RODA DAS PRINCESAS 2021 - CAPITULO 9
Felipe Caprini
RODA DAS PRINCESAS
Capítulo 9
"Ninguém se deu conta?
❤ - I
Rosa Caveira os poucos voltou ao normal retomando a aparencia costumeira.
— Tem alguma coisa muito errada com essa mulher. Mas com certeza eu aínda acabo com ela... eu sei que não sou santa, mas não admito covardia, e quando uma pessoa me ataca pelas costas ela paga o preço.
— Tem muita coisa errada aqui e eu tenho uma suspeita de que Dama da Noite é a chave desse segredo, porém só a chave, o que as minhas cartas indicaram é que existe muito mais sobre a superfície do que imaginamos. Bom não vamos mais ficar aqui, eu conheço um bom lugar pra irmos. — Cigana segurou Rosa caveira pela mão já foi guiando uma porta, mas antes se virou para trás — Menina você não quer vir com a gente?
— Eu... Eu... eu eu prefiro ficar aqui, Dama.da Noite mandou me buscar de muito longe, se ela está fazendo algo de errado eu antes e tomar qualquer atitude vou querer saber exatamente o que está acontecendo. Vão em paz, se eu souber de algo com certeza irei contar a vocês.
— E você Sete Saias? — cigana perguntou.
— Também tenho de ficar aqui, daqui a pouco irei atender uma pessoa que precisa muito da minha ajuda, mas não se preocupe pois assim que eu terminar encontro vocês lá. — disse Sete Saias.
Rosa Caveira foi saindo e ao passar pela entrada parou diante de onde havia uma grande estátua, uma imagem de gesso de Dama da Noite, olhando fixamente para ela Rosa Caveira fez a imagem rachar ao meio.
— Ah Helena... eu te pego...
❤ - II
Maria Padilha estava longe dali, havia ido para a praia olhar o mar.
Ela sabia que seria seguida por Tranca Ruas e por isso foi para longe. Padilha gostava de fazer parecer que não queria de ter ele por perto mas na verdade ela ainda nutria forted sentimentos por aquele homem.
O mar era tão belo a luz da lua...
Ela estava vestida de rosa claro, um vestido simples. Em vida usou esse vestido no dia em que batizou seu filho na igreja e por isso essa memória era bem viva.
De repente ouviu uma voz suave:
— Está perdida princesa?
Ela olho para trás e viu uma mulher negra, suas tranças iam até a cintura e eram moldadas de um jeito muito glamuroso com fio-de-prata no meio das madeixas. Ela usava um vestido branco, justo no busto e solto no corpo e havia uma fenda no vestido deixando uma de suas pernas totalmente a mostra. Usava um colar com uma chave de prata e muitas pusseiras, seus brincos eram conchas rosadas.
— Outro espírito de mulher morta?
— Sim. Mas não é delicado responder uma pergunta com outra. — a mulher sorriu.
— Sim, eu estou absolutamente perdida.
— Gosta do mar?
— Gosto. Quando eu era viva nunca dei muita importância, mas agora ele parece muito mais bonito. — Padilha voltou a olhar as ondas.
— Você sabe qual é o nome do mar na minha língua materna?
— Não, qual é?
— Meu povo me chama de Kalunga. Isso significa cemitério. O local onde o maior número de pessoas está sepultada neste planeta é no mar, e é por isso que na morte nós passamos a admirá-lo tanto.
A mulher sentou em um tronco tombado bem próximo de onde Padilha estava, sentou e cruzou as pernas. O vento levantava sua saia e ela esvoaçava em ondas flutuantes.
— É um prazer te conhecer Maria Padilha.
— Quem é você? E como sabe o meu nome? — Padilha a encarou surpresa.
— Me chamam de Sete Catacumbas. Mas meu nome é outro. Eu tenho certeza que já ouviu falar de mim...
— Sim, Sete Catacumbas não, mas ouvi boatos, o povo lhe chama de "Catatumba" não é?
As duas riram.
— O povo e ignorânte até pra falar. Eu vivo em sete lugares onde morreram muitos. Bom mas isso é só um título, o meu nome mesmo é Núbia.
Padilha arregalou os olhos mas quando olhou para o tronco onde estava a mulher ela havia sumido.
Pensou no nome Núbia e não podia crer que era aquela, sim aquela que Estava sempre citada nos livros e diários da biblioteca de Quitéria, Núbia inclusive havia escrito alguns daqueles livros, era uma bruxa lendária.
