uma nova batalha prevista.
O universo criou uma dívindade muito poderosa, mas com pouco intelecto, esta divindades foi para a terra e caiu dentro das águas do oceano, era chamada de Leviatan.
Leviatan era similar a uma lula gigantesca, maior que uma ilha, e por ter pouquíssima inteligência ele estava causando muitos estragos e ameaçando a vida marinha. Até então Deus não se importou com isso. Satanás soube que Leviatan era forte e que poderia ser muito útil se conseguisse domina-lo, e ele conseguiu. Satanás enfeitiçou Leviatan e se tornou seu dono.
Deus extremamente insatisfeito em ver que Satanás tinha em sua posse um ser monstruoso criou um similar para contra atacar, e assim ele fez nascer o Behemoth.
Behemoth era um touro gigante de couro avermelhado com chifres pontiagudos. Todos os anjos foram requisitados para acompanhar Behemoth até a terra e auxilia-lo na caça e destruição do Leviatan. Uriel teve que ir, e vestido com a armadura de ouro ele foi junto a todo o exército de anjos que vinham realizar a tarefa. A grande batalha se deu no mar Egeo.
Behemoth e Leviatan se degladiavam, todos os milhares de anjos ajudavam atirando flechas, dardos envenenados, lanças, ou mesmo usando dos poderes angelicais para lançar pedras, raios, línguas de fogo e tudo mais que pudesse ferir o mostro marinho. Uriel lutou bravamente, voava com muita agilidade abrindo suas asas que totalmente estendidas tinhan cerca de sete metros de ponta a ponta, Uriel era forte e manejava bem a espada, dava rasantes nos quais retalhava a pele do mostro. Satanás não convocou exército algum, ele foi sozinho, imponente, apareceu montado sobre as costas de um passaro negro cuspidor de fogo. O passado era Ziz, uma dívindade similar a Leviatan e tão grande quanto, mais uma só asa possuia mais de cinqüenta metros e suas penas eram como lâminas de aço. Ziz era inteligente, Satanás não a dominava mas conseguiu o apoio dela através de um acordo no qual se comprometia a proteger Ziz e abriga-la no Gehinom caso ela fosse vítima dos ataques de Deus.
A batalha no mar durou cerca de três meses inteiros, Uriel foi ferido, teve todo o corpo queimado pelo bafo de fogo de Ziz.
Mesmo com o grande esforço de Satanás o grande Leviatan foi gravemente ferido e se recolheu para as profundezas do oceano, tão profundo que não conseguia ser alcançado nem Pelos Anjos nem por Ziz.
Uriel foi levado para Nibiru onde por mais de um seis meses ele recebeu os devidos tratamentos para a reabilitação. Durante o tratamento nas águas sagradas da grande fonte de imersão do anjo restaurador Abdiel todo anjo que ali estava não podia sair até estar cem por cento recuperado.
Quando Uriel ficou totalmente curado se apressou para ir até o monte Ararat ver Matiyah, mas quando chegou a caverna ela a encontrou vazia.
O desespero tomou conta dele, procurou por todo lado mas não encontrou o jovem em canto algum. Buscou nas aldeias, nos bosques, no deserto, em toda a região que circundava o monte ele buscou mas Matiyah não estava lá.
Dezessete longos anos se passaram, Uriel foi em muitas missões a mando de Deus, mas durante todo esse tempo ele não teve paz, o coração era amargurado de saudades daquele rapaz que ele tinha visto tão poucas vezes. O que mais causava sofrimento era pensar o que poderia ter acontecido, se alguém teria feito mal a Matiyah, se ele estava vivo ou se já era morto.
Após pensar muito durante muito tempo, Uriel tomou uma decisão drástica, descer até o Gehinom e pedir ajuda a Samyaza para encontrar Matiyah, se ela era a mãe ela saberia onde ele estava.
Então ele foi.
Haviam muitos modos de descer até o Gehinom, muitos portais espalhados por toda parte, portais tanto da terra quanto espalhados pelo universo. Todos os portais eram vigiados pelos anjos de Miguel.
Todos menos um, o portal Acadia, que era em uma encruzilhada próxima ao rio Tigre.
O portal Acadia pertencia a uma humana, uma feiticeira chamada Yeborath (Évora) e somente se abria com a permissão dela. Uriel foi até lá e encontrou a horrenda mulher naquela encruzilhada de terra seca. O lugar era desértico, o pó se levantava da terra ao menor sinal de vento. Uriel veio voando, quando pousou o vento que agitava com as asas fez uma enorme quantidade de poeira se levantar formando uma nuvem amarelada no ar.
A bruxa já estava ali, sem nenhum aviso prévio ela ja sabia que teria visita.
