Médium Diva Belladonna - Episódio 4








Médium Diva Belladonna




Episódio
IV

"A Tragédia"





Dezesseis de Abril de 1976
Sexta-feira da paixão, três horas da manhã.
Belladonna havia acabado de se deitar, ela e Isaura haviam conversado até de madrugada sobre a novela "Pecado Capital", elas eram assíduas, e por conta desta novela ser exibida a cores Belladonna comprou dois televisores novos, um para por no seu quarto e o outro no quarto de Isaura. As duas apenas discordavam sobre a competência e a beleza de Francisco Cuoco, já que Belladonna o detestava enquanto Isaura era apaixonada por ele.

O sono chegou, Belladonna vestiu uma camisola azul marinho, se deitou e logo dormiu esparramada na cama. Mal começou a dormir e ja começou a sonhar.

No sonho ela sentiu uma mão macia acariciando o rosto e abriu os olhos. Ela viu Samyaza ali sentada na cama bem junto dela. Era de manhã, as janelas do quarto e a porta da sacada estavam abertas deixando a luz entrar. Samyaza estava vestida com um manto branco enrolado no corpo como um saree indiano e seu longo cabelo loiro cacheado estava preso em um coque volumoso ornado com um pequena margarida presa ao lado. As grandes asas estavam recolhidas mas as penas se espalhavam pela cama e pelo chão. As mãos de Samyaza tinham dedos compridos, unhas longas rosadas naturais. Ela não usava joias mas era lindíssima.
Belladonna perguntou:
- Como entrou aqui? Você pode estar aqui? Você não estava proibida de vir para a terra?

Samyaza acariciando o rosto dela sorriu e disse:
- Ah Diva Belladonna... Eu não estou aqui. Isso é um sonho. Eu estou em Nibiru nesse momento, mas consigui entrar na sua cabeça. Temos muito a falar.

Belladonna se sentou na cama e perguntou:
- Chegou a hora?

Samyaza respondeu:
- Sim. Você vai matar o profeta. Já tem uma arma?

Belladonna disse:
- Sim, um revólver que era do meu pai me deixou de herança.

Samyaza falou:
- Mas essa arma ainda está boa?

Belladonna disse:
- É um revólver Enfield, durará pra sempre. Mas eu ainda não entendi porque precisa deste homem morto. Profetas surgem toda hora, porque esse te encomoda?

Samyaza respondeu:
- Porque ele é a reencarnação de Enoque.

Belladonna impressionada perguntou:
- Enoque? O pai de Metusalah?

Samyaza respondeu:
- Sim, ele que escreveu sobre os anjos naquele livro odioso. Ele escreveu muitas coisas sobre nós, e muitas, muitas coisas sobre mim. Eu consegui roubar as escritas originais antes que os humanos encontrassem, arranquei a maioria dos escritos sobre mim mas...

Belladonna falou:
- Você teme que ele fale o que sabe?

Samyaza disse:
- Sim. O pouco que os humanos encontraram dos escritos dele ja causaram um belo estrago. Imagine o que vai acontecer se ele abrir a boca? Vai ser um pandemônio.

Belladonna disse:
- Sim. Isso vai ser grave.

Samyaza falou:
- Preste atenção, eu vou agora te dizer o local onde o profeta estará. Abra bem os ouvidos, e assim que acordar anote isso para não esquecer.

Belladonna falou:
- Certo, mas antes me responda, e o meu pagamento?

Samyaza sorriu, tocou na pulseira dourada que ela havia dado a ela e disse:
- Está nesta pulseira. Assim que você realizar o trabalho ela será absorvida pelo seu corpo. A vitalidade do meu fio de cabelo que deu origem a essa jóia é que fará seus limites se estenderem e assim acrescentar cinqüenta anos a sua vida.

Belladonna respondeu:
- Compreendo. Agora pode me falar sobre o profeta.

Samyaza disse:
- Ele se chama Bernardo e tem vinte e um anos de idade. Ele estará sozinho no dia... Vinte e sete de abril. Ele vive no Brasil, por isso te procurei, já que você está próxima. Ele vive em Curitiba, trabalha na rua Alberto Bins em uma loja de flores... Hum... Floricultura. Dê um tiro na testa dele e pronto. Deve fazer isso meio dia.

Belladonna falou:
- Sim. Eu vou fazer isso.

Samyaza se inclinou e beijou Belladonna nos lábios dando um suave selinho. Disse:
- Boa sorte meu amor.

Belladonna abriu os olhos, olhou para o relógio na parede do quarto e viu que ainda eram tres e dez da madrugada, ela tinha dormido apenas dez minutos e o sonho foi uma fração de segundo. Agora acordada ela se sentou e pegou um bloquinho de papel no criado mudo onde anotou as informações que Samyaza havia passado, depois voltou a dormir.

26 de abril, quatro da tarde.
Belladonna desceu as escadas vestida com uma jaqueta de couro marrom, uma camisa rosa por baixo e uma calça vinho justa. Ela calçava um par de botas de cano longo pretas ate os joelhos e com salto baixo e levava uma pequena mala retangular nas mãos.