— Padilha? Está tudo bem com você? — disse Tranca Ruas que chegava caminhando descalço pela areia, ele e Maria Padilha tinham muito a conversar.
❤ - III
Dama da Noite chorava muito. Ela estava sozinha no meio da floresta atrás do morro.
Sentada no chão encostada em um pinheiro ela chorava de modo a lhe faltar o ar. Agarrava a saia dourada com afinco, tampava a boca com as costas de um das mãos, seu peito arfava com o choro profundo.
— Ali vovó! Ela ta ali! — A voz infantil de Tetemburu soou se aproximando.
O menino chegou puxando a velha vovó Catarina, ela que sempre era calma se apoiou na bangala e com alguma dificuldade se abaixou ao lado de Dama.
— Heleninha... tem certeza que vale a pena fazer tudo isso?
Dama da Noite olhou para a velha com os olhos cheios de lagrimas.
— Pelo amor que tenho por aquele homem eu faria muito mais. Eu sei que me tornei uma megera, mas... Ele precisa de mim. A senhora sabe muito bem do que aqueles dois são capazes, e pra trazer Veludo pra perto, pra ter ele ao meu lado são e salvo eu terei de entregar as moças a eles.
— Veludo... Ele é um bom homem. Mas deve haver outro jeito de salva-lo. Não faça isso com suas irmãs.
— Não há dor como a da saudade...
— Sim... — Vovó Catarina suspirou — Ninguém percebeu Sete Encruzilhadas? Ninguém se deu conta?
— Não, ele enfeitiçou todos, as moças e os rapazes, todos acham que Sete Encruzilhadas era um de nós quando éramos vivos, nenhum percebeu que ele não fez parte das nossas vidas.
— Ninguém percebeu que ele não é um espirito humano?
— Ninguém.
❤ - IV
Era noite de consulta e Sete Saias estava incorporada em uma moça atendendo ao povo. A fila estava grande mas ela não era tão paciente quanto as outras moças, pedidos idiotas ela dispensava sem nem deixar a pessoa terminar de falar, assim a fila andava rapido.
Foi então que uma senhora veio até ela, veio meio chorosa.
Sete Saias sentada em uma poltrona luxuosa que mais parecia um trono começou a consulta.
— O que a senhora quer comigo?
A mulher se ajoelhou aos pés dela:
— Meu filho foi preso, ele... ele não é inocente, ele... ele... ele errou sim, ele foi pego roubando. Mas ele só queria ter uma vida melhor. Prenderam ele junto com assassinos, estupradores e todo tipo de bárbaro. Eu não tenho dinheiro para pagar a sua consulta, mas eu te dou a minha palavra que eu vendo a minha casa e te dou o dinheiro inteiro da venda, eu... eu... faço o que a senhora quiser... por favor... ajuda meu filho...
Sete Saias mesmo com seu coração duro se compadeceu da mulher.
— Não precisa pagar nada, o dinheiro que as pessoas pagam é para a manutenção da vida dos médiuns desta casa, mas eles ja ganharam o suficiente. Você tem uma peça de roupa do rapaz?
— Não... mas eu tenho isto... — a mulher apanhou dentro da bolsa um pequeno pingente relicário e entregou a Sete Saias.
Sete Saias segurou aquilo nas mãos, abriu o relicário e dentro encontrou uma mecha de cabelo.
— É dele?
— Sim, foi a primeira mecha do primeiro corte de cabelo dele, cortei quando tinha um ano. Agora ele tem dezenove.
— Qual o nome do seu filho?
— Rivaldo Silveira Santos. A senhora vai ajudar?
— Preciso de três dias, neste tempo eu farei todo o possível.
A mulher que já estava ajoelhada se atirou no chão e beijou os pés de Sete Saias enquanto chorava de gratidão.
— Não precisa disso, — Sete Saias pegou nos braços da mulher a ajudando a se levantar — vá para casa, faz muitas noites que você não dorme, vá dormir tranquila essa noite, vá ficar descansada para o dia em que ele chegar.
Ela ficou tão impressionada com a tristeza daquele mulher que assim que saiu daquele corpo de carne ele se pôs a caminho, e isto mesmo á luz do dia.
Impressionante redemoinho de poeira avermelhada, os vivos viam e corriam do vendaval mas não suspeitavam de nada, para eles era somente vento. Porém no meio dequilo estava ela.
Esse redemoinho se arrastou por uma longa distancia, e após muitas milhas ele se dissipou e ela chegou no destino. Sim ela havia cruzado o estado e seguindo o cheiro daquela mecha de cabelo ela havia encontrado a penitenciária.