Ela se vestia com roupas velhas, usava um turbante torto e trazia uma serpente python enrolada no pescoço. Ela não possuia dentes na boca, sua pele era enrugada e nisto aparentava ser muito velha. Assim que Uriel foi até ela ele disse:
- Es tu Yeborath, a feiticeira das encruzilhadas?
Ela olhou para ele com uma expressão de nojo no rosto e disse:
- O que quer de mim Anjo? Eu não tenho parte contigo.
Uriel então falou:
- Quero que abra o portal para mim, preciso descer até o Gehinom, tenho que ir agora.
Yeborath inclinou a cabeça e a serpente que ela trazia no pescoço sussurrou algo no ouvido dela. Depois Yeborath olhou para Uriel e disse:
- Minha amiga Mambo acaba de me dizer que você é Uriel, o anjo do fogo. Fico curiosa em saber o que alguém tão importante quer lá em baixo. O seu Senhor sabe onde esta indo?
Uriel falou:
- Não é de sua alçada saber nada de mim. Eu não estou pedindo favor nem caridade, de o seu preço para abrir o portal e eu pagarei de bom grado.
Yeborath falou:
- Quero juventude, quero beleza. Tu podes me dar um fio do teu cabelo e me deixar bela.
Uriel arrancou um fio de cabelo de sua vasta cabeleira e enrolou no pulso dela dizendo:
- Eu te dou isto sim, mas deve me levar e me trazer de volta. Devo gastar no máximo duas horas lá.
O fio de cabelo engrossou e se tornou uma grosso fio de ouro, uma pulseira dourada no braço da feiticeira. Os olhos dela brilharam quando viu aquilo. Então ela falou:
- Sim isto é paga suficiente. Mas eu pergunto, e perguntou porque preciso saber, esta é a primeira vez que descerá ao Gehinom?
Uriel respondeu:
- Sim, jamais coloquei meus pés naquele lugar.
Ela então falou:
- Então não sabe de coisas importantes, e eu hei de lhe avisar. Lá o tempo é conflituoso com o nosso, um dia no Gehinom equivale a uma hora na terra, então seja rápido, o mais rápido possível.
Uriel disse:
- Sim serei.
Ela continuou:
- Tenha o máximo de cuidado, lá não é mais habitado apenas por anjos caídos, o Gehinom agora é terra de muitos tipos de espíritos e alguns deles anseiam por ser alimentar de luz, e tu é luz pura então cuidado, não se exponha.
Uriel falou:
- Aprecio os conselhos, serei cauteloso. Agora abra o portal, eu realmente estou com pressa.
Yeborath desenrolou a serpente a tirando do pescoço e a jogou sem a menor delicadeza no meio da encruzilhada fazendo o corpo sinuoso do animal bater com força no chão. A feiticeira gritou para ela:
- Vamos Mambo! Abra a porta! Hufrat eamiqa!
A serpente ao rastejar pareceu se esticar, na verdade dobrou de tamanho, ela ficou bem no centro da encruzilhada e mordeu a ponta de sua calda formando um circulo perfeito.
Uriel ficou olhado e perguntou:
- E agora?
A feiticeira apontou para a serpente e disse:
- E agora vai. Entra ali no círculo e vai pro Inferno! Ha!
Uriel revirou os olhos, não gostava de feiticeiras justamente porque elas tinham esse jeito confuso de se portar. Ele andou até a serpente e entrou no circulo e olhou pra feiticeira novamente. Ele perguntou:
- Entrei, e agora?
Yeborath disse:
- Agora feche os olhos e respire fundo.
Uriel fechou os olhos e encheu o pulmão de ar. De olhos fechados ele sentiu a temperatura mudar, do calor da noite do Oriente ele sentiu um frio repentino, como se estivesse fora da órbita do planeta. Sentiu também uma forte pressão nos pés, e entendeu que realmente estava mudando de lugar, todas aquelas sensações era porque estava entrando em um mundo diferente. Quando abriu os olhos ele se viu em no meio de uma floresta cujo as arvores eram todas com folhas vermelhas e laranjas, o céu era negro e o chão era de uma terra marrom avermelhada. Ele bateu as asas e alçou vôo, mas teve o desprazer de no céu encontrar dezenas de antigos companheiros, outros anjos que agora eram demônios. Um deles ja havia sido chegado a Uriel, este era Luzimael, ele pairava no céu negro com as asas totalmente abertas e vestindo uma armadura de ouro que consistia em dois braceletes que tomavam conta deste os cotovelos até os pulsos, anéis lisos e largos em todos os dedos, um par de ombreiras em formas de grandes cabeças de serpente e uma peitaça que protegia o torax e o abdômen e que além de ser de ouro tinha também pedras amazonitas encrustadadas formado uma petantagrama. Na cabeça ele usava um diadema também de ouro que cobria toda a testa do qual descia uma ponta para baixo cobrindo grande parte do nariz, e na cintura logo abaixo da peitaça ele usava um tecido azul escuro bordado com arabescos vermelhos, o tecido estava enrolado como se fosse uma saia comprida até os pés mas tinha uma fenda na perna direita dando liberdade de movimento, nos pés usava um par de sandálias gladiador de couro vermelho com tiras subindo até a altura dos joelhos. Na mão ele tinha uma longa lança dourada com a lamina envergada.