Uriel estava no salão polindo um castiçal, ele a viu e perguntou:
- Porque se arrumou? Não tem clientes hoje.

Ela séria respondeu:
- Eu vou sair, só volto amanhã.

Ele estranhou, já que eles sempre saiam juntos. Perguntou:
- Está tudo bem? Não quer que eu vá junto?

Ela falou:
- Obrigada mas não. É um assunto particular. Eu não devo voltar hoje.

Belladonna foi para a cozinha, tomou um gole de café, se despediu de Isaura. Ela entrou no mustang que estava dentro do celeiro no jardim dos fundos, deu partida e se foi. Ela parou em um posto de gasolina e encheu o tanque, depois partiu pelas estrada, dirigiu cerca de nove horas pelas rodovias federais ate chegar em Porto Alegre.
Ela foi até primeiro até o endereço que Samyaza havia passado para ver se estava tudo certo, já era uma hora da manhã.
Muito cansada ela procurou um hotel ali perto e em uma rua paralela ela encontrou um chamado Flor de Lótus, que era uma espelunca mas para uma noite só iria servir. Ela se hospedou, pagou adiantado a diária e subiu pelo elevador até o quarto. Era no quinto andar, uma suite pequena com uma cama de casal e uma televisão preto e branco em cima de uma cômoda de madeira grosseiramente pintada com látex branco.
Assim que ela abriu a porta viu uma mulher la dentro proxima a janela, ela sentiu que não era uma pessoa viva e sim um espírito. Ela entrou, fechou a porta e perguntou:
- Quem está ai?

A mulher respondeu:
- Não me diga que não me reconhece mais.

Belladonna se aproximou e pôde ver quem era a pessoa. Ela disse:
- Sete Saias? O que faz aqui?

Sete Saias vestia uma bustiê preto simples que deixava a barriga a mostra e uma saia rodada com sete babados pretos. O cabelo estava preso em uma longa trança e ela usava uma pedra no meio da testa. Ela respondeu:
- Eu vim para falar com você.

Belladonna falou:
- O que aconteceu?

Sete Saias falou:
- Me diz você. O que aconteceu? O que Samyaza pediu pra você?

Belladonna pôs a mala em cima da cama, abriu, tirou uma camisola branca rendada e em seguida pegou dentro o revólver calibre trinta e oito, uma arma clássica Enfield fabricada em 1905 na Inglaterra, mostrou para Sete Saias e disse:
- Você é a Pombagira, você devia saber o que ela pediu.

Sete Saias disse:
- Quem sou eu perto de Samyaza? Ela está mantendo tudo em segredo. Eu olho pra você e não vejo nada, não consigo ler o seus passos. Isso é coisa dela, está encobrindo você.

Belladona colocou a arma de volta na mala, sentou na cama de costas para Sete Saias e começou a tirar as botas abrindo os grandes zíperes nelas. Ela falou:
- Então vamos poder conversar como duas mulheres normais. Sempre me irrita você advinhar tudo o que eu vou fazer, tudo o que vou dizer... Vamos aproveitar esse momento.

Sete Saias falou:
- Eu realmente não consigo ler você. Mas sinto cheiro de medo. O que vai fazer?

Belladonna falou:
- Samyaza quer que eu mate um homem pra ela.

Sete Saias caminhou pelo quarto e disse:
- Você vai matar ele com uma pistola... Sinal que ele é imune a sua bruxaria. Sinal que ele é imune a própria Samyaza. Quem é esse homem?

Belladonna olhou para Sete Saias e sussurrou:
- Nabí.

Sete Saias arregalou os olhos e disse:
- Nabí em hebraico significa profeta. Não me diga que você vai matar um profeta?

Belladonna respondeu:
- Sim. Um Nabí... Profeta protegido do Senhor.

Sete Saias falou:
- Tem ciência das consequências disso? Se fizer isso você será...

Belladonna interrompeu:
- Uma assassina? Ora essa eu ja matei uns vinte.

Sete Saias disse:
- Com bruxaria sim, mas não dando tiros! E eu não ia te chamar de assassina, eu ia dizer que se fizer isso você cai no lado negro, sem volta. Você sabe que existem tres tipos de bruxa.

Belladonna respondeu:
- Sim, brancas, vermelhas e negras.

Sete Saias disse:
- Cigana Sarah é um belo exemplo de bruxa branca, faz magia para o bem. Quitéria é uma bruxa vermelha, faz a magia quê quiser. Mas Figueira é uma bruxa negra, ela só faz o mal. Você é vermelha como Quitéria e como eu. Não faça algo desse tipo, vai escurecer sua alma.

Belladonna respondeu:
- Você tem receio que eu me torne uma pombagira?

Sete Saias disse:
- As pessoas romantizam muito isso de ser Pombagira mas na verdade não fazem ideia do horror que é. Eu estou confinada no meio do caminho. É até bizarro como os vivos falam de nós, como se fossemos heroinas ou como se estivéssemos evoluindo... Evoluindo pra onde? Eles não se tocam que eles nos conhecem, os pais deles nos conheceram, os avós e bisavós também? Se estivessemos evoluindo nós tínhamos ido pra algum lugar, mas não, depois de duzentos anos ainda somos pombagiras. Eu sou Sete Saias, e sempre vou ser, e isso não é algo positivo.