Sete Saias vestia sua saia de babados preta e vermelha e um espartilho preto. Seus cabelos cobertos por um manto de seda vermelha transparente Bordado com desenhos de rosas douradas tal como as Ciganas orientais usavam séculos atrás. Sua maquiagem era forte com olhos pintados com kajal e seus labios em Carmim. Ela usava muitas pulseiras finas de ouro e tinha grandes brincos de argola e anéis de pedras grandes em todos os dedos, as unhas eram vermelhas e os seus sapatos eram de couro negro verniz com salto de quinze centímetros com tira de fivela no calcanhar e bico redondo tal como os sapatos altos das dançarinas de flamenco.
Ela entrou na prisão, o lugar era imundo, úmido, os ratos corriam livremente nos corredores mal iluminados. A cela do rapaz era a última do corredor, ele a dividia acom mais onzd detentos.
Sete Saias chegou diante das grades e o viu, ele era um rapaz baixo, moreno e magro com o cabelo recentemente raspado. A cela fedia a urina. Ele estava abaixado, encolhido no canto da parede. Sete saias atravessou as barras de ferro e se aproximou, assim pode ver que ele estava ferido, a mancha de sangue no traseiro da calça exalava odor de ferida recente. O rapaz havia sido violentado por seus companheiros de cela e sangrava, ele encolhido no canto chorava baixinhi.
Estava estava preso a sete meses sem sequer ter sido julgado. Enquanto o observava o ouviu murmurar "Deus... ajude... por favor... me mate..."
Ela tocou e testa do rapaz e perguntou para a alma do jovem que crime ele havia cometido, e a alma revelou. Como um filme ela pode ver o que levou o menino para aquela cela. O rapaz invadiu uma farmácia durante a madrugada para roubar remédios. Sua mãe era doente e ele não tinha dinheiro para comprar os medicamentos. No ato do furto ele se atrapalhou e o dono da farmácia o flagrou, chamou a polícia. Mesmo devolvendo os remédios roubados o farmacêutico prestou queixa e o menino foi pra cadeia.
Sete Saias então decidiu que iria tirar o rapaz daquela cadeia imediatamente.
Ela mesma pensou que o proprio Deus havia enviado ela ali para salvar aquele menino.
Nas celas ela ouviu outros detentos comentando que havia um auxiliar de juiz presente naquele dia selecionando as fichas dos presos que seriam julgados no dia seguinte. Em uma sala bem iluminada o funcionário gordo e preguiçoso estava sentado a mesa lendo um livro de romance, invés de trabalhar ele se entretia com a leitura enquanto comia uma porção de salgados gordurentos. A camisa aberta do roliço revelava um peito salpicado de farelo amarelo, o homem era mesmo um porco.
Sete Saias entrou naquela sala e viu sobre a mesa uma pilha gigantesca de papéis de quase quarenta centimetros. Cada folha de papel daquela pilha era uma ficha de um preso que aguardava julgamento.
Ela se abaixou e farejou aqueles papeis, assim identificou que a ficha do rapaz era uma das últimas daquele monte.
Alguém bateu a porta.
— Hã? Pode entrar! — disse o gordo.
Um menino adolescente abriu a porta, pela grande bolsa de couro que trazia no ombro Sete Saias percebeu que era um estafeta.
— Senhor Genaro? O Juiz mandou um recado.
— Diga lá. — O gordo revirou os olhos cheio de preguiça.
— Houve uma confusão no campo de Santana, um tumulto de monarquista atacou a comitiva do presidente.
— Monarquistas? Porca miséria, faz quase vinte anos que a monarquia caiu e esses merdas ainda fazem baderna... mas o isso me implica?
— Bom... foi todo mundo em cana. Estão presos na no palácio presidêncial mas amanhã vem todo mundo pra cá.
— Todo mundo? Quantos são? — o gordo ficou em pé ja mostrando preocupação.
— Quarenta e três.
— E vou enfiar esse gente onde? No meu rabo?! Aqui não cabe mais nenhum agulha!
— Sim senhor, o Juiz sabe, por isso mandou que eu pedisse ao senhor que selecionasse cinquenta presos que na sua opinião são inocentes, ele quer que eu leve os precessos imediatamente, assim vai liberar espaço aqui.
— E ele vai julgar cinquenta em um dia? — o gordo se admirou.
O garoto fez um gesto com uma mão fechada batendo repetidas vezes na palma aberta da outra.
— Ah... entendi, não vai nem ler os processos, só vai carimbar "absolvido" nas fichas e mandar soltar.