Uriel voou até ele e falou:
- Luzimael meu amigo! Folgo em ver que está bem.
O anjo tinha o rosto sério, mas ergueu os cantos da boca forçando um sorriso e respondeu:
- Uriel? O que faz aqui? Este não é um bom lugar para você. Este não é um bom dia para você.
Uriel falou:
- Eu procuro Samyaza. Sabe onde ela está?
O anjo respondeu:
- Depende. Aliás não me chame de Luzimael, eu não uso mais esse nome. É muito desagradável para nos que caímos do céu ainda sermos chamamos por nomes que o Deus criador nos deus. É melhor sermos chamados por nomes que nós mesmos escolhemos.
Uriel disse:
- Ah... Sim, me perdoe. Qual é seu nome agora?
O anjo falou:
- Penemue.
Uriel disse:
- Certo Penemue, você poderia me falar onde encontro Samyaza?
Penemue respondeu:
- Nao. Na verdade eu não faço ideia de onde ela está, eu detesto aquela prostituta. Você sabe, ela manteve relações íntimas com humanos, dezenas de humanos. Pariu aberrações tentando imitar o que as fêmeas humanas fazem. Um horror. Mas se quiser a meu cônjuge pode te ajudar, ele trabalha para essa imunda.
Uriel surpreso perguntou:
- Cônjuge? Você tem um cônjuge agora?
Penemue respondeu:
- Sim, você conhece, por falar nele veja, ele está vindo para cá.
Um enorme anjo se aproximou, ele era diferente pois possuia tres pares de asas e um tamanho corpóreo grande, maior que a média. Ele também estava vestido com uma armadura de ouro, a dele era mais refinada, possuia um par de ombreiras grandes em forma de cabeças de cabra com os chifres afiados apontando para fora, a peitaça era grande com duas cabras aladas estampadas, os braços eram todos cobertos com ouro, até as costas das mãos estavam protegidas. Ele usava uma saia curta de cor alaranjada e nas pernas botas de metal dourado até o meio das coxas, a ponta dos pés eram repuxadas para fora formando garras como ganchos. Zepar usava um elmo que protegia toda a cabeça e que tinha dois chifres de cabra apontando para frente. Nas mãos ele trazia duas Espadas muito longas. Quando se aproximou deu um beijo na testa de Penemue. Uriel demorou um pouco mas lembrou, aquele era Abiliel, que era um dos soldados mais fortes de Miguel. Uriel imaginou que Abiliel havia também trocado de nome então não o comprimentou. Penemue disse:
- Uriel este é Zepar, o meu grande amor. Ele trabalha para Samyaza.
Zepar tinha uma voz rouca, não muito potente. Ele respondeu descontente:
- Pare de falar que eu trabalho para Samyaza, eu não trabalho para ela. Eu fiz para ela apenas um serviço que foi bem recompensado, nada mais. Eu não tenho chefe nem senhorio para obedecer. Além do Imperador é claro.
Uriel falou:
- Zepar eu preciso falar com Samyaza, pode me dizer onde ela está?
Zepar disse:
- Com certeza ela esta no palacio dela se arrumando. Ela sempre se atrasa. Siga para o leste, vai ver entre as árvores uma grande casarão retangular como um baú gigante. Ela estará lá.
Uriel agradeceu, virou de costas para ir rumo ao leste mas tomou um susto, no pouco tempo que estava a conversar com Penemue e Zepar o céu ficou repleto de anjos, todos com armaduras douradas e armados com lanças, machados, espadas, arcos e todo tipo de arma mortífera. Ele sentiu um arrepio percorrer as costas, era rezou internamente para aquilo não ser o que parecia. Ele voou desviando dos anjos, muitos viravam os pescoços para olhar ele passar já que ele era reconhecido como um Anjo de Deus ainda. Quando encontrou o palacio de Samyaza ele entrou sem ser anunciado, o vigia da porta não teve força para dete-lo. Assim que ele chegou no salão de entrada viu Samyaza, ela usava uma armadura inteira, uma peitaça de ouro com seios esculpidos e uma imagem de serpente gravada no ventre, grandes botas de ouro até metade das coxas, uma saia de tiras de couro, os braços eram totalmente protegidos pelo metal dourado e ela usava um elmo em forma de cabeça de águia. Nas mãos ela trazia um par de leques de aço, já que estas eram as armas que amava usar.