Belladonna disse:
- Mas o que desencadeia um espirito humano se tornar uma pombagira não é ter tido contato com magia negra em vida? Se for isso eu já estou condenada.

Sete Saias disse:
- Não. O que faz um espírito ser barrado na roda das encarnações é ele ser sujo. Todas nós somos sujas.

Belladonna perguntou:
- Como assim sujas?

Sete Saias disse:
- Quando um humano faz uma coisa não natural, uma marca é criada na alma dele, uma marca escura. Isso é a sujeira que eu falo. Eu fiz muita magia negra na minha vida, mas o que me sujou foi o modo como eu morri. Lembra que eu te contei?

Belladonna falou:
- Sim você usou de magia pra fazer um incêndio no acampamento cigano, sacrificou a própria vida pra isso. Me lembro de quando contou a história.

Sete Saias disse:
- Sim, eu estava com odio do Wladmir, eu fiz aquilo para exterminar ele e os capangas dele. Porém eu me esqueci que no acampamento haviam pessoas inocentes, mulheres e crianças. Eu os matei, os queimei até as cinzas e só depois percebi que meu odio não me deixou ver aqueles inocentes. Até hoje eu me lembro dos gritos. Eu nunca quis ferir nenhum deles, mas a minha inconseqüência causou a minha desgraça.

Belladonna disse:
- Sete Saias eu entendo, e eu sou muito grata que esteja se preocupando comigo. Mas eu vou em frente, o profeta não é um inocente, ele é um reencarnado, eu vou mandar ele de volta de onde veio, só isso.

Sete Saias falou desanimada:
- Entendi. Eu sei que você vai se arrepender. O que Samyaza vai te dar em troca?

Belladonna falou:
- Cinqüenta anos. Quando eu chegar ao limite humano que são os cento e vinte anos de idade ela me concede mais cinqüenta.

Sete Saias disse:
- Bom... Não existe nada mais valioso que o tempo, eu sei bem. Você quer que eu a acompanhe nessa tarefa?

Belladonna respondeu:
- Se você puder me acompanhar eu serei eternamente grata.

Belladonna passou a madrugada em claro conversando com Sete Saias. As dez horas da manhã ela já estava pronta para realizar a tarefa, tomou o café da manhã e fez check out no hotel, foi de carro ate a rua certa. Ficou a espreita esperando a vítima.
Por volta das onze e meia um rapaz alto veio andando pela calçada, ele ers bem simples, usava uma camisa polo branca padrão e calça jeans. Belladonna saiu do carro e o encarou, sem saber como, ela soube que ele era Bernardo.
Ela pegou uma bolsa, trancou o carro e seguio o rapaz, ele andava calmo e foi fácil ficar no encalço dele.
Ela o seguiu por toda a rua até que ele entrou em uma pequena floricultura com uma grande vitrine de vidro onde era possível se ver o colorido dos crisântemos. Ela foi atrás e do outro lado da rua pôde ver atravez do vidro ele vestindo um avental laranja, estava começando o turno de trabalho. Ela atravessou a rua e entrou na loja, ele estava no fundo, uma outra vendedora veio atender Belladonna, era uma moça ruiva um tanto gordinha com grandes bochechas rosadas. Ela perguntou:
- Bom dia, posso ajudar?

Belladonna sorriu e disse:
- Na verdade não. Preciso falar com aquele rapaz. Pode chamar ele pra mim?

A moça insistiu:
- Oh querida é uma política da loja que todos os clientes sejam atendidos pelo vendedor que estiver mais próximo.

Belladonna grosseiramente respondeu:
- Você não tem nada que me agrade. Prefere que eu vá embora sem comprar nada ou vai ser boazinha a chamar seu amigo?

A moça revirou os olhos descontente e berrou alto:

- Bernardo! Essa mulher exige ser atendida por você!

A vendedora se afastou, ele se aproximou de Belladonna e disse:
- Sua amiga não quer entrar?

Belladonna respondeu confusa:
- Perdão? Que amiga?

Ele apontou para fora da loja e disse:
- Aquela ali olhando fixamente pra cá.

Belladonna virou para trás e viu Sete Saias na calçada sob a sombra de um toldo com os braços cruzados e olhando para eles.
Belladonna falou:
- Ela não consegue entrar. Você não deixa.

Ele riu e disse:
- Então mande ela embora, o sol logo vai mudar de posição, e você sabe que a luz do sol faz o vento revelar os espíritos. Não quero um redemoinho na porta da loja, a ventania quebra as flores.

Belladonna disse:
- Não se preocupe. Hum... Podemos falar em particular?

Ele respondeu:
- Pra que? Pra você atirar na minha testa com essa arma ai na sua bolsa?

Belladonna segurou firme a alça da bolsa e respondeu:
- Então você já recebeu o dom da revelação... Pensei que ainda não tinha recebido os dons.

Ele perguntou:
- Vai mesmo fazer isso?

Ela falou:
- Não é pessoal. E você uma hora vai reencarnar de novo. Não fique chateado com isso. Entenda, o pagamento que vou receber é de um valor inestimável.