— É. — o menino ergueu os ombros como quem pede desculpas.
O gordo pegou alguns papeis sobre a pilha e foi folheando, separou os cinquenta que sem prestar atenção.
Sete Saias ergueu as mãos e de repente as janelas se abriram, um vendaval entrou por elas espalhando os papéis da pilha pela sala, o gordo correu para fechar as janelas, Sete Saias apanhou a ficha do rapaz e a soprou para os pés do estafeta.
O gordo voltou ofegante e entregou ao menino os papeis.
— Merda, agora vou ter que juntar isso tudo... mas leve logo esses processos, o velhote deve estar com pressa.
— Obrigado senhor. — o menino foi enfiando os papeis na bolsa, porem olhou para o chão e viu aquele folha proxima ao bico de seus sapatos.
— Que é isso moleque? Nao deixe os papeis caírem, o juiz não gosta de folhas amassadas! Depois ele desconta em mim! — o gordo apontou para a folha no chão.
O estafeta não quis dizer que aquele papel nao era parte dos processos, bem se via que ele queria mesmo era sair dali correndo, então apanhou o papel no chão e enfiou na bolsa, deu as costas e saiu.
Em poucas horas cinquenta... e um daqueles presos ganhariam a liberdade.
Sete Saias decidiu esperar na cela junto com o rapaz, ela ficaria com ele até a hora de sua liberdade. Dentro de si ela ria e pensava "Eu daria uma boa Advogada"...
Por volta das seis da tarde um carcereiro bateu nas grandes na cela com um cacetete.
— Quem é Rivaldo Silveira Santos?
— E-eu senhor... — o rapaz se levantou enquanto erguia a mão.
— Venha, o juiz anulou seu processo, você está absolvido de todas as acusações. — o carcereiro apanhou um molho de chaves no bolso e começou a abrir a tranca da cela.
— Estou livre? — o rapaz se admirou.
— Sim. Agora fora daqui. — o carcereiro disse rispido.
O rapaz foi para casa.
Naquela noite o ele e sua mãe foram ver Sete Saias em sua médium na casa de Dama da Noite, eles choravam e agradeciam, e lamentavam por não ter dinheiro para comprar algum presente para ela naquele momento. Sete Saia os abraçou e quando olhou para o rapaz ela disse:
— O unico pagamento que eu desejo é que você jamais perca a esperança. Você não está sozinho.
❤ - V
Andavam pelas cidade noturna se divertindo, entraram em uma rua escura, ali havia uma roda de samba, umas vinte pessoas cantavam enquanto uma senhora batia no pandeiro, essa era a alegria dos pobres, fazer samba e beber cerveja.
Meia Noite e Mulambo gostaram, na época que eram vivos aquele ritmo não existia. Eles dançaram ao som do canto e do batuque, mas principalmente dançavam ao som dos próprios sentimentos.
Ele com sua calça de alfaiataria preta com riscas de giz e sua camisa de seda negra ficava parecendo um modelo de anuncio de perfumes da época dos folhetins. Estava sem seu chapéu e a sua pele branca reluzia com seus cabelos escuros caindo sobre a testa. As vezes entortava a boca e soprava para cima com o canto dos lábios para fazer os cabelos balançarem. Era tão galante que Mulambo sentia ódio de si mesma por não ter se apaixonado por ele quando era viva.
Meia Noite era tão Belo...
Eles pararam de dançar e ela deixou que ele beijasse, um beijo molhado e demorado. Ela não beijou com amor mas sim usando sua velha filosofia de vida que dizia "um copo d'água e um chamego não se nega a ninguém".
— É pecado querer fazer umas saliências com uma mulher morta? Porque eu tô querendo... ele sussurrou no ouvido dela.
Mulambo riu e desconversou.
— Eu tenho vontade de visitar um lugar. Você iria comigo?
— Claro, onde você for eu vou.
Eles foram para bem longe dali, ela queria rever um lugar muito importante. Infelizmente ela não imaginava que já haviam outras pessoas lá a sua espera.
❤ - VI
Maria Navalha estava em um cemitério perto de uma ponte que cruzava um grande braço de mar no litoral. O homem que estava enterrado ali era muito importante para ela e por isso aquele túmulo ela sempre visitava.
Ela estava vestida com um sobretudo branco, uma calça branca com bordados vermelhos em forma de rosas nas coxas, uma camisa bordô com decote cavado, calçava sandálias de salto agulha com tiras de tecido negro amarradas como um espartilho, o seu cabelo era cheio, negro e cacheado e ela usava um chapéu panamá branco com uma faixa vermelha.