Assim que Uriel a viu ele falou em voz alta:
- Urakabarameel Samyaza! Preciso de sua ajuda!
Ela estava caminhando rumo a saída mas parou e pareceu congelar por um segundo quando viu Uriel ali. Então ela disse:
- Uriel? Uriel? URIEL! Aqui? Agora? Como?
Uriel não entendeu nada, então se aproximou dela a começou a falar:
- Eu preciso achar Matiyah, eu preciso falar com ele, saber como ele está. Você sabe onde ele esta?
Um servo veio correndo na direção de Samyaza e entregou a ela uma taça com vinho. Ela bebeu tudo deixando um pouco vazar de sua boca e escorrer pela pele branca, então olhou novamente para Uriel e disse:
- Querido, antes de qualquer coisa eu devo perguntar a você se sabe o que está acontecendo nesse momento.
Uriel então olhou para ela, a mediu de cima a baixo e finalmente percebeu a armadura. Ele falou:
- Pelo nome do Deus Altíssimo... Você vai para a guerra?
Samyaza respondeu:
- Sim. Satanás nos chamou. Você sabe que desde que nos saímos do céu tudo o que fazemos é nos defender dos ataques de Deus, mas agora Satanás orquestrou um ataque surpresa, nos estamos nós todos, anjos caídos, seres do submundo e divindades das trevas vamos atacar o seu Deus. Tipo... Agora. Você escolheu o pior dia para fazer uma visita.
Uriel estava atônito. Ele então focou:
- Matiyah! Eu so quero saber de Matiyah!
Samyaza falou:
- Está aqui, lá em cima no quarto dele. Ora essa você acha que eu deixaria meu filho caçula morando naquela caverna suja? A propósito, obrigada por ter salvo ele, eu o resgatei há pouco tempo. O quarto dele e no quarto piso, pergunte a algum servo, tenho que ir me agrupar, Satanás atacará em breve e eu como sabe sou uma Arcanjo, vou coml general de vinte legiões.
Uriel bateu as asas forte e nisto deu um salto até a escadaria, mas assim que que pisou nela Samyaza falou:
- Sabe que vai chegar aos ouvidos de Deus que você veio até aqui. Vir aqui já seria um imenso problema, mas vir aqui na hora do nosso ataque te fara um traídor aos olhos do grande criador. Ele se te pegar sozinho vai te destruir. Você está perdido. A não ser que peça a Satanás uma chance e se ele te deixar ficar aqui conosco você estará seguro. O que fará? vai ficar aqui e virar um demônio ou vai voltar para o céu e deixar Miguel te depenar como uma galinha?
Uriel respondeu:
- Samyaza eu vou falar com Matiyah. Quanto a minha situação... Eu não sei. Penso nisso depois.
Samyaza falou:
- Uriel eu sei que você não confia em mim, mas mesmo assim eu vou te dar um conselho, não volte para o céu. Todos nos aqui no Gehinom so somos fortes porque estamos juntos, mas você sozinho... Não vá.
Uriel sorriu para ela, deu as costas e subiu as escadas. Uma das servas de Samyaza o levou até o quarto de Matiyah.
Era um corredor largo, as paredes eram de um amarelo claro bem suave, o chão era de mármore preto. Uriel parou na porta, ela estava entre aberta e som suave de alaúde vinha de dentro. Uriel entrou, Matiyah estava sentado na beira de uma grande cama forrada com peles de jaguar, o quarto era muito bonito, amplo. Matiyah tocava uma música calma em um alaúde vermelho, errava algumas notas, parecia estar praticando.
Quando Matiyah viu Uriel ele se levantou mas não foi até ele, a surpresa o congelou. Matiyah vestia uma tunica cor de abóbora de um tecido brilhoso semi transparente, tinha muitas pulseiras e muitos anéis e colares de ouro, sem falar no par de brincos pesados em forma de peixes dourados. O cabelo dele estava preso em um coque alto bem no centro da cabeça, os olhos estavam escuros contornados com kajal.
Uriel quase não o reconheceu. Ali perto da porta ele ficou parado, e falou:
- Eu te procurei por todo canto.
Matiyah respondeu frio:
- A solidão não é boa companheira. Eu não ficaria sozinho naquela caverna, me sentia infeliz.
Uriel deu um passo para frente e falou:
- Mas eu te avisei que a sua vida na terra seria se esconder para sempre.
Matiyah permaneceu onde estava a respondeu:
- Diante da lamina da sua espada você acha que eu protestaria? Sobrevivência é algo complicado.
Uriel deu mais um passo para frente e disse:
- Eu estou me arriscando muito por estar aqui.
Matiyah perguntou:
- Mas voce porque está aqui?