Ele riu e olhou profundamente nos olhos dela, e de repente a outra vendedora veio correndo e empurrou Belladonna com tanta força que ela foi arremessada contra a vitrine quebrando o grande vidro. Os dois correram porta fora, Belladonna se levantou de vagar, a calça estava rasgada e havia um pequeno corte na coxa.

Sete Saias se aproximou e disse:
- Qual é o seu problema? Estava óbvio que aquela vendedora é uma protetora, uma anjo de casta inferior. Se fosse mais poderosa ela teria matado você.

Belladonna ficou em pé com dificuldade e respondeu:
- Como eu perceberia? Os poderes de anjos de casta base são tão fracos que é quase impossível diferenciar eles de humanos.

Sete Saias zombou:
- Fraca? Aquela mamute te jogou longe como se você fosse uma boneca.

Belladonna falou:
- Maldita seja! Eu poderia ter quebrado uma costela.

Sete Saias disse:
- Agora você tem que matar os dois.

Belladonna olhou para Sete Saias Confusa e disse:
- Mas como assim? Não era você que não queria que matasse o rapaz?

Sete Saias respondeu:
- Eles ja viram o seu rosto, se você não matar antes que eles relatem o ocorrido aqui, você estará perdida, vão vir atrás de você e te fuder. Você não sabe como Jeová é vingativo.

Belladonna respondeu:
- Então agora é caso de vida ou morte. Então ok. Sete Saias você consegue me dizer onde eles estão?

Sete Saias ergueu o queixo, fechou os olhos e respirou profundamente. Em seguida abriu os olhos e disse:
- Entraram em um prédio grande aqui perto. Estão escondidos em uma sala do terceiro andar.

Belladonna falou:
- Vamos lá. Eu vou acabar com isso já.

Sete Saias e Belladonna saíram da floricultura e correram pela calçada cerca de duzentos metros, entraram em uma grande loja de departamentos, passaram por todas as araras da sessão de roupas e no fundo encontram uma porta de ferro trancada com uma placa amarela onde se lia "entrada permitida apenas para funcionarios". Belladonna bateu na porta e um segurança abriu, e ele perguntou:
- O que deseja?

Belladonna disse:
- Moço eu preciso de uma informação.

Ele falou:
- Desculpe mas eu não dou informações. Vá até uma vendedora e ela te ajudará.

Belladonna pegou na bolsa uma pequena garrafa com um líquido amarelado, encheu a boca com ele e cuspiu no rosto do homem que caiu inerte batendo no chão como um saco de batatas. Ela olhou ele no chão e disse:
- Nunca abra a porta para estranhos. Sua mãe devia ter te ensinado isso quando você era pequeno.

Ela entrou e Fechou a porta, arrastou o corpo do segurança até uma sala vazia e então seguiu por um corredor de paredes e piso brancos ate uma escadaria. Ela subiu seis lances até chegar no terceiro andar. Ali haviam muitas pessoas passando para lá e para cá com caixas nas mãos ou empurrando carrinhos pelos compridos corredores, ao ler a placa na entrada de uma das salas Belladonna entendeu, era um andar estoque.
Ao olhar em volta ela viu uma porta entre aberta do lado direito e Sete Saias soprou em seu ouvido:
- É essa porta. Eu não posso entrar lá, a energia do profeta me barra. Mas se você conseguir por a protetora dele para fora eu dou conta dela.

Belladonna se aproximou, girou a maçaneta devagar e abriu por completo a porta. Era uma sala sem janelas com muitas estantes cheias de pastas coloridas, todas cheias da papelada de contabilidade do lugar. Ela abriu a bolsa e sacou de lá o revólver, engatilhou e começou a andar pelo lugar observando tudo. De repente ouviu um som, um barulho que vinha do seu lado direito, e mais do que depressa ela apontou a arma para o lado contrário e atirou. O tiro pegou em cheio o ombro da mulher que protegia o profeta, e ela gritou de dor.
Belladonna disse:
- Que truque amador, fazer barulho de um lado pra atacar do outro. Eu vejo isso nas novelas e nos filmes toda hora.

A mulher disse com a voz ofegante:
- Não machuque o rapaz. Você ainda pode desistir disso.

Belladonna respondeu:
- Não, você vai reportar isso a seus superiores se eu não matar vocês dois. Não há como voltar atrás.

Mesmo com muita dor a mulher avançou sobre Belladonna que correu em direção a porta e se encostou na parede simulando estar assustada, mas quando a mulher veio para golpear o rosto de Belladonna ela se abaixou e abriu a porta fazendo a mulher esbarrar no batente e cair deitada no corredor onde foi agarrada por Sete Saias que a prendeu com Abraço apertado fazendo com que seu próprio espírito fluísse para dentro daquele corpo. Uma luta começou dentro do corpo, o espírito do Anjo protetor e Sete Saias se degladiavam para ver quem assumiria o controle e o efeito disso era fazer aquele corpo humano ficar atônito, desnorteado e se debatendo no chão como se estivesse epilético.