O cemitério era bem escuro naquela parte graça as muitas árvores "Chorão" e naquela noite densa sem lua ela sentou na borda da tampa da mármore do túmulo. Era um lugar esquecido. Na lápide já não estava legível o nome, a maresia havia corroido a inscrição.
— Eu mal te conheci... mas você mudou a minha vida...
Uma voz grossa respondeu:
— Mentira sua, esse aí era um santinho... E você sempre amou os vagabundos... Como eu...
Maria Navalha se virou e viu Zé pelintra vindo caminhando pelo cruzeiro das almas.
— Zé você gosta de zombar de tudo, mas não zombe desse homem. Ele era sim um santo.
Zé pelintra se sentou só outro lado da tampa de mármore do túmulo, ele estava sem seu terno e usava uma camisa regata branca com duas calças e sapatos brancos, usava o seu chapéu panamá e uma corrente de outro com um grande pingente de São Jorge. A pele negra extremamente escura deixava os braços musculosos dele tão belos que qualquer mulher não conseguiria desviar o olhar.
Passou a mão sobre o tampo de pedra e disse:
- Ele era tão rico... Mas não teve direito a um mausoléu?
— Não, ele me pediu para usar todo o seu dinheiro e doar ao pobres. Eu fiz isso mesmo. Mas confesso que fique tentada a usar aquela fortuna na jogatina.
— Ah isso é a sua cara! — Zé Pelintra riu — Eu não me recordo bem como as coisas aconteceram. Mas eu sei que é por causa dele que você usa chapéu panamá não é?
Navalha tocou a aba do chapeu.
— Sim, esse chapéu que uso era dele.
— Esse negócio de fumar charuto também não é?
— Sim Zé, eu aprendi com ele.
— Vamos ao túmulo do Betinho?
— Você vem comigo dessa vez? — ela demostrou surpresa.
Ele acenou com a cabeça e eles se levantaram e foram para o outro lado do cemitério ver o túmulo do irmão de Navalha, o jovam estava em um Jazigo, jazigo este onde o corpo da própria navalha também estava enterrado.
❤ - VII
Sete Saias decidiu voltar a casa de Doralice, assim que chegou encontrou Cigana e Rosa Caveira, encontrou também caboclo Lua Branca e Kainana, chegou a fim de conversar com eles sobre as coisas que estavam acontecendo com Dama da Noite, afinal ela estava desaparecida desde o ocorrido, mas antes que pudesse falar de qualquer coisa uma presença chamou sua atenção.
Na parte dos fundos da casa havia algo que lhe chamava.
Sete saias caminhou até lá, assim que chegou na área dos Fundos viu Doralice com o bebê no colo, Henrique Parecia ter engordado ainda mais, afinal de contas Doralice alimentava a criança com leite engrossado com mingau de aveia e papinhas a base de feijão e purê de batata, o bebê estava se tornando um touro, mas ali havia outra criança, diante do assentamento de sete saias estava uma menina de aproximadamente 9 anos de idade, ela era muito bonita com cabelo preto cumprido e extremamente liso como de uma índia, franja cobrindo toda a testa, usava um vestidinho Roxo que ia até no meio das coxas, meias de algodão branco até o joelhos e sapatilhas pretas escolares, a menina tinha nas mãos um cestinho de palha cheio de Margaridas e com elas enfeitava o assentamento.
— Ora veja só, Sete Saias ela estava te esperando. — Doralice falou percebeu presença dela.
— Desculpe eu estar ausente mas estava trabalhando muito, essa por acaso é a priminha da qual falou? Aquela qual foi dedicada a cuidar do meu assentamento?
— Ela mesma. — Doralice sorriu com os olhos.
— E ela pode me ver?
— As vezes ela vê vultos, ainda está em desenvolvimento, porém todas as mulheres da minha família alcançam grande nível espiritual, é questão de tempo até que ela consiga visualizar os espíritos com perfeição.
— Não posso ver com clareza mas escuto muito bem. — disse a criança.
— Hum... que bom que pode me ouvir, fico muito feliz em te conhecer e em saber que você está cuidando do meu assentamento. Ele ficou lindo. — disse Sete Saias.
— Qual é o seu nome?
— Todos me chamam agora de Sete Saias, é o nome que eu uso não espiritualidade mas quando era viva eu era conhecida como Soraya. E você? Como é seu nome?
— Meu nome é Milena, mas eu prefiro que me chamem sempre pelo meu sobrenome nome.
— E qual é o seu sobrenome?
— é Belladonna.






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