Uriel deu mais um passo e ficou bem perto dele, então respondeu:
- "Ana Behibak".
Matiyah falou:
- Essa é a língua que se fala no céu não é? Eu não sei falar isso, não compreendo.
Uriel deu mais um passo e pôs as duas mãos nos quadris de Matiyah, encarando ele, disse:
- Ana Behibak é o modo como dizemos a Deus que o amamos. Mas eu estou dizendo isso a você Matiyah, Ana Behibak - eu te amo.
Matiyah fez uma cara surpresa, não espara ouvir aquilo. Ele pôs as mãos nos ombros de Uriel e disse:
- Eu também te amo.
Eles se beijaram, um beijo tão apaixonado e avassalador que suas bocas doíam. Após o beijo Uriel e Matiyah foram para a cama e Uriel usou seus dons de anjo para modificar o próprio corpo, ele fez surgir na própria virilha o sexo masculino, então ele e Matiyah se amaram por horas a fio sentindo os prazeres da carne.
Após isto eles ficaram juntos, abraçados na cama. Matiyah começou a falar:
- Você virá para o Gehinom? Será um demônio como minha mãe?
Uriel respondeu:
- Não eu não quero isso.
Matiyah falou:
- Mas como faremos então?
Uriel disse:
- Eu tenho pensado em algo, algo que eu vejo como uma solução.
Matiyah perguntou:
- E o que é?
Uriel disse:
- Somos diferentes meu amor, viver junto é impossível. Mas, há um modo de me tornar como você, eu seria imortal ainda mas não seria Anjo nem demônio. Se eu perder minhas asas eu ficarei como você e nisso ficarei para sempre com você.
Uriel ficou ali junto a Matiyah por muito tempo, mas muito tempo no inferno é pouco tempo na terra e no céu. Quando Samyaza voltou ela ficou muito surpresa em saber que Uriel ainda estava lá em sua casa e o chamou para ter uma conversa longe dos ouvidos de Matiyah. Eles se reinaram em um grande salão espelhado que era onde Samyaza se exercitava.
A conversa ja começou quente, Samyaza áspera falou:
- Você é louco.
Uriel aproveitava o amplo espaço da sala para esticar as asas. Ele olhou para Samyaza e respondeu:
- Porque louco?
Ela falou:
- Que idéia estapafúrdia é essa de perder as asas? Você acha que será fácil assim? Acha que Deus vai te deixar livre?
Uriel falou:
- Eu vou ser franco com ele e tenho certeza que me entenderá.
Samyaza disse:
- E espera mesmo que eu deixe Matiyah ir embora com você para viverem como dois humanos na terra?
Uriel respondeu:
- Gehinom não é lugar pra ele. Ele é puro, ele é... Ele é bom. Esse lugar cheio dessas coisas monstruosas vai corromper ele.
Samyaza disse:
- Acha que aqui é um lugar cheio de coisas monstruosas? Porque? Porque Satanás e quem governa? Acha que a terra é melhor do que aqui? a terra é governada pelos humanos, e os humanos são piores que qualquer demônio que você tenha visto ou ouvido falar.
Uriel disse:
- Se a terra for hostil eu levo Matiyah para Shambala, para o Nirvana ou para algum lugar. As opções cresceram Samyaza, não é existe mais céu, terra e inferno, agora existe muitos lugares habitáveis.
Samyaza falou:
- Você vai se ferrar feio Uriel, mas até ai o problema é seu. Mas eu não vou deixar Matiyah sair daqui, ele tem que ficar sob a minha guarda.
Uriel falou:
- Não trate Matiyah como se ele fosse um dos gigantes que você pariu! Ele não é uma aberração pra ter que ser vigiado!
Samyaza berrou:
- Sim ele é! Seu tolo! Tolo! Não entendeu nada não é? Não sabe quem é meu filho?!
Uriel baixou o tom e perguntou:
- Sei que ele nasceu de ti sem ser afetado pelo gigantismo, ele é normal. O que teria a mais a se saber sobre ele?
Samyaza pôs as mãos sobre o ventre e respondeu:
- Olhe para a minha barriga, olhe! Acha que eu pari gigantes daqui? Todos os meus trinta e sete filhos nasceram idênticos a Matiyah, eram bebês humanos de aparecia absolutamente normal, todos graciosos bebezinhos. O que fez eles se tornarem gigantes foi comer carne humana. Um dos meus filhos, Thomastor, ele era louco por sangue e eu permitia que ele se alimentasse de animais. Mas um dia ele foi até uma aldeia de beduínos no deserto e devorou aquelas pessoas. Quando ele voltou estava enorme, gigante. Os meus outros filhos quiseram ser como ele e também comeram carne humana, e o efeito se deu. Eu gerei com sêmen de homens, a carne humana era acumulativa no corpo deles, quanto mais comiam maior ficavam. Eu ainda estava grávida de Matiyah, e quando eu pari o escondi dos demais, não queria que ele se tornasse aquilo. Mas se ele comer carne ou beber sangue humano ele será um gigante e você sabe do decreto firmado no céu que diz que todos os gigantes devem ser erradicados na terra. Como espera que eu deixe ele partir?