Belladonna fechou a porta e engatilhou o revolver novamente. Ela caminhou entre as estantes e pretaleiras cheias de pastas e documentos. Olhou cada parte da sala até que encontrou o rapaz agaixado em baixo de uma pequena mesa. Ela disse:
- Eu já vi você. Saia dai, ande.

Ele saiu lentamente e ficou em pé bem diante dela. Lágrimas saiam dos olhos dele e escorriam sobre as bochechas. Ela estranhou e perguntou:
- Porque você está chorando? Pelo que sei você já morreu e reencarnou pelo menos cinco vezes, porque teme se já conhece todo o caminho?

Ele limpou as lágrimas com as costas das mãos e disse:
- Eu não choro por mim. Como você mesma disse eu sei como é morrer e já sei esse tiro que você vai me dar na verdade vai só adiar meus planos, eu vou reencarnar em breve. As minhas lágrimas são pelos inocentes.

Belladonna ergueu o braço e encostou o revólver para a testa dele e disse:
- Que inocentes?

Ele respondeu:
- Logo saberá.

Ela então falou:
- Peço que me perdoe e que se lembre, não é nada pessoal.

Ele sorriu e o som estrondoso do tiro ecoou, as pastas coloridas foram todas tingidas de vermelho pelo sangue que espirrou do rombo que o tiro fez ao entrar pela testa em um fino buraco e sair pela nuca em arrebentando com o crânio. O rapaz caiu morto, bateu no chão e ali ficou.

Belladonna guardou a arma na bolsa, e foi rumo a saída, mas parou quando sentiu cheiro de plástico queimado. Ela se virou e avisou uma faísca saindo de trás da estante suja de sangue, se aproximou, pulou o cadáver no chão e tirou uma das pastas para ver o que era aquilo. Ela encontrou um quadro de energia atrás da estante e percebeu que a bala que atingiu a cabeça do profeta ricocheteou e atingiu um dos disjuntores e fez vários fios se encostarem. Belladonna se afastou e ouviu varios estralos vindos de dentro da parede, e entendeu que a instalação eletrica do prédio estava entrando em curto circuito. Ela se apressou em sair dali, quando abriu a porta da sala a foi para o corredor viu o corpo morto daquela que era a protetora do profeta caido no chão e vários funcionários do prédio em volta confusos perguntando uns aos outros quem era aquela mulher e de onde tinha vindo o som de tiro que acabaram de ouvir. Sete Saias apareceu ao lado de Belladonna e disse:
- O corpo não resistiu. Eu e o anjo lutamos dentro dela, e ela não suportou. Mas não se preocupe, ao matar esse corpo o anjo que habitava nele perde muito da memória, não vai se lembrar de você.

Belladonna sussurrou:
- Certo. Obrigada meu amor, sem você eu não teria como fazer nada.

Sete Saias respondeu:
- Tudo tem um preço e eu nunca faço favore. Espero uma boa paga. Agora saia daqui, eu sinto uma energia muito estranha.

Mal ela acabou de falar e as luzes do corredor começaram a piscar e faiscas sairem dos interruptores. Belladonna deu meia volta e saiu em direção as escadas, desceu e fez todo o caminho até o térreo onde era a loja. Ela saiu pela porta de ferro, mas assim que passou ela passou a porta bateu forte e se trancou sozinha. Belladonna achou aquilo muito estanho e sentiu uma pesada energia, foi então que ao passar pela loja ela viu caminhando no meio das araras de roupa uma mulher de mais de três metros de altura com a pele muito branca e usando um vestido negro comprido até os pés. havia um par de asas de penas negras saindo das costas dela e o cabelo era liso escorrido, negro e comprido. Belladonna sabia quem era, aquela era Thanatael, mais conhecida como Anjo da Morte. As pessoas passavam em volta de Thanatael mas não a viam, as Belladonna via nitidamente aquela figura que era belissima e horrenda ao mesmo tempo. Quando Thanatael viu Belladonna ela disse com a sua costumeira voz rouca:
- Bom trabalho. Agora vou fazer a minha parte.

Belladonna assustada apenas assentiu acenando com a cabeça. Thanatael abriu as assas e derrubou tres manequins de um stand, duas vendedoras correram para arrumar e Thanatael riu quando ouviu elas brigando entre si acusando uma a outra de não ter fixado direito a base dos manequins.
Belladonna saiu da loja andando em passos largos. Ela foi para a rua e quando chegou na calçada ela começou a andar de vagar para não levantar suspeitas. Caminhou até o carro, entrou e dirigiu até uma padaria algumas quadras ao lado onde pediu um café preto e algumas carolinas, ela sabia que a cafeina e o doce serviam como bons calmantes. Se sentou no balcão da copa e acendeu um cigarro e ficou ali com as pernas cruzadas parecendo uma pessoa comum. Uns vinte minutos depois ela começou a ouvir sirenes altas, e de repente vários caminhões do corpo de bombeiros passaram em frente a padaria, todos sairam e foram até a calçada curiosos. um jornaleiro passava de bicicleta e o copeiro perguntou a ele o que estava acontecendo. Ele respondeu:
- Incendiou no prédio da Renner. Os funcionários não conseguem sair, o incêndio tá no terceiro andar mas ja tem fumaça no quarto andar também.