Uriel ouviu aquelas palavras e se assustou. Ele mesmo ja havia lutado contra alguns gigantes filhos de Samyaza e se lembrava das criaturas aterrorizantes que eles eram.
Uriel falou:
- Eu tomarei conta dele.
Samyaza disse:
- Sem suas asas você não poderá tomar conta nem de si mesmo. Essa sua obsessão pelo meu filho só trará desgraça para os dois.
Uriel falou bravo:
- Obsessão? Eu amo seu filho!
Samyaza disse:
- Nao Uriel, você está cego. Meu irmão, você me viu vestida com minha armadura, você soube que uma grande batalha iria acontecer, e aconteceu, e você não teve sequer interesse de perguntar como foi, que lado saiu vitorioso, nem o motivo da batalha você sabe! Você se esqueceu do que você é? Esse amor que você diz sentir é um veneno.
Uriel falou:
- Não vou levar em consideração suas palavras. Eu vou resolver isso e você não será empecilho para a minha felicidade. Eu e Matiyah vamos ficar juntos.
Uriel passou mais algum tempo com Matiyah, para ele era difícil ficar longe do rapaz.
Mas ja era certo que eles precisam resolver a situação.
Eles estavam novamente abraçados na cama, Uriel envolvia Matiyah não só com os braços mas também com as asas. Eles estavam serenos.
Matiyah com uma voz sonolenta perguntou:
- Uri, porque você me ama?
Uriel beijou a testa dele e respondeu:
- A resposta que eu vou dar não é romântica. Eu não sei porque te amo, eu não faço a menor idéia.
Matiyah perguntou mais:
- Você vai mesmo para o céu falar com Deus?
Uriel respondeu:
- Sim. Eu quero ser livre. Entenda meu amor... Sua mãe não é livre, ela não é mais um anjo, portanto não é mais escrava de Deus, mas ela agora serve a Satanás. Por exemplo essa última saída dela, ela foi para a guerra, e eu me lembro muito bem que ela odeia batalhas, mas ela teve que ir afinal todos os Demônios iam e ela não pode se indispor com o lider. Eu não quero isso, quero viver como os humanos.
Matiyah falou:
- Eu entendo. Mas me preocupo. Na verdade eu não creio que Deus vá atender o seu pedido.
Uriel falou:
- Eu tenho esperança que ele faça isso.
No dia seguinte Uriel estava pronto para ir embora. Matiyah entregou para ele um medalhão de ouro em forma de sapo, com aquele medalhão Uriel poderia entrar e sair do Gehinom livremente abrindo portais em qualquer lugar.
Uriel partiu, ele voou de volta para o céu afim de falar com Deus.
Quando Uriel chegou no céu todos os anjos que ali estavam o olhavam com desconfiança, alguns até com medo. Ele foi até Baraquiel, ela morava em uma grande torre feita de blocos da mais pura prata espelhada. Quando Uriel entrou um anjos servo de Baraquiel o levou para falar com ela. Baraquiel era um Arcanjo como Uriel, famosa por ser a grande pacificadora. Ela era de estatura baixa, tinha os cabelos loiros claros como Uriel mas os dela eram lisos, compridos ate os joelhos e ela usava uma franja reta na testa que por pouco nao cobria os olhos, belos olhos azuis. As asas dela eram brancas com apenas algumas poucas penas em tom arroxeado, ela usava um grande tecido amarrado em um ombro como se fosse um vestido longo.
Uriel foi levado a uma sala na base da torre onde Baraquiel estudava grandes papiros com o auxílio de três outros anjos. Quando ela viu Uriel ficou surpresa mas feliz, o abraçou e perguntou:
- Meu irmão, onde estava? Eu estive muito preocupada contigo.
Uriel contou a ela sobre tudo, tudo o que ele viveu, a onde esteve e principalmente de seu amor por Matiyah. Ele pediu a ajuda dela para falar com Deus, e ela como era doce e gentil aceitou ajudar.
Uriel permaneceu na torre e ela foi marcar a audiência com Deus. Quando ela voltou estava com uma expressão fria, quase triste. Uriel perguntou:
- Ele me receberá?
Baraquiel respondeu:
- Sim. Ele te receberá imediatamente.
Uriel sentiu um calafrio percorrer todo o corpo. Falou:
- Mas imediatamente? Isso é bom sinal ou devo temer?
Baraquiel respondeu:
- Até Satanás teve de aguardar para ser ouvido. Uriel, longe de mim tramar contra o Senhor meu Deus, mas não era melhor você fugir? Ir para o Gehinom e viver lá como os outros... Os...
Uriel completou:
- Os Demônios? Eu não quero ser como eles.
Baraquiel falou:
- Eles ainda são nossos irmãos. Mas eu entendo. Vamos, Deus quer te ver.
Uriel foi levado até o grande salão, diante do Trono. Deus estava ali reluzente em toda sua magnificência e rodeado por centenas de anjos, incluindo Baraquiel e Miguel.
Assim que Uriel chegou ele saudou dizendo:
- Senhor meu Deus e amado pai, Elohim, eu vim aqui lhe falar de todo o meu coração. Eu sou Uriel, o Arcanjo da Luz, eu que fui criado para manter o espaço de meu Senhor Deus sempre iluminado.
Deus girou uma das mãos mostrando receber a saudação e disse:
- Keruv Uriel, tu tens mesmo muito a me dizer. Porque tu mudou o próprio corpo? Eu vejo que teu corpo é similar a o de um homem. Quem te deu autoridade de criar em si mesmo um sexo humano?
Uriel respondeu:
- Me perdoe Pai, o que eu fiz foi por amor.
Deus disse:
- Amor? Te criei para me servir, quem poderia amar senão a mim?
Uriel respondeu:
- Pai, eu me apaixonei por um homem.
Deus bateu um mão com forca no braço do trono fazendo um grande estrondo e mostrando irritação disse:
- Não minta para mim! Tu te apaixonou sim, mas não por um homem. O filho de Urakabarameel é uma aberração aos meus olhos! Fez crescer um órgão reprodutor em si mesmo somente com fins de luxúria não foi? Ou por acaso tinha intenção de se reproduzir tal qual Urakabarameel fez?
Uriel respondeu:
- Não senhor, não tenho e jamais tive intenção de me reproduzir. Esta nova parte do meu corpo eu fiz para atender as necessidades do ser que eu amo.
Deus falou novamente:
- Mentira. Tu és como Satanás, kadhaab! Um mentiroso! Essa sua nova parte foi feita apenas para prazer próprio, tu queria ser um homem por acaso?
Uriel respondeu:
- Sim é exatamente o que eu quero, ser um homem.
Um burburinho do som das vozes dos anjos ecoou no salão, mas Deus ficou em silêncio, calado por alguns minutos que para Uriel pareceram horas.
Deus então disse:
- Quer abandonar todo o poder que eu te dei e se tornar humano? Porque? Fale a verdade.
Uriel falou:
- Senhor dentro de mim existe amor, e esse amor é forte e imenso, eu não consigo mais viver sem esse amor. Eu quero ser um homem porque anjos não devem amar ninguém alem de ti, nisso eu sei e admito que não tenho mais dignidade para ser um anjo teu. Eu peço, eu imploro a tua misericórdia para que me deixe ser um homem.
Deus disse:
- Mesmo se perder suas asas tu nunca sera um homem. Tu não foi feito na mesma forma que eles, tu pode sim perder os dons que tem mas nunca será mortal. Quer mesmo passar a eternidade como um "quase homem"? .
Uriel respondeu:
- Sim esse é o meu desejo.
Deus então falou:
- Pretende passar a eternidade ao lado do filho de Urakabarameel? Porque dedica o teu amor aquela atrocidade?
Uriel respondeu:
- Ele se chama Matiyah, e ele nunca tocou em sangue ou se alimentou de carne humana. Ele é sim uma criatura impura por ter sido concebido por Urakabarameel Samyaza, mas ele não tem culpa, ele não pediu por isso. Senhor Matiyah é a mais doce das criaturas.
Deus disse:
- Tu sabes que se ele beber sangue ou comer carne do homem ele sera como os outros que Urakabarameel pariu. Se ele fizer isto eu o condenarei a morte. Como tu viverias sem esse teu grande amor?
Uriel respondeu:
- Eu não viveria. Por isso eu garanto que zelarei para que Matiyah nunca faça estas coisas. Senhor eu desejo ser aquilo que me aproximar mais do amor.
Deus então falou:
- Keruv Uriel, saia. Amanhã te chamarei para dar a minha resposta.
Uriel saiu, voltou para a torre de Baraquiel. Muito apreensivo ele tremia por dentro tamanha a expectativa da decisão do Grande Deus.
No dia Seguinte ele foi chamado novamente para o salão do trono. Chegando la Deus deu o veredito falando:
- Atenderei o teu pedido. Suas asas serão removidas por Lelahel.
Uriel ficou extasiado, ele disse:
- Oh Senhor! Bentido seja!