Belladonna sentiu o corpo estremecer, aquele era o prédio de onde ela havia acabado de sair. Agora ela entendia as lágrimas do profeta e a presença de Thanatael no lugar. Ela deu uma nota de dez mil cruzeiros para o copeiro e disse que ficasse com o troco de gorjeta. Ela voltou para o carro e pegou o baralho de Tarô no porta-luvas. Abriu o jogo ali mesmo em cima do banco do carona. Ela tirou tres cartas, o Rei de Espadas, a Lua e a Roda da Fortuna. Confusa ela tirou mais duas e posicionou em baixo das que tinha tirado, elas eram a As de Espadas e o Julgamento. Não satisfeita ela tirou mais uma e pos em baixo de todas formando uma pirando invertida, a carta era o Enforcado. Então ela entendeu tudo, a morte do profeta na verdade havia servido como sacrifício, Samyaza havia com certeza ganho algo muito valioso com aquilo, mas pelo visto não era suficiente, outras vidas também teriam de ser sacrificadas, por isso a situação, por isso o incêndio. E o pior, tudo isso cairia como culpa nas costas de Belladonna.
Ela guardou o Tarô e deu partida no mustang, e então viajou pelas estradas cerca de dez horas até chegar em São Paulo, não fez paradas, veio direto. Ela estava tão tensa que varias vezes furou o sinal vermelho nas vias das cidades e se atrapalhava toda nas rodovias.
Era de madrugada quando ela finalmente voltou para o casarão, estacionou o mustang no jardim dos fundos e entrou na casa. Assim que passou pelo corredor viu Uriel na cozinha encostado na bancada tomando chá em uma xícara de vidro azulado. Ele olhou para ela e disse:
- Não me diga que você está metida com aquele incêndio.

Ela respondeu:
- Boa Noite pra você também. De que incêndio está falando?

Ele disse:
- Droga Belladonna, todo o mundo espiritual ja sabe que Thanatael e Samyaza tem dedo naquilo e que tinha uma bruxa lá trabalhando pra eles.

Ela disse:
- E você pensa que era eu a bruxa? Pois bem, era eu mesma.

Ele disse:
- Você sendo pivô de uma barbárie...

Belladonna falou:
- As coisas saíram do controle. Não era pra ser assim.

Uriel respondeu:
- Certo, eu não tenho como te julgar. Você é inconsequente, mas eu também sou então não vou dar uma de santo aqui. Mas se prepare para os reflexos disso.

Ela ali parada entre o corredor e a entrada da cozinha perguntou:
- Quantos mortos?

Uriel disse:
- O noticiário da noite disse quarenta. Mas soube que na verdade foram quarenta e dois não é mesmo? Pobres almas, alguns morreram carbonizados, outros se atiraram das janelas dos andares mais altos. Parece que foi um curto circuito que deu origem ao incêndio.

Belladonna falou:
- E fui eu que comecei o curto circuito. Olha Uri amanhã nos conversamos, eu dirigi muitas horas, preciso deitar e dormir.

Ele disse com sarcasmo:
- Vai sim, vai dormir o sono dos justos.

Ela se virou, percorreu o corredor e foi para as escadas, subiu até o quarto no terceiro piso, tomou um banho rápido e logo se deitou. Cansada e ela assim que fechou os olhos começou a sonhar. Ela sentia uma leve brisa tocando sua pele e então ela abriu os olhos e viu ali diante dela Samyaza com as asas abertas as agitando suavemente e criando a brisa. Samyaza usava um kimono de seda verde escuro com pequenas pétalas de flor de cerejeira estampadas e uma fita lilás como cinto. O cabelo cacheado e volumoso estava solto caindo como uma cachoeira dourada sobre os ombros. Ela sorria gentilmente como se fosse um espírito bondoso, mesmo que estivesse claro que ela não era.
Belladonna se sentou na cama e disse:
- Você está de novo no meu sonho?

Samyaza recolheu as asas, se aproximou e sentou na beirada da cama. Respondeu:
- Sim. Vim te dar os parabéns.

Belladonna falou:
- Parabéns pelo que? Por eu ser a responsável pela morte de mais de quarenta pessoas inocentes?

Samyaza respondeu com ar de deboche:
- Eram seres humanos, e não existe seres humanos inocentes. Eu lhe parabenizo por sua extremamente eficácia. Até Thanatael ficou impressionadissima. Deu tudo certo. Você não tem ideia de como o seu ato hoje me benefíciou.

Belladonna perguntou:
- Que bom que está feliz. A culpa dessas mortes vai realmente cair sobre mim?

Samyaza riu delicadamente e respondeu:
- Mas é claro. Em mim é que não vai ser. As costas de um Anjo carregam asas e não culpa.

Belladonna abraçou os joelhos e disse:
- Então você me enganou.

Samyaza falou:
- Não. Estava mais do que claro o que iria acontecer. Você matando o profeta seria acusada de assassinato. Para Deus não existe pecado grande ou pecado pequeno, você matou e será julgada por isso. Não importa se foram um ou mil as suas vítimas. O que será cobrado de você era exatamente o previsto, nem uma grama a mais. Agora eu ja vou. Amanhã cedo você vai ver que a pulseira com o fio do meu cabelo já tera desaparecido, e ao olhar no espelho verá a jovialidade que lhe prometi. os cinqüenta anos a mais realmente acontecerão na sua vida.

Belladonna falou:
- Por favor não me tenha como ingrata. Nosso acordo me felicita. Mas... Eu não consigo evitar essa sensação dentro de mim.

Samyaza disse:
- Eu entendo que se sinta mal, você também é humana e um coração feito de carne tende ao sofrimento. Mas espero que possamos voltar a fazer negócios.

Belladonna falou:
- E Maria Mulambo, você recebeu ela na audiência?

Samyaza respondeu:
- Sim, e confesso que muito me surpreendeu as coisas que ela me disse. Ela agora também é uma de minhas parceiras de negócios. Mas eu não vou me prolongar, já estou de partida. volte a seu sono de beleza.

Belladonna falou:
- Muito obrigada.

Samyaza se inclinou e beijou Belladonna na testa. Ela acordou, ainda estava escuro. Ela estava sem paz, cheia de remorso. Ela levantou e pegou a jarra de agua no criado mudo, mas água não era o que ela queria. Ela desceu as escadas e foi para a cozinha, pegou um pote de sorvete de flocos no congelador, abriu e usando uma colher grande começou a comer. Ela se sento em uma cadeira ali na mesa e ficou no escuro, comendo em silêncio.

Isaura acendeu a luz, ela havia ido conferir se o registro do gás estava fechado, toda noite ela se esquecia se tinha fechado ou não e voltava na cozinha no meio da madrugada pra conferir. Ela viu Belladonna ali sozinha e disse:
- Bella? Está tudo bem?

Belladonna respondeu:
- Não Isa. Nada... Nada bem. Você se importa de conversar um pouco?

Isaura respondeu:
- Não, não me importo. Você sabe muito bem que eu tenho insônia, eu praticamente não durmo.

Belladonna falou:
- Pegue uma colher pra você, vamos la pra fora e você me ajuda a acabar com esse sorvete.

As duas foram para o deck de madeira no jardim e se sentaram no degrau, elas revezavam, cada uma pegava uma colherada de cada vez do grande pote de sorvete.

Isaura perguntou:
- O que aconteceu? Você parece aflita.

Belladonna disse:
- Você assistiu o noticiário?

Isaura respondeu:
- Sim, eu não perco. Cid Moreira é um pão.

Belladonna falou:
- Você viu algo sobre o incêndio da Renner de Curitiba?

Isaura respondeu:
- Sim que tragédia. Fiquei consternada com aquilo.

Belladonna disse:
- Eu causei o incêndio.

Isaura ficou calada por algum tempo. suspirou fundo e disse:
- Então é por isso que você passou tanto tempo fora. Mas porque você fez isso?

Belladonna respondeu:
- Tive um problema lá em Curitiba, acabei entrando no prédio e dei um tiro que acabou ricocheteando e pegando em uma caixa de luz. Começou um curto circuito e daí se originou o incêndio.

Isaura disse:
- Então foi um acidente. Você não queria fazer aquilo, simplesmente aconteceu.

Belladonna falou:
- Mas isso não me tira o peso daquelas mortes.

Isaura disse:
- Ah Bella, se aconteceu... aconteceu. E agora eu pergunto, ficar cheia remorso vai ressuscitar alguma das vítimas?

Belladonna falou:
- Não. Sei que não.

Isaura disse mais:
- O que você fez foi muito errado, muito mesmo. Mas já está feito. Águas passadas não movem moinho. Bola pra frente. Você ja superou muita coisa, isso também será superado.

Belladonna se aproximou e deu um abraço em Isaura, ela disse:
- Ai Isa eu amo conversar com você.

Isaura disse:
- Lembra o que Betânia nasceu, você se sentia péssima em ter que amamentar e eu disse...

Belladonna respondeu:
- Você dizia "Faça o que tem fazer mesmo que não seja o mais fácil ou o mais desejado. Faça o que tem que fazer".

Isaura disse:
- Isso. Faça o que tem fazer. Dessa vez o que você tem que fazer é seguir em frente.

As duas ficaram até as cinco da manhã papeando ali sentadas juntas, falando do passado e fazendo planos para o futuro.
Depois cada uma foi para seu quarto e dormiram um pouco.

Belladonna acordou, ja passava das duas da tarde e o sol invadia o quarto pelas frestas da janela. Ela se levantou e estranhou, geralmente acordava com dor nas costas, mas dessa vez não sentia nada. Ela olhou para as costas das mãos e viu que a pele estava lisa, pareciam mãos de adolescente. Ela ficou de pé e correu para a penteadeira, olho para o rosto e não acreditou, a pele estava viçosa, de cara limpa ela parecia estar maquiada, os cabelos volumosos. Porém havia um detalhe inesperado, os olhos de Belladonna estavam em um tom violeta, uma cor anormal para íris humanas. Era o sinal claro do poder de Samyaza correndo dentro dela. Assim que ela olhou para o pulso buscando a pulseira dourada viu que ela havia sumido. Ansiosamente ela foi para o banheiro e tirou a camisola ficando nua, se olhou no espelho examinando cada parte do corpo e a felicidade por estar aparentemente jovem e de novo era enorme.