Deus então disse:
- Uriel, tu nunca serás humano, mas será quase. Se o "quase" te sustenta, que seja. Vá e viva com o filho de Urakabarameel.
Lelahel se aproximou, ele tinha uma longa espada nas mãos. Essa espada tinha um metro e quarenta centímetros de comprimento, era dourada (como quase tudo no céu), sua lâmina era larga e o cabo era adornado com cristais, mas o que mais chamava atenção era protetor das mãos que tinha um formato de duas asas de anjo.
Deus disse em um tom de voz alto para que todos ouvissem com clareza:
- Todas as espadas, todas as armas que vocês anjos usam foram feitas por Gabutheliel, o meu amado e talentoso armeiro. Mas esta espada em questão não, esta é Nihaya, a espada findadora, uma matadora de anjos. Eu o senhor vosso Deus fiz Nihaya, ela foi feita para exterminar Satanás, porém ele em sua maligna astúcia é o único que sabe como ser imune ela. Mas todos vocês que aqui estão não. Será com Nihaya que Lelahel ira remover as asas de Uriel.
Lelahel tocou o ombro de Uriel e pediu que ele ficasse bem no centro do salão de joelhos, e Uriel fez isto. Houve uma grande tenção no salão, todos os anjos estavam curiosos para ver o que aconteceria com ele, então Lelahel deu um único golpe de espada bem próximo das omoplatas decepando por completo as duas asas de Uriel.
Uriel berrou, sentiu uma dor extrema, uma dor que não se iguala a nada. O corpo dele diminuiu, emagreceu. Lelahel também cortou os longos cabelos de Uriel deixando eles curtos e disformes. Uriel se sentiu terrivelmente fraco. As asas se debatiam no chão como se ainda estivessem vivas.
Uriel não era mais um anjo.
Todos os anjos que estavam ali ficaram horrorizados, agora sabiam o que acontecia quando um anjo perdia as asas.
Deus olhou para ele e disse:
- Teu desejo foi realizado. Agora vai-te embora, teu lugar não é mais aqui.
Uriel pegou o medalhão que trazia no pescoço e disse "me leve de volta para a casa de Samyaza", e então Uriel desapareceu do salão de Deus.
Assim que ele sumiu Deus chamou Miguel e disse:
- Miguel, tu deves castigar Uriel. A traição dele não ficará sem resposta.
Miguel se curvou na frente de Deus e falou:
- O que devo fazer com ele meu Senhor?
Deus falou:
- Com ele nada.
Miguel perguntou:
- Então como o castigarei?
Deus disse:
- Tudo que Uriel fez foi por amor ao filho de Urakabarameel. Deve matar essa criatura na frente de Uriel. Não haverá sofrimento maior para ele do que ver o grande amor morrer. Miguel nessa tarefa deve ser cruel, não tenha piedade, faça Uriel presenciar uma cena horrenda.
Miguel suspirou fundo e disse:
- Sim meu Senhor, eu farei isso imediatamente.
Deus falou mais:
- Não, imediatamente não. Deve esperar Miguel, deve deixar Uriel desfrutar da felicidade por algum tempo, e so então arrancar isso dele. Assim doerá muito mais. Quando for realizar essa tarefa leve anjos de confiança.
Uriel quando abriu os olhos estavam já na casa de Samyaza, dentro do quarto de Matiyah. Uriel ficou de pé e olhou para ele dizendo:
- Ainda me ama?
Matiyah estava sentado na beira da cama, caminhou ate Uriel e disse:
- Você se parece comigo agora. Eu te amo ainda mais.
Eles se abraçaram e se beijaram com muita ternura.
Samyaza entrou no quarto, quando viu Uriel ela tapou a boca com as mãos e arregalou os grandes olhos azuis.
Matiyah falou com ela:
- Veja Mãe, Uriel se tornou um homem. Eu e ele vamos ficar juntos agora.
Samyaza disse:
- Nunca vi coisa mais pavorosa. Uriel você vai se arrepender muito de ter desistido de si mesmo. Ja olhou pra si mesmo? Esta horrível.
Uriel falou para ela:
- Eu me arrependo de não ter feito isso antes.
Samyaza disse:
- E agora? O que voces dois pretendem fazer?
Uriel respondeu:
- Vamos para a terra, viver, apenas viver.
(Este capítulo ficou muito extenso e teve de ser dividido em duas partes. A segunda parte deste capítulo continua na próxima postagem)
Nossa, confesso que fiquei um pouco decepcionado ao ver a saga de Beladona interrompida, mais depois de alguns parágrafos fiquei simplesmente apaixonado pela historia...Parabéns e obrigado por escrever. Já ansioso pelo próximo, grande abraço!!!
ResponderExcluirObrigado, a saga da Belladonna volta em breve
ExcluirBelladonna viveu até qual ano, não tem nada na Internet falando dela
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