Uriel bateu na porta e abriu, não viu ela na cama e foi até o banheiro e viu o corpo dela naquela nova situação. Ele disse:
- Ja recebeu seu pagamento não é.

Belladonna sorridente virou para onde ele estava e disse:
- Sim. O que acha?

Ele falou:
- Belissima. Belissima como um... anjo. Isso é coisa de Samyaza não é?

Ela respondeu:
- Você já sabe a resposta.

Ele disse:
- Claro que sei.

Belladonna falou:
- Eu sou jovem de novo Uriel, jovem e bela!

Ele respondeu:
- Doce ilusão. A carne parece nova em folha, mas o quão gangrenado está esse coração?

Ela falou:
- Você é imortal Uriel, você não entende.

Ele pegou um roupão atoalhado que estava em um cabideiro, abriu e pôs nos ombros dela. Disse:
- Se arrume. Tem visita pra você lá em baixo. E antes de descer leia o jornal que deixei em cima da sua cama. Leia a nota da primeira página.

Belladonna foi para o quarto e se vestiu, escolheu usar um vestido branco com rendas nos ombros, era um vestido que ela não usava há décadas por ser em um modelo jovem demais, mas agora caia muito bem. Ela deixou o cabelo solto e usou uma fina tiara de pérolas para deixar ele no lugar. Calçou um par de sandálias estilo veraneio, anabelas com tiras de tecido branco que amarravam nos tornozelos.
Estava pronta.
Ela apanhou o jornal sobre a cama a abriu, e lá estava uma matéria sobre o incêndio. Pelo visto Uriel não a deixaria esquecer o ocorrido.



Ela jogou o jornal no lixo do quarto, bateu a porta e desceu as compridas escadarias até o salão principal. Lá havia uma mulher alta, mais de um metro e noventa de altura usando uma calça jeans corsário, uma camisa púrpura frente única e um par de scarpins de verniz preto. o cabelo dela de costas podia se ver que era uma peruca pelo tom de loiro platinado quase branco. Ela estava de costas olhando um dos quadros. Uriel estava ajoelhado no chão com uma agulha na mão costurando um tassel que havia escapado do grade tapete. Belladonna se abaixou ao lado dele e perguntou em voz baixa:
- Quem é ela?

Uriel disse:
- Ora essa, não está reconhecendo? A moça disse que é sua parente.

Belladonna disse:
- Parente? Eita... Será uma prima distante querendo dinheiro? Credo. Nunca conheci uma mulher tão alta. É mesmo uma mulher ou uma travesti?

Uriel respondeu com um ar de graça na voz:
- Não sei dizer. Vá lá falar com ela e descubra.

Belladonna estranhou muito, ja que Uriel sempre apresentava ou até mesmo resumi o perfil dos clientes antes dela atende-los. Ela caminhou até a mulher e ao ficar bem perto disse:
- Boa tarde, desculpe mas quem é a senhora?

A mulher se virou mostrando ser um homem maquiado, um homem muito familiar que sorriu com aqueles grandes lábios cheios de batom vermelho.

Belladonna deu dois passos para trás e gritou:
- Henrique!

Ele disse:
- Enquanto eu estiver vestido assim eu exijo ser chamada de Charlotte. Eu agora sou Charlotte Mezon querida. E então, me de um abraço, ainda somos irmãos.

Belladonna o abraçou forte e disse:
- Faz dez anos que não te vejo, onde estava?

Ele falou:
- Paris, Milão, Londres, Chicago, Hong Kong, eu rodei o mundo. Mas onde eu estava não importa. Importa é o motivo da minha visita.

Belladonna perguntou:
- O que aconteceu?

Ele respondeu:
- Tia Doralice.

Belladonna disse:
- Não me diga que aquela velha maldita morreu? Se for isso eu vou dar uma festa!

Ele disse:
- Não. A vaca está viva. Acho que tem noventa e alguma coisa, velha pra caralho. Ela quer ver eu e você. Eu e você Juntos. Ela encontrou uma coisa da Sarana, nossa querida mamãe.

Belladonna falou surpresa:
- Uma herança de Sarana? Por essa eu não esperava.

Ele disse:
- Nos temos muito pra resolver. Doralice é dura na queda. Não só ela mas também vamos ter que ver aquela cobra... Kainana.

Belladonna respondeu:
- Vamos ver quem tem mais veneno.

Comentários

  1. Impressionante, simplesmente ótima e cativante a leitura. Mal posso esperar o próximo capitulo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Amo ler esses capítulo d. PROXIMO PROXIMO POR FAVOR! 💙👏👏👏

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  4. Amo ler esses capítulo d. PROXIMO PROXIMO POR FAVOR! 💙👏👏👏

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  5. Amo ler esses cakitulo. PROXIMO PROXIMO POR FAVOR! 💙👏👏👏

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  6. Amei!!!# próximo!!!!! Parabéns Felipe ��

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